O
Governo mente, sobre as reservas cambiais. Melhor, o novo menino, “primaface”
bajulador politico, catapultado, em tempo de crise, ao cargo de governador do
Banco Nacional de Angola, Walter Filipe, que obrigou a uma reza, na primeira
reunião interpares, mostra o grau de (ir)responsabilidade de quem o nomeou.
William
Tonet* - Folha 8
Um
governo sério, que pretende reverter um quadro caótico não pode, seguramente,
menosprezar a competência técnica, mas quando isso acontece, elegendo a
incompetência, por opções partidocratas, absolutamente, nada mais se pode
esperar da incapacidade em contornar a desastrosa situação.
E
quando o “menino-governador” vem a terreiro no 18 de Abril dizer ter, apenas, o
BNA, seu novo “brinquedo”, reservas cambiais avaliadas para oito (8) meses, 24
mil milhões de dólares, para importações de toda espécie para burilar a
economia, estamos diante de mais um flagrante crime económico. O criminoso?
Dizer para quê, quando o leitor o tem a mão de semear.
Noutro
extremo surge outro caricato na economia, quem esteve na base da crise
financeira, encabeça agora a reforma com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Impensável, noutra latitude.
Nos
bancos comerciais não existem divisas para as operações normais dos empresários
e, nos armazéns e supermercados, a escassez é uma imagem de marca.
O
BPC (Banco de Poupança e Crédito) está na falência total e quem o conseguir
estabilizar, não merece um Prémio Mundial da Economia, mas da Medicina, tal a
patologia cancerígena deste banco, que serviu de enriquecimento ilícito a
nomenclatura do regime.
Hoje,
face à insensibilidade presidencial, pouco me importa saber quanto roubaram no
Fundo Soberano do Petróleo, apenas o país, os cidadãos e, eu em particular,
quanto ainda sobrou, para ver se pode ser investido nos medicamentos e
materiais gastáveis para os hospitais, visando estancar a mortalidade infantil,
que hoje ronda os 530 crianças mortas/dia, sem que o Presidente Eduardo declare
calamidade sanitária, quando nem, nos cemitérios existem já lugares.
Os
filhos do povo morrem nos hospitais no estrangeiro, por os parentes directos
não conseguirem transferir dinheiro, enquanto os bolseiros para evitarem a
criminalidade e prostituição têm de regressar, com os sonhos adiados. Ficam os
filhos dos que roubaram, dos que colocaram o país na bancarrota. Estes podem
formar-se para depois continuarem a dinastia colonial corruptora. É a valsa da
ladroagem a ditar regras de sobrevivência, bebendo sangue popular. Noutras
latitudes civilizadas ouvir-se-ia o termo: assassinos como branda designação…
Mas
o bom em tudo isso, para não apanharmos trombose, é regozijar-nos por alguém
ter, no tempo passado, escrito uma grande obra, que nos transporta a paridade
situacional: Ali Babá e os 40 ladrões.
A
única verdade nisso, é dos responsáveis serem todos, absolutamente, todos ou do
MPLA ou a ele ligados, entre nacionais e estrangeiros.
Nos
mercados informais, o elevado preço dos produtos alimentares de base, são
assustadores e, face ao mau estado das estradas e ao elevado preço dos
combustíveis, o pobre terá de se resignar a uma refeição/dia, para adquirir o
abaixo discriminado:
Fuba
de milho antes 100 a 150kz, agora 300 a 400kz
Óleo alimentar antes 200a 300kz hoje 600 a 750kz
Cebola antes uma 50kz agora uma 100kz
Coxa de frango antes 100 a 150 km agora 300 a 400kz
Tomate antes 50 a 100 kz agora 250 a 300kz
Açúcar antes era 180 a 200kz agora 400 a 500kz
Arroz antes era 150 a 200kz agora 350 a 409kz
Nos hospitais não há o mais elementar: produtos alimentares, algodão, seringas, álcool, paracetamol, mercúrio, água oxigenada, vacinas, etc., por não haver dinheiro para aprovisionar os stocks hospitalares.
Óleo alimentar antes 200a 300kz hoje 600 a 750kz
Cebola antes uma 50kz agora uma 100kz
Coxa de frango antes 100 a 150 km agora 300 a 400kz
Tomate antes 50 a 100 kz agora 250 a 300kz
Açúcar antes era 180 a 200kz agora 400 a 500kz
Arroz antes era 150 a 200kz agora 350 a 409kz
Nos hospitais não há o mais elementar: produtos alimentares, algodão, seringas, álcool, paracetamol, mercúrio, água oxigenada, vacinas, etc., por não haver dinheiro para aprovisionar os stocks hospitalares.
Como
consequência mais de 80 crianças morrem todos os dias e cerca de 27 adultos,
seguem-lhe o caminho, não havendo, neste momento, lugares nos principais
cemitérios de Luanda, havendo mesmo em muitos uma sobrepopulação devido à
febre-amarela, malária e má-nutrição.
“Como
puderam roubar tanto, meu Deus”, questiona a velha Kiminha Dala, peixeira
antiga do Mercado dos Congolenses. Esta é a expressão máxima da desolação
geral. Ninguém acredita já na política económica de José Eduardo dos Santos,
salvo na sua pujança de defraudar as eleições de 2017. Em democracia o voto é o
mais imprevisível, mas ele já sabe que ganhará as próximas eleições e por isso
sairá incólume em 2018, sem prestação de contas ao país e aos angolanos.
*William
Tonet é diretor do Folha 8
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