quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Moçambique. CHISSANO DEFENDE “GRANDE EDUCAÇÃO” PARA MITIGAR RAPTO DE ALBINOS




Maputo, 16 Set (AIM) O antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, reagiu hoje a actual onda de rapto de albinos, defendendo a necessidade de uma grande educação à sociedade, visando colmatar este fenómeno que assola o país, sobretudo na província nortenha de Nampula.

Nampula já registou pelo menos oito casos de rapto de albinos.

O antigo estadista falava à imprensa à margem da I Conferência Nacional sobre a Provisão do Acesso à Justiça e ao Direito, que decorre, em Maputo, sob lema
40 anos garantindo assistência jurídica e patrocínio judiciário em Moçambique.

É preciso uma grande educação. É uma aberração da sociedade. Não faz sentido estarmos a perseguir albinos só por causa de pequenas diferenças de características da pele ou dos olhos, quando nós todos somos diferentes, temos cores diferentes da pele, temos olhos diferentes, cabelo diferente. Porque perseguir os albinos? Os albinos têm tanta inteligência como qualquer outra pessoa. Por que perseguir os albinos?, questionou.

Antes pelo contrário, segundo Chissano, a sociedade devia fazer tudo para criar movimentos de apoio aos albinos, porque alguns deles não têm posses e, portanto, não podem adquirir os cuidados necessários que lhes permita uma vida melhor.

O antigo governante disse que a educação deverá mostrar à sociedade que os albinos são pessoas que mostram e podem mostrar que têm um valor igual ou superior aos outros que não o são.

Temos doutores e temos profissionais de vária ordem que não fazem nenhuma diferença com os outros senão a cor da pele. Nós temos que apoiar. Não é bom ouvir um Ali Faque a cantar bonito, termos um sacerdote ou pastor como Jamisse? Não é bonito, isso? É bonito. Nós temos que apoiar, encorajou.

Chissano afirmou que este fenómeno não só ocorre em Moçambique, como também em outros pontos do continente. E considerou que no país são poucos os que raptam albinos, o que significa que, com uma grande educação, poderá erradicar-se o fenómeno com mais facilidade.

Por seu turno, o vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Joaquim Veríssimo, falando na cerimónia de abertura da conferência, disse que o governo está preocupado com a ocorrência de casos de rapto de albinos, pelo que anunciou a criação de uma comissão multissectorial, coordenada pelo sector da Justiça.

Esta comissão já está a preparar um plano de acção com vista a se encontrarem medidas adicionais que possam realmente mitigar o fenómeno, com rigor, seriedade e celeridade no tratamento dos processos, informou.

Veríssimo aproveitou a oportunidade para convidar a todos os segmentos da sociedade a continuarem a dar a sua contribuição para denunciar qualquer caso suspeito de rapto.

O governante considerou este fenómeno um desafio muito grande na protecção desta camada social, mas disse acreditar que
vamos ter sucesso neste processo.

O evento discute assuntos sobre rapto de albinos, bem como a apresentação de temas relativos aos 40 anos da Consagração da Assistência Jurídica e Patrocínio Judiciário em Moçambique; papel do Ministério Público na garantia do acesso à justiça; acesso à Justiça e ao Direito Integrado, desafios e paradigma; papel do Estado no acesso à Justiça e ao direito; violência contra a pessoa idosa; desafios na instrução de processos de prevenção criminal; tratamento Jurídico da saúde mental; e acesso ao direito e à Justiça na perspectiva da Defensória Pública da República Federativa do Brasil.

(AIM) Anacleto Mercedes (ALM)/DT

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