O
jornalista Alexandre Neto duvida que a investigação ao vice-presidente angolano
por alegada corrupção de um procurador português tenha abalado a presidência. E
questiona se Vicente alguma vez terá sido o preferido.
O
presidente do Instituto de Comunicação Social de África Austral em Angola
(MISA-Angola), Alexandre Neto Solombe, relativiza a notícia avançada pelo
semanário português Expresso, que escreveu que o caso em Portugal poderia
afastar definitivamente o vice-presidente angolano da corrida à sucessão do
Presidente José Eduardo dos Santos.
O
ex-procurador português Orlando Figueira, que está neste momento em prisão
preventiva, terá
recebido 200 mil euros, em janeiro de 2012, no dia em que arquivou um
inquérito-crime sobre Manuel Vicente, entre outros arguidos. Outro dos arguidos
é o advogado Paulo Amaral Blanco, que representou Manuel Vicente na compra de
um apartamento
no edifício Estoril Sol, em 2012, e cujo escritório foi alvo de buscas.
O
semanário português diz que as críticas suscitadas pelo caso teriam agastado
José Eduardo dos Santos, que terá pedido uma investigação aos negócios de
Manuel Vicente relativos ao tempo em que liderou os destinos da Sonangol, a
petrolífera estatal angolana. Alexandre Solombe afirma que a informação
avançada pela publicação é algo inédito. Porém, não acredita que o regime
angolano tenha ficado abalado com a notícia.
"Fazendo
parte de uma hierarquia de direção política do país, e nas condições em que
Angola se encontra presentemente, completamente embebida num manto de
corrupção, tenho dúvidas que acontecimentos como este abalem a presidência da
República", declarou à DW África, sublinhando que a imagem que existe de
Angola é uma "imagem de corrupção generalizada que o país está a
viver".
Proteger
imagem de JES
Para
o presidente do MISA-Angola, a informação de que o Presidente terá pedido uma
investigação contra Manuel Vicente faz parte de uma táctica dos serviços
secretos de Angola para desviar as atenções e, desta forma, proteger a imagem
de José Eduardo dos Santos de mais um escândalo envolvendo um dos seus braços
direitos.
"Pode
fazer parte da estratégia passar a informação de que o Presidente da República
esteve alheio a este acontecimento e, como tal, está efetivamente
abalado", explica."Os serviços secretos muitas vezes funcionam com
este propósito: procurar imacular a imagem do Presidente da República".
Alexandre
Solombe alega qualquer investigação a Manuel Vicente não deve deixar de fora
Isabel dos Santos e outras figuras do círculo presidencial. "Seria a
primeira figura de proa a cair nas malhas da investigação e desde logo
orientadas pelo Presidente da República", afirma.
O
jornalista lembra que o próprio Presidente declarou tolerância zero à
corrupção, mas "não fez nada" até ao momento. "Angola é um país
embebido em grandes escândalos, com o envolvimento da própria filha [Isabel dos
Santos], que não consegue justificar como se enriquece em 12 anos. Não há nada
que justifique que a filha do Presidente tenha a riqueza que ostenta",
critica.
Quanto
à informação avançada pelo semanário português de que a investigação poderá
servir de pretexto para afastar definitivamente o vice-presidente angolano do
processo de sucessão presidencial, o presidente do MISA-Angola questiona:
"Será que Manuel Vicente alguma vez esteve no plano número um na sucessão
do Presidente da República, com todos os movimentos periféricos dos filhos – e
da filha em particular?".
Nelson
Sul d'Angola (Benguela) – Deutsche Welle
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