terça-feira, 17 de novembro de 2015

Portugal. UM PRESIDENTE A GOZAR COM O PAGODE



"O país é ele e se ele pôde esperar, o país também pode. Argumenta igualmente com 2009, que afinal é 2004 e 2011, esquecendo que os governos em gestão dessa altura estavam longe de ter que apresentar um orçamento e, portanto, também não tinham essa pressão."

Paulo Baldaia*  - TSF, opinião

Mas qual é a pressa? O Presidente não tem nenhuma. Argumenta que esteve cinco meses em gestão nos idos de 1987, há quase 30 anos, numa altura em que não havia euro, nem semestre europeu, nem Bruxelas a pedir-nos um draft do orçamento.

O país é ele e se ele pôde esperar, o país também pode. Argumenta igualmente com 2009, que afinal é 2004 e 2011, esquecendo que os governos em gestão dessa altura estavam longe de ter que apresentar um orçamento e, portanto, também não tinham essa pressão. Coisa que agora também podia não existir, se o mesmo presidente tivesse antecipado as eleições, dando tempo a si próprio para estudar melhor todos os cenários que já estavam estudados.

Um Presidente que nos informa que está "a recolher o máximo de informação junto daqueles que conhecem a realidade social, económica e financeira portuguesa para dar indicações ao poder político quanto às linhas..." e que acrescenta que sabe muito bem o que aconteceu quando esse tal poder político não cumpriu essas "orientações adequadas". É o mesmo Chefe de Estado que ouve confederações patronais e depois associações disto e daquilo, associações que fazem parte das confederações que já tinha ouvido, achando que são elas que têm de dizer aos representantes do povo que caminho devem seguir.

Estará convencido da inevitabilidade do seu raciocínio e convencido igualmente que todos os candidatos à Presidência da República estão errados quando lhe dizem que é preciso rapidez na decisão e que até Marcelo Rebelo de Sousa, da sua área política, diz o mesmo e lhe sugere que dê posse a um governo que possa governar.

Está tão bem instalado no Palácio de Belém que, tendo entrado já no período em que pode anunciar a data das eleições presidenciais, não o faz. Deixa para Marques Mendes, comentador e conselheiro de Estado. É no dia 24 de janeiro. Pode confirmar senhor Presidente ou o pagode não precisa de ter pressa nenhuma?

*Diretor da TSF

Portugal. “PAI” DA CONSTITUIÇÃO LEMBRA QUE HÁ UM ORÇAMENTO PARA APROVAR



Jorge Miranda diz à Renascença que “um Governo de gestão deve durar o menos tempo possível”.

O fim do ano aproxima-se e o país ainda não tem Orçamento para se governar em 2016. Jorge Miranda, o "pai" da Constituição, explica que os Orçamentos do Estado são aprovados pela Assembleia da República.

“O Orçamento não é aprovado pelo Governo, é pela Assembleia da República, mas por iniciativa do Governo. Não há volta a dar”, afirma, acrescentando que “um governo de gestão deve durar o menos tempo possível”, precisamente para evitar constrangimentos.

“Eu recordo-me de, em 1983, quando o Presidente Eanes não aceitou a designação do professor Vítor Crespo para primeiro-ministro e desencadeou um processo que iria culminar na dissolução, ele só dissolveu a Assembleia da República depois de haver Orçamento aprovado”, lembra Jorge Miranda em entrevista à Renascença.

Um governo de gestão “é para gerir os assuntos correntes do dia-a-dia. Mas não é possível dizer quantos dias e quantas semanas deve durar, até porque as situações podem ser muito variáveis consoante os casos”.

Portugal deveria ter entregado à Comissão Europeia uma versão preliminar de Orçamento do Estado até dia 15 de Outubro. Não o fez, com a justificação de que ainda não tinha sido constituído Governo.

O Presidente da República recordou esta segunda-feira que enquanto primeiro-ministro esteve cinco meses em gestão.

Na opinião do economista Álvaro Santos Almeida, consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI), se não houver Orçamento até dia 31 de Dezembro, haverá “consequências importantes, porque passaremos a viver sob o regime de duodécimos, o que significa que o Orçamento para o mês de Janeiro é 1/12 do Orçamento do ano anterior”.

No campo militar, e face ao actual cenário mundial, se Portugal fosse chamado a participar numa coligação para combater o Estado Islâmico, o constitucionalista Jorge Miranda explica que “se for uma colaboração efectiva, um governo de gestão pode fazer, mas se for para constituir aliança militar é diferente”, pois “um governo de gestão não pode enviar tropas para um cenário de combate”.

Renascença - Foto: Miguel A. Lopes/Lusa

Portugal. VISTOS GOLD – MIGUEL MACEDO ACUSADO DE QUATRO CRIMES



O Ministério Público acusa o antigo ministro da administração interna de três crimes de prevaricação de titular de cargo político e um de tráfico de influência.

Miguel Macedo, que se demitiu há um ano por suspeitas de envolvimento no chamado caso dos vistos dourados, acaba de conhecer os crimes de que é acusado.

De acordo com o jornal online Observador, são quatro: três de prevaricação de titular de cargo político; e um de tráfico de influência. São crimes que, alegadamente, foram praticados enquanto desempenhava as funções de Ministro da Administração Interna, no primeiro governo de Pedro Passos Coelho.

O Observador escreve que estão em causa atos ilícitos que terão favorecido a rede dos Vistos Gold, em concreto: a intervenção na nomeação de um funcionário dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, que estava sob a tutela de Miguel Macedo, para a embaixada de Portugal em Pequim, na China. Macedo terá também interferido num processo fiscal relacionado com a farmacêutica Octapharma - empresa que contratou José Sócrates como consultor.

A TSF já contactou da Procuradoria-Geral da República e aguarda uma resposta.

TSF – Foto Paulo Spranger/Global Imagens

Brasil. “SOMOS TODOS IDIOTAS?”



Referência de sucesso da privatização tucana, a Vale distribuiu em 2011 US$ 4 bilhões a seus acionistas, mas não instalou buzinas que salvariam pessoas da lama.

Saul Leblon – Carta Maior, editorial

A ilusão de que a barbárie é um processo incremental que se desenvolve em algum ponto remoto do planeta, ou do calendário, ofusca uma rotina de convívio com a sua plena vigência nos dias que correm.

A matança em Paris na última sexta-feira, o avanço de um mar de lama assassina no interior brasileiro, são ilustrações de uma transição de ciclo histórico, cuja raiz é sonegada ao discernimento social pela semi-informação emitida do aparelho midiático conservador.

A cada soluço do inaceitável ergue-se, assim, a boa vontade dos que farejam algo estranho arranhando a porta do lado de fora.

Em janeiro, dizíamos ‘Somos todos Charlie’.

Em setembro dissemos ‘Somos todos Aylan Kurdi’ ( o menino curdo de três anos, morto em uma praia na Turquia).

Em novembro estamos dizendo ‘Somos todos franceses’, pranteando a centena e meia de jovens assassinados em uma única noite em Paris.

Por que estamos sendo jogados periodicamente a nos identificarmos com vítimas de uma tragédia que se abate sem que se possa detê-la, nem explicar de onde se origina e por que se repete em formas diversas com a mesma gravidade?

A lista é interminável.

Se a mídia desse a ênfase adequada a outros  dramas equivalentes, por certo teríamos dito também  ‘somos todos gregos’, ‘somos todos sírios’,  ‘somos todos africanos’, ’somos todos desempregados europeus’, somos todos despejados espanhóis, somos todos líbios, iraquianos, iranianos, pretos americanos pobres...

Se desse hoje o alarme suficiente à lamacenta catástrofe promovida pela Vale, em Minas Gerais, estaríamos dizendo ‘Somos todos rio Doce’....

A solidariedade exclamativa é importante ao evidenciar a nossa inquietação.

Mas é insuficiente.

Quando o que está em jogo é a incompatibilidade entre a ganância estrutural dos mercados e a dos impérios, de um lado; e a sobrevivência do interesse público, de outro, a boa intenção exclamativa, a exemplo da caridade cristã, não é capaz de afrontar os perigos que acossam as bases da sociedade e o seu futuro.

A desordem mundial, movida a incertezas, brutalidades psicopatas, insegurança social permanente e colapsos recorrentes movidos a forças intangiveis, não retrocederá se não for afrontada com anteparos do interesse público dotado de ferramentas à altura do desafio: Estados nacionais democraticamente fortalecidos.

A ausência de coordenação global entre economias, a subordinação da democracia a interesses financeiros que se dedicam a esvaziá-la, a incompatibilidade entre a acumulação irracional e a sobrevivência dos recursos que formam as bases da vida na terra, não serão superados com boas intenções de organismos não governamentais.

A crise de 2008 foi o sintoma desse corredor estreito da história para onde estão sendo tangidas referências e conquistas acumuladas pelas lutas democráticas e populares desde os primórdios do século 20 e antes dele.

Ao contrário do que recitam colunistas agendados pelos departamentos de economia dos bancos, ela não acabou.

O cerco em marcha se estreita, como evidenciam os acontecimentos de Paris, ou seus equivalentes na Síria.

A emergência do ciclo neoliberal nos anos 70 deu carta branca à ganância rentista, confiante na expertise do dinheiro para alocar recursos com maior eficiência ao menor custo, tendo o globo como tabuleiro cativo.

Os alicerces da democracia social  (o pleno emprego, direitos universais, Estado, partidos e sindicatos forte) foram corroídos.

Sob explosões de bolhas, bombas, desemprego, náufragos,  governos e nações acuadas por defenderem a destinação social do desenvolvimento, o século 21 assiste agora aos efeitos colaterais dessa troca.

Um poder de chantagem ímpar, dotado de mobilidade sem igual na história do capitalismo ungiu o bunker financeiro em carrasco das nações.

O preço da mutação é o novo normal sistêmico.

A desigualdade cresce, o emprego definha, o endividamento asfixia famílias e Estados, a política se desmoraliza, fundos e acionistas enriquecem em uma sociedade que vegeta, e sobretudo, quando ela empobrece.

A barragem acumula rejeitos de todas as raças, cores e religiões.

Não há lugar para todos serem a mesma coisa em parte alguma nessa engrenagem seccionada por diques que separam vidas sólidas de massas líquidas  lamacentas.

Se o Estado é capturado integralmente pelos mercados, as pontes para a construção de laços de valores compartilhados entre as nações e dentro das nações ficam intransitáveis.

Os terroristas que mataram 127 jovens em uma só noite em Paris diziam exatamente isso enquanto disparavam:

‘Vamos fazer com vocês o que vocês fazem na Síria’, em alusão ao intervencionismo aberto do governo Hollande que se estende da Síria ao Iraque, do Iraque a nações africanas.

Estamos falando de um governo socialista, ou melhor, de mais um sintoma da doença maligna que faz da política o novo idioma do caos.

A chave religiosa apenas reforça esse hospício ordenado pela razão financeira, que instala uma guerra social aberta de abrangência global, em nosso tempo.

Frentes conflagradas espalham-se pelos mapas das nações e dentro de cada uma delas, nas periferias urbanas onde os rejeitos humanos dos embates se acumulam.

Volta e meia ali também as barragens se rompem.

A UE tem hoje 8 milhões de imigrantes sem papéis; 120 milhões de pobres e 27 milhões de desempregados.

Após seis anos de arrocho neoliberal para curar a trombose de 2008, o desemprego, a desigualdade, o futuro obscuro, o esfarelamento do padrão de vida dos trabalhadores e da classe média –condensado em uma geração de jovens que dificilmente repetirá a faixa de renda dos pais--  turbinou a rejeição ao estrangeiro, criou o medo da  'islamização, alimentou a extrema direita e liberou a demência terrorista dos alijados.

Não necessariamente nessa ordem, mas com essa octanagem.

A consciência dessa longa travessia é um dado fundamental para renovar a ação política num tempo de supremacia das finanças desreguladas, ungidas à condição de um templo sagrado, dotado de leis próprias, revestido de esférica coerência endógena, avesso ao ruído das ruas, das urnas e das aspirações por cidadania plena.

Corta. Feche o foco agora no Brasil dos dias que correm.

É nesse cenário de guerra aberta que o conservadorismo e seu jornalismo de propagação ‘acusam’ o governo de não ter jogado o país ao mar em 2008, como tantos ‘estadistas’ do ajuste fizeram.

O custo de não tê-lo afogado na hora certa –vertem boquirrotos economistas de bancos-- acarretou os custos insustentáveis que ora explodem em desequilíbrios fiscais e orçamentários

O ‘voluntarismo lulopopulista’ terá que ser pago a ferro e fogo, lambuza nossos ouvidos a voz pastosa do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, com seu conhecido domínio da macroeconomia.

Recomenda-se vivamente beber a cota do dilúvio desdenhada em 2008 de uma talagada só, como Joaquim Levy gostaria, encorajado pelo poleiro de tucanos da Casa das Garças.

Só há um jeito de escapar da loucura disfarçada de racionalidade: tirar a economia do altar sagrado da ortodoxia e expô-la ao debate democrático do qual participem todas as forças sociais, unidas em uma frente de propósitos específicos.

Novo corte para um close na gosma em movimento no Brasil.

Pode-se identifica-la literalmente na massa de lama derramada de uma barragem da mineradora Vale, que já atingiu nove municípios de Minas e do Espírito Santo e avança para matar 880 kms de rios, riachos, ribeirões e fontes.

Referência de sucesso da privatização tucana, recordista em distribuir dividendos a seus acionistas, a Vale durante anos só deixou 1% do lucro obtido na mineração de Mariana/MG ao município.

Em compensação, despejou agora 60 bilhões de litros de lama tóxica no seu entorno, uma lava que  viaja  pelo Rio Doce para compartilhar com o Espírito Santo a maior catástrofe ambiental da história brasileira.

A devastação está apenas no começo.

A convalescença pode demorar séculos.

Esse é o tempo –advertem geólogos-- para que a lama cuspida pela incúria gananciosa se transforme em solo fértil outra vez.

A Vale não vai cuidar do interesse público nessa longa mutação.

O governo Dilma já deveria ter montado um gabinete de crise para enfrenta-la e coagi-la a assumir custos, no limite com intervenção na empresa para saber a extensão das ameaças que esconde.

No vácuo, o prefeito Neto Barros (PCdoB-ES), de B.Guandu (ES), fez o que cabe diante das dimensões de um roteiro que começa com o colapso do abastecimento de água, avança para doenças, inclusive câncer, encerra a destruição de cadeias alimentares, representa a falência de agricultores e de cidades, e desemboca em desemprego, revolta e migrações para periferias conflagradas.

Neto Barros fechou a ferrovia da Vale com a patrulha de máquinas da prefeitura até que a presidência da empresa aceite negociar.

Pergunta: isso é terrorismo? É atentado?

Não.

Mutatis mutante isso é a reação desesperada à supremacia dos interesses de mercado sobre a segurança da sociedade, o bem-estar das populações, a preservação das fontes da vida e o direito ao futuro sonegados por um bombardeio de lama.

Numa entrevista famosa em 2009, ao portal da revista Veja, FHC justificou a venda da Vale do Rio Doce – que tinha em Serra o defensor mais entusiasmado, entregou o ex-presidente-- entre outras razões, ao fato de a 2ª maior empresa de minério do mundo ter se reduzido - na sua douta avaliação - a um cabide empregos estatal, 'que não pagava imposto, nem investia'.

Filho dileto do ciclo tucano das grandes alienações públicas, Roger Agnelli -presidente da Vale do Rio Doce de 2001 a 2011 -- foi durante anos reportado ao país como a personificação da eficiência privada reconhecida nessa transação.

Com ele, graças a ele, e em decorrência da privatização-símbolo que ele encarnou, a Vale tornou-se uma campeã na distribuição de lucros a acionistas.

Vedete das Bolsas, com faturamento turbinado pela demanda chinesa por minério bruto, que o Brasil depois reimportava, na forma de trilhos, por exemplo, --a única laminação para esse fim foi desativada pelo governo FHC-- a Vale tornou-se o paradigma de desempenho corporativo aos olhos dos mercados.

Um banho de loja assegurado pelo colunismo econômico, ocultava a face de um negócio rudimentar, um raspa-tacho do patrimônio mineral alçado à condição de referência exemplar da narrativa privatista.

Agora se vê o mar de lama acumulado por debaixo do veludo.

A 'eficiência à la Agnelli' lambuzou o noticiário pró-mercadista durante uma década de fastígio.

Da cobertura econômica à eleitoral, era o argumento vivo a exorcizar ameaças à hegemonia dos 'livres mercados' pelo lulopopulismo.

Projetos soberanos de desenvolvimento, como o da área de petróleo, eram fuzilados com a munição generosa da menina dos olhos do neoliberalismo: a Vale de balancetes nas nuvens.

A política agressiva de distribuição de lucros aos acionistas --na verdade um rentismo ostensivo, apoiado na lixiviação de recursos existentes, sem agregar capacidade produtiva ao sistema econômico-- punha na Petrobrás o cabresto do mau exemplo.

Era a resiliência estatista nacionalisteira, evidenciada em planos de investimento encharcados de preocupação industrializante e 'onerosas' regras de conteúdo local.

A teia de acionistas da Vale, formada por carteiras gordas de endinheirados, bancos e fundos, com notável capilaridade midiática, nunca sonegou gratidão .

Enquanto o mundo mastigava avidamente o minério de teor de ferro mais elevado do planeta, a Vale era incensada a cada balanço, seguido de robustas rodadas de distribuição de lucros e champanhe.

No primeiro soluço da crise mundial, em 2008, a empresa administrada pela lógica pró-cíclica dos rentistas reagiu como tal e inverteu o bote: foi a primeira grande empresa a cortar 1.300 trabalhadores em dezembro daquele ano, exatamente quando o governo Lula tomava medidas contracíclicas na frente do crédito, do consumo e do investimento.

A Petrobrás não demitiu; reafirmou seus investimentos no pré-sal, da ordem de US$ 200 bilhões até 2014.

Se a dirigisse um herói dos acionistas, teria rifado o pré-sal na mesma roleta da Vale: predação imediatista, fastígio dos acionistas e prejuízos para o país.

Em seu último ano na empresa, Agnelli  --apoiador confesso da candidatura derrotada de Serra contra Dilma, em 2010--  distribuiu US$ 4 bi aos acionistas.

Saiu carregado nos ombros da república dos dividendos.

Indiferente aos apelos de Lula, manteve-se até o fim fiel à lógica que o ungiu: recusou-se a investir US$ 1,5 bi numa laminadora de trilhos que agregasse valor a um naco das quase 300 milhões de toneladas de minério bruto exportadas anualmente pela empresa.

Com a derrota de Serra, o conselho da Vale destituiu o camafeu ostensivo da coalizão tucanorentista, em abril de 2011.

Agora se sabe que o centurião de alardeada proficiência administrativa, além de recolher apenas 2% de royalties ao país, nunca conseguiu reunir recursos para instalar uma simples buzina, que poderia ter salvo vidas levadas pelo mar de lama que legou ao país, enquanto brindava os acionistas com bilhões.

Estamos diante de um exemplo em ponto pequeno da desordem global, que à falta de melhor conceito, pode ser batizada de barbárie de mercado.

É rudimentar conceito. Porém é mais encorajador do que dizer apenas e tristemente ‘somos todos idiotas’.

Brasil. Entrevista da consulesa da França no programa do Jô foi uma aula sobre racismo



Alexandra Loras “quebrou tudo” no Programa do Jô. A consulesa da França em São Paulo, que já desenvolveu pesquisas sobre a visibilidade das minorias na mídia, foi performática, reflexiva, e deu não somente uma aula sobre racismo, mas sobre como lidar com as câmeras, com o tempo curto da TV, com a plateia do estúdio e o público de casa.

Cidinha Silva, DCM – Pragmatismo Político

Alexandra Loras, consulesa da França em São Paulo quebrou tudo no Programa do Jô (vídeo abaixo). Sua entrevista teve repercussão maior do que a participação no Esquenta, Amaury Júnior e mesmo em programas sérios de jornalismo. Acontece que Jô Soares e sua produção constituíram um produto televisivo formador de opinião, principalmente da claque universitária que disputa vagas no auditório diariamente.

A consulesa, por sua vez, sabe lidar com as câmeras, com o tempo curto da TV, com a plateia do estúdio e o público de casa. Também manejou bem o entrevistador que costuma intimidar muita gente e a alguns sequer deixa falar. Além do carisma pessoal e de todos os encantos de uma mulher muito segura de si, Alexandra Loras é jornalista e desenvolveu pesquisas sobre a visibilidade das minorias na mídia. Tem também no currículo sete anos como apresentadora de TV na França.

Na entrevista do Jô ela foi performática e reflexiva. Assim, quando o apresentador perguntou se ela já havia passado por preconceito no Brasil, a consulesa sorriu e disparou: ah, era essa a pergunta que você queria me fazer. Foi uma rasteira na previsibilidade das abordagens que pretendem tratar a discriminação racial como tema ameno, aprazível para o café da tarde.

A performance vive o segundo grande momento quando a entrevistada exemplifica uma situação discriminatória vivenciada no exercício protocolar da diplomacia francesa ao receber os convidados de uma recepção na porta da Embaixada. Ela conta que várias pessoas a ignoram, não a cumprimentam, passam por trás dela. Seu discurso não deixa dúvidas de que isso ocorre porque é negra. Não há espaço para o apresentador tergiversar ou sofismar baseado nas relativizações que o brasileiro médio faz sobre o racismo e suas manifestações.

No terceiro ato Alexandra Loras bate bola com o apresentador, muda de lugar e o entrevista. Formula perguntas sobre expressões de racismo e segregação no Brasil, usa como exemplo o uniforme branco das babás. Sua larga experiência internacional é usada para dar suporte à afirmação.

A novidade é a possibilidade de a consulesa emitir uma voz negra crítica neste programa e, de resto, na mídia brasileira. A rigor, ela diz coisas que o Movimento Negro contemporâneo diz há décadas. Sem escuta.

Abdias Nascimento numa situação política em que as mulheres negras não tinham voz disse que se faria cavalo delas, ou seja, emprestaria o corpo para que suas demandas se manifestassem. Alexandra Loras tem sido cavalo dos negros brasileiros. Tem emprestado seu corpo, elegância e sabedoria para, de maneira didática e espetacular, provocar as pessoas brancas a pensar o mundo ao revés. Ou seja, ela as força, em nome da boa educação, a ouvir uma preleção sobre os lugares de subalternidade construídos para as pessoas negras no mundo, nos quais, o exercício é fazer com que os brancos assumam a posição sociocultural dos negros.

É mesmo um espetáculo o que ela encena quando propõe que as pessoas brancas tirem a mochila do passado das costas e livrem-se das responsabilidades imputadas pelo escravismo e colonialismo. A seguir introduz a questão das cotas chamando-as de feias e humilhantes. A plateia que tinha um grito de insatisfação preso na garganta depois de toda aquela chatice de ver o mundo ao revés, vai para a galera e aplaude a performer em cena aberta. Enfim, a mulher belíssima e articulada entendeu o lado deles.

Só que não. Era pegadinha ou estratégia de comunicadora hábil. Alexandra Loras retoma as rédeas da situação depois de ter desnudado os privilégios brancos gozados pela audiência.

Se fosse técnica de futebol, a consulesa seria do tipo motivacional e manipularia os aspectos psicológicos dos jogadores para conseguir os resultados desejados. Mas, que nada. Seu tema predileto por aqui tem sido a explicitação do racismo que vivencia como mulher negra que circula elegantemente pelos espaços de elite no Brasil. Estamos diante de uma grande comunicadora que prima pelo raciocínio lógico e que usa uma flauta doce para encantar najas.


TIMOR-LESTE COM DERROTA RECORDE POR 10 – 0 CONTRA A ARÁBIA SAUDITA



Timor-Leste sofreu hoje, em casa, a sua maior derrota de sempre, perdendo 10-0 com a seleção da Arábia Saudita, em jogo do Grupo A asiático de qualificação para o Mundial de futebol de 2018.

A derrota foi a segunda goleada em menos de uma semana, tendo Timor-Leste perdido 8-0 contra os Emiratos Árabes Unidos na passada quarta-feira, em Abu Dhabi.

Timor-Leste continua no último lugar do Grupo A, com apenas dois pontos, em sete jogos, mais um do que os restantes adversários do agrupamento, liderado pela Arábia Saudita, com 16 pontos.

Al-Sahlawi marcou metade dos golos da sua equipa, dois dos quais por grande penalidade, tendo os restantes sido marcados por Osama Haswawi, Yahia Al Shehri, Al-Jassim, Hazazi e Al Muwallad.

Quatro dos golos foram marcados já depois do minuto 85.

ASP // NF - Lusa

TIMOR-LESTE E MOÇAMBIQUE ASSINA, ACORDO DE COOPERAÇÃO NO SETOR JUDICIAL



As procuradorias de Timor-Leste e Moçambique assinaram um acordo no setor judicial que fortalece a cooperação nas áreas de investigação, formação de quadros e troca de informação.

O acordo foi assinado em Maputo pelos procuradores-gerais dos dois países, o timorense José da Costa Ximenes e a moçambicana Beatriz Buchili, segundo informaram as autoridades em Díli.

Trata-se de um acordo com um calendário de cinco anos e que amplia um primeiro protocolo de cooperação na área da justiça assinado pelos dois países em 2011.

Nos últimos anos, os dois países têm cooperado em áreas como investigação criminal, ação penal, civil, comercial, laboral, administrativa, fiscal, aduaneira e na formação de magistrados, funcionários e oficiais de justiça.

José Ximenes explicou que no âmbito do acordo 15 magistrados timorenses deverão receber formação em Timor-Leste.

ASP // MP - Lusa

Moçambique. Curtas-metragens portuguesas exibidas a partir de hoje em Maputo



Oito curtas-metragens produzidas nos EUA por realizadores portugueses estão em exibição a partir de hoje em Maputo, integradas no NY Portugueses Short Festival 2015, anunciou o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, parceiro da iniciativa.

Segundo uma nota de imprensa enviada à Lusa, no âmbito do festival, serão passadas as curtas- metragens "Beasts", de Rui Neto e Joana Nicolau,"Emma's Fine", Miguel M. Matias, "Exit Road", Yuri Alves, e "Gu", de Pedro Marnoto Pereira.

Em cartaz estão também os filmes "OBBE", de Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro, "Rio", de António Pinhão Botelho, "Emília", de Diogo M. Borges, "Remissão Completa", Carlos Melim.

Os filmes "O Gigante", de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida, e "Amphi" (Iuri Monteiro e Inês Barroqueiro), participam no NY Portuguese Short Festival 2015 como convidados.

De acordo com a nota de imprensa, o NY Portuguese Short Film Festival, organizado pela primeira vez em junho de 2011, foi o primeiro festival de curtas-metragens portuguesas nos Estados Unidos.

O festival mostra o trabalho da nova geração de jovens realizadores portugueses e pretende ampliar e conquistar novos públicos para o cinema português, em todo o mundo.
As curtas foram selecionadas e submetidas à apreciação de um júri composto por figuras do meio cinematográfico Português.

Em paralelo com o NY Portuguese Short Festival, Moçambique vai também acolher uma mostra de cinco filmes do realizador português Rui Simões, com o roteiro que começa hoje em Maputo e termina no próximo dia 28, com temáticas que se cruzam com os Países Africanos de Língua Portuguesa.

O cartaz inclui os filmes "Guerra ou Paz", que estreou em abril, "Ole", "Ilha da Cova da Moura", "Kolá San Jon" e "Festa de di Kau Berdi".

Em entrevista à Lusa sobre "Guerra ou Paz", Rui Simões afirmou que o filme reúne testemunhos de desertores e refratários da guerra colonial e o próprio autor decidiu também dar a cara sobre o assunto.

"Com 22 anos fugi, fui-me embora, pedi asilo na Bélgica à ONU e fiquei durante dez anos com passaporte de refugiado. Isto diz-me respeito", afirmou Rui Simões.

PMA // APN - Lusa

O "JULGAMENTO" MAIS BIZARRO DO SÉCULO EM ANGOLA




Mesmo em se vivendo num país onde a justiça é a pior farsa nacional, o que aconteceu ontem (16) dentro e fora do Tribunal de Luanda foi absolutamente aquilo que qualquer ser racional considera de bizarro, perverso, vergonhoso e nojento.

Antes de tudo vale frisar que é mais uma nota zero para os juízes ao serviço de José Eduardo dos Santos (JES)/MPLA e da ditadura pois até lhes faltou vergonha na cara, senão teriam abandonado aquilo que mais se pareceu com um círculo onde eles eram os palhaços como figura principal.

Este ''julgamento'', apesar de ser o mais injusto e fantasiado, aumentou a sua importância por estarem desta vez envolvidas vítimas que estremeceram o regime, em especial  JES, apenas com canetas e livros com destaque para Luaty Beirão, que por pouco não vimos os seus carrascos festejarem a sua morte.

Os angolanos precisam, quanto antes, de  arranjarem estratégias de luta que lhes permitam se livrar desta fingida, apodrecida, pressionada e encomendada justiça, sob o risco disto se tornar em cultura nacional se é que já não é.

Quem olha para o rosto dos juízes sem juízo ao serviço da ditadura facilmente dá conta que são homens que vivem também pressionados pelo regime que os instrumentaliza e sob risco permanente em serem mortos caso não interpretem os julgamentos conforme o coordenado pela Casa Militar da Presidência da República em sintonia com o famigerado Procurador Geral.

Não faz tempo questionei o trabalho de um advogado da minha velha relação amistosa ao serviço do eduardismo criticando o seu papel de lacaio e falamos entre outros assuntos de julgamentos á que ele chegou á ter processos em suas mãos.

Deixo-vos aqui um extrato de duas respostas que por ele me foram dadas e que provam o que acabei de frisar sobre a pressão sobre os agentes da justiça, o que vem reforçar a ideia de que no fundo é tudo encomendado pela Presidência da República através da Casa Militar, sintonizado e baralhado pelo famigerado PGR.

Primeira resposta: "Não digo que tenha recebido ameaças todas as vezes, mas, na verdade já fui alvo de uma série de tentativas de intimidações e constrangimentos inéditos na carreira que tenho de mais de (+++) anos de serviço público", concluiu o meu ex-amigo, hoje feito lacaio do sistema.

Segunda resposta: "Claro que, forçado por documentos forjados, já fantasiei factos em relação a acusados porque as ordens eram de condenar a todo custo.''

É por essas e outras que não acredito que este regime aceite criar uma Comissão de Verdade (sem corruptos ligados ao regime) para dar as pessoas a oportunidade de se pronunciarem sobre factos ainda mais arrepiantes do que estes.

Meu Deus!, existem tantas provas documentais e gravações, muito embora nem todas feitas com o consentimento das pessoas contactadas e envolvidas nalguns casos.

Entre tantas aberrações, finalmente, a única pergunta feita com um pouco de mais coerência foi quando o juiz ignorante quis saber quem é afinal o ditador em Angola e foi pena a plateia não ter respondido em coro que o único ditador em Angola chama-se José Eduardo Dos Santos.

*Fórum Livre Opinião & Justiça

- Os artigos de opinião refletem as opiniões dos autores e não do PG como tribuna de opinião livre, não se responsabilizando nem podendo ser responsabilizado pelos mesmos, nem pelas informações neles contidas.

Observadores internacionais voltam a não ter acesso a julgamento dos ativistas angolanos



Representantes de corpos diplomáticos acreditados em Luanda voltaram hoje a não ter acesso ao julgamento dos 17 ativistas acusados de preparem uma rebelião em Angola, indicaram à Lusa fontes diplomáticas.

Segundo as fontes das representações diplomáticas da União Europeia e de Portugal, já no início do julgamento, no tribunal de Benfica, arredores de Luanda, estas não tinham tido acesso à sala de audiências, o mesmo acontecendo com representantes da embaixada dos Estados Unidos, por falta de autorização.

Hoje, relataram ainda, voltou a registar-se o impedimento de acesso ao tribunal - contrariamente ao primeiro dia, hoje também em relação aos jornalistas -, alegadamente perante a necessidade de autorizações dos ministérios das Justiça e das Relações Exteriores.

Por norma, as representações diplomáticas assistem, enquanto observadores internacionais, a vários julgamentos em Angola, como o que teve lugar em Cabinda, em agosto, do ativista Marcos Mavungo, ou do jornalista Rafael Marques, em Luanda, em maio.

No exterior do tribunal de Benfica, apenas familiares dos arguidos e alguns populares foram autorizados a assistir à segunda sessão deste julgamento, que está a decorrer hoje, alegadamente devido ao reduzido espaço da sala.

Os jornalistas já só terão acesso à sala de audiências nas alegações finais do processo e na leitura do acórdão, que ainda não tem data marcada.

Os arguidos, 15 dos quais em prisão preventiva desde junho, estão acusados pelo Ministério Público da coautoria de um crime de atos preparatórios para rebelião e um atentado contra o Presidente angolano.

Este caso tem colocado as autoridades nacionais sob pressão internacional, com apelos à libertação dos ativistas, o que já levou vários governantes angolanos a apelidar essas ações como "ingerência externa" nos assuntos internos.

O julgamento decorre hoje, de novo, sob forte aparato policial no exterior, não sendo conhecido qualquer incidente até ao momento.

Já na segunda-feira a polícia angolana carregou sobre alguns manifestantes que se concentraram à porta do tribunal de Benfica, defendendo a libertação dos ativistas que começaram a ser julgados, desacatos que provocaram pelo menos um ferido.

O incidente deu-se à porta do tribunal, quando os manifestantes gritavam e empunhavam cartazes com apelos de "liberdade já" para os ativistas.

Um dos manifestantes foi ferido na intervenção da polícia a cavalo e teve de ser retirado do local, para ser assistido.

Em simultâneo, realizava-se no local uma outra manifestação, com os integrantes a gritarem palavras de ordem como "justiça sim, sem pressão" e "Portugal tira o pé de Angola", retomando as críticas das autoridades angolanas à alegada "ingerência externa" neste caso.

A polícia angolana mobilizou um forte dispositivo para o local, incluindo unidades de intervenção rápida.

Este processo é visto internacionalmente como um teste à separação de poderes e ao exercício de direitos como a liberdade de expressão e reunião em Angola, sendo este último também o argumento apresentado em tribunal, na segunda-feira, pela defesa dos jovens ativistas, com idades entre os 18 e os 33 anos.

PVJ // VM - Lusa

Portugal. O PRIMEIRO DESAFIO DE COSTA



Tiago Mota Saraiva – jornal, opinião

Esqueçamos por uns instantes que Cavaco Silva existe. Que os seus ódios poderão obstaculizar a fruição da democracia. Imaginemos que a tão maltratada Constituição será respeitada, sem golpes.

O primeiro grande teste a António Costa não será o programa de governo mas a sua constituição. É aí que Costa dará ao país o primeiro sinal das suas intenções.

Vivemos um daqueles momentos em que a experiência de governo não é necessariamente uma vantagem. Se Costa plasmar os equilíbrios internos do PS, recuperando as gentes de Sócrates ou de Seguro, ficará condenado a ter de negociar dentro de casa. Pior, ficará condenado a repetir um caminho que trará PSD e CDS de volta ao governo.

Se Mário Centeno está praticamente garantido no Ministério das Finanças, importa colocar na Economia alguém que possa construir, além do neoliberalismo. Ricardo Paes Mamede, professor e economista que tem vindo a ser falado para esta pasta, poderá representar um sinal importante de ruptura com o statu quo de um desenvolvimento bacoco, sem dimensão cultural e social.

Mas o desafio não se reserva ao nome de novos ministros. A própria estruturação do governo terá de mudar. O problema da habitação, por exemplo, deve voltar a merecer honras de ministério, incluindo a reabilitação urbana – retirando-a de uma dimensão exclusivamente financeira – e o arrendamento – para o qual o governo de Passos deixou a bomba-relógio dos despejos de pessoas com mais de 70 anos.

Por fim, o impacto indirecto da constituição do governo deve fazer tremer ainda mais uma certa cáfila de dirigentes da administração pública de nomeação política que se agita em indignações clandestinas na luta contra a indigitação de António Costa. Estas gentes habituadas a servir quem as nomeia, com anos de práticas despóticas para com os trabalhadores e para com a população que deviam servir, não motivarão qualquer tipo de pena ou solidariedade, ainda que a parca experiência profissional fora dos corredores do poder lhes possa reservar muitos anos de degredo profissional.

Escreve à segunda-feira

Portugal. Bloco diz que Cavaco é "fonte de bloqueio" e refugia-se da crise na Madeira



O deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia Legislativa da Madeira acusou, esta terça-feira, o Presidente da República de ser "uma fonte de bloqueio" e uma "nódoa na democracia desta região", onde se refugia em tempos de crise política.

"O Presidente da República, neste momento, está a ser força de bloqueio igual à que criticava quando era primeiro-ministro", declarou Rodrigo Trancoso, numa intervenção no plenário no parlamento madeirense, que coincide com o segundo dia da visita de Cavaco Silva à região no âmbito da 7.ª jornada do Roteiro para a Economia Dinâmica.

Na opinião do parlamentar bloquista insular, "o Presidente da República é uma nódoa e uma mancha na democracia da Região", e faz da Madeira "fonte termal" onde "se refugia em tempos de crise, confusão e crispação".

O deputado do BE-M recordou que a primeira visita do Presidente da República a este arquipélago aconteceu também por ocasião de uma crise provocada pela "demissão irrevogável" de Paulo Portas.

Rodrigo Trancoso considerou que, afinal, "este cenário não foi previsto pelo PR" e que, para o chefe de Estado, "as maiorias parlamentares e a estabilidade só são válidas se forem da área política de que é oriundo".

Também sustentou que "não se compreende a pertinência" desta visita que Cavaco Silva efetua à Madeira, "quando se exigia uma ação célere e rápida para resolver esta crise política", optando o PR por "perder tempo com supostas entidades que não representam os eleitores".

No entender de Rodrigo Trancoso, corroborando as opiniões de outros deputados da oposição na ALM, o Presidente da República ainda evidencia "desrespeito pelo principal órgão de governo próprio da região", pois não incluiu no programa da sua visita a este arquipélago a participação numa sessão parlamentar solene e apenas vai marcar presença num 'Madeira de Honra' nos corredores do edifico.

O líder parlamentar do PS-M, Jaime Leandro, corroborou esta posição, afirmando que "quando o país está a arder, o Presidente da República tende a fugir para a Madeira", acrescentando não ser compreensível o "'timing' desta visita quando é urgente resolver o problema" da situação política do país".

Avelino Conceição (PS-M) ainda argumentou que Cavaco Silva "vem fazer uma visita a tudo o que é grande [empresas de sucesso na Madeira], mas esqueceu-se que a região tem o maior desemprego de Portugal" e "tem vergonha da Assembleia Legislativa".

Os deputados da Assembleia Legislativa da Madeira cumpriram um minuto de silêncio em memória das vítimas dos atentados de Paris, na sexta-feira.

Jornal de Notícias

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Portugal. CAVACO SILVA, TRAUMATIZADO E AMNÉSICO



Cavaco ainda não se pronunciou sobre a sua decisão relativamente à situação política. Se deixa o governo rejeitado por maioria de deputados em gestão ou se nomeia António Costa para primeiro-ministro com o apoio parlamentar da maioria parlamentar representada pelo PS, pelo Bloco e pela CDU. 

Ao ser questionado por jornalistas se Cavaco não está a demorar tempo demasiado para tomar decisões obtiveram por resposta que ele próprio, quando primeiro-ministro de um governo rejeitado no parlamento esteve cinco meses a chefiar um governo de gestão.

O que Cavaco não referiu foi que nesse tempo Portugal não estava em situação financeira tão má quanto agora e que chegavam a Portugal milhões provenientes da CEE, atual UE. Como se dizia então: o dinheiro chegava às paletes. Cavaco amnésico por conveniência.

Redação PG

Cartoon: ELIAS O SEM ABRIGO, de R. Reimão e Aníbal F. – Jornal de Notícias

O 11 DE SETEMBRO EUROPEU



A estupefação com os atentados terroristas em Paris é proporcional à incapacidade de se admitir as verdadeiras causas desta barbárie.

Jeferson Miola – Carta Maior

A estupefação com os atentados terroristas em Paris é proporcional à incapacidade de se admitir as verdadeiras causas desta barbárie.

O mundo inteiro é afetado pelos desdobramentos da guerra travada pelas potências mundiais contra o Estado Islâmico, a Al Qaeda e outras organizações terroristas. Mas esta não é uma guerra mundial, e os países que estão no seu centro causal e na arena dos combates não enchem duas mãos: EUA, França, Espanha, Inglaterra e alguns aliados.

Com suas guerras de dominação e de exploração no norte da África e no Oriente Médio realizadas a pretexto de combater regimes tirânicos, as grandes potências esgarçaram completamente a relação com o mundo árabe-muçulmano. E, com isso, trouxeram para o continente europeu o mesmo inferno que instalaram nas ex-colônias.

Há poucos dias, Tony Blair se desculpou pela “pequena falha” cometida na ocupação criminosa e ilegal do Iraque em 2003. Ele reconheceu que eram falsos os pretextos de George W. Bush de que o regime de Saddam estocava armas químicas de destruição massiva.

Apesar desta fraude, Blair [que com a confissão deveria ser julgado pela Corte Internacional de Haia] mesmo assim considera válida a guerra não autorizada pela ONU contra o Iraque, que visava se apropriar das reservas petrolíferas e devastar totalmente a infraestrutura do país, para depois os capitais estadunidenses e ingleses “reconstruírem-no”.

No início da “guerra preventiva”, como ficou conhecida a cruzada contra o “eixo do mal” desatada por Bush após o 11 de setembro de 2001, apenas a Inglaterra, a Austrália e a Polônia atuaram diretamente na invasão do Iraque. Outros 45 países declararam apoio não-material e não-militar, e não condenaram o descumprimento da decisão da ONU.

Nos anos subsequentes, vários países – dentre eles, de modo marcante a França – passaram a buscar participação na partilha do butim das guerras. O país governado por François Hollande inclusive foi com sede ao pote; foi mais realista que o próprio rei: em 2011, convocou uma coalizão bélica da OTAN para invadir a Líbia e assassinar Muamar Kadafi, antes mesmo de Obama tentar obter autorização congressual para atacar aquele país.

As incursões das potências mundiais para combater o “eixo do mal” se replicaram nos últimos anos, multiplicando a violência, os conflitos e a diáspora de milhões de imigrantes desesperados que tentam chegar à Europa, onde são repelidos com insuportável inumanidade e desprezo. Aylan Kurdi, o menino sírio de 5 anos, emborcado morto nas areias do litoral grego, é a imagem tenebrosa desta realidade.

Este processo reabre feridas históricas, e reacende a memória da humilhação ancestral dos descendentes árabes e muçulmanos que, na França, representam parcela significativa da população total francesa. A cadeia de transmissão hereditária reserva aos descendentes árabes e muçulmanos o pior dos mundos na Europa: primeiro os avós e bisavós, depois seus pais, agora eles e seus filhos, assim como seus netos e bisnetos, estarão condenados à classe de sub-cidadãos.

As políticas xenofóbicas e segregacionistas, juntamente com a inexistência de oportunidades iguais para os imigrantes e para os descendentes de imigrantes, ajudam a legitimar a cantilena doutrinária do Estado Islâmico, que é cada vez mais eficiente na cooptação de jovens destituídos de perspectivas de futuro.

O ataque à revista Charlie Hebdo em janeiro deste ano, também em Paris, foi um sinal da mudança de padrão da ação terrorista. A partir deste episódio, foram aperfeiçoados e integrados os serviços de inteligência e de monitoramento da União Europeia e dos EUA. Apesar disso, no último dia 13 o Estado Islâmico logrou perpetrar sete ataques praticamente simultâneos num intervalo de apenas 40 minutos. Isso evidencia a complexidade e a inteligência operacional desta organização, capaz de driblar os mais especializados serviços de inteligência do mundo.

A resposta impulsiva das potências à barbárie terrorista da sexta-feira 13 de novembro é mais guerra, mesmo que não se saiba qual nação será o alvo ao certo. A espiral belicista, sozinha, além de ineficiente, agrava consideravelmente a violência e os revides terroristas. O assassinato de Bin Laden não arrefeceu o ímpeto da Al Qaeda, como tampouco diminuiu a capacidade operacional do terrorismo.

Ao invés de promover a guerra de civilizações entre o ocidente e o islamismo, as potências dominantes deveriam entender que o inimigo principal está nas políticas empreendidas pelos seus governos com despotismo em todo o mundo, e de maneira mais acentuada no norte da África e no Oriente Médio.

Estas políticas são o verdadeiro ninho da serpente; são laboratórios de multiplicação do Estado Islâmico e de versões deturpadas do Islã. O problema não está no outro lado do Mar Mediterrâneo, mas dentro das fronteiras do próprio continente europeu, como revela a identidade dos terroristas. Dos cerca de 30 mil militantes do Estado Islâmico, mais de 2 mil deles são nacionais europeus. O horror desembocou na Europa de uma maneira perturbadora.

Créditos da foto: Vincent Gilardi / Fotos Públicas

PUTIN REVELA QUE PAÍSES DO G20 FINANCIAM O ESTADO ISLÂMICO



Putin garante que deu exemplos de "pessoas identificáveis" que contribuem para o financiamento dos terroristas

O Presidente russo, Vladimir Putin, declarou na segunda-feira que pelo menos 40 países financiam o grupo autointitulado Estado Islâmico, entre os quais alguns membros do G20.

"O financiamento, como sabemos, provém de 40 países, entre eles vários países do G20", disse Putin numa conferência de imprensa, na segunda-feira, na cidade turca de Anatólia.

Putin sublinhou que durante a reunião da cimeira do G20 que decorreu na Turquia deu vários exemplos sobre "o financiamento a várias unidades do Estado Islâmico por pessoas identificáveis".

Sobre o mesmo assunto, frisou que durante a cimeira foi abordada a necessidade de se cumprir a resolução sobre prevenção ao financiamento do terrorismo adotada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, por iniciativa da Rússia.

Putin revelou que apresentou, durante a cimeira, imagens captadas por aviões espiões em que se "mostra claramente a magnitude que atinge o tráfico ilegal de petróleo" por parte do Estado Islâmico.

"As imagens mostram as colunas de camiões cisterna que se estendem por dezenas de quilómetros", assinalou referindo-se ao tráfico de crude que financia o califado.

Putin disse que depois de terem negado cooperação à Rússia na luta contra o extremismo na Síria, todos os países, incluindo os Estados Unidos, estão agora a tomar consciência de que o terrorismo só se pode combater com o envolvimento de todos os países.

"Os trágicos acontecimentos" ocorridos em Paris "confirmam que temos razão" ao propor uma coligação antiterrorista internacional, acrescentou Putin.

Sendo assim, pediu para que se deixe de discutir a eficácia da operação aérea russa contra as posições do Estado Islâmico na Síria e a reunir esforços contra o terrorismo, em concreto para prevenir os atentados em todo o mundo.

"Lamentavelmente, ninguém está a salvo dos atentados terroristas. Por exemplo, a França estava entre os países que mantinham uma postura muito firme contra o presidente, Bashar al Assad", afirmou.

"Isto salvou Paris dos ataques terroristas? Não" acrescentou o chefe de Estado russo.

"Parte da oposição armada síria considera possível iniciar ações armadas contra o Estado Islâmico caso sejam apoiados pela Força Aérea e nós estamos dispostos a prestar-lhes apoio", disse.

Diário de Notícias - Foto EPA / Uri Cochetkov

PAÍSES DO G20 USAM MÁSCARA DA INDIGNAÇÃO MAS FINANCIAM ESTADO ISLÂMICO



Bom dia, se possível. Leia tudo sobre o EI mas não se abstraia de que há países a financiar o EI para depois se mostrarem muito indignados com as matanças. Nesses países sobressaem os EUA mas há mais 39 a fazer o mesmo. 

A França financia? Estamos para saber. O pseudo-socialista Hollande sabe sobre isso algo que possa vir a esclarecer os franceses? E Espanha? E Portugal não tem negócios com o EI? Como aqui quem manda é o dinheiro e temos um governo e um presidente da República com a febre dos cifrões... nunca se sabe. Ora ponham lá tudo em pratos limpos seus falsos moralistas. Querias, mas não tens!

Redação PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Cristina Peres - Expresso

Aux armes, citoyens!

Um minuto de silêncio uniu muitos países de todo o mundo, as bandeiras estão a meia haste, cantou-se “A Marselhesa” por Paris.“França em guerra”, diz a CNN adiantando que o Presidente François Hollande quer rever a Constituição para conceder mais poder às autoridades que poderão retirar a nacionalidade francesa a quem tenha duas, expulsar estrangeiros e colocar suspeitos em prisão domiciliária - o que já foi imposto a 104 pessoas detidas em 168 operações policiais desde sexta-feira à noite. Nestas operações confiscaram-se armas, incluindo Kalashnikovs e lança-roquetes e avançou-se nas pistas. Hollande quer também um controlo coordenado de todas as fronteiras.

“O nosso inimigo na Síria é o Estado Islâmico”, disse o chefe de Estado francês que, ontem, numa rara sessão conjunta do Parlamento, prometeu erradicar o terrorismo, nunca à custa da perda de liberdade. Os valores europeus têm sido sempre evocados desde os primeiros comentários aos ataques de sexta-feira 13. Manter este modus operandi é pano de fundo da caça que prossegue na Bélgica ao atacante que sobreviveu. O Parlamento francês deliberará hoje sobre a extensão do estado de emergência no país por três meses, há cerca de cinco mil militares espalhados pela capital francesa. Cinco dos sete terroristas já foram identificados e foram feitas 23 detenções. Em 24 horas, foram abortados seis potenciais atentados em Paris.

O diário francês Libération era menos taxativo ontem ao perguntar:Estamos em guerra?. Lança o debate, com a Torre Eiffel simbolicamente iluminada de novo ao fim de três dias com a bandeira tricolor. Hoje, faz manchete com os ataques aéreos franceses a Raqqa, bastião do autodenominado Estado Islâmico na Síria. O mesmo jornal tem na primeira página da sua versão digital um trabalho notável onde é explicado aos mais pequeninos o que se passou na passada sexta-feira em Paris. O terceiro Le P’tit Libé é uma edição integraldedicada à nova data do calendário terrorista, o 13 de novembro.

A Cimeira G20 terminou ontem em Antalya, depois de o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan ter sublinhado o aviso que fizera duas vezes a França da iminência de um ataque, como escreve a Aljazeera. Na declaração conjunta dos chefes de Estado no encerramento da reunião do G20 na Turquia, Angela Merkel nomeou o que se tornou evidente durante os trabalhos: “Acordámos que o desafio não pode ser apenas enfrentado com meios militares, mas com uma série de medidas”. Combinaram-se os termos de um maior controlo das fronteiras e de uma mais estreita partilha de informação. Ainda a partir de Antalya, o Presidente norte-americano deixou bem claro que não tenciona alterar a estratégia norte-americana de luta contra o Daesh. “Não haverá botas no terreno”, disse Barack Obama, ao mesmo tempo que caças franceses atingiam alvos do Daesh na Síria. O diretor da CIA, George Brennan, avisou entretanto que o Daesh poderá ter outros ataques preparados para muito breve.

Está ainda por esclarecer a responsabilidade e grau de envolvimento do homem que, ao que tudo indica, dirigiu os ataques de Paris, leia aqui o perfil de Abdelhamid Abaaoud traçado pelo diário Le Monde, um jiadista belga que se juntou ao autodenominado Estado Islâmico em 2013 e que se supõe estar presentemente na Síria, onde os atentados de Paris foram planeados. Para já, intensidade máxima na caça ao homem mais procurado do momento. Salah Abdeslam e cúmplices são procurados em Molenbeek, o bairro de Bruxelas onde 38% da população é muçulmana.

Ninguém terá ficado indiferente, ninguém está fora deste teatro do terror que se estendeu mais na geografia mundial no final da semana passada. Já viu certamente reproduzidos sob muitas formas os ataques de Paris reivindicados pelo Estado Islâmico, mas pode rever aqui, no vídeo do New York Times intitulado Terror in Paris: minute by minute, como se desenrolou a sequência dos ataques. A morte chegou enquanto eles dançavam, titula o diário alemão Bild. Em português, o trabalho da casa, pode rever aqui oEdição Especial - Atentados de Paris, o Expresso Curto no qual Pedro Santos Guerreiro resumiu as primeiras 24 horas do drama no sábado. Releia aqui a análise que o Ricardo Costa fez do futuro a partir daqui e aproveite para atualizar dados sobre as táticas dos atentados bem como ficar atualizado quanto ao que se sabe até aqui explicado pelo Rui Cardoso e pelo Rui Gustavo.

As teses sobre o modus operandi do Estado Islâmico multiplicam-se e sofisticam-se. Pode ler aqui um exemplo publicado na New Republic, ou este escrito pelo extraordinário Michael Chulov no “The Guardian”, ou este outro publicado no Huffingtonpost que diz que não percebemos nada do Daesh se não soubermos a história do wahhabismo na Arábia Saudita. E leia também o que alguns muçulmanos proeminentes escrevem sobre os ataques de Paris noMuslimmatters.

OUTRAS NOTÍCIAS

Os serviços secretos russos admitiram hoje de madrugada que foi uma bomba que abateu o Airbus 321 sobre o Sinai matando os 244 passageiros a bordo em 31 de outubro.

Nada mais a propósito, hoje é divulgado o Índice Global de Terrorismo 2015 nos Estados Unidos. Num encontro em Washington, uma série de peritos vai discutir os resultados desta atualização bem como os desafios de uma futura abordagem do assunto baseada nos conhecimentos atuais. O objetivo destes, e dos peritos britânicos que reúnem em Londres com o mesmo propósito, éa prevenção do extremismo violento.

As medidas de segurança e controlo de fronteiras anunciadas na sexta-feira de manhã - antes dos atentados - para receber a Cimeira do Clima das Nações Unidas em Paris - COP21 - de 30 de novembro a 11 de dezembro foram reforçadas, mas simbolicamente não canceladas. “A COP21 deve acontecer, só que à porta fechada. A reunião decorrerá com medidas de segurança reforçadas, mas é uma ação absolutamente necessária contra as alterações climáticas e, por isso, vai acontecer”, declarou o ministro francês dos Negócio Estrangeiros, Laurent Fabius, no sábado a partir da capital austríaca, Viena, onde decorria uma reunião sobre a Síria. Leia aqui na Aljazeera como os opositores ao regime sírio ficaram desiludidos com as decisões da reunião de Viena, que preveem um cessar-fogo imediato e a realização de eleições dentro de 18 meses. O quê? Isso mesmo…

A Rússia resolveu “inesperadamente” adiar o pagamento da dívida ucraniana de gás agendada para dezembro espalhando-a pelos próximos três anos em troca de garantias, escreve o diário Espresso da revista The Economist (só para assinantes).

Hoje de madrugada teve alta o último doente de ébola que estava ainda em tratamento num centro da capital da Guiné Conacri. Era um bebé e o teste à doença hemorrágica deu negativo.

Futebol (sim, leram bem…): vai cantar-se hoje “A Marselhesa” em Londres a abrir o jogo da equipa francesa com os britânicos no estádio de Wembley. O reforço da segurança no recinto e zona circundante foi levado a sério.

Por cá, continuamos sem saber que governo vamos ter. O Presidente Cavaco Silva lembrou aos jornalistas que ele próprio chefiou durante cinco meses um Executivo de gestão no passado e que o atual Governo de gestão “poderá continuar a tomar medidas importantes para o país”. A partir da Madeira, onde se encontra para uma visita de dois dias, Cavaco evocou as crises anteriores de 1987 e 2011, dando a entender que a hipótese de governo de gestão está em cima da mesa. Isabel Moreira reagiu rapidamente escrevendo uma carta aberta ao Presidente na sua pagina de Facebook onde esclarece as diferenças das situações nas duas épocas.

FRASES

“Vamos agir em todas as frentes contra o Daesh”, Manuel Valls, primeiro-ministro de França

“França é particularmente um país de risco. Toda a ameaça está cá dentro. Há focos de insurreição onde a possibilidade de recrutamento está referenciada”, Filipe Pathé Duarte, SIC Notícias

“Eu estive cinco meses em gestão”, Cavaco Silva às televisões, citado pelo i

"Creio que é consensual na sociedade portuguesa e também no sistema partidário que a pior das soluções é a de um governo de gestão. Até o PSD está de acordo", António Costa em entrevista à RTP.

O QUE ANDO A LER

Ficção: nada. Depois de sábado passado não descolo das notícias. Antes, e na sequência de uma semana passada em Berlim, Colónia e Bona em trabalho, restava-me já pouca imaginação para o que não fosse o tema refugiados e têm sido publicadas trabalhos fantásticos. Ando por isso a seguir alguns jornalistas, os do New York Times no topo da lista tipo a-partir-de-agora-há-isto-e-nada-será-como-antes. Já massacrei os meus colegas que percebem mais de multimédia do que eu e tinha razão: é caso para nos beliscarmos. Quem quiser saber do que estou a falar terá de descarregar a aplicação NYTVR, ou seja,NYT Virtual Reality. Ponha os auscultadores, encomende a pequena caixa de cartão que eles acabam de pôr à venda (ou não) e consuma a recentíssima série de (extraordinárias) reportagensque eles andam a fazer. No topo da lista de quatro está Displaced, um vídeo de seis minutos com a história de três miúdos - um ucraniano, um sudanês e uma síria - que perderam os seus mundos, roubados pelas guerras que tomaram conta dos seus países. A câmara imerge-nos nos filmes e, movendo o iPhone (no ecrã do computador poderá obter efeito semelhante movendo o rato, mas não é a mesma coisa) na direção que entender, é como se estivesse no local com o horizonte completo da imagem ao seu alcance. Displaced em VR é da autoria de Ben C. Solomon, vídeo-jornalista com quem falei várias vezes no ano passado, na altura em que o combate ao surto de ébola na África Ocidental era assunto diário nos media e o Ben passava longas temporadas na Libéria, Serra Leoa e Guiné Conacri. Ele reportava para o NYT e eu enriquecia as peças do Expresso com aquelas conversas via Skype ou telemóvel (consoante a ligação possível). Ele ganhou um merecido Pulitzer. Eu ganhei experiência e confirmei a diferença radical entre estar lá e cá! Cada uma destas histórias existe também em formato long read, digital e papel, e têm sido publicadas ao longo das últimas duas semanas nas edições do NYT e do International NYT: como deve ser.

Ainda no mesmo tema e agora para o clube mais circunscrito dos falantes de alemão (Google translator é uma opção…), o site da revista Der Spiegel fez um trabalho notável no dia 10 de novembro:15 vídeo-repórteres passaram aquele dia fora, em localidades de praticamente todo o território alemão, que resultou em 15 curtos vídeos que reportam sobre refugiados, ajudantes e cidadãos envolvidos. Histórias de pessoas, coisas de que gostamos muito.

Ainda o jornalismo, aqui fica um trabalho cheio de informação pertinente e intrigante sobre os acordos comerciais e de serviços transatlânticos - TTIP, TTP e TISA - que estão a ser negociados por estes dias “secretamente”, sustenta-se aqui.

Para terminar, sugiro que compense a agrura das notíciasreclinando-se (ou imaginando que se reclina) numa cadeiradesenhada por Aalto e produzida pela Artek e vá espreitando oExpresso online até à hora do Expresso Diário. Amanhã o café da manhã chegar-lhe-á pela mão da Luísa Meireles, desconfio que com bastante mais atualidade nacional…

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