quarta-feira, 28 de outubro de 2015

WIKILEAKS REVELA INSANIDADE DA GUERRA NORTE-AMERICANA



Surge novo dissidente anônimo. Seus vazamentos comprovam: drones de Washington matam sem qualquer chance de julgamento justo; atiram errado em nove em cada dez alvos; e acabam alimentando terror fundamentalista

Antonio Luiz M. C. Costa, na Carta Capital – em Outras Palavras

Criado pelo empresário Pierre Omidyar e pelos jornalistas Glenn Greenwald e Laura Poitras, celebrizados pela cobertura do caso Edward Snoden, além de Jeremy Scahill, famoso pelas reportagens sobre a “Guerra ao Terror” e os mercenários norte-americanos no Oriente Medio, o site jornalístico The Intercept acaba de publicar uma reportagem devastadora intitulada The Drone Papers sobre o uso de drones pelo Pentágono. Baseia-se em documentos secretos fornecidos por uma fonte anônima — na maioria, slides de apresentações internas.

O material descreve como o governo dos Estados Unidos encobre a realidade sobre o número de civis vitimados por drones ao classificar mortos não identificados como “inimigos”, mesmo se não fossem os alvos pretendidos. Desde que sejam homens e não haja prova positiva de que eram inocentes, presume-se que eram terroristas.

Também mostra como a lista de suspeitos aparece nos terminais dos operadores de drones, ligando códigos associados com celulares para localizá-los por GPS. Revela ainda que os alvos estão longe de se limitar a membros identificados de organizações terroristas como a Al-Qaeda e do Taliban.

Qualquer um pode ser transformado em alvo se for considerado “ameaça aos interesses dos EUA ou a seu pessoal”, inclusive em países como o Iêmen e a Somália, onde Washington não tem tropas nem interesses declarados. Basta os militares selecionarem um alvo e Obama assinar uma autorização, processo que geralmente demora 60 dias.

Para identificar, caçar e matar pessoas, os militares dependem de sinais de inteligência, ou “SIGINT”, baseados em comunicações interceptadas e metadados sobre uso de computadores e celulares, de caráter reconhecidamente pouco confiável. “Isso exige uma fé cega na tecnologia”, diz a fonte anônima. “Há inúmeros casos em que eu me deparei com inteligência falha. É impressionante o número de casos em que identificadores são mal atribuídos a certas pessoas. Depois de seguir alguém por meses ou anos pensando estar perto de um alvo realmente quente, você descobre que era o tempo todo o telefone da mãe dele.”

É um retrato de uma campanha voltada para o assassinato sem riscos para estadunidenses, ao custo de violência e morte crescentes entre os afegãos. Nove em cada dez vítimas de ataques de drones não eram os alvos pretendidos. Ao matar inocentes, os bombardeios dos EUA enfurecem os sobreviventes civis e muitos deles passam a apoiar os fundamentalistas ou juntam-se às suas fileiras. Quando de fato se consegue eliminar algumas lideranças, o resultado também é contraproducente.

Como mostram estudos sérios, isso tende a tornar os grupos militantes menos seletivos e ainda mais violentos contra civis, talvez por promover membros de nível inferior com menos escrúpulos que os superiores assassinados.

Para evitar alimentar a oposição interna à guerra ao pôr em risco soldados e aviadores — alguns dos quais inevitavelmente acabariam mortos, capturados ou mutilados — Obama e o Pentágono optaram por uma tática indolor aos olhos da mídia e do público ocidental e capaz de obter êxitos imediatos de propaganda. Mas tal tática não é capaz de efetivamente frear os avanços das forças fundamentalistas. Pelo contrário, a longo prazo tende a favorecê-las e multiplicá-las, ampliando ainda mais o ódio e o rancor contra a intromissão de Washington e seus aliados.

Além disso, ao distanciar os comandantes e operadores do cenário da batalha real a ponto de reduzir os alvos inimigos a códigos impessoais, selecionados pela análise estatística de uso de comunicações, o programa cria no Pentágono uma ilusão de onipotência totalmente contraproducente. Ao mesmo tempo, perde-se a compreensão do que realmente se passa na frente de batalha, do modo de pensar do inimigo e da situação política, entendimento sem o qual é impossível vencer qualquer guerra. É abrir mão da sabedoria em nome da informação.

BILDERBERG JÁ CHEGOU AO PARLAMENTO EUROPEU! DEPUTADO DENUNCIA




O critério de escolha para entrar no restrito clube é simples: personalidades que tenham influência ou possam vir a tê-la. Com excepção de Passos Coelho, que chegou a ser convidado mas nunca participou, nos últimos 20 anos todos os primeiros-ministros foram convidados: António Guterres, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes e José Sócrates. Os participantes são, regra geral, figuras com peso no PSD e no PS ou influência no mundo dos negócios. Nesta lógica, Marcelo Rebelo de Sousa, António José Seguro, Manuela Ferreira Leite e António Vitorino já foram também convidados por Francisco Pinto Balsemão. 

José Sócrates - Foi convidado em 2004, pouco tempo antes de ser eleito para a liderança do PS com 80% dos votos. No ano seguinte chegou a primeiro-ministro e ocupou o cargo durante seis anos.

Paulo Portas - Portas é um dos raros convidados do mundo da política que não pertencem nem ao PSD nem ao PS. O líder dos centristas foi convidado em 2013, juntamente com António José Seguro (Portugal tem, no máximo, três representantes no encontro). Portas foi ao encontro quando era ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

António Costa - O actual líder do PS foi convidado para o encontro que junta a elite mundial em 2008. Curiosamente, Costa foi convidado juntamente com Rui Rio, que era presidente da Câmara do Porto. A proximidade entre os dois tem alimentado especulações de que no futuro se poderão vir a entender para criar um governo do bloco central.

António José Seguro - Foi convidado em 2013.

Paulo Macedo - O actual ministro da Saúde foi convidado por Francisco Pinto Balsemão no ano de 2014. Paulo Macedo ganhou notoriedade como director--geral dos Impostos, tendo conseguido bons resultados no combate à evasão fiscal. Foi também vice-presidente do conselho de administração executivo do Millennium BCP.

Marcelo Rebelo de Sousa - Foi convidado em 1998, quando liderava o PSD. Marcelo contou à TVI, uns anos depois de ter participado no encontro, que não viu nada de “anormal” nessas reuniões. Descreveu o encontro como “muito interessante”, já que lhe permitiu “conhecer figuras importantes dos Estados Unidos da América e da Europa”. O professor está, porém, convicto de que destes encontros não resulta uma rede de ligação. “Eu não notei que tivesse ficado. Não tenho essa visão conspiratória.”

Vítor Constâncio - Foi governador do Banco de Portugal e participou no encontro em 1988, quando era secretário-geral do PS, e em 2010, ano em que deixou o Banco de Portugal para ocupar o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), onde é responsável pela supervisão bancária.

Teixeira dos Santos - Teixeira dos Santos foi convidado quando era ministro das Finanças de José Sócrates.

Ricardo Salgado - O banqueiro esteve duas vezes nos encontros de Bilderberg, em 1997 e 1999, . Os convites a Salgado foram feitos por Balsemão “antes de as relações” entre os dois “se deteriorarem”, revela ainda o livro sobre o ex-presidente do BES.

Paulo Rangel - O eurodeputado do PSD participou na reunião em 2010.

Durão Barroso - Durão Barroso participou três vezes nas conferências do Bilderberg. A primeira foi em 1994 quando era ministro dos Negócios Estrangeiros. Um ano depois de entrar no restrito clube mundial, Durão candidatou-se à liderança do partido, mas perdeu para Fernando Nogueira. Não desistiu e em 1999 foi eleito líder do partido. Foi nessa qualidade que, no ano seguinte, voltou a ser convidado para o encontro da elite mundial. Não foi a última vez.

Santana Lopes - Pedro Santana Lopes esteve no encontro em Junho de 2004. A reunião aconteceu três semanas antes da crise política em Portugal. Durão Barroso demitiu-se do governo, mas não partiu para o novo cargo na Comissão Europeia sem escolher o seu sucessor:Santana Lopes.

Manuela Ferreira Leite - Era presidente do PSD quando foi convidada para participar na conferência do clube de Bilderberg, em 2009. Ao contrário de outros líderes da oposição, que já participaram nestas reuniões, nunca chegou à liderança do governo.

Inês de Medeiros - Foi convida em 2014 juntamente com Paulo Macedo.

Rui Rio - Foi convidado em 2008, quando era presidente da Câmara do Porto, um cargo que exerceu até às últimas eleições autárquicas, em 2013.

Em Zita Paiva - Youtube

RACISMO EM PORTUGUÊS. SÉRIE DE REPORTAGENS NA REVISTA 2 – no Público



Primeira reportagem a 1 de Novembro, em Angola

Cinco países. Cinco viagens. Cinco reportagens. Mais de 100 entrevistas em busca das heranças do colonialismo e da forma como marcou as relações raciais. Os portugueses foram mais brandos e menos racistas, como o luso-tropicalismo nos quis fazer acreditar? 

Racismo em português: como foi, como é? 

A Revista 2 explora um país por mês até Março. A primeira reportagem, em Angola, é publicada no dia 1 de Novembro.


Angola. ACTIVISTAS PRESOS DÃO A OUTRA FACE



“São passados mais de 120 dias, isto é, quatro meses desde que, no dia 20 de Junho, fomos detidos na Vila Alice, na sala de aula no instituto Luandense de línguas e informática (ILULA).

Cumpria-mos então com mais uma secção de debate no quadro do curso do activismo regido pela filosofia política consubstanciada no livro de “From dictatorship to democracy” (Da ditadura à democracia), de autoria do filósofo e activista Gene Sharp.

Desde o dia da nossa detenção até hoje as acusações transformaram-se diversas vezes (de “preparação do golpe de estado“ a “actos preparatórios de rebelião”…), o isolamento, e a incomunicabilidade, a água bruta imprópria para consumo, a comida de má qualidade, a escuridão das celas, as camas de betão, os mosquitos e outras condições desumanas provocaram-nos diversas doenças, foram e continuam a ser uma terrível prova à nossa integridade ética e à manutenção dos nossos ideais em geral, em prol de uma Angola de todos e para todos.

É um facto que alguns companheiros foram agredidos fisicamente por agentes dos serviços prisionais e outros, tão ciosos que são em cumprir com as “orientações superiores“ que há muito substituíram a constituição e a lei. Mas mantemo-nos firmes.

Ao longo dos anos desenvolvemos um pensamento político e um conjuntos de acções regidas por uma filosofia assente nos valores da dignidade humana, igualdade, justiça social, desenvolvimento, tolerância, angolanidade e reconciliação.

A nossa proposta de PROJECTO POLÍTICO FILOSÓFICO DE NAÇÃO depende, entre outras questões, que Angola deve ser construída por todos, e que a reconciliação nacional deve ser um processo de todos e para todos.

Temos sofrido tremendamente com a prisão e suas condições que provocaram diversos danos a nossa saúde: problemas de visão, infecções no sangue, infecções na pele, infecções urinárias, gastrite, hérnias, amigdalites etc. Mas não desenvolvemos qualquer ódio. Não odiamos o presidente da república nem aqueles que executaram a trauma urdida contra nós. O perdão é o melhor caminho.

Sabemos muito bem que a ética do mal que rege os agentes do regime também rege, inclusive, o juiz indicado para nos julgar em Novembro, mês em que Angola completará 40 anos de independência. Estamos cientes de que já fomos condenados publicamente pelo regime de José Eduardo dos Santos.

Ainda assim, pedimos a todos os Angolanos de bem para que PERDOEM ESTA GENTE. Os detentores do poder estão cientes de todos os males que perpetraram contra os Angolanos ao longo de 40 anos. É compreensível que vivam permanentemente aflitos e com medo de perderem tudo (inclusive as riquezas que saquearam à nação) e de serem julgados por um povo que sente na carne e no osso os efeitos de uma paz perversa que morde mais que a guerra.

Do Presidente da República ao último agente da opressão – todos eles precisam de PERDÃO.

Ódio e vingança não são o caminho para o futuro de Angola (uma Angola livre democrática e de bem-estar).

Em alta estima subscrevo-me,

Nuno Álvaro Dala com o consenso dos 14 activistas detidos do Hospital prisão de São Paulo.”

Folha 8

Angola. NÚMEROS DE MORTOS POR RAIVA EM LUANDA DISPARA PARA 78 CASOS EM 2015



A capital angolana, Luanda, já conta este ano com 19.073 casos de mordeduras de animais, dos quais 78 resultaram em mortes, na sua maioria crianças, situação que preocupa as autoridades sanitárias de Angola.

Em declarações à agência Lusa, a chefe de departamento de inspeção da direção provincial da saúde de Luanda, Paula Silva, disse que o número de mortes por raiva representa um aumento significativo, comparado com os 31 registados em 2014.

Segundo a responsável, as estatísticas são referentes ao período entre janeiro e 18 de Outubro.

Adiantou que os municípios de Belas, Kilamba Kiaxi e Maianga apresentam o maior número de casos (15 por cento dos casos cada), seguindo-se Cazenga (11%), Rangel (9%), Sambizanga (9%) e Viana (8%).

Relativamente às mortes por raiva registados no período em referência, o município de Viana lidera a lista dos casos, com um total de 27 óbitos, seguindo-se Cacuaco (14), Cazenga (13), Kilamba Kiaxi (10), Belas (7), Icolo e Bengo (3), Sambizanga (2) e Maianda e Samba com (1) cada.

Paula Silva admitiu que a situação é "preocupante", salientando que continuam as campanhas de sensibilização sobre os cuidados a ter com os animais, sobretudo as crianças, já que elas representam o maior número de vítimas.

De acordo com a responsável, crianças dos cinco aos nove anos aparecem nas estatísticas como a mais afetadas, sendo também os rapazes os mais atingidos.

Angola vê-se a braços, há muitos anos, com o problema da raiva, que tem resultado em muitas mortes.

Este ano, as autoridades sanitárias realizaram já duas campanhas de vacinação animal na capital angolana e na recolha de animais vadios, visando travar o número de mordeduras e de mortes.

Lusa, em DN Madeira

QUASE TODA A LUSOFONIA ESTÁ NA PIOR METADE DO MUNDO PARA FAZER NEGÓCIOS



Quase toda a lusofonia, com exceção de Portugal, faz parte da pior metade do mundo para fazer negócios, de acordo com o 'ranking' do Banco Mundial "Doing Business 2016" que avalia 189 países.

Quase toda a lusofonia, com exceção de Portugal, faz parte da pior metade do mundo para fazer negócios, de acordo com o ‘ranking’ do Banco Mundial (BM) “Doing Business 2016” que avalia 189 países.

Três membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão mesmo na dúzia com pior avaliação: Guiné-Bissau em 178.º lugar, Guiné Equatorial em 180.º e Angola em 181.º.

Ainda assim, todos os países lusófonos assinalam melhorias em relação ao último ano, com exceção de Timor-Leste e Guiné Equatorial.

Timor-Leste, na 173.ª posição, é referido no relatório como um exemplo de economia em que o mercado imobiliário de terrenos pouco ou nada funciona “por faltar um registo de propriedades” em conformidade.

A Guiné Equatorial está no grupo de três países em que nenhum dos indicadores abordados pelo estudo no último ano foi reformado – a par dos Camarões e República Centro Africana, refere o documento.

Os indicadores que servem para construir o ‘ranking’ são afinados de ano para ano e desta vez, com dados referentes a junho de 2015, colocam Portugal em 23.º lugar.

Na Lusofonia, segue-se o Brasil em 116.º, com o relatório a destacar a execução de um portal eletrónico (SISCOMEX) que permite “reduzir o tempo necessário para obter autorizações alfandegárias e documentos com vista à exportação de produtos”.

Cabo Verde surge depois em 126.º e o relatório destaca a diminuição dos impostos sobre a transferência de propriedade, para além de apontar o país como um exemplo de como a digitalização da informação “não está reservada apenas para as economias mais ricas”.

“Vários países em desenvolvimento têm digitalizado os registos de propriedades. Cabo Verde é um deles. Nas duas maiores cidades, Praia e Sal, todos os títulos de propriedade foram digitalizados e foram implementadas aplicações para a eles aceder”, refere o relatório.

Moçambique surge em 133.º lugar e o ‘ranking’ do Banco Mundial realça que agora “é mais fácil pagar impostos graças à introdução de sistemas eletrónicos mais avançados”, ao mesmo tempo que mais despesas passaram a ser dedutíveis.

Ainda assim, Moçambique é apontado no relatório como um exemplo de como a eficiência dos tribunais varia à volta do mundo.

“Em cinco países, incluindo a Indonésia e Moçambique, o custo [de uma ação judicial] pode superar o valor em disputa, dando a ideia de que a litigação pode não ter a melhor relação custo-eficiência para resolver um conflito”, escreve-se.

Já na cauda da tabela, na 166.ª posição e com uma classificação abaixo de 50 valores (num índice de 0 a 100), surge São Tomé e Príncipe.

O relatório alerta para a demora que pode levar um processo de insolvência: “em média demora seis anos” e mais alguns meses.

Em Angola, é destacado o trabalho feito para facilitar os registos necessários à abertura de uma empresa, a diminuição de taxas de início de atividade e a redução de impostos cobrados às empresas.

Na Guiné-Bissau, o estudo regista melhorias ao nível da diminuição dos impostos sobre a transferência de propriedade, mas deixa um aviso para as demoras na justiça.

O relatório coloca o país ao lado do Suriname e Afeganistão como o grupo de países onde uma disputa comercial se pode prolongar durante mais tempo nos tribunais.

O ‘ranking’ é elaborado com base na análise de uma dezena de indicadores, como tempo, custo ou procedimentos para abrir um negócio, obtenção de alvarás de construção, proteção de investidores minoritários, acesso à eletricidade, registo de propriedade, pagamento de impostos, obtenção de crédito, execução de contratos ou resolução de insolvências.

Lusa, em Observador

São Tomé e Príncipe. CONCURSOS PÚBLICOS DE FANTOCHADA



Cristina Martins – Téla Nón, opinião

A injustiça reina neste país. O clientelismo, o nepotismo e a camaradagem são os maiores vectores da corrupção neste solo sagrado que muitos fazem questão de profanar. Não se respeita a competência, não se valoriza a qualidade, apenas o favoritismo é lei. Não há igualdade de oportunidades, é tudo uma ficção, uma mentira. E todos nós já temos consciência disto.

Há tratos entre amigos, familiares e militantes políticos. E tudo se passa nos bastidores, mas há muito que o público já se deu conta de que tudo não passa de uma fantochada. Que a mudança do governo, apesar da maioria absoluta, em nada significa mudança de atitudes, melhoria das condições de vida ou mais oportunidades para os jovens.

Todos os anos a função pública emprega, a maioria das vezes via concursos públicos. Muitos jovens concorrem, sobretudo os recém-formados em busca do primeiro emprego.

Mas, mal propõem as suas candidaturas, muitos destes jovens são aconselhados a nem tentarem porque as vagas a serem preenchidas na realidade já estão preenchidas e que tudo não passa de formalidades. Favoriza-se quem faz parte do sistema ou quem tenha quem faz parte do sistema, ou seja, quem se sabe que é da família partidária que está no poder.

Há testemunhas de pessoas a quem perguntaram, nas entrevistas de emprego, se são do ADI, se têm como o provar, ou são aconselhados a fazerem o cartão de adesão do partido.
Não falo para denegrir a imagem do partido em questão (não tenho partido e nunca votei para nenhum), falo baseando-me em testemunhos dados pelas pessoas que se viram directamente confrontadas com tais questões. Não se tratando de postos políticos, mas técnicos, não se admite que questões politico-partidárias intervenham na hora de empregar técnicos para a função pública.

Os postos técnicos são, infelizmente, alvos de promessas de campanha, quem trabalhou na campanha e ajudou o partido a ganhar não pode ficar na mão, merece ser enquadrado, ainda que as suas qualidades técnico-profissionais sejam duvidosas: a pessoa é um militante do partido, ela é da casa, é nossa gente, ela dá vida pelo partido, trabalha connosco, trabalhou muito no terreno, ela merece.

É isto a meritocracia neste país? Já brincam com os postos políticos, colocando à frente das direcções pessoas cujos cargos parecem-lhes ser maiores do que aquilo a que estão capacitadas para fazer, querem ainda colocar em risco os postos técnicos? Deus nos acuda!

No dia 15 do mês em curso realizou-se no Centro Cultural Português um workshop organizado pelo Banco Mundial, em parceria com o Ministério do Emprego e dos Assuntos Sociais em que se apresentou a nova política de protecção social às ONG’s. Nesta actividade foram também abordados os problemas que este Ministério encontra na aplicação desta nova política. E um dos problemas era que certos funcionários têm dificuldades em serem eficazes nos serviços por não terem a formação adequada na área em que intervêm. Pergunto-me: como estes técnicos foram lá parar? Por que meios milagrosos estas pessoas foram enquadradas nos postos técnicos para os quais não têm qualificações académicas e técnicas para o efeito? Ainda bem que não lhes é possível fazer o mesmo com o sector da saúde. Já imaginaram um motorista de ambulância que, com a subida do seu partido ao poder, teria sido promovido a técnico de saúde? É mais do que caricato, é absurdo e grotesco, mas se não colocarmos freio a tudo isso, não andamos lá muito longe.

E já agora que o Ministério do Emprego e dos Assuntos Sociais foi aqui mencionado, quero aproveitar para dizer que este Ministério lançou no dia 5 do mês em curso um concurso público disponibilizando 34 vagas atribuídas a diversos sectores deste Ministério. Mas, segundo consta, inclusive funcionários internos dizem-no em voz alta e bom som (falo com conhecimento de causa) que não vale a pena concorrer, que quem concorrer só vai gastar tempo e dinheiro. As 34 vagas já estariam quase todas elas ocupadas, restando apenas duas ou três. Como é possivel? Alguns dizem que se deve ao facto de muitos funcionários ainda não estarem efectivos. Algumas pessoas, por conivência ou conveniência, estão enquadradas na função pública mas não estão regularizadas, e aproveita-se estes concursos públicos para regularizar a situação destas pessoas. Neste caso, que se lance concursos internos e não públicos. E não andem aqui a enganar cada um.

Não quero dizer que este problema é específico a este governo ou a este país, acredito que as coisas vêm sendo assim desde os primórdios da independência e que é comum a muitos países.

Mas não é o facto de nos estarmos habituados à coisa que ela passa a ser normal ou aceitável. Exijo dos nossos dirigentes mais justiça e transparência nas suas acções e nas acções das instituições que dirigem. Deixem os jovens trabalhar, dando-lhes trabalho em função das suas respectivas qualificações.

Não vale a pena enviar os jovens para a formação se for para impor-lhes condições absurdas (como pertencer ao partido ADI) ou expor-lhes a situações ridiculamente desesperadoras (como ir em busca de QI – Quem Indique). Sabe-se que pouco a pouco a justiça acaba sendo uma ficção neste país, mas que se use o pouco do bom senso que ainda resta para se ser justo para com os filhos desta nação.

Tendo em conta que há muito vêem profanando o solo sagrado de Alda do Espírito Santo com mentiras e corrupção, que não deixem que a dolorosa raiz do Micondó de São Lima acabe finalmente por morrer de dores. Salvem-nos! Dêem-nos esperança! Dêem-nos verdadeiras oportunidades de emprego, não concursos públicos de fantochada! Deixem-nos trabalhar!

GALP VAI EXPLORAR PETRÓLEO NO MAR DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE



A Galp Energia anunciou hoje que vai, juntamente com a Kosmos Energy, começar a explorar petróleo no mar de São Tomé e Príncipe após o governo daquele país lhe ter atribuído uma concessão.

A Galp Energia anunciou hoje que vai, juntamente com a Kosmos Energy, começar a explorar petróleo no mar de São Tomé e Príncipe após o governo daquele país lhe ter atribuído uma concessão.

Em comunicado, a petrolífera portuguesa informa que chegou a acordo com o Governo de São Tomé e Príncipe e a Kosmos Energy “para a atribuição do Bloco 6, no ‘offshore’ de São Tomé e Príncipe”. Neste acordo, a Galp Energia “terá a operação do bloco e uma participação de 45%, a Kosmos Energy 45% e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em representação do governo, uma participação de 10%”.

O Bloco 6 encontra-se na Zona Económica Exclusiva de São Tomé e Príncipe em profundidades de água de até 2.500 metros e cobre uma área de 5.024 km2.

Nesta primeira fase, a empresa portuguesa e os seus parceiros comprometeram-se a realizar atividades de exploração, incluindo aquisição sísmica, durante os quatro anos da primeira fase do período exploratório. Segundo a Galp Energia, esta aquisição “permite à empresa o acesso como operadora a uma área de fronteira, numa nova geografia, enquanto mantém uma posição financeira sólida”.

A Kosmos Energy, empresa parceira da Galp Energia, dedica-se à exploração e produção de petróleo e gás natural focada em áreas emergentes e de fronteira ao longo da Margem Atlântica. Os seus ativos incluem projetos em fase de produção e outros em desenvolvimento no ‘offshore’ do Gana bem como licenças de exploração com potencial significativo de hidrocarbonetos no mar da Mauritânia, Marrocos, Portugal, Senegal, Suriname e Saara Ocidental.

A Kosmos Energy é uma sociedade cotada no New York Stock Exchange (NYSE) sob o símbolo KOS.

A Galp Energia refere no comunicado que “continua focada em executar os seus projetos de desenvolvimento de classe mundial, especialmente no Brasil e em Moçambique, mantendo um portefólio diversificado de exploração e de avaliação que assegure um nível de produção sustentável na década de 2020”.

Lusa, em Observador – ontem

Macau. O CALCANHAR DE AQUILES



Carlos José Morais – Hoje Macau, editorial

Manifestação por causa da habitação. Mil pessoas não são vinte mil. A habitação ainda não é a alcavala dos altos cargos, que tanta gente escandalizou. Mas ainda assim, para uma cidade tão pequena, não deixa de ser muita gente. E sendo que poderá transformar-se em muitos mais, o Governo apressou-se a dizer que se preocupa com a questão e que respeita o sentimento de quem quer uma casa e esbarra com os preços absurdos que actualmente se praticam (ainda) em Macau.

O que a população da RAEM tem de perceber é que a situação não vai mudar no médio prazo. Todos sabemos que as habitações públicas não satisfazem os padrões mínimos e ninguém lá quer morar. Parece ser mais dinheiro deitado à rua, atravessado por pérolas como o preço dos parques de estacionamento nos prédios das ditas habitações. Se o Governo pensa que resolverá o problema desta maneira, está enganado porque existe uma larga fatia de classe média que não tem dinheiro para uma casa “normal” e não quer viver na economia miserabilista daqueles prédios inomináveis.

Só que, como sabemos, será muito difícil que os interesses por detrás das outras permitam que os preços caiam. Os investimentos em imobiliário constituem uma fatia importante dos portfolios locais e de Hong Kong, o que torna basicamente impossível a descida do preço das casas, mesmo em termos de arrendamento.


Ora o Governo, se realmente tivesse unhas para tocar esta guitarra, há muito que tinha colocado algum travão na especulação, sobretudo ao nível do arrendamento, não permitindo por lei os aumentos selvagens (de 100, 200 e 300% ao ano) que os senhorios fazem a seu bel-prazer, perturbando de sobremaneira a vida das famílias.

Quem repara nos discursos de Chui Sai On sabe que ele foge do tema como Maomé do toucinho. E foge porque sabe não ter outra solução senão andar à volta, dizer que vai fazer qualquer coisa (leia-se habitação económica), quando não tenciona mexer numa palha que seja no processo especulativo que assombra Macau.

Há muito que se diz ser a habitação o problema mais sério que afecta a população da RAEM. Contudo, o Governo continua a enterrar a cabeça na areia e a pensar que poderá encontrar um caminho em que os especuladores não saiam prejudicados. Não parece ser fácil e a questão arrisca-se a transformar-se no calcanhar de Aquiles deste Executivo: uma porta certa para quem o quiser questionar, incluindo a sua actual legitimidade.

Macau. FALTA DE RESPONSABILIZAÇÃO É “A MAIOR FALHA” DA ADMINISTRAÇÃO



Para Melinda Chan é preciso que os titulares de cargos públicos sejam responsabilizados em situações em que se nota “falta de capacidade administrativa do Governo”, assinalou ontem a deputada em interpelação oral antes da ordem do dia. Entre os exemplos dados por Melinda Chan estão a “baixa eficácia administrativa”, a “morosidade na apreciação e autorização administrativas”, as derrapagens orçamentais e “a questão da indemnização por causa da exploração exclusiva da antena comum”, disse referindo-se ao caso da indemnização de 200 milhões de patacas paga pelo Governo à TV Cabo. 

Por tudo isto, a deputada assinalou que “apesar das consequências graves [das suas acções], tais como o grande desperdício dos dinheiros do erário público ou prejuízo dos interesses dos cidadãos, desde que não violem a lei, não haverá lugar à efectivação das suas responsabilidades administrativas”. E isto é algo que a deputada lamenta.

“Se só existir louvor, sem responsabilização nem castigo, os titulares de cargos não terão medo e, assim, atrevem-se a ter uma actuação administrativa e a governar à toa”, defendeu Melinda Chan assinalando que a falta de um mecanismo de responsabilização é “a maior falha no regime actual de governação”.

Ponto Final

NUVEM TÓXICA CAUSA 19 MORTES NA INDONÉSIA



Fumaça de queimadas agrícolas cobre um terço do país e já afeta mais de 25 milhões de pessoas. Mais de 500 mil sofrem de problemas respiratórios. Voos são cancelados e escolas, fechadas.

ubiu para 19 o número de mortos devido à poluição atmosférica causada pelas queimadas agrícolas na Indonésia, afirmou o governo nesta quarta-feira (28/10). Há três meses que a fumaça se espalha pelo país, forçando o fechamento de escolas e o cancelamento de voos.

Segundo autoridades, as vítimas são da ilha de Sumatra e de Kalimantan, a parte indonésia da ilha de Bornéu, onde os incêndios são causados por agricultores para "limpar o solo" – prática que, apesar de proibida, é comum no país. As recentes chuvas diminuíram os impactos da fumaça, mas não foram suficientes para apagar o fogo.

De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 500 mil pessoas sofrem de problemas respiratórios devido à fumaça e mais de 25 milhões de indonésios foram afetados pela poluição atmosférica causada pelos incêndios.

Imagens de satélites mostram que um terço do território indonésio está coberto pela fumaça, que chegou até a capital, Jacarta, localizada na ilha de Java. Os efeitos podem ser sentidos também nos países vizinhos Malásia e Cingapura.

Segundo o Ministério das Florestas, os incêndios já queimaram mais de 1,7 milhão de hectares. A Marinha evacuou regiões vulneráveis. O presidente indonésio, Joko Widodo, visitará as áreas atingidas no final de semana, depois de encurtar sua visita aos Estados Unidos por causa dos incêndios.

O governo da Indonésia destacou navios de guerra para entregar máscaras, tendas e auxílio médico a milhares de pessoas afetadas pela névoa dos incêndios. Três navios de guerra chegaram a Kalimantan com equipes médicas, tendas e máscaras de proteção.

O porta-voz militar da Indonésia, Tatang Sulaiman, disse à agência de notícias AFP que o plano passa por construir abrigos temporários com purificadores de ar, sendo que os barcos também podem servir como centros de evacuação caso necessário.

O governo também destacou cerca de 30 aeronaves para tentar apagar os incêndios, combatidos ainda por 22 mil soldados no solo.

De acordo com especialistas, desde setembro, na maioria dos dias, a Indonésia lançou na atmosfera mais dióxido de carbono do que a média diária dos Estados Unidos, segundo maior poluidor do mundo. Especialistas alertam ainda que a situação é agravada pelo clima extremamente seco causado pelo fenômeno El Niño.

A Agência Nacional de Gestão de Desastres da Indonésia estima que os incêndios estejam completamente apagados somente no final de novembro ou no início de dezembro.

CN/afp/dpa/rtr/lusa – Deutsche Welle

Timor-Leste. DÍLI ACOLHE EM NOVEMBRO FÓRUM DA JUVENTUDE DA CPLP



Díli, 28 out (Lusa) - O papel dos jovens como "novo paradigma para a transformação global" é o tema central do Fórum da Juventude (FJ) da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que decorrerá em novembro em Díli, Timor-Leste.

O encontro, que reúne representantes de associações de jovens e estudantes dos nove Estados lusófonos decorre entre 09 e 12 de novembro, terminando no dia do 24.º aniversário do massacre de Santa Cruz.

Será a primeira vez que Timor-Leste acolhe uma reunião da juventude da CPLP, com a organização a cargo do Conselho Nacional da Juventude de Timor-Leste (CNJTL) que tem previsto várias atividades durante os dias dos encontros.

Trata-se, explica a presidente do CNJTL, Maria Soares Magno, de ajudar a "manter e aprofundar os laços de amizade, cooperação, solidariedade e diálogo intercultural entre os jovens lusófonos".

Ao mesmo tempo, responder "ao desafio da defesa e promoção dos direitos humanos, do desenvolvimento e da interdependência no espaço da CPLP".

O FJ arranca na segunda-feira, dia 08, com o primeiro-ministro timorense, Rui Maria de Araújo, e o secretário de Estado da Juventude e Desporto, Leovigildo da Costa Hornai, a darem as boas vindas às delegações.

CPLP e globalização, educação e desafios da globalização, jovens e empreendedorismo, identidade cultural versus globalização e o papel da mulher são os temas em debate no seminário previsto para esse primeiro dia.

No dia 10 decorre a Assembleia Geral do FJ da CPLP e a Assembleia Geral Ordinária onde se debaterá a Declaração de Díli e o dia 11 está reservado para várias visitas à Presidência, Palácio do Governo, Parlamento, Escola Portuguesa Ruy Cinatti e ao Arquivo e Museu da Resistência Timorense.

A 12, aniversário do massacre de 1991, pelas forças indonésias, no cemitério de Santa Cruz, está prevista uma marcha entre a Igreja de Motael e o Cemitério de Santa Cruz, a leitura e assinatura da Declaração de Díli e as comemorações culturais do Dia Nacional da Juventude.

ASP // MP

Timor-Leste quer facilitar entrada na Indonésia aos convidados do aniversário da independência



Díli, 28 out (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros timorense disse hoje à Lusa que pretende facilitar o processo de vistos de entrada na Indonésia aos convidados que queiram participar nas celebrações do 40.º aniversário da independência de Timor-Leste.
"Estamos a falar com a Indonésia para facilitar a questão no que toca aos convidados. Eles entregam-nos o passaporte e nós tratamos dos vistos, por isso não haverá problemas", disse à Lusa Hernâni Coelho.

Dificuldades técnicas, do lado indonésio, complicam a viagem por terra entre Timor-Leste e o enclave de Oecusse-Ambeno, que acolhe em novembro as celebrações dos 40 anos da declaração unilateral da independência de Timor-Leste e os 500 anos da chegada dos primeiros navegadores portugueses à ilha.

Hernâni Coelho disse à Lusa que, por enquanto, "os vistos têm de ser pedidos na embaixada indonésia em Díli, porque não há infraestruturas e condições para conceder visto à chegada nos postos fronteiriços".

"O processamento do visto é normal, aplicável por cada país com a suas regras próprias. É óbvio que, aqui na fronteira, temos uma situação um pouco mais difícil que noutros pontos de entrada na Indonésia por causa da não-existência do sistema digitalizado para poder obter o visto à chegada, como ocorre noutros locais", disse.

"Está a ser negociada essa questão e a possibilidade de abrir entre cinco a nove pontos de entrada que tenham o equipamento e que possibilitem este tipo de visto", disse.

Um processo, afirmou, que não vai ficar concluído a tempo das celebrações mas que não será um problema para os convidados - "quatro a cinco países já confirmaram que estarão representados a nível de chefe de Estado e de Governo".

"Não vemos grande problema nesta questão", disse, explicando que Timor-Leste está a negociar a abertura de um acesso especial para os convidados dos eventos previstos para os dias 26 a 28 de novembro.

Entretanto, uma delegação de Timor-Leste, liderada pelo secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Francisco Cepeda, e que integra representantes de vários gabinetes, está em Surabaya para contactos com as autoridades indonésias sobre a fronteira marítima.

O MNE informou em comunicado que a reunião, que decorre quinta e sexta-feira, surge depois de reuniões mantidas em Díli em setembro e analisará os termos de referência e plano de trabalho do processo de negociação entre os dois países sobre esta matéria.

ASP // JPS

TRIBUNAL CONDENA EX-SECRETÁRIO DE ESTADO TIMORENSE A 12 ANOS DE CADEIA



Suai, Timor-Leste, 28 out (Lusa) - O Tribunal Distrital de Suai, a 180 quilómetros sudoeste da capital de Timor-Leste, condenou o ex-secretário de Estado das Obras Públicas Domingos Caeiro a uma pena de 12 anos de prisão por quatro crimes económicos.

Na mesma sentença, divulgada hoje pela imprensa timorense, foi ainda condenado o ex-coordenador regional de Obras Públicas em Maliana, José Augusto, a uma pena de 10 anos de cadeia, por irregularidades em projetos de estradas nesta região do país.

A decisão do coletivo de juízes é passível de recurso para o Tribunal de Recurs, em Díli, foi confirmada aos jornalistas.

Domingos Caeiro, que integrou o IV Governo constitucional, liderado por Xanana Gusmão, foi condenado pelos crimes de abuso de poder, administração danosa, falsificação documental e participação económica em negócio.

Este não é o primeiro membro de um executivo a ser condenado em Timor-Leste, tendo a anterior ministra da Justiça (também do IV Governo), sido condenada a cinco anos de cadeia em 2012.

Já este ano, em julho, foi condenado o ex-ministro da Educação, João Câncio Freitas, a uma pena de sete anos de cadeia e à restituição de 500 mil dólares pela sua participação económica na criação do projeto da Televisão da Educação.

Esse processo envolveu ainda o ex-diretor-geral do Ministério da Educação, Tarcisio do Carmo, condenado a uma pena de prisão de três anos e meio e à restituição de 200 mil dólares.

A decorrer desde o início de outubro está o julgamento da ex-ministra das Finanças Emília Pires e da ex-vice-ministra da Saúde Madalena Hankam que são acusadas da prática de crimes de participação económica em negócio e administração danosa.

Pires e Hankam são acusadas de alegadas irregularidades na compra de centenas de camas hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da ex-ministra das Finanças, com um suposto conluio entre os três para a concretização do negócio, no valor de 800 mil dólares (cerca de 720 mil euros).

Responsáveis da Comissão Anti-Corrupção (CAC) timorense explicaram que cerca de 30 dos quase 100 casos que investigou, dizem respeito a membros dos IV e V Governos constitucionais ou de outros executivos anteriores.

ASP // ARA

PRIMEIRO AVIÃO DE TIMOR-LESTE ATERRA EM DÍLI



Díli, 28 out (Lusa) - O primeiro avião comercial de Timor-Leste, um Twin Otter 400 para 19 passageiros e que representa um investimento de cerca de sete milhões de dólares, aterrou hoje na cidade de Díli, depois de uma longa viagem desde o Canadá.

As principais individualidades timorenses estiveram no Aeroporto Presidente Nicolau Lobato, em Díli para receber o avião, adquirido pela Autoridade da Região Administrativa da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM).

O avião, que vai ser pilotado por quatro pilotos timorenses que receberam formação no Canada, permitirá ligações com o enclave de Oecusse e a ilha de Ataúro, numa primeira fase e, progressivamente, com outras cidades de Timor-Leste, quando as pistas estiverem em condições.

Para chegar a Díli o avião teve já um primeiro 'batismo de voo' até Timor-Leste, com uma viagem de 15 horas do Canadá para Honololu, de 12 horas até Port Moresby (Papua Nova Guiné) e mais 10 horas até Díli.

Mari Alkatiri, responsável da ZEESM disse à Lusa que fomentar as ligações marítimas e aéreas é vital para um país com as características de Timor-Leste.

"Usar a comunicação pela via área num país que é uma meia ilha é algo de suma importância. A nossa economia não se deve limitar à economia doméstica. Temos que atrair investidores e a aviação facilita isso", afirmou.

Questionado sobre as críticas ao custo do avião, Alkatiri disse que há sempre opções mais baratas, mas que neste caso se optou por "algo de maior resistência e melhor para o terreno" timorense.

O primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo, afirmou à Lusa que o Governo tem que investir mais na sua rede de transportes, um processo progressivo que já está em curso.

"Como ilha que somos vamos ter que explorar o máximo possível a nossa condição de ilha e facilitar os transportes nesse sentido. Um exemplo concreto: a viagem da costa norte para a costa sul leva 4 a 5 horas", disse.

"Se os transportes aéreos e marítimos vierem a ser otimizados essa duração pode ser menor e facilitar a deslocação dos bens e serviços e das pessoas também", sublinhou.

Para 2016, o Governo manterá o investimento em Oecusse, estando previsto um orçamento em torno dos 200 milhões de dólares (180 milhões de euros), "para haver continuidade" do projeto, estando a estudar-se investimentos noutras zonas do país, com um processo "faseado nos próximos 15 anos".

Na cerimónia, Rui Araújo disse que esta é uma "aposta visionária" que se enquadra na estratégia de desenvolvimento, permitindo ligar como nunca as populações de Timor-Leste.
"Até agora para chegar a Oecusse era como ir visitar um outro quarto da nossa casa e termos que passar pela casa do vizinho", afirmou.

Mari Alkatiri explicou que com o novo avião a viagem a Oecusse torna-se ainda mais fácil, juntando-se aos meios marítimos já existentes e em fase de construção, entre os quais um novo ferry que está a ser fabricado em Portugal e um novo navio rápido já a funcionar.

"É o primeiro avião de Timor-Leste. Nosso. Sem ser alugado", disse.

A Presidência da República timorense foi a primeira instituição a recorrer ao avião, tendo já marcado 15 lugares para uma visita em breve a Oecusse.

A viagem até Oecusse deverá demorar cerca de 40 minutos.

ASP // VM

A ELETRICIDADE, A INFORMAÇÃO E A DEMOCRACIA SÃO PARA POUCOS EM MOÇAMBIQUE



Emildo Sambo -@Verdade

Nas últimas eleições realizadas em Moçambique, ainda contestadas pela Renamo, como de costume, foram uma espécie de regabofe, “pintámos o país de cores partidárias, alugámos carros, pensões, hotéis, (...) aviões, helicópteros e gastámos, em 40 dias” do escrutínio “o equivalente ao que às cinco províncias mais pobres” do país ”têm como orçamento durante dois anos”, segundo o filósofo e Professor Severino Nguenha, que considera tal situação um dispêndio imoral comparativamente à qualidade de vida dos moçambicanos. Destes, nas suas palavras, mais de metade não tem electricidade, pelo que “a informação atinge poucos” e a democracia é também para poucos.

Focando a sua análise nas eleições de 15 de Outubro passado, o académico, que foi o primeiro orador da sexta edição da semana de comunicação da Escola Superior de Jornalismo, sob o lema "A Comunicação e Informação como Base para a Democracia e o Desenvolvimento em Moçambique ”, defendeu que o modelo de política nacional é uma herança do Brasil e dos Estados Unidos da América (EUA). Este último país pode efectuar gastos excessivo em processos eleitorais porque a sua robustez económica o permite; porém, do ponto de vista moral é errado, pois na mesma nação há também muita gente que não dispõe de condições para sobreviver. No Brasil, que enfrenta numa crise sem precedentes, em cada eleição “o esbanjamento de meios é desproporcional” à condição social das pessoas.

Com estes dois exemplos, Severino Nguenha pretendia demonstrar que os problemas da nossa democracia e de outros países africanos são um resultado da cópia do modelo de democracia ocidental. Por conseguinte, é disfuncional e não permite um debate de ideias e os efeitos fazem-se sentir na governação e falta de crítica por parte dos cidadãos.

“Parece-me que em Moçambique deixámos de ter partidos políticos” e temos “aparatos políticos. Temos uma aparatocracia. (...) Os partidos políticos são animais novos, que nasceram de indivíduos com visões diferentes ou contrapostas sobre a sociedade (...). O que faz com que as pessoas estejam juntas na Frelimo, no MDM e na Renamo são os interesses” de grupos, por que torcem para que as suas facções políticas vençam cada escrutínio no sentido de obterem mais oportunidades de tacho, e “não pela crença de valores” que defendem.

Nas eleições dos últimos oitos anos, de acordo com Nguenha, surgiram na Imprensa moçambicana ciber-intelectuais (alguns eram jornalistas), que cobriam os programas de televisão, de rádio, e as manchetes dos jornais com as suas opiniões sobre a dinâmica política nacional. Nos dois primeiros órgãos de comunicação ocupavam-se espaços de antena com comentadores que pensavam de forma unânime, com o grande perigo de confundirem a opinião com a verdade, “de sermos instrumentalizados (...)”.

Nas suas abordagens, no evento em alusão, o filósofo fazia interface com o campo de comunicação e informação, e não pôde esconder os seus calafrios em virtude de uma alegada má prestação de serviços por parte deste sector. Na óptica de Nguenha, a comunicação social está a desviar-se da sua missão por conta de uma excessiva ideologização política com a finalidade de homogeneizar as mentes.

O argumento do orador foi de que a filosofia – sua área de actuação – considera a comunicação uma área de alienação, cujo grande perigo é a ideologização, e, em vez de se preocupar com a verdade, limita-se, tendenciosamente, a dar um parecer orientado. Por isso, ela não informa, mas “formata os espíritos através de opiniões erradas, ou pelo menos tendenciosas, derivadas de uma orientação política bem determinada”.

G40 para “vender o peixe” do regime

Em Moçambique, nas vésperas das eleições, falou-se bastante dos “macuacuinhas” ( uma expressão criada por Machado da Graça), ou seja, do famigerado G40, criado por Edson Macuácua. Para Nguenha tratou-se de uma ala composta por indivíduos que tinham como missão não informar, mas formatar, convencer e fazer passar por verdade aquilo que era uma opinião ideológica (...).

“O que me parece grave em Moçambique é que dos 'macuacuinhas' nasceram os 'anti-macuacuinhas', que “são tão graves na posição quanto os 'macuacuinhas (...)', disse o professor acrescentando que se os estes são um problema, por serem ideologicamente teleguiados, os 'anti-macuacuinhas' são também um estorvo na medida em que defendem os interesses do seu grupo.

Para o filósofo, no país há falta de um jornalismo crítico, capaz de “mostrar as diferentes facetas” do que veicula, para que os receptores, por sua vez, possam tomar decisões críticas. Ao longo das últimas décadas, o que os media fizeram foi transformarem-se em instrumentos de “de perigo à sociedade”. A piromania passou a ser evidente à medida que a classe age tal como os bombeiros. Uma certa imprensa, não pró-regime, é sensacionalista de tal sorte que atiça para a arruaça, não pacifica, nem unifica e tão-pouco cria coesão social. É preciso que haja um informação que ajude o leitor a tomar uma posição perante determinados assuntos com conhecimento de causa (...).

Gente sem electricidade é também desprovida de informação

Num outro desenvolvimento, Nguenha virou o cano para a televisão, tendo afirmado que num país onde 70% da população não têm electricidade não é verdade que os serviços destes canais abrangem a todos. “Como é que fazem esse milagre?”, questionou e fundamentou afirmando que isso significa que “a comunicação cobre o Moçambique físico e não o Moçambique humano (...)”.

Tirar mais moçambicanos da escuridão...

Todavia, no país, segundo dados do Executivo na Proposta do Plano Económico e Social (PES) apenas 45,3% dos habitantes têm energia eléctrica e espera-se que até ao fim de 2015 o número de beneficiários aumente para 47%, o que significa que a electricidade ainda será um luxo para milhares de moçambicanos, a par do que vai acontecer com a água potável, que neste momento só beneficia 64% da população.

Esta situação mostra que grande da população moçambicana ainda sem acesso à energia eléctrica e ao precioso líquido, por exemplo, não vai beneficiar desses e outros serviços até 2019, altura em que cessa o mandato do actual Governo, cujo Presidente, Filipe Nyusi, prometeu aos seus compatriotas uma vida melhor “num país cada vez mais iluminado, muito para além das sedes distritais, com fontes de energia diversificadas, com mais acesso a água potável e a infra-estruturas de saneamento...”.

Por outro lado, nos próximos 40 anos, em 2055, é que, talvez, o país estará completamente iluminado e com mais gente a beneficiar de água potável e um saneamento do meio com qualidade.

Em 2015, o Executivo espera efectuar 100 mil novas ligações e electrificar sete sedes distritais, sendo quatro na Zambézia (Luabo, Muelevala, Mulumbo e Dere), dois em Tete (Marara e Doa) e um em Manica (Macate), bem como seis postos administrativos e vilas a partir de sistemas solares, nomeadamente Machubo, Calanga, Napulanguene e Pajane (Maputo), Machulane, Thevene e Nguezene (Gaza) e Chinamacondo, Muziwagungune e Condzo (Sofala).

No seu PES, o Governo promete ainda assegurar qualidade no fornecimento da corrente eléctrica, a qual tem sido deveras baixa em muitas zonas do vasto território moçambicano, incluindo nos centros urbanos.

Ainda em relação à oração de Nguenha, estes disse que hão há nenhuma província no país onde não haja canais de televisão, mas o número de pessoas que acede, quer à informação, quer ao diálogo com os protagonistas das vida política, é exíguo, declarou o académico e sustentou que por estas e outras razões a nossa democracia é de poucos, a nossa informação atinge poucos e o nosso diálogo tem a ver com poucos (...), relativamente a um muita gente que “constitui o que chamamos Moçambique”.

Jornais urbanos e para minoria

No tange à imprensa escrita, temos uma série de jornais em que cada um defende uma certa ala e serve os seus interesses, disse Nguenha. “A gente chega a aberrações tais como” em certos veículos de comunicação e informação nunca encontrar uma coisa negativa sobre a Frelimo e noutros nunca se publicar alguma coisa positiva sobre o mesmo partido. “Entramos num clima em que as ideologias dominam e comandam a informação”.

Aliás, acrescentou o Professor, os jornais são vendidos (99%) em Maputo, da Avenida Julius Nyerere à estátua Eduardo Mondlane e quando chegam à periferia ninguém quer saber deles. A nossa comunicação “cobre um espaço reduzido” do país real.

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