quinta-feira, 28 de maio de 2015

ONU CONDENA TODOS OS ABUSOS E VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS




O Conselho de Segurança, onde Angola tem assento, votou ontem a resolução por unanimidade.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde Angola tem assento, adoptou ontem por unanimidade uma resolução condenando todas as violações e abusos cometidos contra jornalistas em todo o mundo, lamentando profundamente a impunidade para esses actos, noticia a ONU no seu site.

A resolução, que a diplomacia angolana votou favoravelmente um dia antes do jornalista Rafael Marques enfrentar a sua sentença em tribunal por ter escrito um livro a denunciar a violência na zona de garimpo das Lundas, afirma peremptoriamente que o trabalho de uma imprensa livre, independente e imparcial constitui uma das fundações essenciais da democracia. “E, como tal, podem contribuir para a protecção dos civis”.

O Conselho de Segurança pede a todos os Estados que adoptem as medidas necessárias para assegurar que os crimes contra os jornalistas e todos os profissionais demedia são devidamente punidos quer em situações de conflito, quer no dia-a-dia. O texto lembra que todas as partes de um conflito armado devem cumprir as leis internacionais para a protecção de civis, incluindo jornalistas, e que a independência profissional e os direitos dos jornalistas devem ser sempre respeitados.

“Os recentes assassínios de jornalistas chamaram a atenção de todo o mundo, incluindo a brutal morte de representantes dos media ocidentais na Síria”, referiu o vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson. “Porém, não devemos esquecer-nos que cerca de 95 por cento das mortes de jornalistas em conflitos armados são jornalistas locais, que recebem menos cobertura mediática”, acrescentou.

“Sabemos que um conflito armado não só põe em perigo a vida e a segurança dos jornalistas. Também limita o livre fluxo da informação, contribuindo para a erosão do Estado de direito e a democracia”, acrescentou Eliasson.

Christophe Deloire, dos Repórteres Sem Fronteiras, pediu a criação de um Representante Especial do Secretário-Geral para a protecção dos jornalistas para tornar mais proeminente o assunto dentro do sistema da ONU. Pede-se medidas urgentes, afirmou Deloire, porque 90 por cento dos crimes contra jornalistas fica impune.

“Esse alto grau de impunidade encoraja aqueles que querem silenciar os jornalistas a afogá-los no seu próprio sangue”, sublinhou.

Marianne Pearl, viúva do jornalista Daniel Pearl, raptado e decapitado em 2002 no Paquistão, disse no Conselho de Segurança que estes são “tempos conturbados” para o jornalismo, tendo em conta os 25 que foram mortos no que vai do ano.

“Em 2014, a impunidade no assassínio de jornalistas atingiu uns incríveis 96 por cento e os restantes quatro por cento obtiveram justiça parcial”, disse Marianne Pearl. Que se congratulou pelo Plano de Acção da ONU para a Segurança de Jornalistas e a Questão da Impunidade mas especificou que é preciso mais esforço no terreno para implementá-lo. O plano está em vigor desde 2012 mas pouco tem conseguido para proteger os jornalistas.

Rede Angola

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