Alemanha
beneficiou de acordo “que é a oposição do que está a fazer a troika atualmente”
– F. Rosas
Em
entrevista à RTP 2, Fernando Rosas falou das reparações de guerra, sublinhando
que o acordo de que beneficiou a Alemanha após a segunda guerra mundial “é a
oposição do está a fazer a troika atualmente”. Segundo a Grécia, a Alemanha
deve 278,8 mil milhões de euros em reparações de guerra, o que Berlim não quer
reconhecer.
Fernando
Rosas foi entrevistado, nesta quarta-feira, no Jornal 2 da RTP, pelo
jornalista João Fernando Ramos, sobre as reparações de guerra da Alemanha.
O
governo grego calcula que a Alemanha deve 278,8 mil milhões de euros em
reparações de guerra à Grécia. O ministro das Finanças Adjunto Dimitris Mardas
apresentou na passada segunda-feira, 6 de abril, ao Parlamento dados detalhados
sobre as reivindicações gregas de pagamento de reparações da II Guerra Mundial
pela ocupação nazi e recordou que a Conferência de Paz de Paris calculou a
dívida em 341,2 mil milhões de dólares.
Fernando
Rosas fez uma resenha histórica sobre as reparações de guerra, relacionadas com
as duas guerras mundiais. Relembrou a situação económica alemã após a primeira
guerra mundial e a crise depois da grande depressão.
O
historiador sublinhou que o tratamento dado às dívidas de reparações de guerra
da Alemanha é o oposto ao que a troika e o governo alemão têm dado às dívidas
dos países do sul da Europa, como a Grécia e Portugal.
Após
a segunda guerra mundial, numa segunda conferência a dívida total da Alemanha,
incluindo a que vinha de antes do conflito, foi fixada em 32 mil milhões de marcos
e é estabelecido um acordo sobre a dívida.
“É
um acordo que é a oposição do está a fazer a troika atualmente. É um acordo que
perdoa 50 por cento da dívida da Alemanha, parcela a dívida por um período de
30 anos em matéria de pagamento e há uma parte da dívida que pode ser paga para
lá de 30 anos”, afirmou Fernando Rosas.
O
historiador acrescentou que “o serviço da dívida, em circunstância nenhuma,
podia ultrapassar os cinco por cento das exportações, por forma ao país poder
aplicar o grosso do rendimento da exportação no desenvolvimento económico” e
salientou ainda que se previa a suspensão deste regime de pagamento em caso de
dificuldades económicas.
Fernando
Rosas realçou que o acordo de 1953 fez com que dez milhões de trabalhadores
escravos do Terceiro Reich não fossem indemnizados e que a maioria dos países
ocupados e destruídos pelas tropas nazis ficassem sem direitos de indemnização.
E
destacou: “Este é um regime que a própria Alemanha não vai nem aplicar, nem
reconhecer, nem validar no presente momento para os países periféricos com
dívidas soberanas como têm Portugal, a Grécia e a Irlanda."
"É
uma radical mudança de posição”, concluiu Fernando Rosas.
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