terça-feira, 13 de outubro de 2015

Portugal. BASES SOCIALISTAS CONTRA GOVERNO DE DIREITA. QUEREM GOVERNO PS



Hélder Semedo, Coimbra

Foi a dirigente do Bloco de Esquerda que usou o termo que anunciou que o governo Passos, da coligação, já não era governo. Também Mariana Mortágua escreveu um artigo de opinião no Jornal de Notícias intitulado “Adeus, Passos”. O que os do bloco sabem, para dizerem o que dizem, a maioria dos portugueses não sabem, nem as bases do Partido Socialista sabem de fonte segura se o PS vai constituir o governo de uma esquerda unida. A vontade de que assim aconteça, entre a maioria das bases socialistas, é auscutável e num referendo interno vai vencer – se acaso António Costa declarar a sua vontade e concordância em ser primeiro-ministro com o apoio dos partidos à esquerda. Ao fim e ao cabo esta é a vocação do Partido Socialista e não o que tem acontecido em contra-natura, aliar-se à direita. O PS já perdeu muitos votos por se virar para a direita e fazer parte de alianças de uma direita que veio ao longo de décadas abusando e operando no regresso ao passado. Passos e Portas, neste governo que resistiu quatro alucinantes e malfadados anos, deu a machada final em tal tipo de políticas socialistas aliadas à direita. É evidente que Cavaco Silva contribuiu bastante para esta viragem escandalosa à direita, protegendo o governo a que chamou seu. Sendo pela calada seu mentor em determinados aspetos e políticas executadas. O extremismo desta direita fez com que a inquietante verdade sobressaísse. Por tal os portugueses deram a maioria à esquerda, Não há como negá-lo.

Vêm agora os detratores desenterrar o machado de guerra com o papão do PCP (que come criancinhas ao pequeno-almoço), perfilando-se nas fileiras reacionárias e antidemocráticas. Vimos isso em comentadores nas televisões, nas rádios, nos jornais. Mas também o vimos na elaboração de peças jornalísticas em vária imprensa escrita. Até parece que está tudo por conta do reacionarismo da direita saudosista. A chantagem psicológica exercida aos espetadores, aos ouvintes, aos leitores, é selvática e inadmissível. Assim se percebe quanto os meios de comunicação social estão na posse de uma direita com cores pseudo-democráticas em que aparece o cinzentão salazarista. Mais de quatro décadas depois do derrube do fascismo salazar-marcelista bastou elegerem um pseudo democrata como Cavaco para PR e, para o governo, uns meninos-prodigio parasitas - que quase nunca trabalharam e têm navegado na vida repimpadamente à custa dos seus partidos e da política - para que o tempo tivesse voltado para trás. Mais quatro anos e voltávamos a um fascismo moderno a que chamam neoliberal mas que deve ser conotado com a radicalização de políticas de direita perigosa antidemocrática e desumana. Razão mais que suficiente para o PS ter de estar, por vocação e vontade das suas bases militantes, dos socialistas, em oposição a isto.

Portugal é uma nação quase milenar que não deve rejeitar o seu europeísmo, mas que tem a obrigação de saber defender a sua soberania, em vez de bajular escandalosamente a senhora Merkel, toda poderosa da UE, e os mercados. Muito menos tem de ver as suas empresas estratégicas vendidas ao desbarato, quase oferecidas. Tudo isso e a miséria instalada são vergonhosamente gritantes. A favor disso tem sido a política e a prática do governo ainda instalado e dirigido por Passos e Portas. É contra tais políticas e práticas que as bases socialistas estão contra e querem uma mudança, querem que o PS seja governo com o apoio de uma esquerda unida. É assim a auscultação na zona centro de Portugal, no sul e também no norte. O PS tem de ser governo por ter legitimidade para tal. Cavaco Silva não tem espaço para o evitar e se nomeasse Passo e um governo da PaF, logo veria na Assembleia da República que a sua teimosia saudosista de fazer perdurar a direita nos destinos de Portugal estava condenada a ser derrubada logo no inicio da legislatura. Por muito tacanho e absoluto que Cavaco é não se disporá a cair nesse ridículo.

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