Bocas
do Inferno
Ainda
Timor-Leste era colónia portuguesa e sempre se soube da existência da sua
riqueza em reservas petrolíferas. Para o salazarismo-marcelismo tal facto
representava um incómodo. Em 1970, em Díli, um jornal referiu a existência de
petróleo em Timor. Um
boletim do SNI e um jornal em Portugal (metrópole) fizeram referência ao facto,
transcrevendo o artigo do jornal de Díli. Isso deu uma carga de trabalhos aos
envolvidos na notícia. O regime não queria tal divulgação. Até pareceu que a
divulgação era algo de alta-traição para o regime fascista e colonialista.
A
Austrália sempre ambicionou o petróleo timorense. Vários foram os seus agentes
em Timor-Leste destacados para abordar o tema e “espalhar a notícia” para
colher reações que conduzissem à exploração do ouro negro. O regime
colonialista deu a resposta na devida altura, criando uma “coisa” chamada Timor
Oil. Uma empresa que existia para empatar o processo de exploração. Era uma
fachada, nada mais que isso. Os timorenses nunca tiveram o direito de
beneficiar da exploração do petróleo, daquilo que a natureza dotou o seu país.
Mais
descarados foram a Austrália e a Indonésia após a invasão e consequente ocupação
de Timor-Leste. A exploração de petróleo e gás ganhou velocidade de cruzeiro.
Mas também, por mais de 20 anos de ocupação, os timorenses nunca beneficiaram
do ouro negro que lhes pertence. Austrália e Indonésia roubaram sem
comtemplações o que a Timor-Leste pertencia. Atualmente a Austrália ainda não
está satisfeita com o saque de duas décadas e continua a pretender saquear o
gás e petróleo que pertence legitimamente aos timorenses.
Após
a independência o saque tem continuado por parte da Austrália. Muito mais
frouxo que anteriormente mas mesmo assim ainda é um grande saque. Também
outros, nacionais e estrangeiros, correram para Timor-Leste com o intuito de
saquear a riqueza nacional que a natureza proporciona aos timorense mas que
muito pouco tem beneficiado a população timorense na escala que corresponde à
extração de hidrocarbonetos. Os timorenses continuam com carências
inadmissíveis na educação, na habitação, na saúde, no emprego e formação
profissional, nas infraestruturas, na alimentação. Mais de dois terços da
população timorense sobrevive alojada na miséria. O que para eles já é normal. Outros
há que se apropriam indevidamente com verbas astronómicas que são pertença de
Timor-Leste e das suas populações.
O
novo governo timorense, chefiado por Rui Araújo, afirma-se no objetivo da
tarefa de dar um fim aos roubos que durante os governos de Xanana Gusmão
permitiram que emergisse uma elite pautada por ladroagem timorense e
estrangeira. O PM timorense chama a isso racionalizar os gastos públicos. Por
outras palavras ele quererá dizer que quer acabar com as roubalheiras ocorridas
durante a vigência dos governos xananistas.
Em
Timor-Leste fala-se de um acordo entre Xanana Gusmão e a Fretilin sobre o
reconhecimento da sua não criminalização
vitalícia por alegados crimes cometidos no período da sua governação – e de
familiares - para entregar a Rui Araújo a chefia do governo, entre outros
itens. A corresponder à realidade tal imposição de acordo por parte de Gusmão
tem por significado o seu reconhecimento do cometimento de ilegalidades, para não
se dizer crimes, roubos, etc..
Se
assim foi os responsáveis da Fretilin assumiram a tarefa de governar sem olhar
para o passado, para a história recente. Estratégia que pode corresponder a
melhor futuro para os timorenses e para Timor-Leste mas que deixa Gusmão
carregado de máculas e da fama nada simpática de ter colaborado nos roubos dos
bens públicos timorenses-
Seja
como for Rui Araújo tomou por lema o caminho faz-se andando. E pôs os olhos no
futuro. As suas declarações, constantes nas notícias de hoje e de dias
transatos, vão nesse sentido. Rigor e disciplina orçamental é o que o chefe do
governo timorense pretende pôr em prática. Daí poderá resultar mais – muito mais -
e melhor justiça social. É também nesse sentido que Mari Alkatiri fala em notícia
veiculada pela Agência Lusa. Assim, só se pode desejar o maior sucesso ao novo
governo. Apesar de não ter resultado de eleições mas de escolha de uns quantos
oligarcas que pretendem, por bem, travar o rumo de desgraça traçado pelo
ex-primeiro-ministro Xanana Gusmão.
Neste
momento o setor da Justiça timorense tem muito o que fazer. Há milhões de dólares
que foram parar às mãos de carrascos económicos dos timorenses. Estão na posse
desses e são fruto de ilegalidades, de corrupção e de tudo que lhe está
inerente.
Poder
dizer que vai abrir a caça aos ladrões de Timor-Leste estará correto? A justiça
timorense é quem pode dar a resposta, mesmo deixando Xanana Gusmão e os seus de
parte. Há muito para fazer. Muito a recuperar e ser entregue aos legítimos
proprietários, os timorenses que até agora têm sido roubados e condenados à
desgraça, às carências, à miséria.
1 comentário:
Acusacoes, repetindo, vomitando ,como muitos outros, que nao sabem do que estao falando.
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