Em
homenagem aos cinco heróicos combatentes anti terrorismo cubanos de visita à
África Austral, no momento em que eles passam por Angola
Martinho Júnior, Luanda
1
– As mudanças de doutrina militar e por tabela de geo estratégias, por parte
dos Estados Unidos, têm muito que ver com a evolução dos relacionamentos dos
Estados Unidos para com a América Latina, bem como da percepção que os
Democratas estão a fazer em relação ao eleitorado norte-americano, em função da
tensão dialéctica entre culturas dentro de sua complexa sociedade, algo que
está na “ordem do dia” à medida que se vão aproximando as eleições.
O
poderoso “lobby” do armamento e das tecnologias electrónicas, com
essas alterações, só tem que se regozijar, pois em nada está posto em causa no
seu estatuto, bem como na sua pujança e prodigalidade capitalista, muito pelo
contrário.
Interpretadas
nesse sentido, as alterações na Doutrina militar dos Estados Unidos revertem a
desfavor dos esforços da paz global.
Com
a tão propagandeada “guerra ao terrorismo”, que a administração de George
W. Bush inaugurou, os Estados Unidos meteram-se no atoleiro das “guerras
de contra insurgência”, ainda que de forma “assimétrica”, uma experiência
que já haviam experimentado antes no Vietname com tão maus resultados e agora
experimentou no Afeganistão e no Iraque, ao ponto de procurar a todo o transe
retirar-se e ver-se livre dos rescaldos!...
Se
bem que após o final da Guerra Fria a iniciativa de “combate ao
terrorismo” não se tornou impopular nos Estados Unidos, uma coisa aprendeu
a administração Obama: há que a todo o custo saber evitar “guerras de
contra insurgência”, mesmo as “assimétricas” (que permitem por
exemplo o emprego de drones), sem que isso signifique temer a confrontação em
termos de guerra convencional, onde as vantagens têm sido mais evidentes.
Os
Estados Unidos, perante seu eleitorado e perante o mundo, estão a ser obrigados
a evitar fazer recair sobre si o dedo acusador da esmagadora maioria dos
estados, nações e povos da Terra, algo que pode ser simbolizado com a votação
anual relativa ao bloqueio contra Cuba, na Assembleia Geral da ONU.
2
– Assim sendo, os Estados Unidos estão cada vez mais a encarregar terceiros,
seus aliados, para assumirem a “contra insurgência”, ainda que sob o
rótulo de “anti terrorismo” e por isso tem sido pródigo em promover
as condições de expansão do terrorismo em especial no Médio Oriente e em
África, enquanto se reserva a si ao papel de condução de confrontações “clássicas”,
do tipo em que se empenharam e moveram durante a Guerra Fria, onde o
seu “núcleo duro” se sente muito mais à vontade!
Essa
é a razão da ambivalência de que se veste agora a doutrina e as geo estratégias
da NATO, assim como do “periférico” que em relação ao Pentágono
constitui o AFRICOM.
Essa
é a razão também do exercício da NATO que se realizará no Mediterrâneo
(“Trident Juncture 2015”), que tem como hóspedes Portugal, Espanha e Itália,
que é preciso não esquecer, têm alguma experiência (sobretudo Portugal),
em “guerras de contra insurgência”, sem deixar de “cultivar” o
tipo de “ambientes e cenários” que se estão a recriar a Leste da
União Europeia, com fulcro na Ucrânia!…
Passar
para aliados-vassalos uma parte dos encargos de “contra insurgência”, assumindo
a liderança na confrontação clássica, é de tal maneira aliciante que as
alterações sensíveis na doutrina militar e nas geo estratégias afins estão a
fazer reverter as coisas na direcção de outra Guerra Fria e, por causa dessas
alterações, é muito importante vigiar todos, conforme o tem feito assumido a
NSA!...
3
– As respostas progressistas da América Latina são em grande parte responsáveis
pelas mudanças encetadas e a libertação dos cinco combatentes anti terroristas
cubanos que estão de visita à África do Sul, Namíbia e Angola são, até pelo
sentido de oportunidade, disso sinal, daí a tentativa de desanuviamento para
com Cuba, que se regista ao mesmo tempo em que se verifica o empertigamento em
relação à Venezuela Bolivariana, ou em relação aos termos
do “incentivo” das oligarquias latino americanas enfeudadas aos seus
propósitos desde o México ao cone sul da América, assim como em relação ao
reforço militar das bases espalhadas sobretudo na América Central, Colômbia e
Peru.
Com
a libertação dos cinco combatentes anti terrorismo cubanos, os Estados Unidos
estão já a demarcar-se tanto quanto lhes é possível, do papel de mentor directo
principal da “contra insurreição” visível à escala global, até por
que a experiência fez, à administração Democrata em curso, perceber o nó-cego
onde se colocou perante toda a audiência global, quando perdeu, por exemplo, o
seu Embaixador Christopher Stevens, na Líbia…
Foi
muito provavelmente nessa altura que deram implicitamente valor ao heróico
sacrifício dos cinco combatentes cubanos, injustamente julgados, condenados e
presos!
Em
termos clássicos, sabendo das razões da Rússia e da China tenderem a unir
esforços, os Estados Unidos vão procurar que eles cheguem à completa coesão e
para isso, atraem a Rússia para uma tensão calculada enfrentando a NATO a
ocidente (tendo a Ucrânia como “chave”), enquanto no lado oposto do
continente euro-asiático são suas próprias forças do Pacífico que estimulam o
enfrentamento à China.
…
Todos os estados, nações e povos se têm agora que cuidar do que vem aí, pois
uma nova Guerra Fria, nestes termos, vai ser mais perigosa que
a “homóloga” do século passado!
Foto:
Embaixador J. Christopher Stevens, assassinado em Bengazi, na Líbia, numa
data fatídica: 11 de Setembro de 2013
A
recordar:
- Cuba foi dos primeiros a condenar o pérfido ataque. (“Cuba
condena ataques à Embaixada dos EUA na Líbia” – http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/09/14/cuba-condena-ataques-a-embaixada-dos-eua-na-libia/).
A
consular (de minha autoria):
-
O último 11 de Setembro – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-i.html
-
O último 11 de Setembro – II – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-ii.html
-
O último 11 de Setembro – III – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-iii.html
Sem comentários:
Enviar um comentário