O
vice-presidente angolano, Manuel Vicente, diz-se "completamente alheio à
contratação" de Orlando Figueira e a "qualquer pagamento" de que
o magistrado terá beneficiado. E está disponível para ajudar na investigação.
Cerca
de duas semanas depois de ter vindo a público o seu suposto envolvimento em
factos relacionados com a investigação da "Operação Fizz", conduzida
pelas autoridades judiciárias portuguesas e que levou à detenção e prisão
preventiva do antigo procurador Orlando Figueira, o antigo presidente da
petrolífera estatal angolana Sonangol reagiu às notícias.
"Sou
completamente alheio, nomeadamente, à contratação de um magistrado do
Ministério Público português para funções no sector privado, bem como a
qualquer pagamento de que se diz ter beneficiado, conforme relatos da
comunicação social, alegadamente por uma sociedade com a qual eu não tinha
nenhuma espécie de relação, e que não era nem nunca foi subsidiária da
Sonangol", afirma Manuel Vicente, em comunicado divulgado quarta-feira
(02.03) pela agência de notícias Lusa.
Sublinhando
que o seu envolvimento na investigação "não tem, pois, qualquer
fundamento", alega que as notícias "não correspondem à verdade"
e "atentam gravemente" contra o seu bom nome, honra, imagem e
reputação".
O
atual vice-presidente de Angola diz também estar "totalmente disponível
para o esclarecimento dos factos", de modo a "pôr termo a qualquer
tipo de suspeições".
"Simples
averiguação"
Orlando
Figueira foi responsável, entre outros, pelos processos "BES Angola"
e pelo "Caso Banif", relacionado com capitais angolanos, tendo
arquivado este último. O magistrado
terá recebido 200 mil euros, em janeiro de 2012, no dia em que arquivou um
inquérito-crime sobre Manuel Vicente, entre outros arguidos.
Outro
dos arguidos é o advogado Paulo Amaral Blanco, que representou Manuel Vicente
na compra
de um apartamento no edifício Estoril Sol, em Cascais, nos arredores da
capital portuguesa, Lisboa, em 2012, e cujo escritório foi alvo de buscas.
Relativamente
ao processo arquivado pelo ex-procurador, Manuel Vicente afirma que se tratou
de uma "simples averiguação de origem de fundos", relativos à compra
de um imóvel. "Confiei a minha representação a um advogado, o qual
apresentou comprovação cabal da origem lícita dos fundos, com o que o processo
não poderia deixar de ter sido arquivado". Comprovação que, se necessário,
"poderá ser renovada", acrescenta.
O
Conselho Superior do Ministério Público decidiu, entretanto, instaurar um
inquérito para apurar se há factos que determinem a abertura de um processo
disciplinar a Orlando Figueira, por proposta da procuradora-geral da República,
Joana Marques Vidal.
Lusa,
em Deutsche Welle
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