O
secretário-geral do PCP acusou hoje o Presidente da República de arrastar
"a decisão que lhe cabe e que a situação exige" sobre o novo Governo,
subvertendo a Constituição, e prometeu "uma resposta democrática dos
trabalhadores e do povo".
"Arrastando
a decisão que lhe cabe e que a situação exige, privilegiando contactos e
audições com representantes do grande capital em detrimento dos órgãos de
consulta constitucionalmente previstos, adiando a indispensável e obrigatória
consulta aos partidos políticos, alimentando falsas soluções, Cavaco Silva opta
por procurar intervir em auxílio do partido a que pertence mesmo que para isso
afronte a Constituição", afirmou Jerónimo de Sousa, no parlamento.
Segundo
o líder comunista, "quaisquer tentativas de Cavaco Silva para procurar
subverter a Constituição terão a resposta democrática dos trabalhadores e do
povo que lhe corresponda".
"Cavaco
Silva assume assim todas as responsabilidades pelas consequências políticas e
institucionais de eventuais decisões que, por ação ou omissão, contribuam para
degradar a situação nacional e promover o confronto entre órgãos de
soberania", frisou.
Jerónimo
de Sousa instou ainda: "Cumpra-se a vontade popular, cumpra-se a vontade
da maioria dos deputados da Assembleia da República, cumpra-se a Constituição
da República Portuguesa".
O
Presidente da República, Cavaco Silva, vai receber sexta-feira, no Palácio de
Belém, os representantes dos sete partidos (PSD, PS, BE, CDS-PP, PCP, PEV e
PAN) com assento parlamentar, sobre a situação política criada após a demissão
do XX Governo Constitucional, disse hoje à Lusa fonte da Presidência da
República.
Segundo
a mesma fonte, o chefe de Estado receberá um dia antes, na quinta-feira, um
conjunto de economistas com "um conhecimento da realidade económica e
nacional", seguindo a série de consultas que tem estado a efetuar desde a
queda do XX Governo Constitucional, liderado por Passos Coelho e Paulo Portas.
Contudo,
fontes parlamentares adiantaram também que ainda não foi recebida qualquer
notificação para audiências da parte do Palácio de Belém.
A
moção de rejeição do PS ao programa do executivo PSD/CDS-PP foi aprovada a 10
de novembro com 123 votos favoráveis de socialistas, bloquistas, comunistas,
ecologistas e PAN. PS, BE, PCP e PEV assinaram acordos com vista à formação e
investidura de um Governo liderado pelo secretário-geral do PS, António Costa,
com apoio parlamentar maioritário.
HPG
(SF) // ATR - Lusa
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