quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

ANGOLA É DESTAQUE NA IMPRENSA GLOBAL



A aposta do Governo angolano na diversificação da economia e ao mesmo tempo a redução do peso do petróleo no Produto Interno Bruto é destaque na Euronews.

A plataforma de televisão pan-europeia tem estado a passar um microprograma, na rubrica “Notícias Focus”, em alusão aos 40 anos da Independência de Angola, que enfatiza o facto de o país se virar  agora para o forte potencial agrário.

Diz a reportagem que a queda do preço do petróleo atingiu particularmente Angola, que é o segundo maior produtor de petróleo, logo a seguir à Nigéria, e a resposta passa por diversificar a economia, com a agricultura na linha da frente. E como se vai processar essa diversificação num território que tem o dobro do tamanho da França, é a pergunta da Euronews.  

A prioridade, prossegue, é investir nos mais de 58 milhões de hectares de terrenos irrigáveis. A reportagem da Euronews toma como exemplo um projecto que está a dar frutos em Caxito, província do Bengo. Trata-se de uma produção hortofrutícula, com   4.600 hectares, que contribui fortemente para as cerca de 250 mil toneladas de bananas, por exemplo, que são produzidas no país. Não só está garantida a auto-suficiência, como Angola se tornou num exportador deste fruto.

Ouvido pela reportagem, o presidente da Caxito Rega, João Mpilamosi, considerou a banana o “ouro verde” de Angola. Segundo ele, pelo valor comercial que tem, pelo seu valor nutricional e pelo alto rendimento que proporciona às famílias, a banana contribui em grande medida para a diversificação da economia. 

“Posso citar aqui um grande exemplo, hoje os volumes de venda de banana só do Perímetro Irrigado do Caxito representam cerca de 100 milhões de dólares por ano. E hoje o projeto pauta-se pela exportação da banana para a África Subsaariana, com destaque para o Congo Democrático, para o qual no mês de Outubro já conseguimos exportar cerca de dez toneladas de produção”.  Os incentivos do Governo ao sector agrícola passam por desenvolver as formações, o microcrédito e o financiamento directo de projetos de irrigação. Muitos pequenos agricultores continuam a fazer todo o trabalho segundo os métodos tradicionais.

O investimento público tem focado os sistemas de transporte e distribuição, de forma a agilizar o escoamento dos produtos locais e tornar a venda a retalho mais acessível. João Pedro Santos, diretor-geral da rede de hipermercados Kero, salienta: “Trinta e cinco por cento daquilo que são as nossas vendas são referentes àquilo que é produzido em Angola. 
Já existem alguns produtores nacionais que estão a fazer as suas produções não só para o mercado local mas também para o mercado internacional. Nomeadamente já há exportações claras para o mercado africano dentro da região e existem indicadores claros - mensalmente ou semestralmente avaliados-para que rapidamente Angola também possa ser um país que exporte não só para África, mas também para alguns países de outros continentes, do mundo”. O objetivo é fazer corresponder os padrões de produção aos critérios internacionais, nomeadamente a nível sanitário. A Refriango - empresa de refrigerantes, sumos e bebidas - propõe-se fazer precisamente isso. Emprega quase quatro mil pessoas e assume uma liderança clara no mercado lusófono no continente africano. “Os nossos níveis em termos de qualidade ajudam. Fomos a primeira indústria alimentar e conseguimos o certificado ISO 22000. Os laboratórios têm trabalhado bastante. Daí a certificação destes laboratórios com os certificados internacionais”, aponta o director executivo, Estêvão Daniel.

Cerca de 11 milhões de ovos importados foram recentemente inviabilizados porque não respeitavam as novas disposições sanitárias. Há agora quotas de mercado para 27 produtos diferentes, de forma a estimular a produção nacional. Elizabete Dias dos Santos, administradora do Grupo Diside, salienta:  “É nossa responsabilidade antes de produtores sermos consumidores. A nossa preocupação é que estamos a lidar com a saúde pública. Enquanto consumidores e produtores, temos que ter a responsabilidade de informar os nossos consumidores de que o que é feito em Angola tem qualidade, tem validade e tem credibilidade”.

O desenvolvimento económico conhece vulnerabilidades ao nível logístico, da rede de transportes e da organização dos fornecedores. São questões que tornam a dinâmica da indústria local mais complexa. O potencial natural deste país é tão diverso quanto os desafios que enfrenta. Até que ponto Angola, uma economia eminentemente assente na produção petrolífera, vai conseguir reinventar-se?,  pergunta o repórter da Euronews.

Angola é o segundo país da lusofonia - atrás apenas do Brasil - com maior potencial para o desenvolvimento da agricultura, com milhões de hectares de terra aráveis, grande parte ainda virgem.

Jornal de Angola – Foto: Rogério Tuti

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