sábado, 26 de setembro de 2015

ANGOLA QUER SILENCIAR-ME EM PORTUGAL, ACUSA ANA GOMES



Eurodeputada diz não ser tendenciosa porque é "da família política do MPLA" e amiga de Angola

João Santa Rita – Voz da América

A eurodeputada portuguesa Ana Gomes acusou as autoridades angolanas de  tentarem silenciar a sua voz nos meios de informação portugueses.

A eurodeputada socialista disse à Voz da América estar ciente de que estão a ser feitos “todo o tipo de pressões”  para a silenciar na sequência de um relatório seu sobre os direitos humanos em Angola, que levou a uma resolução do Parlamento Europeu. A referida resolução insta as autoridades angolanas a “libertarem imediata e incondicionalmente todos os defensores dos direitos humanos”.

O parlamento Europeu manifestou ainda a sua “profunda preocupação com o rápido agravamento da situação em termos de direitos humanos, liberdades fundamentais e espaço democrático”. em Angola.

“Já me chegaram ecos que estão a fazer uma campanha para que eu seja eliminada nos media portugueses que investidores angolanos controlam”, disse Ana Gomes, acrescentando que os deputados angolanos que participam em Bruxelas numa reunião de parlamentares dos países da África e Caraíbas  “pediram uma reunião com presidente Martin Schulz para se queixarem de mim”.

Ana Gomes descreveu isso como “um absurdo” porque “a resolução foi aprovada por 550 deputados de todas as formações partidárias contra 14 votos negativos”.

“Nada disso me surpreende e me intimida”, disse Ana Gomes que rejeitou acusações angolanas de ser tendenciosa e ter interesses escondidos nas suas críticas à situação em Angola.

Ainda ontem numa reunião em Bruxelas das comissões parlamentares da Europa e dos países da Africa e Caraíbas (ACP), o deputado angolano Virgílio Fontes Pereira rejeitou a resolução e o relatório.

Ana Gomes negou as acusações do governo angolano de que o seu relatório  é subjectivo e tendencioso.

“Nunca pretendi que o relatório não fosse subjectivo”, disse.

“É a minha leitura mas é uma leitura baseada em factos” disse afirmando não crer que o documento seja “tendencioso”.

“Eu sou da família  política do MPLA ,apoiei a entrada do MPLA na Internacional Socialista e tenho a tendência de esperar do MPLA um comportamento consentâneo com a matéria dos direitos humanos e respeito pelos princípios democráticos”, notou a eurodeputada socialista.

“Não é isso que eu vejo infelizmente”, acrescentou rejeitando também acusações de que o seu documento era “mal intencionado”.

“Não é mal intencionado, é de quem é amigo de Angola alguém que quer Angola a respeitar os princípios constitucionais, os princípios do primado da lei do respeito pelos direitos humanos e infelizmente vê o partido no poder a fazer precisamente o contrário”, disse a eurodeputada para quem em Angola para além das violações dos direitos humanos há uma “corrupção desenfreada e roubo desenfreado dos recursos do estado que deviam ser postos em serviços da população”.

Portugal ainda não respondeu a notícias de interrogatórios angolanos em Lisboa



Eurodeputada Ana Gomes diz que ministério da justiça "chutou para canto" o seu pedido de explicações

João Santa Rita – Voz da América

A euro deputada socialista Ana Gomes disse não ter recebido ainda das autoridades portuguesas qualquer cometário à noticias de que investigadores angolanos interrogaram em Lisboa e sem o conhecimento das autoridades portugueses o proprietário da casa, em Luanda, onde foram detidos os 15 activistas do autodenominado Movimento Revolucionário.

Segundo o activista Rafael Marques, o vice-procurador-geral da República de Angola, Luciano Chackra, e "o indivíduo responsável pela detenção dos 15 jovens”  foram  a Portugal interrogar o proprietário da referida casa, Alberto Neto, um politico e académico angolano.

A revelação de Marques suscitou uma intervenção da eurodeputada socialista Ana Gomes que disse ter escrito às ministras da Justiça e da Administração Interna e à procuradora-geral da República portuguesas a pedir esclarecimentos sobre o incidente.

Em entrevista à Voz da América a eurodeputada disse que o gabinete da ministra da justiça lhe tinha escrito afirmando que esse assunto não é da competência do governo mas sim das autoridades judiciais.

“Isso é como chutar para canto, uma desresponsabilização”, disse Ana gomes.

“Aguardo outras respostas”, acrescentou a eurodeputada socialista.

Novo Governo da Guiné-Bissau terá 33 membros



O novo Governo da Guiné-Bissau terá 33 membros entre ministros e secretários de Estado e será apresentado ao Presidente do país no início da semana, disseram à Lusa fontes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

A orgânica do Governo foi determinada na reunião do ´bureau´ político (órgão de decisão) que terminou na última madrugada após mais de sete horas de debate

A saída da reunião, o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, limitou-se a confirmar que a proposta com os nomes e a orgânica do novo Governo serão apresentados ao Presidente do país, José Mário Vaz, "logo no início da semana".

Confirmou também que o novo executivo terá uma composição diferente daquele por si presidido e que foi demitido a 12 de agosto pelo chefe de Estado, mas escusou-se a adiantar o número de pastas e a própria orgânica.

Outras fontes do PAIGC indicaram à Lusa, entretanto, que o novo Governo terá 33 membros, entre ministros e secretários de Estado e que alguns ministérios que antes estavam juntos vão ficar separados.

O Governo liderado por Domingos Simões Pereira contava com 30 elementos.

O líder do PAIGC adiantou que o ´bureau´ político mandatou a direção do partido e o novo primeiro-ministro, Carlos Correia, para iniciarem as conversações com as outras forças políticas e sociais para integrarem o Governo.

O PAIGC e o PRS (Partido da Renovação Social), segunda maior força no Parlamento, devem iniciar as conversações para que os seus elementos possam integrar o Governo, disse Simões Pereira.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Médicos de São Tomé alertam para risco de "colapso" de hospital



O sindicato dos médicos são-tomenses avisou hoje para o risco de "colapso total" o principal centro hospitalar do país, o hospital Aires de Menezes, devido à falta de consumíveis clínicos.

O hospital "padece de uma patologia grave com tendências a entrar em colapso total", avisam os médicos num comunicado em que descrevem um conjunto de anomalias no hospital Aires de Menezes, entre eles a falta de recursos para determinar açúcar no sangue.

"Neste momento, no hospital Ayres de Menezes, a exceção do banco de urgência, não dispomos em nenhum outro serviço de fita de BMtest para determinar açúcar no sangue. Com essa fita podemos salvar uma vida em cinco segundos como também podemos perdê-la no mesmo tempo", diz o comunicado do sindicato dos médicos.

Tentando demonstrar ainda a situação de "colapso total" em que o hospital Aires de Menezes corre o risco de entrar, o sindicato dos médicos dá o exemplo de uma criança a quem foi "recomendada uma cirurgia de emergência pela telemedicina", mas "teve alta hospitalar em menos de 24 hora [assinada] por um técnico não autorizado".

No comunicado, é ainda feito um alerta para os casos dos distritos sanitários que "não têm cuidados médicos cirúrgicos".

O sindicato e a ministra da saúde estão de costas voltadas e os médicos já remeteram um pré-aviso de greve ao governo.

Em causa está a decisão da ministra Maria de Jesus Trovada de afastar dos serviços de saúde o único médico-cirurgião nacional, Pascoal de Apresentação.

O médico foi sancionado depois de ter sido aberto uma ação por suspeita de ser responsável pela morte de uma criança.

"Tal decisão da ministra, no nosso entender é exagerado e sem qualquer fundamento aparente", diz o comunicado do sindicato, assinado pela sua secretária-geral, Benvinda Vera Cruz.

O sindicato dos médicos fala em "desgraça no sistema nacional de saúde", manifestam "profunda indignação" com a decisão da ministra de afastar o médico-cirurgião e "reafirma todo o apoio moral" ao colega.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Primeiro-ministro timorense empenhado em acabar com a "pobreza extrema"



Nova Iorque, 26 set (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Rui Araújo, assegurou hoje nas Nações Unidas o seu empenho em acabar com a "pobreza extrema" e "lutar contra as desigualdades e a injustiça".

Rui Araújo falava na cimeira das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável e objetivos do milénio, na qual Timor-Leste integra um grupo de dez nações que vão liderar a implementação da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.

O primeiro-ministro timorense reconheceu que a cimeira irá juntar as nações num objetivo comum: "para acabar com a pobreza extrema, lutar contra a desigualdade e a injustiça e fixar as alterações climáticas".

"Com as novas metas para um desenvolvimento sustentável podemos fazer isto, e muito mais, traçar um novo rumo para todos os países e todas as pessoas", disse.

Rui Araújo afirmou que será missão será "garantir que ninguém fique para trás", avançando que este grupo de Alto Nível sobre a Implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável "irá trabalhar durante os próximos meses de forma ativa, para conseguir apoio para a sua implementação".

"O nosso sucesso individual ou coletivo, ou fracasso, irá revelar a forma como iremos continuar a trabalhar juntos, como governos e comunidade internacional, executando esta nova agenda", sublinhou.

O responsável adiantou ainda comprometer-se com o papel assumido na Agenda 2030, anunciando que já aprovou as novas metas, abrindo caminho para operacionaliza-lo dentro do contexto do plano de desenvolvimento estratégico nacional.

Rui Araújo frisou também que com as novas metas a "economia irá continuar a crescer, criando mais empregos para todos"

"Podemos e vamos investir em infraestruturas essenciais e melhorar os serviços sociais. Se todos juntos seguirmos um bem comum vamos derrotar o flagelo das mudanças climáticas, proteger os oceanos e melhorar a vida na terra", afirmou.

Timor-Leste tem desempenhado um papel importante na elaboração da nova agenda, nomeadamente no objetivo 16, que tem como objetivo "promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas, a todos os níveis".

Na sexta-feira, vários dirigentes mundiais reunidos numa cimeira na ONU, em Nova Iorque, adotaram um ambicioso plano de desenvolvimento sustentável para os próximos 15 anos que custará vários biliões de euros por ano.

O plano define 17 objetivos de desenvolvimento sustentável a atingir até 2030, entre os quais a erradicação da pobreza extrema, o acesso de todos à educação e à saúde, a promoção da igualdade das mulheres e o combate ao aquecimento global.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, saudou a aprovação da nova agenda global de desenvolvimento e afirmou que se chegou a "um momento decisivo na história da humanidade".

RCP (ANC)// PJA

Dois sismos abalam Papua indonésia e Ilhas Salomão, no Pacífico Sul



Sydney, Austrália, 25 set (Lusa) -- Um sismo de magnitude 6,6 atingiu esta madrugada a província indonésia de Papua, seguido, minutos mais tarde, de outro de magnitude 6 nas Ilhas Salomão, ambos no Pacífico Sul.

Até agora não há registo de danos materiais nem foi emitido um alerta de tsunami.

O sismo na Papua ocorreu a 25 quilómetros de profundidade e a 28 quilómetros da cidade de Sorong, segundo os Serviços Geológicos dos Estados Unidos, que monitorizam a atividade sísmica em todo o mundo.

O sismo nas Ilhas Salomão teve o seu hipocentro a 23 quilómetros de profundidade e registou-se a 98 quilómetros da cidade de Honiara.

A ilha de Nova Guiné, cuja metade oriental pertence à Indonésia, e as Ilhas Salomão assentam no chamado "Anel de Fogo do Pacífico", uma zona de grande atividade sísmica e vulcânica que todos os anos é abalada por cerca de 7.000 sismos, a maioria moderados.

ISG // MP

Singapura responsabiliza Indonésia por fecho das suas escolas



Singapura, 25 set (Lusa) -- As autoridades de Singapura denunciaram o que consideram ser uma atitude "chocante" por parte de Jacarta, que obrigou ao encerramento de escolas e distribuição de máscaras devido ao intenso fumo provocado pelos fogos agrícolas na Indonésia.

A cidade-Estado está há três semanas envolta numa neblina nociva, fruto dos incêndios na vizinha ilha indonésia de Sumatra.

As escolas primárias, secundárias e infantários mantêm hoje as portas fechadas, uma situação inédita, de acordo com o jornal Straits Times.

A qualidade do ar foi avaliada em "perigosa" depois de já ter sido considerada "muito prejudicial para a saúde".

O ministro singapuriano para os Negócios Estrangeiros, K. Shanmugan, acusou as autoridades indonésias de desvalorizarem o problema, que prejudica também as relações entre Singapura e Jacarta.

Os incêndios que lavram na Indonésia são, em grande parte, provocados por queimadas ilegais feitas para 'limpar' vastas áreas de terreno para a produção de óleo de palma, celulose e papel.

ISG//JCS

Malásia reforça segurança perante ameaça de ataque do Estado Islâmico



Banguecoque, 25 set (Lusa) -- As autoridades malaias elevaram o nível de segurança em Kuala Lumpur perante a ameaça de um ataque por parte de militantes do grupo extremista Estado Islâmico, informa hoje a imprensa local.

"Sim, estamos em alerta. Enviámos mais polícias. Acredita-se que é uma vingança pela detenção de militantes", indicaram fontes policiais ao diário The Malaysian Insider.

A embaixada dos Estados Unidos da América em Kuala Lumpur aconselhou os seus cidadãos a manterem-se longe da zona de Jalan Alor, a rua que se acredita poder ser atacada pelos 'jihadistas'.

As forças de segurança malaias prenderam mais de uma centena de pessoas suspeitas de colaborar com o estado islâmico. Estima-se que cerca de 50 malaios combatam na Síria e 10 já tinham perdido a vida, segundo dados do Governo.

A Malásia conta com uma população de quase 30 milhões de pessoas, em que 61% são muçulmanos.

ISG // MP

'Hajj' em Meca termina com um novo balanço de mortos



As autoridades da Arábia Saudita destacaram hoje um largo número de forças especiais para Meca, no dia em que os peregrinos celebram os rituais finais do 'hajj', marcado pela trágica morte de 769 pessoas numa debandada.

O ministro da Saúde Khaled al-Falih anunciou os novos números da tragédia ocorrida quinta-feira que aumentou dos 717 avançados ao início do dia.

Já o número de feridos chega agora aos 934 em vez dos 863 iniciais do incidente que é já considerado o pior do género em 25 anos ocorrido durante a peregrinação de fiéis muçulmanos à Arábia Saudita, tendo as autoridades de segurança do país recebido duras críticas.

A peregrinação aos locais sagrados é um dos cinco pilares do Islão.

Dezenas de "forças de emergência especiais" foram vistas hoje no nível um da Jamarat Bridge, uma estrutura de cinco andares em Mina, onde os peregrinos em ritual lançam a pedra ao diabo, e para onde centenas de milhar foram convergindo quando a debandada ocorreu nas proximidades.

Muito mais forças especiais patrulharam as ruas das redondezas que conduzem à estrutura que se assemelha a uma garagem, medidas que surgiram depois da tragédia.

Por seu turno, o ministro do Interior avançou ter delegado 100.000 polícias para fazer a segurança no 'hajj' e para controlar a multidão.

Várias criticas à segurança no local da peregrinação surgiram de vários países, em especial do vizinho Irão, cujo número de peregrinos mortos ascende a 136.

"Não é só incompetência, mas um crime", acusou o procurador-geral iraniano Ebrahim Raeisi, revelando que os responsáveis podem ser levados a tribunal.

No primeiro dia do ritual de lapidação, perto de Meca, pelo menos 769 pessoas morreram e 934 ficaram feridas nos incidentes provocados pela aglomeração e entrada maciça de peregrinos em Meca, na pior tragédia dos últimos 25 anos

O 'hajj' foi particularmente mortífero este ano. Pelo menos 109 pessoas morreram e cerca de 400 ficaram feridas, a 11 de setembro, quando uma grua caiu sobre a Grande Mesquita de Meca.

Centenas de milhar de fieis muçulmanos, enquadrados por um dispositivo de segurança reforçado, terminam hoje a grande peregrinação anual a Meca, dois dias após a maior tragédia ocorrido nos últimos 25 anos.

Hoje, às primeiras horas do dia, grupos de peregrinos deslocaram-se ao local de apedrejamento em Mina, onde o drama aconteceu, para o ritual final que consiste em atirar pedras ao diabo.

As autoridades sauditas ainda não estabeleceram uma lista das vítimas por nacionalidade enquanto um vasto numero de peregrinos ainda tentam encontrar os seus familiares, vivos ou mortos.

"Não dormimos, nem comemos depois da tragedia. Andamos a correr de hospital em hospital. Demos o seu nome e a sua fotografia em todos os hospitais", contou uma das peregrinas que não tem notícias do seu irmão há dois dias.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Presidente chinês recebido por Barack Obama com jantar privado



Pequim, 25 set (Lusa) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu na quinta-feira o seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Washington, com um jantar privado, dando início a uma visita de Estado assombrada pela crescente tensão bilateral.

O comércio entre a China e os EUA alcançou 490 mil milhões de euros, em 2014, mas disputas marítimas, económicas e questões de cibersegurança ameaçam a complexa relação entre as duas maiores potências do planeta.

Hoje, Obama e a sua esposa, Michele, vão celebrar uma cerimónia de Estado em homenagem ao Presidente chinês e à sua mulher, Peng Liyuan, um gesto com que a Casa Branca espera amenizar os vários "atritos".

Por outro lado, também Xi fez questão de vincar o lado positivo da relação: antes de partir para Washington anunciou, em Seattle, a compra de 300 aviões à construtora aeronáutica norte-americana Boeing, no valor recorde de 34 mil milhões de euros.

No mesmo dia, disse que as empresas chinesas deverão investir 1,25 biliões de dólares além-fronteiras ao longo da próxima década, durante uma mesa redonda com mais de 30 executivos, entre os quais responsáveis da Lenovo, IBM, Microsofot, Alibaba e Apple.

Lembrou ainda que os investimentos da China já criaram 80 mil postos de trabalho nos EUA.

No conjunto, os dois países compõem quase dois quintos da economia mundial, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

Se tudo correr como previsto, Xi Jinping deverá liderar a China até 2022, quando o país já poderá ser a primeira economia mundial, à frente dos Estados Unidos.

JOYP // ISG

Grupo anuncia protesto em defesa dos valores de Hong Kong no Dia Nacional da China



Hong Kong, China, 25 set (Lusa) -- Um grupo de Hong Kong vai levar a cabo um protesto no dia 01 de outubro, Dia Nacional da China, para expressar descontentamento com o que consideram ser a erosão dos valores fundamentais da antiga colónia britânica.

Designado "Defende a Nossa Cidade" (Defend Our City), o grupo inclui o deputado do Partido Cívico Kwok Ka-ki e o ativista Edward Chin, que no ano passado coordenou um grupo de profissionais do setor das Finanças que apoiaram o movimento Occupy, informou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O grupo planeia vestir-se de preto durante o protesto, e recolher assinaturas da população em apoio à causa.

Em 2014, estudantes e ativistas pró-democracia ocuparam algumas zonas de Hong Kong num protesto em prol do sufrágio universal.

A campanha de desobediência civil conhecida por movimento Occupy arrancou a 28 de setembro e permaneceu nas ruas durante 79 dias.

No início desta semana a Frente Civil para os Direitos Humanos (Human Rights Civil Frent) disse que ia assinalar o primeiro aniversário do movimento Occupy com um protesto silencioso em frente à sede do governo de Hong Kong, em Admiralty.

Um minuto de silêncio será observado na segunda-feira às 17:58 - definido como o momento em que a polícia disparou gás lacrimogéneo sobre os manifestantes concentrados em Admiralty.

A Frente Civil para os Direitos Humanos disse que o objetivo do evento era refletir sobre o movimento e caminho a seguir, segundo o jornal South China Morning Post.

FV // PJA

Médico investigado por má conduta por ter sido voluntário durante Occupy em Hong Kong



Hong Kong, China, 25 set (Lusa) -- Um médico que fez voluntariado numa estação de primeiros socorros numa zona de protesto pró-democracia em Hong Kong, em 2014, revelou hoje que ele e outros profissionais de saúde foram alvo de investigação por eventual má conduta.

Ray Leung Tsz-hang, médico num hospital público em Hong Kong, não sabia que estava a ser investigado até o Conselho Médico (Medical Council), que atribui as licenças e promove a ética e disciplina dos médicos, lhe ter informado, no final da investigação, que ele tinha sido ilibado de má conduta, escreve hoje o jornal South China Morning Post.

A investigação foi lançada por uma queixa apresentada junto do Conselho Médico, fundamentada no facto de que os profissionais de saúde "deviam ter descanso suficiente fora do seu local de trabalho de forma a garantirem a segurança pública".

A revelação feita pelo médico, que escreveu sobre o caso no Facebook, surge a poucos dias do primeiro aniversário do início da ocupação das ruas em algumas zonas de Hong Kong, na segunda-feira, 28 de setembro.

"Enquanto médicos, a nossa missão é salvar vidas", escreveu.

"Houve um grupo de médicos que (sentiu que) não podia simplesmente ficar em frente à televisão a ver a nossa gente a ser agredida", acrescentou.

Leung disse que a queixa mencionou vários médicos, enfermeiros e elementos dos primeiros socorros que ofereceram assistência nas zonas de protesto em Admiralty, junto à sede do governo, e em Mong Kok, zona densamente povoada em Kowloon.

O Conselho notificou o médico este mês, informando-o que tinha conduzido uma investigação preliminar e que arquivou o caso.

Pierre Chan, presidente da associação dos médicos da função pública (Public Doctors' Association), disse que a participação num movimento social não contradiz os princípios que governam a conduta profissional da classe.

O mesmo responsável indicou que o caso pode afastar alguns médicos de se juntarem a movimentos sociais.

Um porta-voz da Autoridade Hospitalar (Hospital Authority) disse respeitar as opiniões pessoais dos funcionários.

FV // ARA – Foto HKFP

Occupy em Hong Kong foi um sucesso, diz ex-líder da Igreja Católica



O antigo líder da Igreja Católica em Hong Kong disse que os 79 dias de ocupação das ruas da cidade durante os protestos pró-democracia no ano passado foram um sucesso, escreve hoje a imprensa da antiga colónia britânica.

Conhecido pelas suas posições críticas contra a China, o cardeal Joseph Zen disse que os protestos aumentaram a consciencialização da população sobre o desenvolvimento de Hong Kong, ainda que daí tenham resultado divisões na sociedade.

Joseph Zen disse também que os líderes religiosos precisam de falar abertamente, sem medo de criticar o governo central, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O cardeal falou depois de um líder cristão local ter condenado a atitude de Pequim de retirar cruzes de igrejas no interior da China, num evento participado por altos quadros do governo central.

Joseph Zen disse que era insultuoso ver cruzes a serem retiradas e que os líderes da igreja deviam expressar as suas opiniões como quaisquer pessoas.

Apoiante declarado do movimento pró-democracia em Hong Kong, o cardeal octogenário participou em algumas iniciativas, nomeadamente ao lado dos líderes do "Occupy Central" - os académicos Benny Tai e Chan Kin-man, e o reverendo Chu Yiu-ming.

Ainda com a ocupação das ruas a decorrer, Joseph Zen juntou-se ao trio do 'Occupy Central' e também se entregou às autoridades no início de dezembro do ano passado.

Na altura, os promotores do 'Occupy Central' entregaram-se voluntariamente às autoridades para assumirem as consequências pelos protestos, tendo saído em liberdade na mesma tarde.

Apesar de não haver uma acusação formal contra os líderes do 'Occupy', as autoridades de Hong Kong e do interior da China referiram sempre os protestos pró-democracia como ilegais.

O Governo central de Pequim autorizou o sufrágio universal para as próximas eleições para o chefe do executivo em Hong Kong, em 2017, mas sob o pressuposto de que os candidatos sejam selecionados por um comité eleitoral, uma condição rejeitada pelos manifestantes pró-democracia, que entre 28 de setembro e 15 de dezembro ocuparam várias artérias na antiga colónia britânica.

O primeiro aniversário da ocupação das ruas é assinalado na segunda-feira.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Timor-Leste integra o grupo das dez nações que lideram a Agenda 2030



Timor-Leste vai integrar um grupo de dez nações que vão liderar a implementação da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, segundo um comunicado do governo timorense.

O primeiro-ministro timorense, Rui Maria de Araújo, "juntou-se a outros oito líderes para lançar uma iniciativa política de apoio à implementação da agenda", refere o comunicado, adiantando que "juntamente com os presidentes e primeiros-ministros do Brasil, Colômbia, Alemanha, Libéria, África do Sul, Suécia, Tanzânia e Tunísia" haverá um empenhamento absoluto.

Rui Maria de Araújo afirmou que será missão do grupo "garantir que ninguém fique para trás", garantindo que este grupo de Alto Nível sobre a Implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável "irá trabalhar durante os próximos meses de forma ativa, para conseguir apoio para a sua implementação".

O primeiro-ministro timorense disse ainda aos seus homólogos e restantes convidados que "agora é necessário um compromisso concreto e sustentável, a todos os níveis, durante a vigência da agenda".

Timor-Leste é o único país asiático do grupo e irá trabalhar com um outro membro da CPLP, o Brasil.

O comunicado indica que Timor-Leste "tem desempenhado um papel importante na elaboração da nova agenda, nomeadamente no objetivo 16" que tem como objetivo promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas, a todos os níveis".

Na sexta-feira, vários dirigentes mundiais reunidos numa cimeira na ONU, em Nova Iorque, adotaram um ambicioso plano de desenvolvimento sustentável para os próximos 15 anos que custará vários biliões de euros por ano.

O plano define 17 objetivos de desenvolvimento sustentável a atingir até 2030, entre os quais a erradicação da pobreza extrema, o acesso de todos à educação e à saúde, a promoção da igualdade das mulheres e o combate ao aquecimento global.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, saudou a aprovação da nova agenda global de desenvolvimento e afirmou que se chegou a "um momento decisivo na história da humanidade".

"A população mundial pediu-nos para perspetivar um futuro de promessa e oportunidade. Os Estados membros responderam com a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável", disse Ban numa intervenção perante os governantes mundiais que hoje aprovaram essas medidas que substituem os Objetivos do Milénio.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Dhlakama não tem lugar em Moçambique se agir como "um terrorista"



A Frelimo, partido no poder em Moçambique, acusou hoje o líder da Renamo de agir como um fora de lei e terrorista, avisando que, a continuar com o mesmo comportamento, Afonso Dhlakama não terá lugar em Moçambique.

"Ele [Afonso Dhlakama] tem de compreender que, a continuar assim, não tem espaço neste território, neste país que se chama Moçambique", afirmou hoje à Lusa o porta-voz da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), um dia depois de um novo incidente envolvendo o líder da oposição.

"O senhor Dhlakama precisa compreender que está a agir como um homem fora de lei, que apenas pensa em criar terror nos moçambicanos, o que leva dizer que continua assumir a postura de um autêntico terrorista", declarou Damião José, que já tinha usado esta expressão na reação a um ataque, no dia 12 de setembro na província de Manica, envolvendo o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na sexta-feira à Lusa que escapou ileso a um novo ataque em menos de duas semanas na província de Manica, centro de Moçambique.

A alegada emboscada ocorreu ao fim da manhã de sexta-feira na Estrada Nacional 6 (EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva da Renamo seguia para Nampula, segundo o presidente do partido, que falava no local do incidente.

A polícia de Manica rebateu no mesmo dia a versão da Renamo de que tinha sofrido uma emboscada e atribui à comitiva de Dhlakama um ataque a um ?chapa' (carrinhas de transporte semipúblicos), assassinando o motorista.

Nas declarações hoje à Lusa, Damião José disse que "a Frelimo lamenta o triste episódio acontecido em Gondola, em que um automobilista foi barbaramente assassinado pelos homens armados da Renamo", saudando "a pronta resposta da Polícia da República de Moçambique [PRM] e outras forças de segurança do país, que souberam estar a altura das suas responsabilidades".

Além do motorista, o balanço de mortos era hoje de manhã ainda incerto, mas o jornalista da Lusa que se deslocou na sexta-feira ao local observou nove vítimas, duas das quais homens da Renamo, e as restantes civis.

A Renamo confirmou hoje em conferência sete baixas na comitiva de Dhlakama, quatro civis do seu "staff" e três homens da sua segurança pessoal.

Para Damião José, "desta vez ficou mais uma vez provado que a Renamo e o senhor Dhlakama procuram argumentos para implementar o seu plano de desestabilização do país", rejeitando as acusações do líder da oposição, que atribuem à Frelimo a autoria dos dois incidentes em Manica.

"Não tem sentido que, numa situação clara, de que não há dúvidas de que a próprio Renamo e senhor Dhlakama são responsáveis por aquilo que aconteceu em Gondola, venha agora imputar responsabilidades ao nosso partido e ao Governo de Moçambique", declarou o porta-voz da Frelimo.

Damião José lamentou ainda que "a Renamo continue a ser arrogante, a insistir na via da violência, quando, na verdade, o apelo que vem de todos os cantos de Moçambique e segmentos da sociedade é não à guerra" e apelou para o bom-senso de Dhlakama e para que trabalhe para a paz e tranquilidade dos investidores.

"O senhor Dhlakama precisa, mais uma vez, de por a mão na consciência e perceber que, 23 anos depois do Acordo Geral de Paz, não há nenhum argumento que possa convencer seja quem for que no nosso país, entre tantos partidos que temos, a Renamo seja o único partido armado", salientou.

Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.

Na altura, a Frelimo acusou a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.

Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.

Moçambique vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique. Dhlakama não pode prejudicar "mais de 20 milhões de pessoas"



O Ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza disse que o líder da Renamo não pode prejudicar o futuro de mais de 20 milhões de pessoas, acusando Afonso Dhlakama de se mover por forças externas.

"É preciso lembrar que somos mais de 20 milhões de habitantes, não pode um indivíduo tentar por em causa o futuro desses moçambicanos", declarou hoje Guebuza, à margem das celebrações em Maputo do Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, acrescentando que "Moçambique quer paz".

Para o ex-chefe de Estado e negociador do Acordo Geral de Paz, celebrado em Roma em 1992, o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) devia encontrar-se com o atual Presidente da República, Filipe Nyusi, e deixar de se comportar como um marginal.

"[Dhalakama] devia aceitar encontrar-se com o nosso Presidente Nyusi para apresentar as questões que tenha e encontrarem as formas que possam trazer a paz efetiva", declarou Armando Guebuza, sugerindo que seria uma oportunidade para o líder da oposição dar também a sua contribuição e deixar de se comportar como "um marginal, que é o que parece quando se recusa a conversar com o Presidente".

O antigo estadista disse que a Renamo "nasceu como um apêndice, um mandatário de forças externas", que estavam contra a independência em 1975, referindo-se aos "regimes segregacionistas da África do Sul e da Rodésia, e considerou que ainda hoje o partido de oposição é movido por interesses estrangeiros, que não elencou.

"Umas vezes aproxima-se mais, outras vezes aproxima-se menos, mas [a Renamo] não conseguiu deixar de ser apoiada, senão conduzida, por forças externas", declarou.

As palavras de Guebuza foram proferidas antes de ser conhecido mais um incidente envolvendo a comitiva de Dhlakama.

O líder da Renamo disse hoje à Lusa que escapou ileso a um novo ataque em menos de duas semanas na província de Manica, centro de Moçambique.

Dhlakama mencionou que três dos seus guardas foram feridos, mas o jornalista da Lusa que se dirigiu para o local observou pelo menos nove mortos, entre os quais dois homens com uniformes da Renamo.

No local, estava também um "chapa" (carrinha de transporte semipúblico) acidentado, cujo motorista morreu, bem como alguns dos passageiros.

A versão da polícia nega a tentativa de emboscar a comitiva da Renamo, acusando-a de ter abatido o motorista do "chapa" e provocado o pânico entre os passageiros.

Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.

À semelhança do anterior ataque, Afonso Dhlakama voltou hoje a imputar responsabilidades à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, e às forças de defesa e segurança.

Após o incidente de dia 12, a Frelimo acusou por sua vez a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.

Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.

Moçambique vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.

Nas últimas semanas, Afonso Dhlakama cortou o diálogo de longo-prazo com o Governo, ao mesmo tempo que anunciava a instalação de novas unidades militares do seu partido e a criação de uma polícia própria.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem dirigido repetidos convites para se encontrar com Dhlakama, que condicionou a reunião a uma agenda concreta e ao cumprimento integral dos acordos de paz já existentes.

Lusa, em Notícias ao Minuto

A IRONIA É PARCEIRA DO HUMOR, MESMO QUE SEJA HUMOR RETIRADO DA OPRESSÃO



Nos regimes opressores, ditatoriais, ou mascarados de democracia, afirma quem sabe que é mais fácil ser humorista, ser cartonista – e que até nas entrelinhas está subjacente a crítica mordaz a esses regimes déspotas mascarados de democratas, socialistas, que, alegada mas falsamente, se declaram defensores do povo.

Principalmente a esses, as palavras de Francisco, o papa que se afirma socialista, podem ferir as suas “convições” e desmascarar as suas políticas de esbulho aos povos em prol de interesses próprios e de uma elite mafiosa que os rodeia por pura ganância na participação desse esbulho.

A paz. Como pode haver paz quando não existe liberdade de expressão, nem de reunião, nem de manifestação, nem ideológica? Como pode haver paz quando os países são dominados por regimes que quase olham indiferentes para a pobreza dos governados. Como pode haver paz quando as populações se vêm desalojadas das suas casas pelos regimes déspotas? Como pode haver paz em países onde a fome saltita aqui e ali aos magotes? Como pode haver paz e democracia quando se assassinam e prendem cidadãos por pensarem diferente e expressarem as suas ideias reunindo-se, naturalmente, em grupo, com os que pensam como eles e anseiam uma sociedade livre, democrática e justa?

Diz Francisco, o papa, que “o mundo vive uma terceira guerra mundial, e resume o que entende por paz: 'nenhuma família sem teto, nenhum ser humano sem pão’”.

Mas diz mais, muito mais. Veja em  O PAPA QUE DÁ À CRISE O SEU NOME e nos discursos apensos em Papa nos EUA: “SE EU SOU SOCIALISTA, JESUS TAMBÉM ERA” - com discursos na íntegra no Página Global.

Entretanto, com o cartoon que ilustra esta prosa, sorria. Mesmo que seja um sorriso amarelo, triste. A ironia é parceira do humor, mesmo que seja humor inspirado na opressão, na fome, na falta de liberdade e justiça a todos os níveis.

Redação PG / MM - cartoon de autor desconhecido

Angola. O RE(I)GIME VAI NU



Ana Gomes acusa as autoridades angolanas de tentarem silenciar a sua voz nos meios de informação portugueses. É verdade. Mas a eurodeputada socialistas está com sorte. O regime de Eduardo dos Santos também tenta silenciar angolanos a residir em Portugal. Silenciar.

A eurodeputada socialista (a mesma família política do MPLA na Internacional Socialista) disse à Voz da América estar ciente de que estão a ser feitos “todo o tipo de pressões” para a silenciar na sequência de um relatório seu sobre os direitos humanos em Angola, que levou a uma resolução do Parlamento Europeu.

A referida resolução, recorde-se, aprovada com 550 votos a favor, 14 contra e 60 abstenções, insta as autoridades angolanas a “libertarem imediata e incondicionalmente todos os defensores dos direitos humanos”.

O Parlamento Europeu manifestou ainda a sua “profunda preocupação com o rápido agravamento da situação em termos de direitos humanos, liberdades fundamentais”.

“Já me chegaram ecos que estão a fazer uma campanha para que eu seja eliminada nos media portugueses que investidores angolanos controlam”, disse Ana Gomes à VOA, acrescentando que os deputados angolanos que participam em Bruxelas numa reunião de parlamentares dos países da África e Caraíbas e Pacífico (ACP) “pediram uma reunião com o presidente Martin Schulz para se queixarem de mim”.

“Nada disso me surpreende e me intimida”, disse Ana Gomes que rejeitou acusações angolanas de ser tendenciosa e ter interesses escondidos nas suas críticas à situação em Angola.

Ainda ontem numa reunião em Bruxelas das comissões parlamentares da Europa e dos países ACP, o deputado angolano Virgílio Fontes Pereira rejeitou a resolução e o relatório.

Ana Gomes nega as acusações do governo angolano de que o seu relatório é subjectivo e tendencioso. “Nunca pretendi que o relatório não fosse subjectivo”, disse.

“É a minha leitura mas é uma leitura baseada em factos” disse afirmando não crer que o documento seja “tendencioso”.

“Eu sou da família política do MPLA, apoiei a entrada do MPLA na Internacional Socialista e tenho a tendência de esperar do MPLA um comportamento consentâneo com a matéria dos direitos humanos e respeito pelos princípios democráticos”, notou a eurodeputada socialista.

“Não é isso que eu vejo infelizmente”, acrescentou rejeitando também acusações de que o seu documento era “mal intencionado”.

“Não é mal intencionado, é de quem é amigo de Angola, é de alguém que quer Angola a respeitar os princípios constitucionais, os princípios do primado da lei do respeito pelos direitos humanos e infelizmente vê o partido no poder a fazer precisamente o contrário”, disse a eurodeputada para quem em Angola, para além das violações dos direitos humanos, há uma “corrupção desenfreada e roubo desenfreado dos recursos do estado que deviam ser postos em serviços da população”.

O rei vai nu

Recorde-se também que Ana Gomes acusa a União Europeia (UE) de permitir o silenciamento de “práticas corruptas gritantes em Angola”, transformando numa “paródia” os princípios da ONU sobre o respeito pelos Direitos Humanos.

A posição consta do relatório que Ana Gomes produziu sobre a visita a Luanda, entre 26 de Julho e 2 de Agosto último, enviado ao Parlamento Europeu.

Esta visita da eurodeputada, que envolveu reuniões com elementos do Governo angolano, políticos, jornalistas e elementos da sociedade civil, foi realizada a convite da Associação Justiça, Paz e Democracia, com Ana Gomes a apresentar neste relatório várias recomendações às instâncias europeias, também tendo em conta o apoio comunitário a projectos de desenvolvimento em Angola.

Entre estas recomendações, e na qualidade de membro do Parlamento Europeu e da subcomissão de Direitos Humanos da União Europeia, Ana Gomes apela à UE para que não prossiga com uma política de “silenciamento de práticas corruptas gritantes em Angola, o que faz uma paródia dos princípios das Nações Unidas sobre direitos humanos e responsabilidade social empresarial, o processo de Kimberley [exploração de diamantes] e regulação anti-lavagem de dinheiro”.

Durante a visita a Luanda, na altura duramente criticada pelas estruturas e dirigentes do MPLA, partido no poder desde 1975 e dirigido por José Eduardo dos Santos, Presidente da República nunca nominalmente eleito e há 36 anos no poder, com Ana Gomes a ser acusada de “ingerência” nos assuntos nacionais, a eurodeputada afirma ter “confirmado a rápida deterioração da situação dos direitos humanos” e da liberdade de expressão no país.

No relatório, a eurodeputada portuguesa refere-se por várias vezes à situação dos 15 jovens activistas detidos em Luanda desde Junho, oficialmente suspeitos de prepararem um golpe de Estado, e à do activista José Marcos Mavungo, detido desde 14 de Março em Cabinda e condenado – sem provas – a seis anos de prisão.

“Além de discretas diligências diplomáticas sobre casos individuais, é crucial que a UE seja vista como estando atenta aos Direitos Humanos, nomeadamente sobre a detenção dos presos políticos e a credibilidade de seus julgamentos, que precisam de ser observados”, refere Ana Gomes no referido relatório em que é ainda reclamado o apuramento da verdade – através da “pressão” europeia – sobre os confrontos mortais entre a polícia e seguidores da seita “A luz do mundo”, em Abril, na província do Huambo.

“Não é tempo para que a UE permaneça passiva e silenciosa, observando a deterioração da situação, bloqueada politicamente em Angola, considerando também as possíveis implicações para a segurança regional e para membros, como Portugal, que de repente podem enfrentar um fluxo maciço de portugueses e cidadãos de dupla nacionalidade, como resultado da violenta perturbação na inevitável transição de poder”, lê-se ainda no relatório.

Ana Gomes conclui que a lavagem de dinheiro é uma “forma institucionalizada” de os dirigentes do regime angolano transferirem o produto da “pilhagem do Estado” para a “segurança do sistema financeiro e imobiliário europeu”, e “muitas vezes com a cumplicidade activa” das empresas, instituições, advogados e governos ocidentais, nomeadamente da Europa.

Folha 8

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