quinta-feira, 4 de junho de 2015

AJUDEM O TRIBUNAL DE CONTAS – São Tomé e Príncipe, opinião



Ludmilo S. Rosa – Téla Nón (st), opinião

Tenho acompanhado com particular afinco os relatórios anuais do Tribunal de Contas. Esta instituição tem um papel bastante relevante porque anualmente nos relembra que temos sido roubados.

O tribunal de Contas são-tomenses assemelha-se ao segurança privado que, depois de termos sido assaltados, nos alerta: “oh chefe, eu estive de serviço, ontem, e vi um indivíduo encapuzado a sair pela porta traseira com aquela mala de dinheiro”. O relatório referente à actividade financeira do Estado de 2014 afirma algo idêntico. Os abusos com o dinheiro público andam de boa saúde e recomenda-se.

O relatório, recentemente publicado, afirma que o salário e os subsídios continuam a ser pagos à margem da lei. O Tribunal, aqui, é inconclusivo. Não se sabe se se refere aos ministros que solicitam subsídios para a compra de peças de carro no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Ou se, antes, a situação tem que ver com altos dirigentes que requisitam avanços financeiros para a compra de creme para as esposas, namoradas e amigas cor de laranja, em Paris.

O meu fetiche é oferecer cremes a minha namorada. Então, se for em Paris, adoro. Logo, sou solidário com esses dirigentes. Parece-me que há, aqui, uma certa inveja do Tribunal de Contas.

O presidente do Tribunal de Contas está decidido a por termo a esta Liga de Aldrabões Financeiros (LAF) do Estado. José António Monte Verde vai implementar a estratégia “o que fazer”. Numa notícia sobre o assunto, o Tela Non cita o presidente: “o que fazer? É esta a questão que levantamos no relatório. É preciso que conjuguemos esforços a nível dos demais órgãos do Estado no sentido de encontrarmos as medidas à repressão desses actos”. A pergunta “o que fazer”? deixa antever que vem aí um forte combate à roubalheira no Estado. Eu e o leitor estamos descansados. A seguir, Monte Verde revela a estratégia propriamente dita – definir, com a colaboração dos aldrabões, estratégias para que estes deixem o dinheiro público em paz. Isto vai resultar.

Há poucos anos atrás, os políticos condenados pelo Tribunal de Contas recorreram ao tribunal civil e obtiveram uma suspensão da decisão. É tão bom que um juiz nos diga “absolvido, vá em paz e desfrute de todo o dinheiro que não é seu”. Posteriormente se soube que os tribunais se encontravam mergulhados em roubalheira financeira. Ficou mal o Tribunal de Contas que não deu valor à solidariedade entre companheiros de luta.

Na foto: Ludmilo S. Rosa

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