A
antiga nomenklatura angolana do tempo do PT, partido único, detentora de todas
as rédeas do poder político e de todos os outros que este controlava,
reapareceu em grande à tona d’água no passado dia 14.12 nas suas vestes de
1992.
Vestes
de único partido a exercer o poder em Angola, MPLA, isto é, metamorfoseada em
establishment de fachada democrática à moda ocidental, mas controlando, com os
seus apparatchiks disfarçados em empresários, tudo quanto é ferramenta de um
poder absoluto, abrangendo tudo, desde a liderança política, passando pelas
mídia, finanças, comércio, indústria, e instituições, sejam de que origem
forem.
O
objectivo da referida aparição em público era tirar mais um coelho da cartola
do “governo” e apresentar ao povo de Angola o novo Plano Director Geral
Metropolitano de Luanda (PDGML) por intermédio do apparatchik ministro de
Estado e chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, ladeado pela princesa Isabel
dos Santos, filha de papai e dona da empresa Urbinveste, a qual, como que por
acaso, ganhou o concurso público para abocanhar esta monumental empreitada, de
muitos biliões de dólares, que se vai prolongar ao longo de 15 anos, portanto
até ao ano de 2030.
Segundo
consta oficialmente, “o PDGML é um projecto que começou em 2009, com um
concurso público realizado pelo Governo Provincial de Luanda, na tentativa de
criar para a capital uma proposta com soluções de desenvolvimento e de
crescimento integrado (…) e fundamenta-se em três pilares, designadamente,
“cidade habitável”, “nossa cidade bonita” e “cidade internacional”, revelou a
Angola e ao mundo a directora-geral da Urbinveste, empresa de Isabel dos
Santos, filha de papai.
Biliões
outra vez em mão presidencial
Mais
uma vez o que vemos é uma Isabel dos Santos, agora, na Urbinvest a aparecer à
frente de um plano de desenvolvimento de 15 anos de Luanda, para abocanhar mais
biliões de dólares do Estado, com base no tráfico de influência, como se fosse
a única a ter direito a figurar, sem concurso, na linha da frente de todos
concursos.
Na
justificativa de isenção e transparência, que nunca existiu, a bilionária do
papai, José Eduardo dos Santos, Presidente da República, que faz do Estado
propriedade privada, a filha Isabel dos Santos, diz ter feito mais de 2 mil
reuniões com vários extractos da sociedade e em consultas com grande número de
técnicos, assim como com muitas associações de profissionais de engenharia e
arquitectura.
Disse mas tem noção que muitas destas reuniões foram uma autêntica mentira e farsa.
O
problema que se apresenta neste ponto importante da empreitada é que se
constata que muitos profissionais já vieram desmentir isso mesmo e dizer que
eles nem sequer foram ouvidos e que os que foram chamados para consulta
profissional foram os peritos estrangeiros contratados para a empreitada futura.
Perante
este cenário desolador para o empresariado angolano, algumas perguntas
delicadas e sem resposta se levantam:
Primeiro,
como é que o MPLA e JES ousam fazer um plano de 15 anos sem falar com os outros
partidos?
Têm
a certeza de que vão ganhar as próximas três eleições?
Têm
confiança absoluta na sua máquina de fraude?
Dos
Santos tinha necessidade de humilhar desta forma o povo dizendo que nos
projectos bilionários é a sua família quem mais ordena?
Isabel
tinha necessidade disso, com os biliões que já tem?
Não
lhe chegam o que arrecadou com base no tráfico de influencias?
E
depois desta pouca-vergonha de adjudicação de obra, com vencedor consagrado
antes do concurso, foi confrangedor ver todo um “governo”, os apparatchicks
ajoelhados aos pés da princesa Isabel e todos no beija-mão.
Folha
8
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