domingo, 6 de setembro de 2015

Angola. SIC INVESTIGA E AMEAÇA TAMBÉM EM PORTUGAL




Ameaças anónimas, mesmo que escon­didas com o rabo de fora, são habituais. Fazem, aliás, parte da galeria de tro­féus de qualquer jorna­lista que teime, como é o caso aqui no F8, em dar voz a quem a não tem. Mas o regime está a ir mais longe. Já faz amea­ças concretas também Portugal.

Por mail e por sms, mas também através de ope­racionais no terreno, elementos afectos à Pro­curadoria-Geral da Re­pública e ao Serviço de Investigação Criminal fazem de Portugal uma coutada, mostrando com aparente impunidade uma noção de democra­cia e de Estado de Direi­to similar à da Coreia do Norte.

As autoridades portu­guesas garantem, contu­do, que esses “cidadãos estão, ou passam, por Portugal como qualquer outro cidadão angolano, não podendo exercer qualquer tipo de inves­tigação ou acto similar que não seja através das instituições portuguesas e cumprindo os trâmites legais”.

Como se sabe, isso não os impediu de “interro­gar”, em Lisboa, Alberto Neto em relação à deten­ção – em Luanda - dos jovens activistas.

“Não se tratou de um in­terrogatório formal, mas apenas de uma conversa voluntária entre Alber­to Neto e os senhores Luciano Chaca, vice­-procurador-geral da República, e João Pedro, responsável pela ope­ração de detenção dos jovens em Luanda, pelo que não teve, não tem, nem terá qualquer vali­dade jurídica”, afirmou ao Folha 8 fonte ligada ao Ministério Púbico português, acrescentan­do que as “autoridades portuguesas” acompa­nharam “necessariamen­te” este caso.

Certamente para renta­bilizar a ida a Portugal, o staff do regime aprovei­tou para recolher infor­mações pormenorizadas sobre moradas e locais frequentados por alguns dos colaboradores do F8, estendendo a “investiga­ção” também à zona do Porto. Esta informação foi-nos confirmada por fontes ligadas à Embai­xada de Angola, em Lis­boa, e aos serviços por­tugueses de informação.

Bem vistas as coisa, nada disto é novo. Sabemos, aliás, que o regime já elaborou um plano e já estão contratados os as­sassinos, para eliminar sem deixar rastos, pelo menos dois jornalistas do F8.

“Como eles não querem vender o órgão, vamos acabar com a cabeça, para imobilizar o corpo todo, pois continuam a fazer estragos na ima­gem do camarada Pre­sidente e do governo”, lê-se num informe dos Serviços de Inteligência.

Os visados neste plano macabro agendado para este ano, são os habi­tuais, nomeadamente, o nosso director, William Tonet “pela rudeza dos escritos, no seu jornal, onde não falta a regu­laridade de publicação de segredos do Estado, calúnia e difamação, contra o camarada Pre­sidente José Eduardo dos Santos, sua família e dirigentes do partido, o MPLA, e membros do governo”, justificam, no documento considerado “secreto”, os algozes da Segurança.

Recorde-se que a UGP (Unidade da Guarda Presidencial), exército reconhecidamente pri­vado e ilegal à luz de um Estado de Direito, de José Eduardo dos San­tos, falhou o assassinato de William Tonet com o “abalroamento” da sua viatura no dia 29 de Se­tembro de 2013, na zona do Morro Bento, em Luanda.

O plano de limpeza su­biu de nível após publi­cação de uma entrevista concedida ao Semanário Crime, onde William To­net abordou com fronta­lidade questões do 27 de Maio de 1977, revelando pela primeira vez, que Angola ganharia mais caso se tivesse efectiva­do um golpe de Estado, liderado por Nito Alves.

Considerou, também, danosa a gestão e con­sulado do actual Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos, à época coordenador da Comissão de Inquérito, que não ouviu nenhum dos acusados.

O segundo é o jornalista, Orlando Castro – Chefe de Redacção -, acusado de dar vazão ao clamor dos cidadãos de Cabin­da, logo promotor da tese independentista, para além de ser visto “como mentor de textos subversivos e atenta­tórios da dignidade do Presidente da República, enquadráveis nos crimes contra a segurança do Estado”.

O regime volta a enga­nar-se. Estamos, aliás, convictos de que só a verdade pode curar, por muito dolorosa que seja. Não somos, corrobore­-se, responsáveis pelo facto de o Presidente José Eduardo dos Santos preferir ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica.

Os assassinos, que nos ameaçam matar e atirar aos jacarés em 2015, an­dam por aqui e por ou­tros lados. Nesta altura estão, aliás, muito acti­vos em Portugal. Mas se por cá não é possível contar com a ajuda das autoridades pois, de fac­to, elas são parte activa no plano, em Portugal a situação é diferente e os passos dos algozes são também acompanhados.

Como o nosso compro­misso sagrado é, reitera­mos, apenas com o que pensamos ser a verdade, a luta é contínua e a (nos­sa) vitória será certa, na democracia real, mesmo que alguns tombem pelo caminho. Talvez de der­rota em derrota até à vi­tória final.

Recordemos agora e sempre Frei João Do­mingos quando afirmou que os políticos e gover­nantes angolanos só es­tão preocupados com os seus interesses, das suas famílias e dos seus mais próximos.

“Não nos podemos calar mesmo que nos custe a vida”, disse Frei João Do­mingos, acrescentando “que muitos governan­tes que têm grandes car­ros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparentemente reluzentes mas estão po­dres por dentro”.

Por tudo isso, Frei João Domingos sempre cha­mou a atenção dos ango­lanos, de todos os angola­nos, para não se calarem, para “que continuem a falar e a denunciar as injustiças, para que este país seja diferente”.

Tendo em conta a crise de valores em que o país se encontra, Frei João Domingos sempre reco­mendou aos angolanos sem excepção para que pratiquem os valores que Jesus Cristo recomenda: solidariedade, justiça, amor, honestidade, dedi­cação ao outro, serieda­de, paz, a vida, etc.

“O Povo sofre e passa fome. Os países valem pelas pessoas e não pelos diamantes, petróleo e ou­tras riquezas”, dizia tam­bém Frei João Domingos.

O nosso país continua a ser palco de violações dos direitos humanos, nomeadamente contra todos aqueles que se atrevem a pensar de for­ma diferente do que está estabelecido pelo regi­me.

São muitos os relatos de violência, intimidação, assédio e detenções por agentes do Estado de in­divíduos alegadamente envolvidos em crimes contra a segurança do Estado, ou seja, que pen­sam de forma diferente.

Por tudo isto, o F8 con­tinua de pé perante os donos do poder em An­gola, aceitando – even­tualmente – ficar de joelhos apenas perante Deus. É claro que, se­gundo o regime, José Eduardo dos Santos é um “deus”, mas perante esse e os seus capangas estaremos sempre de pé, por muitas e graves que sejam as ameaças.

Folha 8 digital


CHEGARÁ A VEZ DE CABINDA




O ex-primeiro-ministro espanhol, Felipe González, dividiu o PSOE depois de se ter mostrado a favor de uma reformulação na Constituição que permita que a Catalunha seja reconhecida como uma nação independente. O assunto lembra-me a situação de Cabinda.

Orlando Castro – Folha 8, em Mukandas

Mas terá Cabinda similitudes com a Catalunha, com Timor-Leste ou com o Kosovo? Claro que tem.

Embora a comunidade internacional (CPLP, União Europeia, ONU, União Africana) assobie para o lado, o problema de Cabinda existe e não é por não se falar dele que ele deixa de existir. Muito menos deixa de existir porque o regime de José Eduardo dos Santos diz que ele não existe.

Cabinda é um território ocupado por Angola e nem o potência ocupante como a que o administrou pensaram, ou pensam, em fazer um referendo para saber o que os cabindas querem. Seja como for, o direito de escolha do povo não prescreve, não pode prescrever, mesmo quando o importante é apenas o petróleo.

É claro que tanto Angola como Portugal apenas olham para Cabinda como um negócio altamente rentável. Se o território fosse um deserto, certamente já seria independente. Mas, ao contrário das teses de Luanda e Lisboa, Cabinda não é só petróleo. É sobretudo gente, pessoas, povo, história e cultura.

Quando o governo português reconheceu formalmente a independência do Kosovo, o seu então ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, justificou que “é do interesse do Estado português proceder ao reconhecimento do Kosovo”.

E se é no interesse do Estado português… está tudo dito. Espero que, neste contexto, Cabinda continue a dizer da forma que achar mais apropriada ao governo das ocidentais praias lusitanas que fazem fronteira com um país onde existe o País Basco, onde existe a Catalunha, que, se calhar, era do seu interesse olhar para este território ocupado por Angola e onde, recordam-se?, já estiveram norte-americanos a explorar petróleo guardados por cubanos.

O ministro português apontou então quatro razões que levaram à tomada de decisão sobre o Kosovo: a primeira das quais foi “a situação de facto”, uma vez que, depois da independência ter sido reconhecida por um total de 47 países, 21 deles membros da União Europeia e 21 membros da NATO, “é convicção do governo português que a independência do Kosovo se tornou um facto irreversível e não se vislumbra qualquer outro tipo de solução realista”.

Deve ter sido o mesmo princípio que, em 1975, levou o Governo de Lisboa a reconhecer o MPLA como legítimo e único governo de Angola, embora tenha assinado acordos com a FNLA e a UNITA.

Como segunda razão, Luís Amado referiu que “o problema é político e não jurídico”, afirmando que “o direito não pode por si só resolver uma questão com a densidade histórica e política desta”. Luís Amado sublinhou, no entanto, que “não sendo um problema jurídico tem uma dimensão jurídica de enorme complexidade”, pelo que “o governo português sempre apoiou a intenção sérvia de apresentar a questão ao Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas”.

Ora aí está. Cabinda (se é que os governantes portugueses sabem alguma coisa sobre o assunto) também é um problema político e não jurídico, “embora tenha uma dimensão jurídica de enorme complexidade”.

“O reforço da responsabilidade da União Europeia”, foi a terceira razão apontada pelo chefe da diplomacia portuguesa. Luís Amado considerou que a situação nos Balcãs “é um problema europeu e a UE tem de assumir um papel muito destacado”, referindo igualmente que a assinatura de acordos de associação com a Bósnia, o Montenegro e a Sérvia “acentuou muito nos últimos meses a perspectiva europeia de toda a região”.

No caso de Cabinda, a União Europeia nada tem a ver. Tem, no entanto, a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) onde – desculpem se me engano – Portugal desempenha um papel importante.

O ministro português frisou ainda que Portugal, ao contrário dos restantes países da UE que não reconheceram o Kosovo, não tem problemas internos que justificassem as reticências. Pois. Os que tinha (Cabinda é, pelo menos de jure, um problema português) varreu-os para debaixo do tapete.

Como última razão, indicou a “mudança de contexto geopolítico que entretanto se verificou” com o conflito entre a Rússia e a Geórgia e a declaração de independência das regiões georgianas separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul que Moscovo reconheceu entretanto.

Isto quer dizer que, segundo Lisboa, no actual contexto geopolítico, Cabinda é Angola. Amanhã, mudando o contexto geopolítico, Portugal pensará de forma diferente. Ou seja, a coerência é feita ao sabor do acaso, dos interesses unilaterais.

Comparativamente a Timor-Leste que, depois do abandono de Portugal se tornou numa província indonésia, o regime angolano nunca aceitará de livre vontade um referendo, similar – por exemplo – ao timorense porque sabe que a opção “independência” também teria de ser colocada e que, nesse caso, certamente seria a opção escolhida.

Tal como nunca o regime de Salazar aceitou referendar o futuro de Angola, colónia ou província, porque sabia que maioritariamente os naturais e residentes optariam pela independência.

Nota: Artigo de opinião especialmente dedicado à Procuradoria-Geral (do regime) e ao Serviço de Investigação Criminal (também do regime).

Angola. ESTADO DEVE MAIS DE 16 MIL MILHÕES DE KUANZAS A PROFESSORES




Primeiro cálculo efectuado em Julho dava conta de uma dívida de Kz 12 mil milhões

Dois meses depois, o Sindicato dos Professores (SINPROF) volta reclamar ao Estado o pagamento de mais de Kz 16 mil milhões relativos a pagamentos de salários e subsídios em atraso desde 2014, escreve o site Angonotícias.

Em Julho a organização falava de uma dívida de cerca de Kz 12 mil milhões, que entretanto foi recalculada em função dos valores acumulados depois do primeiro cálculo.

Manuel Pereira, vice-presidente do SINPROF, protesta novamente contra a morosidade do Ministério da Comunicação em resolver a situação. “Quando o SINPROF fez a declaração da dívida foi em função de uma informação que já estava desactualizada. Portanto, estamos agora a falar em mais de 16 mil milhões de kwanzas e não 12 mil milhões como reclamámos anteriormente”, citou o Angonotícias.

Recentemente, o coordenador para a Comissão de Concertação com os Sindicatos, David Chivela, do Ministério da Educação, reagindo a propósito do assunto, ao Novo Jornal, considerou justas as reivindicações do organismo, garantido que o Governo iria regularizar os pagamentos ainda este ano, apelando à calma dos docentes.

“O Governo não disse que não irá pagar, só que está a encontrar dificuldades para poder honrar os compromissos que tem com os professores. Estamos em fase de crise e o que nós pedimos ao Sindicato é que continue a trabalhar com a direcção do MED para sensibilizar os nossos colegas que se encontram nesta situação. Devem ter paciência e aguardar por mais algum tempo”, Chinela, reforçando que assim que o Governo “encontrar disponibilidade de recursos irá começar a pagar”, o que poderia acontecer ainda este ano porque já teria “algum sinal para amortizá-las”.

Rede Angola

Angola. CAMPANHA DE “SELFIES” NO FACEBOOK CONTRA LIXO EXCESSIVO EM LUANDA




"SELFIE-LIXO" é uma campanha no Facebook que visa denunciar o estado precário em que se encontra o saneamento básico em Luanda. Cerca de 1.500 toneladas de resíduos sólidos ficam por recolher todos os meses na cidade.

A capital angolana Luanda, está cada vez mais suja. Cerca de 1.500 toneladas de resíduos sólidos ficam por recolher todos os meses na cidade. O lixo espalhado pelas ruas não está a ser recolhido tornando a cidade numa lixeira gigante sob o risco de propagação de doenças respiratórias e contaminação da água.

Por este motivo um grupo de cidadãos decidiu criar uma campanha no Facebook, pedindo aos residentes de Luanda que tirem uma fotografia com o lixo das ruas como pano de fundo – a conhecida "selfie".

O estudante de economia Magno Domingos, um dos organizadores da iniciativa, diz que “criaram esta campanha de forma a chamar a atenção do Governo para ver que a situação é grave e que já não dá para esconder. Há estradas que estão encerradas por causa do lixo e onde já não se pode transitar. Alguém tirou uma foto do lixo, para mostrar a lixeira. Eu fiz uma "selfie" a que lhe chamei “meu querido lixo” e aí as pessoas juntaram-se à ideia.”

A plataforma escolhida pelos organizadores foi o Facebook mas há vontade de expandir para outras redes sociais, “fizemos as primeiras imagens, e as pessoas foram seguindo a ideia. Vão ao lixo fazem uma foto e publicam-na nas suas páginas pessoais. Em seguida, vão às paginas que criamos onde republicam as "selfies". Nesta altura só no Facebook, pretendemos conectar com o Twitter." 

Entretanto alguns utlizadores já publicaram as selfies no Twitter.

Situação pode agravar-se com a época das chuvas

A situação tem de ser resolvida sobretudo antes que venha a época da chuva. Receia-se o surgimento de várias epidemias, alerta o estudante ao explicar que “em Angola quase não chove entre maio e outubro. Ainda há tempo para a limpeza. Se isso não se fizer o que vai acontecer, na época da chuva, é o surgimento de doenças como o paludismo, que assola Angola há muito tempo. Com certeza haverá surtos de cólera, sarampo, a poliomielite e outras doenças. O que estamos a prever é isso acontecer se não for removido o lixo das ruas. Vamos acabar o ano com várias epidemias. E este problema não é só em Luanda. Outras cidades estão com a mesma situação quanto à recolha de lixo,” declara o estudante de economia.

Domingos acredita que “a questão do lixo deve ser atacada pelos dois lados, tanto pelo Estado como pela população. O Estado tem a incumbência de educar a população. Não podemos dizer que a culpa é toda do Estado mas é o Estado que tem que limpar e recolher o lixo da rua. Mas também existe falta de educação das pessoas. Há muita gente que não trata o lixo como deve ser. As pessoas agridem o ambiente de várias formas. O Estado tem feito muita coisa em relação a isso. Existem organizações que tentam com campanhas sensibilizar a população”.

Novo modelo, aprovado em agosto, não está a resultar

A principal razão porque não se tem recolhido o lixo nos últimos tempos deve-se ao facto do baixo orçamento atribuído ao Governo Provincial de Luanda no novo modelo de limpeza da cidade aprovado em agosto.

Este novo modelo de financiamento levou as várias empresas a desistirem da sua atividade e retirarem das ruas os meios onde se podia depositar o lixo.

De acordo com a agencia Lusa “as empresas queixam-se que os valores agora fixados não cobrem as despesas operacionais e os salários dos seus funcionários”.

José Patrocino da organização OMUNGA opina que “não existe pagamento por parte do Estado, existem divida e valor que não estão a ser aceites pelas empresas privadas para executar esse trabalho.”

O ativista pensa que “as empresas antigas, quando se sentiram postas fora do processo, tiraram das ruas os contentores havendo menos espaços para as pessoas colocarem o lixo. O que veio agravar a situação.

Patrocino “acredita que as empresas não estão a intervir como deviam e possivelmente tenha a ver com as relações que estão difíceis, nomeadamente no que concerne aos pagamentos. Há uma ausência do próprio Estado no papel de fiscalização e responsabilização”, declara o ativista da OMUNGA à DW África.

Palestra para sensibilizar as pessoas como tratar o lixo

Os organizadores da campanha dizem que da parte deles [campanha "Selfie-lixo"] estão a tentar ajudar. “No dia 10 de setembro vamos fazer uma palestra para ensinar as pessoas como devem lidar com o lixo. Temos também algumas propostas para apresentar ao Estado” concluiu Magno Domingos.

Manuel Ribeiro / Lusa – Deutsche Welle

São Tomé e Princípe. PM pede regresso do segredo militar e afastamento da política nos quartéis




Patrice pede reposição do segredo militar e o afastamento dos que lançam influência política no quartel

Nos últimos meses foram mais evidentes, o desmoronamento de um dos alicerces da instituição militar de São Tomé e Príncipe, que a diferenciava do resto da sociedade, o SEGREDO.

As quatro vedações de betão armado, que ocultavam a vida militar do resto da sociedade, tornaram-se transparentes para o país e para o mundo.

Na abertura da jornada de reflexão sobre as forças armadas, a luz do quadragésimo aniversário da instituição a ser assinalado no dia 6 de Setembro próximo, o Primeiro-ministro e Chefe do Governo, Patrice Trovoada, pediu a reposição do segredo na vida militar. «A reposição do segredo militar, o afastamento dos portadores impunes de rumores e influências políticas», declarou.

A Jornada de Reflexão sobre as forças armadas, pretende diagnosticar a origem dos problemas que assolam a instituição- Problemas que com o passar do tempo e sobretudo nos últimos 3 anos, retiraram prestígio as forças armadas. Só o facto da instituição ter conhecido 3 Chefes de Estado Maior no período de 3 anos, fala por si. «Entrar para as forças armadas e dedicar a sua vida pela defesa da soberania nacional não pode ser um acto qualquer assimilada a busca de uma situação na função pública», advertiu o Primeiro-ministro.

Patrice Trovoada considera que muita da melhoria que as forças armadas podem registar em termos da reposição da ordem, do mando e da disciplina, depende dos oficiais superiores.

Por isso apelou a união e solidariedade no seio dos oficiais superiores das forças armadas. «Apelo ao relacionamento exemplar entre vocês (oficiais superiores). Um verdadeiro espírito de camaradagem, sincera, em prol da instituição e da república e em nome do povo que todos juramos defender», afirmou.

As jornadas de reflexão que decorreram na sexta – feira num hotel na cidade de Santana, deverão produzir recomendações, que permitam mudar o rumo das forças armadas. «O importante é que as forças armadas recuperem em termos de funcionamento, disciplina, e mando», defendeu o Primeiro-ministro.

Segundo Patrice Trovoada, as jornadas de reflexão são uma iniciativa do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, o brigadeiro Horácio Sousa.

Reconheceu também que o Governo não manda nos quartéis. Entre as quatro paredes do quartel quem governa é o Chefe de Estado Maior, e a respectiva cadeia de comandos.

O Chefe do Décimo Sexto Governo Constitucional, recordou que segundo a constituição da república o seu papel é o de definição da política de defesa e segurança.

Abel Veiga – Téla Nón (st)

Cooperação militar fundamental na estabilidade de São Tomé e Príncipe




O Presidente de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, disse hoje que, graças à cooperação externa no domínio militar, tem sido possível garantir o reforço da segurança e da estabilidade no seu país.

"É importante destacar que a cooperação bilateral e multilateral tem constituído fator potenciador no reforço da segurança e da estabilidade do nosso país", disse o chefe de Estado são-tomense, que falava por ocasião do Dia das Forças Armadas.

Manuel Pinto da Costa, que é também Comandante Supremo das Forças Armadas de São Tomé, lembrou que, "como resultado da cooperação com os (...) parceiros de desenvolvimento procedeu-se, nos últimos anos, à formação de quadros do exército e da guarda costeira".

"Tivemos apoios que garantiram a nossa participação nos fóruns internacionais de cariz militar, na participação em exercícios militares conjuntos, em treino para operações humanitárias e de apoio a paz e de assessorias técnicas", acrescentou.

No âmbito da celebração dos 40 anos das Forças Armadas são-tomenses, Pinto da Costa presidiu à cerimónia de juramento de bandeira de 380 novos soldados.

"As Forças Armadas constituem um dos pilares estruturantes do Estado e, como tal, merecem dos oragos de soberania, no âmbito das respetivas competências, uma especial atenção face aos novos desafios que se configuram no mundo de hoje", defendeu o Presidente são-tomense, que voltou a colocar ênfase na necessidade de reestruturação do exército.

"Todos juntos, os políticos, sociedade civil organizada e as altas chefias militares, temos de assumir o compromisso no sentido de fazer as reformas que forem necessárias, com vista a adequar as nossas Forças Armadas aos novos desafios e às perspetivas que se desenham", sublinhou.

O Presidente de São Tomé e Príncipe defendeu, na ocasião, que o investimento nas Forças Armadas seja direcionado para "áreas suscetíveis de conferir maior visibilidade, flexibilidade e capacidade operacional" do exército, criando condições para que sejam capazes de cumprir quaisquer missões, quer de cariz essencialmente militar, do reforço da segurança interna, de caráter humanitário, de apoio a paz ou outras ".

O chefe de Estado sublinhou, por outro lado, ser necessário que haja "cada vez mais entendimento entre as instituições e entre estas e os cidadãos".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique. Medo volta a antigas zonas de confrontos entre Governo e Renamo




Habitantes de Gorongosa e Muxúnguè, centro de Moçambique, consideram que os desencontros entre o Governo moçambicano e a Renamo são "potenciais focos de instabilidade" e estão a provocar um clima de insegurança naquelas zonas atingidas por recentes confrontos militares.

Em declarações à Lusa, Feliciano Matchisso, deslocado nas últimas confrontações, entre 2013 e 2014, na Gorongosa, província de Sofala, disse que esperava "um 2015 apaziguado" mas que o agravamento da tensão política entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, "alimentam incertezas" a centenas de pessoas que ainda se mantêm longe das suas casas.

"Há muitos que saíram do campo de deslocados para o interior, mas mantêm casas em bairros de reassentamentos, porque ainda não há garantias de cessar-fogo completo. Aqui [na Gorongosa] são mantidos os militares de ambas partes e, com o aumento das divergências, o medo voltou", declarou Feliciano Matchisso.

Centenas de pessoas, dos cerca de seis mil deslocados de guerra na Gorongosa, recusam-se a regressar às suas zonas de origem, por considerarem que as condições de segurança permanecem instáveis um ano após Acordo de Cessação de Hostilidades, que encerrou, a 05 de setembro do ano passado, um conflito na região centro de 17 meses, entre as forças governamentais e o braço armado da Renamo.

"Nós continuamos capim dos dois elefantes em luta. Infelizmente estão a acontecer todas as divergências político-militares sem se interessarem pelo nosso sofrimento. Dormimos atentos todo o tempo, sem sossego, pois o dia que rebenta de novo não sabemos", lamentou à Lusa outro deslocado, Chico Tantofaz, falando em chiduma, a língua local da Gorongosa.

Também em Muxúnguè, no sul da província de Sofala, voltou a ser assunto de conversa o receio de uma nova instabilidade, com o rompimento do diálogo entre o Governo e a Renamo, e a recusa do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para se avistar com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

Durante 17 meses, até ao acordo de 05 de setembro, assinado por Dhlakama e pelo ex-presidente moçambicano Armando Guebuza, a Renamo condicionou o troço Save-Muxúnguè da única estrada que liga o sul ao centro do país, cujo trânsito passou a ser feito com escoltas militares obrigatórias do exército, ainda assim atacadas em emboscadas sistemáticas dos homens armados da oposição, em confrontações que deixaram um número desconhecidos de mortos e feridos, entre combatentes dos dois lados e também civis.

"As pessoas ainda vivem um clima de medo, com as frescas memórias dos ataques aqui [em Muxúnguè]. Apesar de a vida parecer normal, as pessoas assustam-se muito com certas posições dos líderes políticos. Nunca sabemos o dia de amanhã", declarou Abdul Ismael, um morador local.

Também em declarações à Lusa, José Luís, pároco de Muxúnguè, descreveu que o clima de insegurança ainda "não se sente muito" ao nível da vila, mas alerta que a ameaça do retorno dos confrontos pode voltar a paralisar a economia da região.

Moçambique vive momentos de incerteza, devido às ameaças de Afonso Dhlakama de governar à força nas seis províncias em que reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado, depois de ver o seu projeto de criação de autarquias provinciais rejeitado pela maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, na Assembleia da República.

No final de agosto, Afonso Dhlakama rejeitou um convite do chefe de Estado para se encontrarem e discutirem a paz, acusando o executivo de movimentar as forças de defesa e segurança, em violação do Acordo Geral de Paz de 1992 e o Acordo de Cessação das Hostilidades Militares.

Também em agosto, o líder da Renamo ordenou à delegação do seu partido para suspender a participação nas negociações de longo-prazo com o Governo, argumentando com falta de seriedade por parte do executivo, que, por sua vez, lamenta que nem um homem da oposição tenha sido desarmado no âmbito do processo de diálogo.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique. FRELIMO CONSIDERA CRIAÇÃO DE QG DA RENAMO PROVOCAÇÃO INEQUÍVOCA




Maputo, 04 Set (AIM) A Frelimo, partido no poder em Moçambique, considera que a criação de um quartel-general pela Renamo, principal partido de oposição, em Morrumbala ou em qualquer outra parte do país, é provocação inequívoca às Forças de Defesa e Segurança (FDS) e à sociedade em geral.

A Renamo anunciou, quinta-feira, na voz do seu porta-voz, António Muchanga, ter concretizado a instalação do quartel-general de Morrumbala, na província central da Zambézia.

No entanto, Damião José, porta-voz da Frelimo, reagindo a esta atitude numa conferência de imprensa realizada hoje, em Maputo, afirmou ser inadmissível que num país de Estado de Direito Democrático exista um partido que possui homens armados e cujo presidente (Afonso Dhlakama) toma atitudes de provocação às autoridades, tendentes a pôr em causa a estabilidade e a paz no país.

Na sua declaração perante a postura da Renamo e do seu presidente, de criar um quartel e doutros pronunciamentos que ameaçam o bem-estar do povo e do desenvolvimento do país, a Frelimo aproveitou a oportunidade para condenar, veementemente, estas acções.

O senhor Dhlakama é ele que tudo está a fazer para pôr em causa a paz, retroceder o desenvolvimento do país. A Frelimo e os moçambicanos continuam preocupados com as atitudes do senhor Afonso Dhlakama, que, depois de ter assinado o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares [em 2014], hoje se recusa a aceitar que os seus homens sejam, incondicionalmente, desarmados e integrados na Polícia e nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique, lamentou José.

Até à realização da conferência de imprensa, a Frelimo não tinha a certeza da criação do referido quartel-general.

A Frelimo ainda suspeitou haver envolvimento de uma mão externa, no seio desta formação política, cujo interesse é desestabilizar e retardar o ritmo do desenvolvimento que hoje Moçambique está a assinalar.

As condições, por exemplo, que a Renamo tem estado a exibir, como o caso vertente de frotas de carros novos, homens armados e uniformizados com um fardamento novo e equipados com armamento bélico, a Frelimo diz não haver dúvidas para perceber que tem os seus
patrões.

Se, esses recursos, não é o povo que fornece, naturalmente que a Renamo tem os seus patrões que têm interesses, um dos quais é realmente desestabilizar o nosso país, retardar o ritmo do desenvolvimento que hoje nós estamos a tomar no nosso país, mas que os moçambicanos não se vão cansar de dizer ao senhor Afonso Dhlakama que basta. Hoje, o que o povo quer é paz, viver unido e continuar a desenvolver o nosso país, sentenciou.

Contudo, disse José, só a própria Renamo sabe donde esse dinheiro vem e que cedo ou tarde os moçambicanos saberão quem são os
patrões da Renamo, os patrões de Dhlakama, que hoje lhes criam todas essas condições.

Com tudo isto, a Frelimo apelou ao bom senso de Dhlakama para que meta a mão na consciência, esqueça a sua ambição desmedida pelo poder e olhe o passado e compreenda que durante a guerra dos 16 anos fez sofrer o povo, destruiu muitas infra-estruturas (públicas e privadas) e matou muita gente.

Ao povo, a Frelimo exorta para que continue a trabalhar em prol da consolidação da unidade nacional, paz e diálogo, para que todos, de mãos dadas, continuem a construir a paz e a desenvolver o país, num Estado de Direito Democrático.


(AIM) Anacleto Mercedes (ALM)/DT

Timor-Leste é o país do sudeste asiático onde o consumo do tabaco é maior - OMS




Díli, 06 set (Lusa) - Timor-Leste é o país do sudeste asiático onde o consumo do tabaco é mais prevalente, com 56% da população adulta e 71% dos homens a consumir tabaco regularmente, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Os produtores de tabaco transferiram os seus mercados dos países mais ricos para a nossa região. E aqui o consumo de tabaco entre os jovens está a aumentar", explicou hoje em Díli Thaksaphon Thamarangsi, do Departamento de Doenças Não-contagiosas e Ambiente da OMS.

"A cada hora, morrem no sudeste asiático 150 pessoas devido ao tabaco. Muitos por fumo secundário. São mais de 1,3 milhões por ano na região. E os Governos já gastam mais em doenças provocadas por tabaco do que as receitas em impostos do tabaco", explicou.

Os dados vão ser debatidos esta semana em Díli durante a 68.ª sessão do Comité Regional do Sudeste Asiático da OMS, em que participam delegações de 11 países e que dedicará ao tema parte da sua agenda de debate, sendo prevista uma resolução sobre o tema.

A informação mais recente confirma dados preocupantes sobre o consumo do tabaco no sudeste asiático, com quase 35% dos adultos a serem consumidores, sendo que o valor é mais elevado entre os homens: a média de fumadores é de 52%.

Os cálculos são feitos com base em informação do consumo do tabaco em onze países - que integram o escritório regional da OMS - Maldivas, Sri Lanka, Butão, Tailândia, Nepal, India, Indonésia, Myanmar, Bangladesh e Timor-Leste.

Timor-Leste surge, neste grupo, como o que regista índices mais elevados de consumo: 29% das mulheres, 71% dos homens e 56% da população fumam no país.

Entre os jovens a percentagem é especialmente elevada (mais de 42,4%), comparativamente aos restantes países da região, o dobro do segundo valor mais elevado (20,3), que se regista na Indonésia.

Especialmente preocupante, nota a OMS, os dados confirmam um aumento no consumo de tabaco entre os jovens que cresceu de 41% em 2006 para 42,4% em 2013.

Mais de metade da população está exposta a tabaco de forma secundária, o segundo valor mais elevado atrás do Bangladesh (62%) e quase 70% dos estudantes do país dizem estar sujeitos a fumo de tabaco em locais públicos.

A maioria dos alunos no sudeste asiático - cerca de 60% - é exposta semanalmente a publicidade de tabaco, e quase 89% em Timor-Leste, o segundo valor mais elevado atrás da Índia (90%).

"Se não se fizer nada, o número de mortes aumentará nas próximas décadas. Se não se tomarem medidas urgentes, o tabaco pode matar mil milhões de pessoas no século 21", explicou Thamarangsi.

Entre os problemas, explicou, leis tributárias que permitem às produtores de tabaco alterar ligeiramente o seu produto para escapar a impostos mais elevados, visando especialmente os mais pobres.

Os dados surgem numa altura em que em Timor-Leste o Governo tem em curso uma forte campanha de consumo ao tabaco, com anúncios na televisão, em cartazes e folhetos informativos e até no único cinema da capital.

Uma iniciativa apoiada pelo primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo, que aproveitou o Dia Mundial sem Tabaco, 29 de maio, para alertar para o impacto do consumo do tabaco nos fumadores mas também nos que o consomem, em casa ou locais públicos, de forma secundária.

Entre as medidas contam-se a exigência de regras internas em cada Ministério para proibir o fumo de tabaco em edifícios públicos, campanhas de sensibilização e esclarecimento inclusive para que não se fume em transportes públicos e táxis.

O Governo vai ainda apelar para que não se faça publicidade ao tabaco e pela criação de espaços livres de fumo em cafés, restaurantes e outros espaços comerciais.

Medidas transitórias até que o Governo aprove nova legislação de controlo do tabaco para Timor-Leste. 

ASP // FV

Eleitores de Macau votam para o Conselho das Comunidades em busca de "ponte" com Portugal



Macau, China, 06 set (Lusa) -- As eleições para o Conselho das Comunidades começaram esta manhã em Macau, com um número recorde de recenseados, cerca de 15.000, com apenas uma lista à disposição, liderada pelo deputado local José Pereira Coutinho.

Pelas 08:00 (01:00 em Lisboa), dezenas de pessoas juntavam-se já na entrada do Consulado de Portugal, onde cerca de 170.000 portugueses estão registados. Pelas 12:00 (05:00 em Lisboa), cerca de 1.000 pessoas já tinham votado, de acordo com a equipa do candidato.

A maioria dos eleitores entrevistados pela agência Lusa -- macaenses ou de etnia chinesa com mais de 50 anos -- participava pela primeira vez nesta eleição, respondendo à intensa campanha de apelo ao recenseamento levada a cabo pela lista de Coutinho, que é também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau.

O que os moveu foi a vontade de ter alguém da sua confiança a fazer de 'ponte' com Portugal e, em particular, o consulado.

"Precisamos de ajuda. Queremos pessoas que nos ajudem a verificar documentos porque está tudo em português e a maioria [dos portadores de passaporte português em Macau] são chineses. A minha mulher é [de etnia] chinesa e quando vou trabalhar ela não sabe [tratar] de nada. Então peço-lhes e eles ajudam, fazem a ponte", explica Francisco Inácio.

Tammy Lo também se estreou hoje nas eleições para o Conselho das Comunidades, que se realizam desde 2003. "Coutinho fez muitas coisas por nós. Gosto dele. Por exemplo, para renovar o passaporte agora é mais conveniente", diz, salientando que acredita que os conselheiros vão "levar os nossos problemas a Portugal".

Fred Lei pede ajuda à filha para traduzir: "O Conselho das Comunidades pode ajudar-nos a expressar as nossas necessidades e expectativas, foi por isso que vim votar".

Vota também pela primeira vez, incentivado, diz, por um melhor trabalho de promoção por parte da lista candidata.

Tal como os outros entrevistados, Fred Lei salienta a importância do apoio administrativo a uma comunidade que, em grande parte, não domina a língua portuguesa. "Temos o passaporte português e [os conselheiros] podem ajudar-nos com trabalhos administrativos ou quando vamos viajar ou estudar", explica.

Apesar de satisfeitos com o candidato -- que conta com Rita Santos como número dois e Armando Jesus em terceiro lugar --, os eleitores gostariam de ver mais listas na corrida.

Todos disseram estar informados que Coutinho é também candidato à Assembleia da República portuguesa, como candidato pelo partido 'Nós, Cidadãos!' ao círculo fora da Europa, e manifestaram interesse em votar nele.

Às 12:30 (05:30 em Lisboa), Coutinho colocou o seu voto: "Acabei de exercer o meu direito de voto. Neste momento estamos empenhados em concluir o processo de eleição, até agora tudo tem corrido bem".

Pereira Coutinho promete mais deslocações a Lisboa e propõe-se facilitar a difusão do português: "Estamos muito interessados em que haja uma maior difusão da língua portuguesa, não só no âmbito do consulado e do IPOR [Instituto Português do Oriente], mas também através do envolvimento das associações de matriz portuguesa".

Questionado sobre o facto de a sua ser a única lista candidata, Coutinho admite que "em democracia era importante haver mais listas", mas refere que "Macau tem as suas especificidades" e que "as pessoas conhecem-se umas às outras de ginjeira".

"Sabem o trabalho que temos efetuado, por isso acho que é normal que só haja uma lista", conclui.

Sobre um eventual interesse em concorrer à presidência do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, Coutinho aponta para a sua número dois: "Acreditamos que Rita Santos pode desempenhar esse papel".

A antiga secretária-geral adjunta do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa reagiu com surpresa e disse que esse será um tema a analisar mais tarde.

"Caso houver, da parte dos outros conselheiros das comunidades portuguesas, confiança na minha pessoa, acredito farei bem o trabalho. Mas ate lá tenho ainda de fazer a minha campanha junto dos outros conselheiros. Agora a minha preocupação é aperfeiçoar o trabalho aqui em Macau", comentou.

ISG // SO

PROIBIDO DESISTIR



Carvalho da Silva* – Jornal de Notícias, opinião

As avalanchas de sofrimento humano, que nos chegam a toda a hora através de imagens, de notícias e informações relativas aos dramas vividos pelos refugiados que buscam sobrevivência em países europeus, entre os quais as selvajarias e a irracionalidade da guerra de que fogem, despertam-nos preocupações e sentimentos solidários, mas também medos que tendem a paralisar a análise objetiva e a ação necessária para assegurar plena participação cívica e política.

Em Portugal, como noutros países europeus, são ainda significativos os posicionamentos xenófobos e reacionários perante estes dramas mas, felizmente, a esmagadora maioria manifesta indignação. Isto é muito importante. Contudo, impõe-se um olhar atento sobre as expressões dessa indignação, pois não falta quem a expresse a partir de pressupostos de uma pretensa superioridade moral e não por e para afirmação de genuína disponibilidade para encetar ação e sacrifícios concretos a favor dos inocentes e da generalidade das vítimas do terror.

Esse terror que mata, que inviabiliza vida digna ou meras condições de sobrevivência nos países de origem onde viviam estas pessoas, não é obra do acaso. Por exemplo, a invasão do Iraque, em que a UE participou apesar do protesto dos seus povos, constituiu, sem dúvida, a expressão limite de uma intervenção injustificada, desumana e com dimensões arrogantemente bárbaras. Ela foi o grande rastilho (incontrolável) para focos de instabilização e de ódios, de repressões, de saque, de guerras fratricidas, de instalação da anarquia e da lei da selva em múltiplos espaços territoriais. A este propósito observe-se que os Estados Unidos da América continuam muito distantes das respostas que é preciso encontrar para os refugiados, quando foram e são os primeiros responsáveis por alguns dos principais acontecimentos que generalizaram instabilidades e guerras nas regiões de onde vêm agora centenas de milhares de refugiados.

Há que não desistir, nem da exigência de políticas solidárias, nem de uma intervenção concreta de cada um de nós na construção de solidariedade sincera e ativa. Em simultâneo, é preciso pôr a nu e denunciar as políticas belicistas e desumanas que os poderes dominantes nos impõem em conjugação com a cartilha económica e social do neoliberalismo. Os europeus têm de procurar e interpretar novas variáveis que emergem à escala global e nos obrigam a reformular quadros de relacionamento económico, cultural e político.

Nestes tempos que estamos vivendo, também nos sentimos atrofiados por outras situações, tais como os comportamentos aparentemente loucos do sistema financeiro à escala global, ou os charlatanismos instalados no discurso eleitoral, em particular da coligação de direita (PSD/CDS).

Enquanto se discute se há ou não sinais de crescimento em Portugal - esquecem-se de discutir a distribuição da riqueza -, é preciso não perder de vista vários factos irrefutáveis. Comparando a situação que hoje vivemos com a que tínhamos em 2011 (e ainda mais com a de 2007), somos hoje um país mais pobre; com uma população menor e mais idosa; com dívidas muito maiores apesar da quebra dos salários, das pensões e dos direitos sociais fundamentais. Mas Passos, Portas e seus acólitos dizem que está tudo melhor. Por outro lado, o nosso acesso a juros baixos está preso por arames. Depende de acontecimentos como o rebentamento de bolhas especulativas na China e noutros países, ou de decisões dos bancos centrais no sentido da expansão do crédito ou da sua contração. Provavelmente, juros baixos só existirão durante mais algum tempo. Depois as taxas vão subir: até onde, ninguém sabe dizer. Nesse momento a realidade que está disfarçada sob o manto da propaganda dos juros baixos e do petróleo barato virá ao de cima. Nesse momento as promessas eleitorais serão testadas, mas as eleições já terão passado.

Por muito que apeteça mandar tudo isto às malvas, não pode ser. É preciso não desistir e agir em tempo útil. A direita tem de ser derrotada em 4 de outubro. Os seus objetivos e propostas, conhecidos ou escondidos, exaurem o país e atrofiam-nos o futuro.

*Investigador e professor universitário

Portugal. JOSÉ SÓCRATES TENCIONA DAR ENTREVISTAS NA TELEVISÃO EM BREVE




O ex-primeiro-ministro pode falar com jornalistas mais não com os oito arguidos do processo ou com os responsáveis do Grupo Lena.

Fontes próximas de Sócrates garantiram que o ex-primeiro ministro em prisão preventiva vai “falar de viva voz” muito em breve, ainda durante a campanha às legislativas.

"Quem o conhece sabe que não esperará um mês para falar", disseram fontes ao Diário de Notícias.

O mesmo jornal adianta que a televisão será o meio escolhido para as primeiras entrevistas, sendo que o que o ex-governante já está a ponderar a que canal falar primeiro.

Também o advogado João Araújo já garantiu que “dentro de muito pouco tempo, o engenheiro José Sócrates […] quererá falar da violência que lhe está a ser imposta com este processo e com o cerceamento da sua liberdade."

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o teor das futuras declarações do ex-governante poderão ter um impacto político. "se ele disser qualquer que tem a ver com a campanha imediatamente passa a ser um assunto de campanha. Está nas mãos de José Sócrates facilitar ou dificultar vida de António Costa", disse ontem, na festa do Avante!.

Até agora só conseguiu defender-se por escrito, em cartas divulgadas nos jornais, mas em prisão domiciliária, com a vigia de 12 agentes, Sócrates poderá até, se assim o desejar, receber jornalistas em casa.

Pode também usar o telefone de forma ilimitada (em Évora só podia aflar durante cinco minutos por dia), exceção feita a contactos com os oito arguidos do processo e com os responsáveis do Grupo Lena, escreve hoje o Público.

Os investigadores do Ministério Público consideraram que estes contactos poderiam, perturbar o inquérito. 

Notícias ao Minuto

Portugal. DA SEGURANÇA SOCIAL – A FARSA DA COLIGAÇÃO



Isabel Moreira – Expresso, opinião

O palavrão, como bem disse António Costa, chama-se “plafonamento”.

Na sua habitual encenação, a direita quer fazer crer que um sistema de Segurança Social público alicerçado nos princípios da solidariedade, da universalidade, em necessária relação com o trabalho digno, no reconhecimento dos direitos sociais que tem como “coisas vagas” e “indeterminadas na lei fundamental”, um sistema criado e cunhado pelo mandatário nacional para a campanha das eleições legislativas de 04 de outubro, António Arnaut, o socialista o pai do Serviço Nacional de Saúde, não tem futuro.

Na sua habitual encenação, a direita quebra, assim, uma das maiores conquistas do pós 25 de Abril. Um sistema de Segurança Social que tem como objetivos precisamente aquilo que este Governo não fez: a redução da pobreza e das desigualdades, o respeito pelo princípio da confiança, rasgando a boa prática seguida durante décadas em Portugal e na União Europeia.

Não é por isso de espantar que a defesa de uma austeridade fanática, a insistência na mesma, no corte de pensões em pagamento seja acompanhada do discurso do medo da alternativa. A alternativa apresentada pelo PS é acusada de “bombástica”, de “experimentalista”, palavras que tentam esconder um plano ideológico: acabar com um sistema viável, solidário e de confiança.

A alegada insustentabilidade financeira da Segurança Social é justificada pelo recurso à mentira sistemática, essa que oculta a desvalorização salarial, ainda não suficiente para Passos Coelho, e o aumento do desemprego, causas verdadeiras de uma perda de cerca de 3.000 milhões de euros para a Segurança Social, tal como o aumento dos subsídios de desemprego, apesar dos cortes, e a redução da receita.

Oculta-se também a desgraça da emigração sem memória e a mais baixa taxa de natalidade das últimas décadas, que não aconteceram por magia: ao longo de quatro anos assistimos ao Governo da instabilidade a todos os níveis, sem qualquer aposta num futuro para os mais jovens, de resto convidados a emigrarem.

É por isso que romper com a austeridade recessiva é combater aquilo que mina a Segurança Social. Não é experimentalismo, é realismo vertido num programa com propostas concretas, assentes num estudo macroeconómico e devidamente quantificadas, coisa que a direita desconhece, no seu grito de guerra cheio de metas vazias de propostas.

Sabemos que a aposta do PS é, precisamente, mudar de prioridades, virar a agulha para políticas de emprego digno, de trabalho que signifique realmente trabalho e não precaridade sem perspetiva e humilhante e para o crescimento económico.

Mais uma vez, a escolha reside no modelo de sociedade em que queremos viver.

O modelo da direita do palavrão do plafonamento, isto é, da falsa livre escolha que descapitaliza a segurança social, da quebra a solidariedade entre gerações que atira o futuro à alegada segurança que nem a queda repentina do Lehman Brotheres ou do GES abrem os olhos à evidência da insegurança.

Quando a direita fala de experimentalismo e de propostas bombásticas está a ver-se ao espelho, porque olhando para o que fez à Segurança Social nos últimos anos tem uma solução: destruí-la.

Calha que o país sabe disto, bem recordado no programa eleitoral do PS:

Com a reforma realizada em 2007, o governo do PS retirou o sistema público de Segurança Social da zona perigosa em que a direita o havia deixado cair e deu um passo fundamental para reforçar a sua sustentabilidade a longo prazo. Por este motivo, o sistema de pensões ficou de fora do programa da troika, que viu necessidade de tomar medidas de reforço de sustentabilidade da Segurança Social.

Porém, em 2011, o governo PSD/CDS olhou para a crise como uma oportunidade e usou o sistema de Segurança Social não apenas para reduzir o défice, mas também para criar um conflito entre gerações, colocando pensionistas contra trabalhadores.

Ao decidir cortar pensões já atribuídas, o governo insistiu na violação de um “contrato de confiança” com centenas de milhares de pensionistas e incidiu no ataque à Constituição, alimentando um clima de imprevisibilidade nas contas daqueles que confiaram ao Estado a sua reforma e um clima de conflito institucional que estigmatizou um grupo geracional.

Ao mesmo tempo, a estratégia do PSD/CDS de “ir além da troika” levou à explosão do desemprego e da emigração e provocou uma queda abrupta da natalidade. Esta situação degradou as condições de sustentabilidade de médio e longo prazo do sistema de Segurança Social, servindo ao governo para justificar a decisão de avançar rcom mais cortes nas pensões atribuídas já no próximo ano.

A aposta no trabalho, no crescimento económico, na segurança das pessoas, no aumento do rendimento disponível das famílias ou na diversidade de fontes de financiamento da Segurança Social é uma aposta séria, estudada e quantificada.

A aposta na falsa liberdade de escolha e na austeridade é um desígnio ideológico de abandono.

A liberdade de escolha está no Segurança Social Público.

A única forma de evitar o colapso do nosso futuro coletivo é dar ao PS a força para o evitar.

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