quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Chefe das Forças Armadas de Cabo Verde quer "regresso à normalidade" após crime em posto militar



O chefe do Estado-Maior cabo-verdiano, Anildo Morais, apelou hoje para o "arregaçar de mangas" nas Forças Armadas para um "efetivo regresso à normalidade", após a morte de 11 pessoas num posto militar na ilha de Santiago.

"É o momento de começarmos a trabalhar para um efetivo regresso à normalidade, depois da situação com o caso de Monte Txota. É o momento de arregaçarmos as mangas", disse Anildo Morais.

O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) falava hoje na tomada de posse do novo comandante da terceira região militar de Cabo Verde, de que depende o destacamento militar de Monte Txota, no concelho de São Domingos, onde, em abril, foram encontrados mortos oito militares e três civis.

O suspeito da autoria das mortes, um militar do mesmo destacamento, está detido no Estabelecimento Prisional Militar, devendo começar a ser julgado após as férias judiciais, em outubro.

A substituição do comandante da terceira região militar e dos diretores da Escola Militar e do serviço de informações militares encerra o ciclo de substituição das chefias das Forças Armadas que se seguiu ao crime, na sequência do qual o anterior CEMFA colocou o lugar à disposição.

Em declarações à agência Lusa, Anildo Morais adiantou que, quase cinco meses depois do acontecido, nas Forças Armadas não se sente "nenhuma anormalidade", e que esta é sobretudo uma mensagem para fora da instituição.

"Esta é uma mensagem para fora da instituição porque fomos, de certa forma, muito mal julgados durante este processo e queremos passar uma mensagem de que, como instituição militar lamentamos claramente o sucedido, mas estamos a funcionar normalmente e o moral e o bem-estar dos nossos militares é normal", disse.

O caso Monte Txota gerou um amplo debate sobre o funcionamento e as fragilidades das Forças Armadas cabo-verdianas, tendo sido questionados os critérios de seleção dos militares e surgido denúncias de alegados maus tratos no interior da instituição.

Durante a sua intervenção, Anildo Morais sublinhou ainda a intenção de rever o sistema de avaliação individual dos militares, de melhorar a operacionalidade das FA e de simplificar os procedimentos administrativos e de gestão, nomeadamente com recurso à utilização das novas tecnologias de informação.

O novo comandante da 3.ª Região Militar, o tenente-coronel Mário Vaz de Almeida Furtado, sublinhou a necessidade de alocar recursos humanos e materiais à Escola Militar, bem como ao serviço de informações militares.

Mário Vaz de Almeida Furtado substitui no cargo o tenente-coronel Carlos Mendes Lopes Sousa Monteiro, que transita para a Escola Militar como diretor.

O serviço de Informações Militares passará a ser dirigido pelo major José António Soares Vieira.

CFF // VM - Lusa

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