quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Paulo Blanco. Advogado de vice-presidente de Angola Manuel Vicente indiciado por corrupção



O advogado Paulo Blanco foi hoje constituído arguido, por suspeitas de corrupção ativa, na mesma investigação que levou à detenção do procurador do Ministério Público Orlando Figueira, confirmou o próprio à agência Lusa.

Paulo Blanco confirmou à Lusa ter sido hoje constituído arguido, por indícios de corrupção, e que o seu escritório foi alvo de buscas.

"Posso confirmar que o meu escritório, em Lisboa, foi alvo de buscas a meio da manhã", disse Paulo Amaral Blanco à Lusa.

O advogado adiantou que os elementos da PJ levaram cópias de declarações, sobre os vencimentos que o atual vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, auferia entre 2007 e 2010, quando exercia atividades na Sonangol, BCP e Banco Angolano de Investimentos (BAI), entre outras entidades, e que pertenciam a um processo que foi arquivado em 2012.

Paulo Blanco explicou que os investigadores levaram cópias de declarações sobre os rendimentos auferidos por Manuel Vicente, que fizeram parte de um processo - sobre a compra de um apartamento, pelo político angolano -, que foi arquivado em 2012 por Orlando Figueira, na altura procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

"Em 2012, fui advogado do engenheiro Manuel Vicente, na compra de um apartamento no edifício Estoril Sol. Na altura, o MP quis saber quanto é que o meu cliente auferia. Contudo, quando o processo foi arquivado, para proteger a vida privada do meu cliente, pedi que me fossem devolvidos [os documentos] e foram esses que hoje foram levados", explicou.

"Sendo Manuel Vicente um político, fiz um requerimento para que os documentos onde constavam os seus rendimentos me fossem devolvidos depois do arquivamento do processo [por Orlando Figueira], em 2012", acrescentou.

Paulo Blanco disse ainda que o processo que investiga as atividades do procurador Orlando Figueira, detido por suspeitas de corrupção, branqueamento e fraude informática, teve início em 2014, demarcando-se por completo das atividades do ex-procurador do DCIAP, atualmente advogado na sociedade BAS.

"Não tenho nada a ver com as atividades ou a investigação a Orlando Figueira e aguardo para ser ouvido por um juiz de instrução", referiu.

O Expresso adianta que Manuel Vicente é considerado suspeito de corrupção ativa, pelo facto de duas transferências bancárias, totalizando um montante de 200 mil euros, terem sido feitas para uma conta de Orlando Figueira, pela Primagest, uma sociedade controlada pela Sonangol, precisamente quando o atual vice-presidente de Angola era o presidente executivo (CEO) da companhia estatal angolana de petróleo.

O ex-procurador do DCIAP, em licença sem vencimento desde 2012, foi detido na "Operação Fizz", por suspeitas de corrupção passiva na forma agravada, corrupção ativa na forma agravada, branqueamento e falsidade informática.

Uma nota da PGR adianta que foram realizadas buscas a domicílios, a escritórios de advogados e a instituições bancárias, na qual participam onze procuradores da República, oito juízes e seis dezenas de elementos da Polícia Judiciária.

Em causa, adianta o comunicado da PGR, "está o recebimento de contrapartidas por parte de um magistrado do Ministério Público (em licença sem vencimento de longa duração desde setembro de 2012), com a finalidade de favorecer interesses de suspeito, em inquérito cuja investigação dirigia".

Entre outros, Orlando Figueira foi o procurador responsável pelos processos "BES Angola" e "Caso Banif", que arquivou, relacionados com capitais angolanos.

CC // MAG - Lusa

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