quarta-feira, 8 de abril de 2015

Regime Merkel. “À GRÉCIA? NÃO SE PAGA, NÃO SE PAGA”




Alemanha beneficiou de acordo “que é a oposição do que está a fazer a troika atualmente” – F. Rosas

Em entrevista à RTP 2, Fernando Rosas falou das reparações de guerra, sublinhando que o acordo de que beneficiou a Alemanha após a segunda guerra mundial “é a oposição do está a fazer a troika atualmente”. Segundo a Grécia, a Alemanha deve 278,8 mil milhões de euros em reparações de guerra, o que Berlim não quer reconhecer.

Fernando Rosas foi entrevistado, nesta quarta-feira, no Jornal 2 da RTP, pelo jornalista João Fernando Ramos, sobre as reparações de guerra da Alemanha.

O governo grego calcula que a Alemanha deve 278,8 mil milhões de euros em reparações de guerra à Grécia. O ministro das Finanças Adjunto Dimitris Mardas apresentou na passada segunda-feira, 6 de abril, ao Parlamento dados detalhados sobre as reivindicações gregas de pagamento de reparações da II Guerra Mundial pela ocupação nazi e recordou que a Conferência de Paz de Paris calculou a dívida em 341,2 mil milhões de dólares.

Fernando Rosas fez uma resenha histórica sobre as reparações de guerra, relacionadas com as duas guerras mundiais. Relembrou a situação económica alemã após a primeira guerra mundial e a crise depois da grande depressão.

O historiador sublinhou que o tratamento dado às dívidas de reparações de guerra da Alemanha é o oposto ao que a troika e o governo alemão têm dado às dívidas dos países do sul da Europa, como a Grécia e Portugal.

Após a segunda guerra mundial, numa segunda conferência a dívida total da Alemanha, incluindo a que vinha de antes do conflito, foi fixada em 32 mil milhões de marcos e é estabelecido um acordo sobre a dívida.

“É um acordo que é a oposição do está a fazer a troika atualmente. É um acordo que perdoa 50 por cento da dívida da Alemanha, parcela a dívida por um período de 30 anos em matéria de pagamento e há uma parte da dívida que pode ser paga para lá de 30 anos”, afirmou Fernando Rosas.

O historiador acrescentou que “o serviço da dívida, em circunstância nenhuma, podia ultrapassar os cinco por cento das exportações, por forma ao país poder aplicar o grosso do rendimento da exportação no desenvolvimento económico” e salientou ainda que se previa a suspensão deste regime de pagamento em caso de dificuldades económicas.

Fernando Rosas realçou que o acordo de 1953 fez com que dez milhões de trabalhadores escravos do Terceiro Reich não fossem indemnizados e que a maioria dos países ocupados e destruídos pelas tropas nazis ficassem sem direitos de indemnização.

E destacou: “Este é um regime que a própria Alemanha não vai nem aplicar, nem reconhecer, nem validar no presente momento para os países periféricos com dívidas soberanas como têm Portugal, a Grécia e a Irlanda."

"É uma radical mudança de posição”, concluiu Fernando Rosas.


Sem comentários:

Mais lidas da semana