terça-feira, 4 de agosto de 2015

Guiné-Bissau. AS ESTRADAS DO DOM ALCATRÃO E A “ALMA EM SANGUE” DE ALY SILVA




As estradas de Bissau e arredores estão a ser alcatroadas, finalmente. O feito tem sido notícia profusa de alguns órgão de comunicação social. Para António Aly Silva, em Bissau, jornalista e editor do Ditadura do Consenso, o Dom Alcatrão ali chegado e implantado é regozijo com um misto de “alma em sangue”. É que os cruzamentos parece que não fazem parte das estradas. Pois não.

Para melhor sabermos basta ler o Ditadura do Consenso e o que Aly diz lhe provocar sangue na alma, com razão. Melhor será o Ditadura do Consenso alertar os artífices do Dom Alcatrão de que os cruzamentos também são estrada, chamam-se cruzamentos mas são parte integrante das estradas . Leia-se Aly para saber melhor.

Redação PG

COM A ALMA EM SANGUE – opinião de Aly Silva

É a verdade: as estradas de Bissau, e da Grande Bissau, estão a ser alcatroadas. Serão 53 quilómetros. Mas é ainda mais verdade que quase todos os cruzamentos em Bissau estão completamente desfeitos. Com ou sem obras. Ora confira:

- Cruzamento da DG Viação (dos dois lados)
- Cruzamento junto à sede do Sporting de Bissau
- Cruzamento junto do Ponto D'Encontro
- A via Ponto D'Encontro até à esquina com as Nações Unidas, foi minguando, minguando, minguando que hoje mal passa por lá uma motorizada...
- Cruzamento hospital com a Mavegro
- Cruzamento Cupelom de Baixo com a Av. Pansau Na Isna
- Cruzamento Ministério da Justiça (do lado do Rosa&Rosa e do Ministério das Finanças)
- Cruzamento mercado central
- Cruzamento fortaleza D'Amura
- Troço entre a Avenida Cidade Lisboa e a Av. Combatentes da Liberdade da Pátria
- Toda a rotunda junto à Petromar
- Cruzamento junto à RTP com o tribunal regional de Bissau
- Estrada junto da estação da Petromar, no Bissau Velho
- Cruzamento junto à estação da Elton/Nunes & Irmão (de um lado e do outro)
- Avenida Unidade Africana (autênticas CRATERAS lunares junto da igreja católica)
- Cruzamento Presidência com o Ministério da Administração Interna
- Toda a estrada (contentor do Tony até aos Coqueiros, nas traseiras do Palácio da República, tudo na Avenida Pansau Na Isna) e estamos a falar de uma distancia de cerca de 500 metros, muito, muito maus)
- Cruzamento no fim da Aldeia SOS, junto à Chapa de Bissau

Amanhã, se não chover, faço as fotografias para que todos vejam. Eu não sei se a responsabilidade é da CMB ou do ministério das Obras Públicas (MOPCU), mas alguém tem de dar a cara.

E os carros pagam o 'Fundo Rodoviário' para cairem nos buracos... lembro a Bissau de outros tempos, em que o ministério das Obras Públicas tinha brigadas que passavam a cidade a pente fino, tapando o mais pequeno buraco, removendo o mais inofensivo calhau, limpando as ruas (não, ainda não havia a 'invasão' de areias na estrada).

Bissau, a cidade-mártir, está suja, descaracterizada. Parece que chove lixo em vez de água!!! Contentores em todos os lados, oficinas de venda e remendos de pneus proliferam nas esquinas e nas vias principais.

Vendedores de limpa pára-brisas, de medicamentos duvidosos, alguns provenientes da farmácia do hospital Simão Mendes, todos eles oferecidos; vendedores de ilusões, de tudo e de nada, entopem as principais vias, não deixando as viaturas circularem com segurança, e quase que abalroam os carros para se fazerem ver.

A Câmara Municipal de Bissau, parece mais um imóvel: nem oscila!; a polícia de Ordem Pública, essa, parece coisa de um passado bastante... ausente. Os políciais de trânsito juntam-se aos magotes na rotunda do alto Crim, circular nessa zona da cidade é um quase exercício de matemática e de física quântica. Eles lá continuam, na conversa ou ao telemóvel, nem se preocupam.

Queixas por causa de terrenos que foram vendidos pela CMB a duas, três, quatro ou mais pessoas; empresas lesadas por interesses dúbios e, em alguns casos, criminosos e que se sentem de mãos e pés atados.

Um nojo de cidade, é assim que se tornou Bissau - uma cidade não muito longe do medieval, onde tudo e todos chafurdam na lama, sem qualquer hipótese de fuga ou sequer alternativa.

Para ser franco, não há verdadeira escolha entre resistir à CMB e à MOPCU ou render-me a eles. Vendo bem as coisas, numa perspectiva de cidadania, parece-me óbvio que é melhor resistir. Esta Guiné-Bissau que me ensinaram a amar há tanto tempo e por motivos tão diferentes perdura ainda, vá lá saber-se como.

António Aly Silva – Ditadura do Consenso

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