Portugal. Bruxelas
alargou buraco do Banif em 400 milhões
Custo
da resolução podia ter sido 400 milhões de euros menor. Decisão da
Direção-Geral da Concorrência Europeia acrescentou esse valor ao custo final
para o Estado.
Bruxelas
e Frankfurt afunilaram as opções para o problema do Banif. Foi essa a ideia
defendida pelo vice-governador do Banco de Portugal na Comissão Parlamentar de
Inquérito ao Banif. José Berberan Ramalho (que também preside ao Fundo de
Resolução) disse mesmo que a sequencia de ações que levaram à decisão de
resolução foi "uma sucessiva imposição que nos foi feita".
Ramalho
sublinhou que a hipótese de recapitalização pública do Banif com integração na
Caixa Geral de Depósitos foi "barrada" por Bruxelas, e que a
possibilidade, ponderada pelo governo e apoiada pelo regulador, de criar um
banco de transição, à semelhança do que foi feito no caso do BES, foi
"bloqueada" pelo Banco Central Europeu (BCE), através do Mecanismo
Único de Supervisão.
Até
os custos públicos da opção tomada foram altamente inflacionados pela Europa: o
vice-governador lembrou que o desconto de 66% (haircut) aplicado aos ativos do
Banif que foram transferidos para a Oitante, veículo especial criado para o
efeito e que ficou na órbita do Estado, atingiu 400 milhões de euros.
Esses
ativos "foram sujeitos a um pesado haircut determinado pela
Direção Geral da Concorrência, pelo que o seu valor foi reduzido para 746
milhões de euros; a aquisição destes ativos pelo veículo foi financiada pela
emissão de obrigações, garantidas pelo Fundo de Resolução e contragarantidas
pelo Estado, que foram entregues ao Banco Santander Totta", afirmou no
parlamento.
O
custo total da resolução (incluindo custo para os acionistas e credores
subordinados) foi de "3,3 mil milhões de euros", e ficou
"próximo do previsto no cenário de contingência preparado pelo Banco de
Portugal (2,9 mil milhões de euros)". A diferença, explicou, "resulta
da combinação de diversos fatores, com destaque para o maior haircut.
Santander
só ficou com 20% da antiga sede do Banif
Está
desfeito o mistério da titularidade da antiga sede do Banif: o imóvel em Lisboa
fazia parte da carteira de um fundo de investimento imobiliário, o Banif
Properties.
Este
fundo era detido a 20% pelo banco, sendo o restante capital detido por outras
entidades do grupo e por outros investidores.
A
revelação foi feita pelo presidente do Fundo de Resolução, e vice-governador do
Banco de Portugal, José Berberan Ramalho, que explicou que como apenas o Banif
- e não as outras entidades do grupo - foi alvo de resolução, foi só essa a participação
que transitou para o Santander.
Hugo
Neutel - TSF
Sem comentários:
Enviar um comentário