Perante
um dos eventos que mais impacto teve na actualidade angolana esta semana, a
libertação de 16 dos 17 activistas, Helena Bonguela diz que a liberdade
condicional é boa, mas a LIMA e a UNITA querem uma liberdade total, para estes
filhos que “podiam ser nossos”, por isso o “habeas corpus não nos
satisfaz”.
No
debate com os ouvintes, a presidente nacional da Liga da Mulher Angola (LIMA),
a organização da mulher da UNITA, abordou temas de vária ordem e a libertação
dos activistas foi inevitável.
Questionada
sobre o que sentiu aquando da condenação dos activistas, Helena Bonguela disse
que sentiu como se dos seus próprios filhos se tratasse e que a concepção do habeas
corpus só foi possível “graças à pressão nacional e internacional”,
mencionando nomes como o de Ana Gomes, como umas das forças que fez pressão.
Bonguela
acrescenta ainda que espera que Nito Alves, activista que continua preso, venha
a usufruir do habeas corpus, revelando uma preocupação, a de que os activistas
agora sob liberdade condicional e termo de identidade, não sejam “alvos de
perseguição”.
Além
do tema activistas, alguns ouvintes acusaram que os simpatizantes da UNITA,
inclusive mulheres, são alvos de perseguições, assassinatos, torturas, ao que a
dirigente da LIMA respondeu que a organização tem acompanhado os casos, em
especial o de Beatriz Nandimbe, no Bailundo, que segundo a convidada e o
ouvinte Cristiano Ndunduma, no Huambo, foi ferida numa actividade, o que lhe
causou a perda de um membro inferior.
Segundo
a presidente da LIMA todos dias recebem queixas de violações dos direitos
humanos e situações como a que aconteceu com Beatriz Nandimbe revelam a falta de
tolerância política. Helena Bonguela acusa também que os direitos humanos só
são reconhecidos “a quem tem cor partidária do partido no poder”.
“Ataque
à UNITA foi premeditado”
Ainda
no plano dos direitos humanos, Helena Bonguela lembra que o que
se passou em Capupa foi “uma grave violação dos direitos humanos,
também as mulheres ficaram prejudicadas, perderam os seus maridos, ficaram
viúvas. Os direitos humanos estão sempre a ser violados”, reforçou.
Às
questões de um ouvinte de Benguela, sobre “o que significa quando a polícia em
Benguela diz que a UNITA foi atacada por indivíduos não identificados” e
“quando vai acabar a intolerância política”, Bonguela não hesita em dizer que o
que aconteceu foi premeditado.
“O
ataque à comitiva da UNITA foi premeditado porque a coluna tinha informado as
autoridades”, questionando ainda quem é o desconhecido, se o atacado ou o
atacante.
“Porquê
que a polícia, com a missão de proteger não cumpriu o seu papel?”, questionou,
acrescentando que a intolerância política só vai terminar "com a mudança
de regime".
"O
regime, o MPLA já não tem ideias novas e prefere impedir as outras forças
políticas de implementarem as suas ideias. Eles são insensíveis".
Maternidades
e zungueiras
Como
dirigente de uma organização focada na situação da mulher, Helena Bonguela foi
questionada também sobre o que a LIMA pensa em relação às maternidades de
Luanda.
Bonguela
descreveu as maternidades de todo o país como "lastimáveis",
referindo que muitas maternidades e unidades hospitalares "têm falta de
material gastável, sem uma cama para cada parturiente, as mães não são bem
recebidas, as famílias aglomeram-se à porta das mesmas para garantir que os seus
familiares tenham materiais como luvas ou soro".
Hortêncio
Mendes do Uíge pediu que Helena Bonguela falasse sobre o que a LIMA faz para
ajudar as mulheres zungueiras que são "espancadas pelos fiscais".
Bonguela
lembrou que são as mulheres quem mais sofre em Angola: "Fazem papel de
pai, mãe. Não há empregos suficientes, nem salários condignos".
"Temos
tido vítimas mortais devido à actuação dos fiscais, porque elas tentam fugir
daqueles e muitas vezes são atropeladas", disse a dirigente da LIMA,
explicando que têm feito palestras, têm ido às praças para falar do projecto de
governo da UNITA.
Aqui,
Bonguela prometeu que quando a UNITA estiver no governo haverá um subsídio de
desemprego para que as pessoas não tenham que ir para a rua "encontrar a
morte", que haverá também um salário mínimo de 500 dólares e que o seu
governo será inclusivo.
Bolseiros
fora do país
Houve
ainda espaço para abordar um tema que tem causado comoção nas redes sociais, as
dificuldades financeiras pelas quais os estudantes bolseiros angolanos estão a
passar nos países para os quais foram enviados.
Um
internauta questionou o que a LIMA faz ou pensa fazer em relação à situação das
estudantes que têm recorrido ao trabalho do sexo para se sustentarem, ao que
Helena Bonguela apelou ao governo que faça os estudantes regressar.
"O
governo tem culpa disso, enviou os filhos alheios com a promessa de formação e
desistiu da sua responsabilidade. Se o governo não tem capacidade que faça
regressar os jovens para o país, para as suas famílias". E para as jovens,
há muitos riscos de saúde associados à vida que estão a levar, acrescenta
Helena Bonguela.
Voz
da América, Angola Fala Só
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