Um
relatório conjunto das organizações da sociedade civil Transparência
Internacional (TI) e o Afro-barómetro mostra que a corrupção em África está em
alta e também se “conjuga” em português. Nos países lusófonos de África, Cabo
Verde é o menos corrupto e Angola o mais corrupto.
Segundo
a TI, “58% dos africanos inquiridos diz que a corrupção aumentou nos últimos 12
meses, e em 18 dos 28 países onde foram feitos inquéritos, uma grande maioria
das pessoas diz que os governos não estão a conseguir combater a corrupção”.
Este
documento foi lançado à luz da sétima Cimeira das Cidades Africanas, que
decorre de 29 de Novembro a 3 de Dezembro na cidade satélite de Joanesburgo, em
Sandton.
O
estudo realizado em 28 países africanos, destaca a polícia e os tribunais como
os sectores mais corruptos em África e a Nigéria e a África do Sul os países
com mais índices de subornos.
O
relatório especifica que “22% das pessoas que tiveram contacto com um serviço
público, nos últimos 12 meses, pagaram um suborno”, nomeadamente nas áreas da
polícia e dos tribunais, confirma Chantal Uwinana, Directora Regional de África
junto da Transparência Internacional.
No
que toca ao combate à corrupção em África, o relatório sugere que cerca de 53%
da população diz ser capaz de denunciar subornos, enquanto 38% acredita que
nada pode fazer, por medo da retaliação.
Luís
Lopes, do Ponto focal para a resiliência urbana da ONU Habitat, fala do que
deve ser feito para o combate à corrupção: “Isso está muito relacionado com o
envolvimento de comunidades em sectores importantes como os jovens que têm o
papel realmente muito importante em acompanhar esse desenvolvimento local,
questionar os nossos lideres, os presidentes e outros funcionários.”
Entre
as principais recomendações do estudo está o fortalecimento dos governos e a aplicação
da legislação sobre empresários corruptos e contra a lavagem de dinheiro para
diminuir o volume de fluxos financeiros do continente.
O
estabelecimento de leis que protejam os denunciadores e ajudem as pessoas a
exigir mais transparência e responsabilização às instituições públicas e o
lançamento de reformas que combinem medidas punitivas com mudanças estruturais
na sociedade a curto e médio prazo, nomeadamente contra a pequena corrupção,
que tem um impacto directo nos cidadãos mais vulneráveis.
Por
outro lado, a TI recomenda também que a União Africana e os membros dêem o
exemplo, avançando com a vontade política e o financiamento necessário para
implementar os mecanismos definidos na convenção anticorrupção.
“Se
não for travada, a corrupção atrasa o desenvolvimento e o crescimento económico
e enfraquece a confiança das pessoas nos governos e a responsabilização das
instituições públicas”, conclui o mesmo relatório.
As
conclusões deste inquérito resultam de entrevistas feitas em 36 países da
África subsariana. Dos países lusófonos, a Transparência Internacional coloca
Cabo Verde à frente com menos corrupção, enquanto Angola é o pior, quer dizer
com mais corrupção.
Fonte:
DW – em Folha 8
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