Ana
Alexandra Gonçalves *
A
Alemanha parece querer liderar um grupo de países que defende a aplicação
draconiana das regras comunitárias, sobretudo no que diz respeito ao
cumprimento das metas do défice. Juntamente com Holanda e Finlândia, a Alemanha
defende que não deve existir qualquer excepção, contrariamente a países como a
França e a Itália que defendem precisamente o contrário. A Comissão manifesta o
seu acordo com a Alemanha.
"As
regras são para cumprir" parecem ser as palavras que soam bem às opiniões
públicas dos países acima referidos, a começar precisamente pela Alemanha.
Paralelamente, existe uma certa tendência para se misturar o que não tem
qualquer relação: crise dos refugiados com metas de défice. Sinais de uma
Europa claramente à deriva.
É
também claro que os problemas do Deutsche Bank, postos a nu pelo FMI que
considera que os mesmos constituem o maior risco à estabilidade mundial, não
podem ser dissociados da inflexibilidade alemã. Não será por mero acaso que de
cada vez que o ministro Schaüble é questionado sobre o Deutsche, a resposta acaba
invariavelmente por ser sobre Portugal. De resto, enquanto existir quem pague
os buracos da banca alemã, designadamente os países periféricos, criaturas como
Schaüble continuarão a ter existência política. Assim, a austeridade não pode
abrandar e muito menos parar. E é também desta forma que se garante a hegemonia
da Alemanha no contexto europeu.
A
única certeza que parece subsistir é que uma Europa em que os países se
digladiam é precisamente o oposto daquilo que é apregoado pelo projecto europeu.
*em
Triunfo da Razão
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