Os
Anonymous reivindicaram um ataque lançado na última sexta-feira a alguns dos
principais sites governamentais de Angola, incluindo à página do Governo e do
Supremo Tribunal.
Cláudia
Bancaleiro*
Aacção
tem como objectivo contestar a presidência de José Eduardo dos Santos, apelar à
realização de “eleições livres” e exigir a libertação de 15 dos 17 activistas
angolanos que estão a ser julgados por “actos preparatórios” de rebelião e de
atentado contra o chefe de Estado angolano.
Num
post publicado na página Anonymous Legion Portugal no Facebook, o grupo de
hackers exige a “liberdade dos presos políticos em Angola”, que “vive
embrulhada numa ditadura disfarçada de democracia e o seu fabuloso progresso
mundial, que serve de distracção para um povo iludido”.
O
grupo considera que o país africano vive uma situação “insustentável”, com um
povo pobre e “reprimido”, enquanto a “família de José Eduardo dos Santos
enriquece à custa da miséria do povo”.
“Para
que os angolanos tenham acesso a direitos básicos como a liberdade de
expressão, a saúde e a educação, é necessário que haja eleições livres em
Angola”, escrevem no seu comunicado.
Exigem
a “libertação imediata” de todos os presos políticos, “incluindo os últimos que
foram presos e estão neste momento a ser julgados”, numa referência ao
julgamento de Luaty Beirão e dos seus companheiros. “Todos sabemos como
funcionam os julgamentos numa ditadura, que é tão igual a um julgamento numa
monarquia no tempo medieval”, acrescentam.
Com
base neste comunicado, os Anonymous lançaram um ataque a pelo menos seis sites,
incluindo o do Governo de Angola, a Embaixada de Angola em Portugal, do
Tribunal Supremo ou do Tribunal Constitucional. Esta terça-feira, a página do
executivo angolano ainda registava problemas de acesso, bem como o site do
Governo Provincial de Luanda. Até ao momento, não houve qualquer comentário por
parte das autoridades governamentais quanto a este ataque.
Domingos,
Manuel, Nuno, Afonso, José, Sedrick, Fernando, Benedito, Arante, Albano,
Osvaldo, Inocêncio, Hitler, Nelson, Henrique – que estão detidos desde Junho –
e também Rosa e Laurinda – em liberdade – começaram a responder, no passado dia
16 de Novembro, em Luanda, pela acusação de “actos preparatórios” de rebelião e
atentado contra o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Aos
activistas foi atribuída a intenção de tencionarem desenvolver acções de
“consciencialização e mobilização da população, extensiva a mulheres, crianças,
estudantes universitários, moto-taxistas, estivadores, zungueiros, entre
outros”.
O
objectivo final da sua acção seria promover “arruaças”, com “queima de pneus
nas distintas ruas das cidades angolanas, extensivos aos domicílios dos órgãos
de soberania, incluindo o palácio presidencial. E também “greves
injustificadas”, actos de “desobediência civil” e “desacatos e afronta aos
órgãos de defesa e segurança do país, com excepção das FAA [Forças Armadas]“.
Cinco
dias após o início do julgamento, o Tribunal Provincial de Luanda não completou
sequer a audição de três dos 17 arguidos.
O
Tribunal Supremo angolano não aceitou um segundo pedido de habeas corpus para a
libertação dos 15 activistas que estão em prisão preventiva há cinco meses,
contestando que os prazos de detenção tenham sido ultrapassados.
*Jornal
Público, em Folha 8 - Título e ilustração Folha 8
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