segunda-feira, 25 de maio de 2015

REGIME ANGOLANO TEME LEVANTAMENTO POPULAR




Eduardo dos Santos colocou 4.000 efetivos militares em Luanda

Folha 8 digital (ao) – 23 maio 2015

Estado Maior General das Forças Ar­madas Ango­lanas (FAA) reforçou nos últimos 15 dias, com mais de quatro mil efectivos provenientes das várias regiões militares, à Re­gião Militar de Luanda.

Tal decisão, segundo apu­rou F8 deve-se a possiveis levantamentos populares na sequência das medidas económicas que o exe­cutivo vem tomando nos últimos dias e que preju­dicam à população.

O chefe do Executivo, José Eduardo dos San­tos teme principalmente uma crise mais profunda a partir de manifestações protagonizadas por traba­lhadores através das suas organizações sindicais e de partidos políticos da oposição.

Os efectivos provenien­tes das primeiras, quinta e sextas regiões militares foram destacados na uni­dade militar da Funda e no Estado –Maior Gene­ral.

Para alguns analistas a cri­se no país tende a agravar, as insatisfações sociais, uma vez que vai manter os níveis de desemprego acima da média histórica da região, face ainda a tendência do aumento de preços dos produtos alimentares de base, para além das promessas não cumpridas.

O analista político José Futy Paulo critica a pouca disposição do Executivo em atacar as causas da crise.

“Podem cercar a cidade com soldados, isso não resolve os problemas. A fome não obedece crité­rios”, explicou Futy.

O activista dos Direitos Humanos, Salvador Mu­lende avisa que a descida no preço do petróleo “terá como efeito o aumento do custo de vida, o que vai alimentar o descontenta­mento popular e aumen­tar as tensões” no país.

Segundo ele, apesar da perspetiva de corte nos subsídios públicos aos combustíveis, acredita que a decisão “não deve ter um impacto negativo no perfil de risco político do país”, o que represen­ta “um enorme contraste face aos protestos que po­dem surgir.

“Militarizar a cidade para travar eventuais protes­tos não é a solução. Ao longo do tempo foram os políticos advertidos sobre a má governação e não acataram conselhos, ago­ra tudo pode resvalar”, acrescentou.

O sindicalista Erasmo Samaio Zua lamenta o momento actual que os angolanos atravessam. “A vasta maioria dos nossos filhos está desempregada, muitos quadros formados nunca tiveram um emprego. A cada dia e semana os números crescem quando famílias inteiras são em­pobrecidas e lares se de­sintegram” precisou.

Acrescentou que as pers­pectivas de emprego de­saparecem e o espectro do desemprego a longo prazo em grande escala assombra a vida diária.

“As perspectivas de es­tabelecimento de casais estáveis e novas famílias entre os jovens são ine­xistentes. Essa situação começa a frustrar a socie­dade”, referiu.

Para o reformado Ber­nardo Cassua, os intelec­tuais, políticos da nova geração não ecoam a sua experiência do dia a dia nem apresentam soluções tangíveis. “Estamos a ca­minhar para o abismo. O partido no poder preten­de arquitectar um conflito armado e a oposição tem que ter muito cuidado”, avisou.

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