segunda-feira, 18 de maio de 2015

Angola. TECNOLOGIAS DA INDEPENDÊNCIA E DA PAZ



José Ribeiro – Jornal de Angola, opinião

Angola está a acompanhar o ritmo de crescimento das telecomunicações mundiais. A infra-estrutura tecnológica instalada no país não fica em nada a dever ao que há de mais moderno no planeta e o número de utilizadores das novas tecnologias não cessa de aumentar de maneira impressionante.

Em todos os pontos do país se vê gente de diferentes classes sociais com um telemóvel na mão. Na localidade mais longínqua ergue-se uma antena de televisão. As barreiras da comunicação estão de facto a ser removidas. 

Dentro de poucos anos, vamos todos ter a alegria de assistir ao lançamento do primeiro satélite nacional. Quase simultaneamente estará instalado o cabo submarino da Angola Cables entre Luanda e o Brasil. Quando o Angosat estiver a girar sobre a Terra e o cabo chegar ao Recife, Angola deu um grande passo em frente no caminho do desenvolvimento. E rompeu definitivamente rompido o paradigma das telecomunicações herdado da época colonial. 

Para descortinar em que ponto está o país e em que medida o sector das telecomunicações angolano progrediu, nada como um bom evento.  O melhor das telecomunicações angolanas está patente até  hoje na ANGOTIC´2015, a Feira das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Trata-se de uma exposição de primeiríssima grandeza. Para um país que precisa de diversificar a economia, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) funcionam como uma mola impulsionadora. 

Nada se faz hoje sem as TIC, mesmo os problemas mais complexos e difíceis. O primeiro passo para ultrapassar uma arrelia ou dar  uma novidade passa pelas TIC. Conheço pessoas que se sentem doentes sem a Internet ligada. Os jovens que estão na vanguarda dos utilizadores da rede sabem como isso funciona. Aprenderam rapidamente a comunicar com o telemóvel. E este é outro sucesso conseguido com a paz e a estabilidade em Angola: a explosão na utilização da Internet e no uso dos Novos Media pela juventude em condições de liberdade. 

Foram também os jovens  os primeiros a ocupar os milhares de postos de trabalho criados pelas empresas do ramo. É impossível entrar nas milhares de lojas que empresas como a Unitel, a Movicel, a Multitel, a DSTV Multichoice, a TV Cabo, a Sistec, a NCR e não reparar na grande quantidade de caras jovens que fazem o atendimento ao público e em poucos minutos realizam uma venda ou resolvem um problemas técnico. 

A presença de Angola na primeira linha das telecomunicações mundiais não é um dado recente. Olhando para trás, é impossível ignorar o papel historicamente importante que tiveram uma ENATEL, uma EPTEL e  uma Dinatel nos primeiros anos da Independência Nacional, assegurando a melhor qualidade nas ligações nacionais e internacionais do nosso país. Estas foram as empresas que receberam o testemunho do passado e deram o suporte e o saber aos novos operadores privados. 

De novo, como jovem repórter, fui testemunha desses momentos. Nos primeiros anos de Independência, com o cerco montado a Angola, não era tão fácil aos repórteres dos jornais e da rádio enviar os seus trabalhos para as Redacções. As ligações eram tão más que a voz grave dos locutores se reproduzia na rádio num som estridente muito próximo do assobio. As notícias dos repórteres da imprensa escrita, para a emissão em curso ou a edição do dia seguinte, tinham de ser ditadas letra por letra por um operador da Dinatel na província para outro colega em Luanda. O jornal e a agência noticiosa tinham depois de mandar um estafeta recolher o telegrama. 

Se a isso juntarmos a cadeia de  produção de um jornal em “off set” ou a necessidade de picotar a fita do telex para a transmissão de um serviço noticioso e compararmos com a velocidade dos sistemas de banda larga actuais, percebemos o que significa o avanço tecnológico conseguido. O computador portátil munido de sistemas de conexão em banda larga ocupou o lugar da máquina de escrever e do telex e permite o envio numa fracção de segundos aquilo que nem o telefax, inovação mais recente e já posta de parte, conseguiu realizar. 

O colonialismo deixou em Angola uma rede de telecomunicações dependente da antiga potência colonial e da Europa. As chamadas telefónicas de Angola para África ou para a América, por rede fixa, ainda hoje passam por Londres. O facto de isso estar a acabar talvez explique o intrínseco azedume com que os britânicos nos brindam. A primeira ligação angolana à Internet teve de passar por Lisboa. Daí que haja ainda hoje quem pense que Portugal é a nossa única porta de entrada na Europa. 

O desenvolvimento das telecomunicações e das novas tecnologias de informação e comunicação apenas peca por ainda não fabricarmos nós próprios os nossos equipamentos. Mas mesmo aí, não estamos assim tão atrasados. Alguns  componentes de “hardware” e cabos de fibra óptica já se produzem cá dentro.  

No ano em que se assinala o 40º Aniversário da Independência Nacional, é de não desprezarmos este élan vitorioso de oportunidades.

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