segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

REBALDARIA Á PORTUGUESA: A FORÇA DE PODEREM ROUBAR… IMPUNEMENTE



À força de uns quantos pacóvios acreditarem em Cavacos, Passos, Portas e outra gentalha que se apoderou dos cargos políticos estratégicos que permitem defender e proteger os interesses da alta finança é que os portugueses andam a pagar o que não gastaram. Dinheiro de que nem lhe viram a cor. Apesar disso os pacóvios voltaram ao local do crime e nas últimas eleições isso viu-se. Os salafrários do costume tiveram uma votação que só não lhes permitiu voltar a governarem os interesses da alta finança, dos políticos, empresários e banqueiros ladrões porque houve eleitores e vontades suficientes para que se constituísse uma maioria de esquerda no parlamento que apoia o governo PS. Caso contrário o esbulho, a mentira, os vigaristas, continuariam a governarem-se e às suas seitas. Tudo com o aval interessado de Cavaco Silva, que é um dos deles. O Padrinho. Aquele assim se finará.

Decerto que todos que aqui chegaram a esta parte da prosa já perceberam do que trata: Banif. Depois do BPN, do BES e de mais uns quantos da banca recheada de gestores e banqueiros vigaristas que não se cansam de roubar os contribuintes portugueses. Tudo isso porque anteriormente compraram muitos partidos políticos, muitos políticos e toda a corja de bandidos que se instalaram em elites vampirescas que sugam os recursos de Portugal e dos portugueses. O conluio, a cumplicidade, é enorme. Criminosa.

“Banif, a força de acreditar” – tem por slogan publicitário. Acreditar que é sempre possível roubar os portugueses com total impunidade. Eventualmente com uns quantos “incómodos” – como é o caso do Salgado do BES, a quem o juiz Alexandre aliviou as medidas de coação para poupar na despesa de Salgado ficar com um polícia à porta para guardar o banqueiro mau, apesar de ele sair de casa, da sua sumptuosa e vasta propriedade pela porta dos fundos. Que prendas oferecerá o Menino Jesus ao juiz Carlos Alexandre agora pelo Natal? E aos outros, àqueles outros que nem sabemos com exatidão quem são. É a recompensa por serem tão bonzinhos nesta antecâmara da boa-vontade natalícia. Tocam os sinos? Ou será o vil metal a tilintar? Metal não é, e o papel não tilinta.

Ena, onde isto já vai! Assim dava para ainda fazer um livrinho. Parou! Resta dizer que confio piamente na justiça e nos seus operadores. Não se riam, cuidado com o cieiro.

O Banif. Neste Expresso Curto é Ricardo Costa, o diretor, quem lavra as laudas informáticas. Vamos deparar com algo quase inédito: Ricardo Costa indeciso sobre como abrir a peça. Se com o Banif, se com as eleições em Espanha, em que o PP de Rajoy foi atirado para morder o pó e a trampa que tem foi na governação da crise que deu luz verde aos ladrões para também roubarem os espanhóis. Pois. “És una mierda. Estói quedado.” Disse Rajoy quando se apercebeu da falta de confiança com que os eleitores espanhóis o premiaram. Assim como ao bipartidarismo, ao “arco da governação” que tem engordado muitos ladrões, muitos bandidos que se alojam nos partidos políticos para saciarem os seus instintos criminosos, roubando aos pobres para dar aos ricos e guardarem também vantagens para eles próprios, familiares e amigos.

Bem, mas Ricardo Costa decidiu-se. Pelo menos escreveu sobre quase tudo. A indecisão foi temporária. Só enquanto as teclas não desemperravam – vítimas das sujeiras que caem desde os céus de Belém, do Caldas e da Lapa. Para não dizer de outros locais. Do Estoril, casa de Dias Loureiro, por exemplo. O tal ministro querido da vitória, perdão, de Cavaco. BPN, pois claro!

Siga para bingo. Ricardo Coração do Expresso é Curto mas não é grosso. Homem inteligente que por contenções compreensivas nunca diz tudo. Ao contrário, por aqui, no PG, há alguns desbocados. Feitios.

Bom dia. Cuidado com a carteira, o relógio, o telemóvel – se ainda isso tiver, se acaso o governo anterior não lhe roubou esses bens pessoais e essenciais. Comer e casa é como o outro: “vive-se bem sem comer, sem casa, sem emprego. Não sejam piegas.”, diriam Passos-Portas-Cavaco. Pois.

Isto está uma rebaldaria. É a força de poderem roubar… impunemente!

Redação PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Ricardo Costa – Expresso

Onde é que eu já vi isto? Um vencedor que não governa e um banco que nos sai muito caro

Por onde começar o Expresso Curto? Por umas eleições espanholas que acabaram com o bipartidarismo e deixaram o vencedor sem aparentes condições para governar? Ou por um Banco de que o Estado português tem 60% do capital desde 2013 e que foi sendo empurrado com a barriga até ser vendido à pressa com uma perda imediata para os contribuintes de €700 milhões e mais €1,7 mil milhões potenciais a caminho?

O primeiro assunto é fundamental porque nos é próximo, porque lança incerteza sobre uma das maiores economias da União Europeia e porque pode abrir caminho, pela primeira vez em 40 anos de democracia, a um governo que não é liderado por quem ganhou as eleições, mas por uma coligação alternativa ou por um acordo parlamentar liderado pelo segundo partido mais votado (PSOE), que, por acaso, até teve o seu pior resultado de sempre.

Depois da Dinamarca e de Portugal, seria o terceiro governo europeu nascido em 2015 que não incluía o partido mais votado. E convém não esquecer que já é assim no Luxemburgo, na Bélgica e na Letónia. A vitória do PP é inequívoca, com 123 deputados, mas a queda brutal (vinha de 186 lugares) e a enorme subida da esquerda (PSOE+Podemos) tornam a investidura de Mariano Rajoy quase impossível, num pesadelo para o centro-direita muito parecido com o que se abateu sobre PSD e CDS em outubro.

A política de alianças alternativas ao vencedor é muito habitual em Espanha em governos autonómicos. Mas essa prática nunca foi usada a nível nacional. Com o novo parlamento, isso parece inevitável, embora seja preciso recorrer aos partidos mais pequenos.

Só um número, para percebermos como esta eleição é histórica: dois partidos que não existiam há 4 anos conseguiram 109 deputados! O Podemos – equivalente ao Bloco de Esquerda - alcançou uns fabulosos 69 lugares e o Ciudadanos, de centro-direita anti-PP, conseguiu 40 assentos. O resultado do Ciudadanos ficou muito aquém do projetado em sondagens, mas foi suficiente para baralhar tudo.

O El País tem ótimos gráficos aqui que mostram bem a dimensão da mudança, o El Mundo faz uma ótima simulação de todas as coligações e acordos possíveis num parlamento muito fragmentado e El Español tem um excelente artigo sobre os caminhos que o Rei pode seguirpara que se consiga formar governo. Não sei se o Rei Filipe estava preparado para este cenário, mas vai ter um dos maiores testes da democracia espanhola em muitas décadas.

Enquanto os espanhóis fazem contas aos deputados, nós fazemos contas a mais um banco que nos ia sair barato e que, afinal, fica por uma fortuna. Para os mais distraídos, convém lembrar que o Banif era tecnicamente do Estado desde 2013, quando o Tesouro teve que acudir ao banco com cerca de €700 milhões e ficou com 60% do capital. Além disso ainda emprestou cerca de €125 milhões convertíveis em capital, que nunca foram devolvidos.

O problema foi sendo inexplicavelmente adiado até que nos aproximamos do dia 1 de janeiro de 2016, em que Bruxelas passa a ternovas regras para a resolução bancária, nomeadamente com perdas diretas para os depositantes. E então era assim: ou Portugal e o Banif eram cobaias num resgate estilo Chipre ou vendiam a coisa depressa e à melhor oferta. E é assim que, hoje, todos os clientes do Banif acordaram como clientes do Santander, que comprou a parte boa do banco por €150 milhões, num negócio fechado em contrarrelógio no fim de semana.

E é tudo? Não, porque nestas coisas há sempre mais qualquer coisa.Nesta parte é melhor estar sentado: é que o Estado tem que disponibilizar €1,7 mil milhões para salvar a atividade do banco e o Fundo de Resolução (ou seja, o sistema bancário) cerca de €500 milhões. São €2,2 mil milhões para um banco que já estava na esfera do Estado desde 2013…

O primeiro-ministro fez uma declaração ao país perto da meia-noite, sobre esta “solução dolorosa e catastrófica”, que pode custar aos contribuintes €2,4 mil milhões: 700 agora e 1,7 mil potenciais.

Perante uma conta calada destas, a política acelerou. PS, PCP e Bloco vão avançar com uma comissão parlamentar de inquérito em que os bombos da festa vão ser Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Carlos Costa. Há, obviamente, muitos argumentos para se defenderem estão preparados para isso. Mas a gestão do dossiê do Banif, tal como o do Novo Banco, em função do calendário eleitoral é relativamente difícil de disfarçar.

Cada um que decida pela sua cabeça, mas a coisa será mais ou menos assim: vai ser uma tourada parlamentar, o duelo Mariana Mortágua vs. Maria Luís Albuquerque vai ser um dos melhores momentos televisivos de 2016, o CDS vai demarcar-se do PSD e atacar Carlos Costa, PCP e Bloco vão surfar a onda anti-bancos e o PS vai desmontar a teoria da saída limpa, defendendo que o Banif e o Novo Banco foram atirados para debaixo do tapete quando a troika tinha disponíveis para banca portuguesa €12 mil milhões e o anterior governo só usou metade.

Enquanto tudo isto acontece, nós pagamos a conta e ficamos sentados à espera da fatura do Novo Banco. Talvez em 2017 eu consiga escrever um Expresso Curto sem notícias destas…

OUTRAS NOTÍCIAS

Como a primeira parte foi excecionalmente longa, hoje esta secção é bem mais enxuta.

Começo por uma notícia de última hora: a FIFA acaba de anunciar que Joseph Blatter e Michel Platini são banidos oito anos de qualquer atividade ligada ao futebol. Mão pesada para os dois homens mais importantes da modalidade nos últimos anos.

A Índia está em convulsão por causa da libertação dos mais jovem dos violadores que participou num brutal crime que provocou a morte de uma jovem num autocarro em Nova Dehli. O país tem uma legislação muito ligeira para crimes sexuais.

Na China ainda há 91 desaparecidos, depois de um aluimento de terras e lixo ter provocado a destruição de 33 edifícios em Shenzhen

Na Eslovénia, os eleitores rejeitaram em referendo o casamento homossexual. O parlamento tinha aprovado uma lei a permitir o casamento e a adoção por casais do mesmo sexo, mas ontem 63,3% dos eleitores que participaram no referendo disseram não.

Na curiosa democracia venezuelana, os funcionários da fábrica local da Pepsi foram finalmente libertados, depois de terem sido detidos na sexta-feira por, segundo o governo, terem parado de produzir Pepsi Cola para prejudicar a economia local. A empresa desmente as acusações e garante que fábrica deixou de operar por falta de matérias-primas.

No futebol nacional, a jornada de ontem mexeu com a classificação. O Sporting teve a primeira derrota da época na visita ao União da Madeira e entregou o primeiro lugar ao Porto, que já não passava a noite de ano novo no primeiro lugar desde 2011.

Sporting e Porto defrontam-se na próxima jornada dia 2 de janeiro, num jogo que permite aos jornais desportivos usarem com propriedade um adjetivo que tanto acarinham e que ganha outra força em pleno inverno: escaldante.

Os jogadores do Benfica tiveram que ouvir assobios enquanto tentavam ultrapassar o Rio Ave, mas ganharam com folga (3-1). Segundo os desportivos houve três penáltis por assinalar, o que dará para encher uns vinte programas de análise desportiva. Afinal, o que é o Banif ao pé de três grandes penalidades por assinalar na Luz?

No futebol internacional, o Bayern de Munique anunciou que o treinador Guardiola deixa o clube no final do ano. São más notícias para alguns treinadores que andam em apuros e que, de repente, veem Mourinho e Guardiola no mercado e prontos a ser contratados.

A conta de Instagram de Isabel dos Santos (Isabel_santos_angola) deu ontem muito que falar, com uma foto da empresária ao lado deNicki Minaj ontem em Luanda. A cantora tinha sido muito pressionada a cancelar o concerto por causa do julgamento de Luaty Beirão e de outros ativistas, mas fez uma grande atuação no Estádio dos Coqueiros, para gáudio do público e da organização da Unitel (telecom controlada por Isabel dos Santos). A Blitz conta tudo aqui.

FRASES

“A venda do Banif ao Santander tem um custo muito elevado para os contribuintes”. António Costa, primeiro-ministro, na comunicação ao país feita ontem à noite

“Quem ganha eleições deve formar governo e eu vou tentar formar governo porque Espanha necessita de um governo estável”.Mariano Rajoy, primeiro-ministro de Espanha e líder do Partido Popular

“Não estávamos à espera disto. Empatar já não era bom, perder foi pior”. Jorge Jesus, treinador do Sporting, ao ver escapar-lhe o primeiro lugar

O QUE EU ANDO A LER

O final do ano é tempo de balanços. Nos últimos dias vários jornais e revistas têm dado espaço às suas escolhas. Pode ler aqui as dos críticos do Expresso (artigo disponível neste link) ou o Top 10 do suplemento cultural dos nossos colegas do caderno ípsilon, do Público.

No Público o pódio é ocupado por Assim Começa o Mal, de Javier Marías, História do Novo Nome, de Elena Ferrante, e A Senda Estreita para o Norte Profundo, de Richard Flanagan. Metade do top é ocupado por portugueses: Gonçalo M. Tavares, António Lobo Antunes, Mário Cláudio, Teresa Veiga e Alexandre Andrade.

No Expresso não optámos por um top único, mas por listas dos vários críticos. Muitos dos livros e autores acima citados reaparecem nas nossas escolhas, bem como a nota de 2015 ter sido o ano em assistimos à perda de um dos nossos maiores poetas do séc. XX, Herberto Helder, e de um dos mais originais e coerentes editores nacionais, Vítor Silva Tavares, da & etc.

Uma nota destacada nas escolhas foi a importância das reedições. Alguns dos grandes acontecimentos editoriais estiveram mesmo nesse campo. Relevo dois autores de que gosto muito: primeiro, José Cardoso Pires, que viu finalmente a sua obra ser reeditada na Relógio D’Água. Cardoso Pires é um escritor notável, com uma mão cheia de grandes livros e que, pouco a pouco, foi desaparecendo das nossas livrarias. Aproveitem agora.

Outra escolha pessoal reeditado este ano: Saul Bellow, o príncipe dos escritores judeus norte-americanos, republicado por cá na Quetzal. Que me desculpem os fãs de Roth, mas Bellow é o melhor de todos e não vai ser fácil destroná-lo.

Se quiserem acabar o ano com um livro de Bellow e outro Cardoso Pires na cabeceira ficam em boas mãos para entrar em 2016. Enquanto não pegam em livros, já sabem, é só estarem atentos aoExpresso Online, onde não vai faltar informação, análise e opinião sobre o Banif, Espanha e tudo o mais que acontecer. Ao fim da tarde trazemos o Expresso Diário, com tudo isto bem enquadrado e nova ronda de opinião e notícias em primeira mão. E como o mundo não para de girar, o Expresso Curto volta amanhã de manhã.

Bom dia, bom trabalho e boas compras de natal e não se esqueça que, se alguém lhe perguntar o que fez no fim de semana, pode sempre dizer: “ontem vendi um banco…”

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