quinta-feira, 3 de setembro de 2015

CAÇA FURTIVA É AMEAÇA MUNDIAL – ministra angolana apela a soluções para estancar o fenómeno



Lourenço Bule, Menongue – Jornal de Angola

A ministra do Ambiente, Fátima Jardim, pediu ontem aos membros da Associação de Procuradores de África (APA) reunidos em Menongue, Cuando Cubango, a adopção de medidas que viabilizem os governos de cada país a encontrarem soluções para estancar o fenómeno da caça furtiva e fazer uma gestão racional e sustentável da biodiversidade.

Fátima Jardim, que falou na abertura da “Conferência internacional sobre a caça furtiva e os seus efeitos nefastos para o continente africano - medidas eficazes para a responsabilização dos infractores”, salientou que se assiste no mundo inteiro à proliferação de casos de caça ilegal, particularmente em Angola, onde as zonas transfronteiriças e de conservação animal têm sido sistematicamente atingidas por este mal.

Fátima Jardim realçou que o encontro “é de capital importância”, tendo em atenção o momento actual que se vive ao longo dos 87 mil metros quadrados do território do Cuando Cubango, integrados num dos maiores projectos de conservação ambiental do mundo, de onde chegam todos os dias relatos da destruição da fauna e da flora, um negócio que tem causado enormes prejuízos nos diferentes Estados da região.

A ministra do Ambiente chamou a atenção dos governos atingidos por este fenómeno para realizarem estudos aprofundados com a sociedade civil, envolvendo as comunidades rurais, para que se possa pôr cobro aos problemas da caça furtiva, que está entre as cinco actividades ilegais mais lucrativas do mundo, com o registo de prejuízos acima dos 23 mil milhões de dólares por ano. 

Segundo estudos, a China, Tailândia, os países europeus e os Estados Unidos são as partes do mundo que mais impulsionam o tráfico de animais, sobretudo a partir do continente africano, onde em cada 15 minutos um elefante é abatido. Na Ásia um troféu de marfim chega a custar 18 mil dólares. A realização da conferência internacional sobre a caça furtiva e os seus efeitos nefastos para o continente africano, frisou Fátima Jardim, representa um marco importante para a região na busca de uma visão e acção comuns para a participação, com valiosos contributos, na estratégia comum africana contra a caça furtiva, que deve ser aprovada pelos Chefes de Estado e de Governo da União Africana. Fátima Jardim realçou que o país, há 40 anos, herdou 6,5 por cento do território nacional como áreas de conservação e actualmente o Governo alargou mais 2,5 por cento para atingir as metas globais. A perspectiva é que até 2020 pelo menos 20 por cento do país possa ser transformada em zona de conservação.

A ministra informou que 30 mil espécies da fauna e flora selvagem no mundo estão em vias de extinção e através do regulamento da convenção foi restringido o comércio das espécies que estão em risco. Apelou a todos os países a adoptarem medidas para o cuidado das espécies em risco de extinção.

Abate de animais 

O governador do Cuando Cubango, Higino Carneiro, disse que a província vive diariamente o drama da caça furtiva, com o abate indiscriminado de animais selvagens, com destaque para  elefantes, hipopótamos, rinocerontes e búfalos.

Para Higino Carneiro, pela importância que o Governo confere à conservação da natureza e protecção da biodiversidade, urge a necessidade de se buscarem sinergias que permitam o maior controlo dos recursos faunísticos, com a implantação de destacamentos de fiscais e a sua formação contínua.

O governador frisou que a construção de uma escola de formação de fiscais ambientais, de interesse regional, representa uma das acções que concorrem para a prevenção e protecção da fauna do país.

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