À
entrada do tribunal, o activista disse estar tranquilo e reafirmou não haver
acordo nenhum com os generais que o processam.
O
Tribunal Provincial de Luanda reiniciou hoje o julgamento sobre a acusação de
violação de direitos humanos opondo generais ao jornalista Rafael Marques, que
à entrada disse estar a iniciar uma “grande batalha”.
“Será
uma grande batalha (…) Não podia estar mais tranquilo, é uma batalha que eu vou
adorar lutar até ao fim”, disse o jornalista e activista, questionado pela Lusa à
entrada para o julgamento, que decorre à porta fechada e que conta com
observadores das representações diplomáticas dos Estados Unidos e da União
Europeia em Luanda.
“A
minha expectativa é que finalmente as pessoas, as testemunhas das Lundas
[províncias diamantíferas a cerca de 1.000 quilómetros de Luanda] tenham a
oportunidade de explicar no tribunal o que realmente se passa naquela zona. É a
quarta ou quinta vez que vêm a Luanda e espero que desta vez possam falar em tribunal. Ainda
não conseguiram”, afirmou.
Rafael
Marques é acusado de “denúncia caluniosa”, por ter exposto alegados abusos dos
direitos humanos com a publicação, em Portugal, em Setembro de 2011, do livro
“Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola”.
Os
queixosos são sete generais, liderados pelo ministro de Estado e chefe da Casa
de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias
Júnior “Kopelipa”, e os representantes de duas empresas diamantíferas.
O
julgamento, hoje retomado, foi suspenso a 23 de abril, a pedido dos advogados
de acusação, mas a defesa do jornalista e activista angolano admitia a
possibilidade de um entendimento extrajudicial.
“Não
há nada”, disse apenas Rafael Marques, à entrada para o julgamento, que após
duas sessões anteriores deverá hoje começar a fase de inquirição de
testemunhas.
Na
quarta-feira, em declarações à Lusa, o advogado de defesa confirmou que
falhou a tentativa de entendimento extrajudicial.
“Houve
uma tentativa de fazer uma negociação extrajudicial, mas o Rafael não está de
acordo com as condições que eles [advogados dos generais] pretendiam. Como se
fosse uma culpa, como se tivesse que se retratar. Isso não é possível, na
medida em que o Rafael agiu e continuará a agir em consciência”, disse o
advogado David Mendes.
De
acordo com o advogado, um eventual acordo teria de envolver a retirada de
queixas em Portugal e Angola, mas não o recuo de Rafael Marques sobre estas
denúncias.
“Quiseram
que ele se viesse retratar, como que se sentisse uma mea-culpa. Não foi
possível chegar a um acordo porque isso ia colocar em causa o bom nome e a
idoneidade do Rafael e isso não se negoceia”, disse ainda o advogado.
Lusa,
em Rede Angola
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