quinta-feira, 23 de junho de 2016

BRITÂNICOS VOTAM NA SAÍDA DA (DES)UNIÃO EUROPEIA. EUREXIT PARA TODOS!



Brexit, sim. Não é difícil de prognosticar. Hoje os britânicos estão a votar. Sim ou não? Pois, há os que não têm dúvidas da saída do Reino Unido. Eles até são mais ou menos unidos, resulta. Não é o caso da União Europeia. Temos visto que não resulta. As causas estão no lado dos que detêm os poderes na UE. Sendo que muitos deles até nem sequer foram eleitos pelos eleitores da ilusoriamente chamada União – também conhecida por Trapaça Europeia. Por isso os britânicos rumam ao Exit. Se tal acontecer iremos ver o desmoronar da Trapaça em poucos anos. Será o Eurexit. Lamentável que os princípios e objetivos que eram de uma União Europeia de facto tenham sido subvertidos com o prejuízo da maioria dos povos em benefício de uns poucos salafrários.

Ricardo Marques, do Expresso, serve a cafeína no Curto. Escreve ele que “Os problemas estão por toda a parte. Tudo está a acontecer, muito pouco do que acontece é bom. Mas nada é inevitável.” Pois. No "toda a parte" ele inclui Portugal, e de que maneira!

Estamos fartos destas instabilidades. Destas guerras surdas. E das abusadamente sonoras. Umas e outras ceifam-nos as vidas. O lucro a valer pertence aos do 1% dos desumanos. Uma ínfima parte vai para os servidores daqueles, os mainatos engravatados e com ar de chulos, ou de ladrões. Aspeto e indomentárias que lhes assentam perfeitamente. E pronto. Essa é a verdade nua e crua. Pois.

Mesmo assim, aqui ficam os votos de um bom dia. Nem que o nuclear estoure no planeta havemos sempre de desejar isso a nós e aos outros – menos aos filhos da p… que nos vão tramando insistentemente, sem freio.

Vá de Expresso Curto para a atualidade... e mais alguns “pós”. Acautele-se, pode conter  pó de estriquinina. Nunca se sabe.

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Ricardo Marques – Expresso

Nós ficámos, eles vamos ver

Fui confirmar ontem à noite, só para ter a certeza.

A ideia do Expresso Curto, está escrito na página do jornal na Internet, é ser uma "breve síntese do que se está a passar no país e no mundo".

Pois bem: tudo. Está tudo a acontecer e ninguém sabe queespécie de mundo e de país vamos ter logo à noite. Não ha profeta que o consiga fazer.

Nós ficámos no Euro e sábado, isso sabemos com a certeza da velha calculadora da bola, jogamos contra a Croácia nos oitavos de final, mas só porque um islandês de 23 anos chamado Arnór Ingvi Traustason, que tem o 21 na camisola, marcou um golo no último minuto contra a Áustria (o Arnór Ingvi vai jogar para o Rapid de Viena na próxima época...coincidências).

Se ele tivesse falhado o remate, Portugal teria pela frente a Inglaterra, que, por sua vez, tem hoje pela frente um referendo alucinante cujos resultados a deixarão tão dentro da União Europeia como Portugal ou tão fora dela como a Islândia.

E como se isso não bastasse, uma das últimas sondagens garante que há 11 % de indecisos na ilha grande. Onze. Como os islandeses que nos atiraram para o terceiro lugar (melhor do que o segundo, parece). A propósito, o rapaz Arnór Ingvi nasceu numa cidade islandesa chamada Keflavik - conhecida nos anos 60 como a "Cidade dos Beatles". E haverá pensamento mais adequado a esta manhã do que este, imortalizado por Paul MacCartney de fatinho e gravata, guitarra na mão, diante de um pequeno microfone (sim, já lá iremos):

"Yesterday all my troubles seemed so far away. Now it looks as though they're here to stay."

Então ontem foi assim: acordámos a pensar que íamos atropelar os húngaros, mas acabámos por fazer um jogo mau e o resultado do costume, como conta a Mariana Cabral a partir de França. A coisa só não acabou pior (ou seja, com o embate frente aos ingleses) por causa do tal golo do Arnór, que pode espreitar aqui paraouvir um comentador islandês à beira da loucura (e vale mesmo a pena ouvir). Tudo o resto, mas mesmo tudo, está na página do Expresso dedicada ao Campeonato da Europa.

A partir daqui é só para ler, just to read, por isso ponha estamúsica em fundo, mas em loop.

A escolha que importa é entre o Brexit e o Remain (Islândia ou Portugal, em futebolês / ter ou não ter a Guerra dos Tronos, para quem prefere séries) e as últimas sondagens dão vantagem ao Remain, apesar dos tais 11% de eleitores indecisos. A CNN dá conta dos últimos instantes de campanha.

O Pedro Cordeiro está em Londres há já alguns dias e vai acompanhar a votação ao longo de toda a jornada no site do Expresso. Aqui, em menos de três minutos, explica o que está em jogo. Ontem esteve em Trafalgar Square e assistiu, ao lado de milhares de pessoas, à cerimónia que assinalou o aniversário de Jo Cox, a deputada que se opunha à saída da União Europeia e que foi assassinada há uma semana. Malala Yousafzai, a ativista paquistanesa prémio Nobel da Paz, foi a última a falar. "Os extremistas falharam de novo", disse.

O Guardian aponta erros aos líderes europeus que, nos últimos meses, lidaram mal com o referendo de hoje. Uma espécie de estrada que os foi levando da "negação ao pânico", para usar a expressão de Natalie Nougayrède, a comentadora de assuntos internacionais do jornal.

Agora, como refere o Guardian e como se pode ler também noPúblico, é preciso lidar com os resultados. Jean Claude Junker já avisou que se a escolha for pela saída não haverá caminho de volta. " “Eles obtiveram o máximo que é possível obter e nós demos o máximo que é possível dar. Fora é fora. Não haverá nenhuma nova negociação”, disse o presidente da Comissão Europeia.

O The Wall Street Journal vai mais longe e assegura que, a partir de hoje, nada será como antes. Se os britânicos decidirem "sair de casa", os alicerces da casa vão abanar com força. Se decidirem ficar, lá em casa ninguém se vai esquecer tão cedo que eles andaram seis meses a pensar se valia a pena partirem.

Se ficar o bicho pega. Se correr o islandês marca.

OUTRAS NOTÍCIAS

Comecemos pelo fundo e, justiça seja feita, aquilo nem é bem um lago. Ou seja, é um lago porque é um buraco e está cheio de água, mas não é um daqueles lagos que têm direito a placa. É, quanto muito, uma poça gigante que fica numa praça batizada com o nome de uma impressionista francesa, Berthe Morisot, que, imagino, não se daria ao trabalho de a pintar. Mas foi para lá, para essa mancha castanha, que Cristiano Ronaldo lançou o microfone de um jornalista da CMTV. As águas não vão acalmar tão cedo, seguramente, e o 'microfonegate' vai ficar para a história.

A caminho da imortalidade está também o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Depois de PSD e CDS terem avançado com uma comissão de inquérito para analisar a gestão do banco público nos últimos 16 anos (e são cinco os administradores na mira dos deputados) , o PS veio pedir a audição urgente do Governador do Banco de Portugal, pedido que o CDS considera uma manobra de distração. Parece que a discussão sobre a árvore já vai nas pulgas que estão nas penas das asas dos passarinhos pousados nos ramos. E ainda não começou.

Ou quase. Ontem, houve conferência de imprensa do ministro das Finanças. O Pedro Santos Guerreiro conta-lhe o pouco que há para contar sobre as palavras de Mário Centeno, hora e meia antes do jogo e a poucas horas do referendo. Uma notícia sobre perguntas sem resposta. E o João Vieira Pereira dá a nota ao jogador Mário Centeno.

Vinte Valores para este artigo do The New York Times sobre os problemas do Canal do Panamá. As obras de ampliação do canal demoraram seis anos e foram feitas por uma empresa espanhola. O grande teste será no domingo, quando chegar o primeiro gigante dos mares. Chama-se Cosco Shipping Panama e foi rebatizado há cerca de um mês - após ter sido sorteado para ser o primeiro mega cargueiro a atravessar o renovado canal. O navio de 300 metros está neste momento a caminho e pode acompanhar a viagem através desta ligação (cuidado porque este mapa de tráfego marítimo em tempo real pode ser viciante).

Nos EUA, viram-se democratas sentados no chão. Tudo para forçarem a discussão sobre a lei de posse de armas. Há mais de 310 milhões de armas de fogo legais nos EUA, o que dá, aproximadamente, uma por pessoa. Este vídeo da The New Yorker explica como foi possível chegar aqui.

MANCHETES

Correio da Manhã: "Droga e notas de 500€ em festas na cadeia"
Jornal de Notícias: "Região Norte responsável por 40% das exportações"
Diário de Notícias: "Hospitais públicos têm de operar 200 mil doentes para acabar com listas de espera"
Público: "Divididos e angustiados, britânicos decidem hoje futuro da União Europeia"
I: "Milhões para a banca provocam críticas na saúde"
Visão: "A vida do comunista que sabe o Padre-Nosso"
Sábado: "Esta é a nova vida de Portas"

FRASES

"Vou ver se arrumo a minha vidinha para conseguir assistir ao jogo. Um abraço a Fernando Santos", Marcelo Rebelo de Sousa sobre o Portugal-Croácia de sábado, após o empate 3-3 com a Hungria

"Não sou maluco", Fernando Santos, após o empate 3-3 com a Hungria que permite a Portugal jogar contra a Croácia no sábado, jogo a que Marcelo Rebelo de Sousa poderá ou não assistir

"O Presidente da República, a convite do Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, tem um Jantar de S. João no Jardim do Seminário Maior e assiste ao Fogo-de-artifício sobre o Rio Douro", Agenda de Marcelo Rebelo de Sousa para hoje na página oficial da Presidência da República

O QUE ANDO A LER

Vou sugerir apenas um artigo, até porque este Curto já vai longo e, apesar de tudo o que pode correr mal, há mais vinte piadas sobre microfones para ouvir antes do almoço.

A mensagem é mesmo essa: o mundo nunca pareceu tão perigoso, tão deprimente, tão assustador. Guerras por todo o lado, milhares de mortos todos os dias, milhões de refugiados, uma economia estagnada e permanentemente à beira do colapso, uma Europa sem rumo, um planeta ameaçado. Vivemos dias de "profundo pessimismo acerca do presente e, pior, do futuro", escrevem Kishore Mahbubani (reitor da faculdade de Políticas Públicas na Universidade Nacional de Singapura) e Lawrence H. Summers (professor em Harvard e Secretário de Estado do Tesouro dos EUA entre 1999 e 2001), logo a abrir a ágina 126 da edição de Maio/Junho da Foreign Affairs.

O artigo chama-se "The Fusion of Civilizations – The case for global optimism" e os autores defendem que, dentro de alguns séculos, quando os historiadores se debruçarem sobre a segunda década do século XXI terão alguma dificuldade em perceber tanto pessimismo. "As últimas três décadas foram as melhores da história. Cada vez mais pessoas, em cada vez mais locais, têm vidas melhores do que alguma vez tiveram". A justificação, acrescentam, é que há cada vez mais gente no mundo que tem as mesmas aspirações que a classe média do mundo ocidental:bons empregos, melhor educação para os filhos e uma vida feliz e produtiva em comunidades pacíficas. Em vez de estar deprimido, o Ocidente devia celebrar o sucesso fenomenal que foi conseguir impor os elementos fundamentais da sua visão do mundo a outras civilizações", explicam Mahbubani e Summers.

Há problemas? Claro que sim. Mas também há soluções. A turbulência no mundo islâmico é uma realidade. Há 30 mil guerrilheiros islâmicos no Daesh, muitos deles ocidentais, mas há também 200 milhões de muçulmanos que vivem pacificamente na Indonésia. A China está a crescer? Sim, nunca deixará de ser chinesa, poderá levar muitos anos até ser uma democracia, mas está cada vez mais ocidentalizada. E a ameaça maior? As economias do ocidente estão estagnadas e o populismo ganha terreno. É uma realidade, masnão é uma realidade inultrapassável. O perigo é assumi-la como uma fatalidade, "ver ameaças e não oportunidades, virar as costas ao mundo em vez de continuar a liderá-lo de forma bem sucedida".

Os problemas estão por toda a parte. Tudo está a acontecer, muito pouco do que acontece é bom. Mas nada é inevitável.

Quando começarem a chegar os primeiros resultados do referendo, lá pela madrugada, já haverá muita gente a passar a mão pela cabeça à conta da martelada.

Afinal, é noite de S. João, o profeta que anunciou Cristo. É que ele sabia disto, nós parece que não.

Tenha um bom dia. Há Expesso Diário às seis.

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