O
ministro angolano Georges Chikoti esteve esta semana na Suíça para reforçar a
cooperação bilateral, e mostrou-se preocupado com as questões que ameaçam a paz
no continente africano.
Georges
Chikoti, ministro angolano das Relações Exteriores, esteve esta semana em
Berna, na Suíça com o seu homólogo Didier Burkhalter, para assinar um acordo de
cooperação bilateral entre os dois países.
Chikoti
é também Presidente do Comité Interministerial da Conferência Internacional da
Região dos Grandes Lagos, que esteve recentemente reunida em Luanda, e onde um
dos temas abordados foi a crise política no Burundi.
Para
o ministro angolano, a instabilidade no Burundi não é de hoje e a crise atual
está relacionada com a decisão do Presidente, Pierre Nkurunziza, de se
candidatar a um terceiro mandato nas próximas eleições, embora os Acordos de
Arusha não o permitam.
Houve
uma tentativa de golpe de Estado há cerca de duas semanas, e há 100 mil
refugiados do Burundi em países vizinhos. Angola propõe o adiamento das
eleições e a criação de um comité de chefes de Estado africanos para acalmar a
situação.
“Neste
momento, o que a região quer é que eventualmente se consiga adiar as eleições,
porque se pensa que não haja condições objetivas para a realização das mesmas.
A extensão das eleições devia permitir uma reconciliação entre os diferentes
partidos políticos e o próprio Presidente da República, para poderem negociar
uma certa harmonia entre si que permitisse primeiro a estabilidade no país e o
regresso dos refugiados, e depois então a realização das eleições”, afirma
Chikoti.
Evitar
mais mortes no Mediterrâneo
O
ministro angolano também critica a destruição das embarcações utilizadas para
transportar migrantes africanos principalmente para Itália, por ser uma decisão
europeia que foi tomada sem se consultarem previamente os países africanos. Por
esse motivo, não deve ser eficaz.
Chikoti
considera que esta medida decorre da falta de um governo estável na Líbia e que
seria melhor resolver os problemas locais que levam os jovens a emigrar do que
apenas destruir as embarcações.
“Acho
que é necessária uma discussão maior que envolva os governos do sul e do norte,
para se poder conversar de maneira mais detalhada e tentar identificar de onde
vêm as pessoas e por que motivo; que tipo de medidas locais podem ser tomadas,
e como é que os governos desses países podem ser convencidos a aceitarem que se
façam investimentos ou intervenções que permitam a estabilização das suas populações,
de modo a evitar que essas pessoas se lancem assim à aventura.”
“É
preciso pôr fim aos grupos rebeldes”
Outro
problema que preocupa a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos é
a presença de muitos refugiados na República Democrática do Congo, e a
existência de diversos grupos rebeldes que geram instabilidade na região.
“É
preciso derrotar esses grupos rebeldes e fazê-los regressar às suas terras
natais, portanto fazer o FDRL (Forças Democráticas de Libertação do Ruanda)
voltar para o Ruanda, e o M23 para o Congo. É preciso pôr fim tudo o que é
tendência militarista ou rebelde e fazer com que os Estados possam cooperar de
maneira pacífica nesta região”, destacou o ministro.
Angola
detém um mandato de dois anos no Conselho de Segurança da ONU, e tem sido
elogiada pelo seu contributo para a paz na região dos Grandes Lagos.
Rui
Martins (Berna) – Deutsche Welle
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