Rui
Sá – Jornal de Notícias, opinião
Basta
fazer uma viagem pelas redes sociais para ver a forma como as mesmas abordam a
candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República. As gentes de
esquerda recordam o seu passado. E falam da carta que escreveu ao seu padrinho
Marcello Caetano, onde, ao mesmo tempo que parece desculpar-se pelo
acompanhamento do Congresso da Oposição Democrática de Aveiro, "bufa"
as atividades desenvolvidas, particularmente pelo "PC" e elogia o
presidente do Conselho por um discurso que este fez e que, diz Marcelo,
"caiu muito bem em vários setores da opinião pública", dado que teve
o mérito de se "antecipar ao rescaldo de Aveiro e às futuras manobras
pré-eleitorais" (falando da fantochada eleitoral de 1973 promovida pela
ditadura!). Numa altura em que Marcelo já não era um imberbe, mas sim um
adulto. Licenciado, casado e com 25 anos de vida.
Outros
recordam um passado mais recente. Daquele que foi quase fundador do PPD, membro
de várias das suas direções, deputado, autarca e mesmo presidente do partido
entre 1996 e 1999. Apoiante de relevo da candidatura de Cavaco Silva a
presidente da República e por este premiado/nomeado como membro do Conselho de
Estado.
Outros
ainda colocam em causa o seu caráter, dizendo que, oportunisticamente, procura
passar uma esponja sobre o seu passado e percurso, de forma a penetrar no
eleitorado da Esquerda - dado que, nas legislativas de há apenas dois meses, a
Direita (ou seja, os partidos que lhe declararam o apoio - o PSD e o CDS)
apenas recolheram 37% dos votos, o que manifestamente é insuficiente para a sua
eleição. Comparando esta atitude com aquela que Cavaco teve em 1995, quando
quis tanto que os eleitores esquecessem que ele era o antigo primeiro-ministro
em queda, que até se negou a que a sua fotografia e o seu nome surgissem no
apoio ao seu sucessor e fiel amigo Fernando Nogueira.
As
gentes da Direita dividem-se entre os seus indefetíveis e aqueles que não o
gramam. Sendo que estes, designadamente os do CDS, não esquecem a birra e as
traições entre Marcelo e Portas que levaram a que a coligação PSD/CDS então
anunciada não chegasse a ver a luz do dia... Outros, designadamente do PSD, não
lhe perdoam o facto de ser aquilo que efetivamente Passos Coelho dele pensa: um
"protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou [n]um
catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno
do fenómeno político" (in moção apresentada por Passos Coelho, no início
de 2015, ao Congresso do PSD).
Pela
minha parte, e não sendo insensível a todos estes argumentos, acrescento outro
que me anda a preocupar: é que tenho saudades das animadas e divertidas
prestações de Marcelo Rebelo de Sousa aos domingos, ao jantar. Que faziam
esquecer as desilusões da bola ou potenciavam a alegria que esta nos dava...
Pelo que não me consigo imaginar muito mais tempo sem a sua presença. E tremo,
de angústia, imaginando que pode ser substituído, nesse papel, por Marques
Mendes, mais Zandinga que Marcelo, mas que, sem dúvida, fica a anos-luz do seu
brilho e animação.
Por
isso, para além de todas as razões racionais, estou disposto a dar o meu nome
para uma causa: queremos Marcelo de volta à TVI! Porque prefiro um bom
"entertainer" a um mau presidente da República!...
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