Até
a avó Ricardina aplaude Portugal, o neto Éder é o novo orgulho da Guiné-Bissau
Ricardina
Lopes ficou levantada até tarde, mas valeu a pena: nas ruas, o neto que criou é
aclamado como o novo orgulho da Guiné-Bissau.
Na
avenida há buzinas e grita-se por Portugal e ela, amparada por familiares, vem
à porta de casa - a mesma casa onde criou Éder até aos quatro anos. As origens
do jogador da seleção portuguesa estão no Bairro da Ajuda, em Bissau.
A
idade já não permite a Ricardina falar muito, mas percebe-se o que quer dizer:
"Fiquei contente e é um grande orgulho para mim", sussurra para os
vizinhos e bate palmas quando lhe dizem que criou um herói do futebol, aquele
que marcou o golo que fez de Portugal o novo campeão europeu, na final com a
França, no domingo.
Ao
lado, Dírcia Lopes, prima de Éder, chora a cada duas ou três frases: "É
muita emoção".
Dois
anos mais nova do que Éder, foram criados juntos por Ricardina, enquanto os
pais procuravam melhores vidas no estrangeiro.
"Corria
com ele neste corredor. Depois ele foi, eu fiquei", recorda. E chora mais
um pouco, comovida com a festa e com as recordações.
Garante
que o jogador guineense naturalizado português já naquela altura tinha "um
dom" para dar pontapés na bola.
Puxou
o jeito precoce a um tio mais velho, recorda o vizinho Mamudo Djao, um
"tio" emprestado de Éder, dada a afinidade com a família.
A
mercearia do bairro - paredes meias com a casa de Ricardina - tem uma pequena
televisão que serviu para toda a gente das redondezas ver os jogos de Portugal
no Euro 2016.
"Hoje
por um triz isto não veio abaixo. Quando foi golo, toda a gente gritou muito.
Este é o golo crucial da vida do Éder", conclui Djao.
A
noite já vai longa e nas ruas de Bissau o nome continua a ser entoado por
grupos que festejam a vitória de Portugal.
E
uma expressão surge quase sempre colada: "És o nosso orgulho".
Éder
marcou no domingo, em Paris, o 49.º e mais importante golo de Portugal em
campeonatos europeus de futebol, o que valeu o triunfo na final da edição de
2016, face à França, após prolongamento, aos 109 minutos.
Lusa,
em Diário de Notícias
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