Ana
Alexandra Gonçalves*
Sabemos
que Passos Coelho lida mal com a sua insignificância, sobretudo quando a mesma
é mais e mais evidente. Mas daí a referir-se à actual legislatura como sendo
"roubada" é, para além de excessivo, de mau-gosto, sobretudo para um
ex-primeiro ministro e líder do maior partido da oposição.
Passos
Coelho não terá a capacidade de perceber que frases como "o Governo tem o
dever de cumprir a legislatura que roubou" são sobretudo
contraproducentes. Com efeito, o antigo primeiro-ministro nada ganha com isso,
ficando apenas a imagem de quem tem uma visão particularmente exígua da
democracia, manifestando um acentuado desconforto na oposição.
Ansioso
por uma hecatombe que lhe permita um regresso ao poder, debaixo de aplausos
empolados por uma comunicação social rendida aos interesses económicos, e para
gáudio do séquito que ainda o acompanha, Passos Coelho nem sequer chega a ser
provocador, deixando antes ficar a imagem de quem é incapaz de contrariar a sua
pequenez. Ninguém roubou a legislatura - Passos Coelho não foi capaz de formar
uma maioria no Parlamento por ter passado quatro anos a fechar toda e qualquer
porta, enquanto sacrificava o povo português. O resultado foi a união histórica
das esquerdas.
As
palavras também contam, mesmo que aqueles que ainda estão atentos às mesmas
sejam em número consideravelmente inferior. Resta a Passos Coelho contar com
uma comunicação social conivente com os seus disparates e com instituições
europeias acéfalas.
*Triunfo
da Razão
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