segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ANGOLA: CAMINHOS DO FUTURO (2)




Da mesma forma que a forma actual de dinheiro penetrou no mundo inteiro em cerca de 1 século, mudando por completo as vidas e aspirações dos indivíduos e das sociedades, a informação desloca-se por toda a parte e os seus efeitos são visíveis em todo o lado. A informação significa antes do mais um novo tipo de gestão e implica profundas alterações nas estruturas organizativas.

Até a um recente passado a matriz de qualquer estrutura organizacional era modelada e alicerçada na estrutura militar. Os níveis hierárquicos definiam os níveis de gestão (dos quais muitos nunca funcionavam, nem tomavam qualquer decisão, acabando por serem apenas amplificadores de sinais que se moviam para cima e para baixo, através da estrutura organizativa) e a rigidez da cadeia hierárquica, a sua verticalidade, era mantida, embora com diferentes variáveis. Esta estrutura vacilou e começou a demonstrar sinais de ineficiência quando a evolução dos níveis de conhecimento dos trabalhadores no aparelho económico, ou o progresso intelectual dos cidadãos, no plano politico, se tornaram socialmente assumidos.            O golpe fatal na estrutura hierarquizada foi dado pela utilização das novas tecnologias e pela introdução destas nas áreas produtivas ou nas áreas do conhecimento, do comércio, dos serviços, da educação e na própria estrutura militar, a estrutura matriz.

A soma destes três factores (conhecimento, consciência, tecnologia) conduziu á necessidade de sistematizar a inovação, a capacidade empreendedora e a criatividade. A estrutura organizacional vertical é, manifestamente, incapaz desta sistematização e aos poucos, horizontalizou-se. A matriz passou do exército á orquestra sinfónica. As sinfonias exigem a presença de centenas de instrumentistas, por vezes, cantores, que funcionam sem intermediários, sem escalões hierárquicos na circulação da informação. Estão organizados em torno da partitura (que é a mesma para todos) e funcionam coordenadamente em torno do maestro, o gestor de topo, numa estrutura plana, de livre circulação de informação.

Um dos requisitos da organização com base na informação é a importância de definir tarefas para evitar que se estabeleça a confusão. A orquestra, por exemplo, consegue actuar porque todos os músicos sabem o que estão a tocar. Contudo a performance de qualquer estrutura organizacional cria a sua própria partitura, ou muitas, á medida que progride, pelo que uma organização baseada na informação deve estruturar-se a si própria em torno de metas que expressem as suas expectativas e objectivos. Deve, ainda, existir um feedback estabelecido para que todos os membros possam exercer autocontrolo através da comparação das expectativas com os resultados realmente alcançados. Por último toda esta estrutura organizacional apenas poderá funcionar se existir clareza de direcção e uma liderança transparente e determinada, assente na soberania popular.

Angola - é sabido - atravessa um momento difícil na sua vida económica. Neste sentido são colocados, ao país, novos e maiores desafios. A incerta valoração das matérias-primas no mercado mundial colocam novas questões e obrigam a novas abordagens. O trabalho de reajustamento dos Programas e dos Planos de Acção é uma constante, sempre efectuado sob o signo da estabilidade e da protecção das condições de vida dos cidadãos angolanos. Sem descartar as responsabilidades e os erros, a actual crise tem, no entanto, muitas das suas fontes nas dinâmicas externas.

A economia-mundo actual é caracterizada pela pluralidade, pela busca de consenso, concertação, diálogo e pela cooperação entre Estados, nações, povos e/ou outras entidades. A prevalência da Razão e a tolerância são factores essenciais para a resolução dos inúmeros problemas que hoje afectam toda a Humanidade. A crise económica e financeira que atravessa, em diferentes níveis e com diferentes amplitudes a economia-mundo, é agravada pelo preocupante pulular de conflitos de diferentes intensidades, de âmbito local, sub-regional e regional e geradores de graves crises humanitárias. Urgem soluções abrangentes e inclusivas, que viabilizem alternativas estáveis e removam as causas dos problemas que a todos nos afectam.

A queda dos preços das matérias-primas constitui um dos factores recentes que mais afectam os esforços de desenvolvimento e modernização das economias africanas. Por outro lado os conflitos que afligem o continente obrigam-nos a todos nós, africanos, assumir a paz como prioridade e premissa principal para o progresso e desenvolvimento das economias africanas. A cooperação entre os povos do continente, a concertação entre os Estados africanos e a participação cidadã são factores necessários para a resolução dos problemas que afligem África.

Em Angola o factor da inovação é decisivo. A inovação tem como pilar central a liberdade de pensar e de escolher, de produzir e de consumir, ou seja, a liberdade para criar riqueza, liberdade que terá de ser associada á justiça da distribuição da riqueza criada. Inovar significa trabalho duro e sistemático, significa olhar as dificuldades como oportunidade de mudança, encarar a crise de frente e assumir uma atitude criativa e empreendedora. A inovação é o instrumento decisivo para a transformação da realidade existente e construção de uma sociedade mais justa, livre e democrática.

Quanto á questão da liderança clarificada, transparente e determinada (questão-chave para o livre fluxo da informação e para o aprofundamento da participação democrática e da autonomia cidadã) em Angola, tem um nome: José Eduardo dos Santos.

GEOESTRATÉGIA PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL




1 – A situação climática e ambiental global continua a degradar-se, conforme foi constatado na última Conferência em Paris.

Desde a primeira Conferência, realizada em Junho de 1992 no Rio de Janeiro, que essa constatação tem sido feita, no entanto é a primeira vez que foi alcançado algum consenso e estabelecido o que se pode considerar um programa.

Logo na primeira Conferência houve um discurso que se distinguiu enquanto um vigoroso alerta, o do Comandante Fidel, um discurso que não perdeu actualidade, do qual relembro este extracto:

“Una importante especie biológica está en riesgo de desaparecer por la rápida y progresiva liquidación de sus condiciones naturales de vida: el hombre.

Ahora tomamos conciencia de este problema cuando casi es tarde para impedirlo.

Es necesario señalar que las sociedades de consumo son las responsables fundamentales de la atroz destrucción del medio ambiente. Ellas nacieron de las antiguas metrópolis coloniales y de políticas imperiales que, a su vez, engendraron el atraso y la pobreza que hoy azotan a la inmensa mayoría de la humanidad. Con solo el 20 por ciento de la población mundial, ellas consumen las dos terceras partes de los metales y las tres cuartas partes de la energía que se produce en el mundo. Han envenenado los mares y ríos, han contaminado el aire, han debilitado y perforado la capa de ozono, han saturado la atmósfera de gases que alteran las condiciones climáticas con efectos catastróficos que ya empezamos a padecer.

Los bosques desaparecen, los desiertos se extienden, miles de millones de toneladas de tierra fértil van a parar cada año al mar. Numerosas especies se extinguen. La presión poblacional y la pobreza conducen a esfuerzos desesperados para sobrevivir aun a costa de la naturaleza. No es posible culpar de esto a los países del Tercer Mundo, colonias ayer, naciones explotadas y saqueadas hoy por un orden económico mundial injusto.

La solución no puede ser impedir el desarrollo a los que más lo necesitan. Lo real es que todo lo que contribuya hoy al subdesarrollo y la pobreza constituye una violación flagrante de la ecología. Decenas de millones de hombres, mujeres y niños mueren cada año en el Tercer Mundo a consecuencia de esto, más que en cada una de las dos guerras mundiales. El intercambio desigual, el proteccionismo y la deuda externa agreden la ecología y propician la destrucción del medio ambiente”…
  
2 – No momento em que o consenso global sobre o clima, o ambiente e o respeito em relação à Mãe Terra tende a ser alcançado, fazendo parte das preocupações globais o que se prende com a massa de água do planeta, preocupa-nos sobretudo o que estamos a fazer em Angola, tendo em conta as imensas potencialidades do país em relação ao desenvolvimento sustentável e amigo da natureza, constatando que há que enveredar urgentemente por uma abordagem que permita estabelecer geo estratégias integradas, valorizadas desde o presente ao muito longo prazo e aglutinadoras da sabedoria nacional (uma vez que as universidades devem ser chamadas a desenvolver amplos trabalhos investigativos, acompanhando a projecção que se vier a fazer em todo o espaço nacional).


Para que isso aconteça, tendo em conta as características físico-geográficas-ambientais do território angolano e a ocupação humana desse território, a abordagem da questão da água interior coloca-se como prioritária, pois sendo a água vida há que saber gerir todos os recursos dela provenientes, assim como os recursos que com ela se co-relacionam, numa perspectiva que não seja agressiva para com a natureza e permita ao mesmo tempo ao homem realizar suas aspirações a uma vida melhor.

A planificação geo estratégica integrada para todo o espaço nacional, deve assentar nos fundamentos dessas características físico-geográficas, ambientais e humanas e o facto do território ser um quadrado, com o centro a coincidir também como a região das grandes nascentes, fulcro portanto da rede hidrográfica de Angola, é um benefício para o delineamento da panificação geo estratégica a muito longo prazos segundo a perspectiva da economia real e das possibilidades de desenvolvimento sustentável.

A biodiversidade em Angola tem tudo a ver com as bacias hidrográficas (e ambientais) de Angola.

Só os rios Chiloango (em Cabinda), o Congo (junto à sua foz e na fronteira com a RDC) e o Zambeze, (que atravessa de norte para sul o saliente de Cazombo) não têm nascente em Angola.

Todos os demais, pertencendo às bacias do Congo, do Zambeze, do Okawango, do Cuvelai e os que desaguam no Atlântico de forma independente, têm nascentes dentro do espaço nacional e os principais bem dentro do perímetro da região central das grandes nascentes.

Isso é muito sensível: os vizinhos dependem muito mais da água que nasce em Angola, da vida que emerge desde o centro do espaço nacional, do que Angola depende de águas provenientes de fora do seu território!

Quanto das políticas de paz para toda a região poderão ir beber aos recursos naturais, em especial o recurso que é vida?

Quanto Angola, em função desses recursos, poderá alimentar essas políticas de paz?

Quanto a SADC pode socorrer os interesses da RDC, quando a sua bacia principal, a bacia do Congo, tem sido tão ameaçada?

3 – Salvaguardar as nascentes dos grandes rios angolanos, todas elas na região central das grandes nascentes, com programas inseridos em reservas e parques nacionais apropriados à preservação dos berçários da água e biodiversidade que dão início aos seus cursos, é uma primeira medida muito urgente e isso só poderá ser feito com uma abordagem revolucionária, nos conceitos que implicam, a partir do Ministério do Ambiente.

De facto Angola sentiu-se atraída à criação de Parques Nacionais e Reservas como os que foram criados recentemente no Cuando Cubango, no âmbito dos Parques Transfronteiriços dinamizadores de paz, mas esses esforços estão equacionados para os cursos médios e não salvaguardam a matriz vital da água que é a região central das grandes nascentes, que apenas possui uma Reserva relativamente à altura: a Reserva Natural e Integral do Luando, uma bacia afluente a leste do rio Quanza.

Os Parques Nacionais existentes (Iona, Cameia, Quiçama, Cangandala, Mavinga, Bicuar, Luengue Luiana e Mupa) tendo sua razão de ser, não foram equacionados no sentido de proteger as matrizes principais da água interior e algumas abrangem os cursos médios dos rios.


Rios ou matrizes de água e biodiversidade como o Quanza, o Cuango, o Cassai, o Luena, o Lungué Bungo, o Cuando, o Cubango, o Cuvelai, o Cunene, o Catumbela, o Queve e o Longa estão sem qualquer medida prevista de controlo ou protecção para as suas respectivas nascentes (e regiões adjacentes) e isso significa que estão à mercê de contingências provocadas por factores humanos, que podem alterar o ambiente na sua origem, podendo a vir a causar danos irreparáveis.

Também não podem ficar de fora a esta apreciação outros rios ou cursos de água, desde os que percorrem o sudoeste, como por exemplo o Bero, o Giraul, o Bentiaba, o Coporolo, ou o Cavaco, aos rios Zenza, Dange, Loge, M’Brige…

4 – A planificação geo estratégica do território tem obrigatoriamente que contar com uma outra abordagem em relação aos recursos hídricos do interior, uma planificação que irá influir nas planificações da economia diversificada que prime pela sustentabilidade e pelo respeito para com o homem e a natureza, que tenha como principal sustentáculo a agricultura e a pecuária, algo que já fazia parte das preocupações de Agostinho Neto.

A água é vida e por isso garante de todo o tipo de recursos, o que é tão importante para África, que assiste à expansão das áreas desérticas sobretudo a norte do Equador.

Cuidarmos geo estrategicamente da água em Angola é um primeiro passo decisivo para garantirmos sustentabilidade à vida, garantindo ao mesmo tempo desenvolvimento e um futuro bonançoso para as gerações vindouras!

A presente situação que o país atravessa merece respostas adequadas em relação aos termos da planificação geo estratégica integrada e os rios angolanos permitem-nos, na plasticidade da distribuição dos recursos hídricos, indicar o caminho para melhor pensar Angola como nunca antes ela foi antes pensada, ou equacionada!

Notas:
- Intervenção de Arrim Tachon com consultoria de Martinho Júnior.
- Em saudação ao dia 31 de Janeiro de 2016, DIA NACIONAL DO AMBIENTE.
- Intervenção realizada com base na produção “A LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA”, de Dezembro de 2012, da autoria de Martinho Júnior.

A consultar: 

AS NOVAS AMEAÇAS AO PETRÓLEO



Benjamim Formigo – Jornal de Angola, opinião

Apesar da continuada queda do preço do barril de petróleo que na sexta-feira passada atingiu novos mínimos históricos, os países desenvolvidos não reduziram, em termos relativos, o investimento nas fontes alternativas, em particular a China que ultrapassou, em 2015, o investimento conjunto da Europa e dos Estados Unidos na energia solar e fotovoltaica.


Em simultâneo a UE, um dos grandes consumidores, os EUA e outros países do arco desenvolvido continuaram a introduzir novas tecnologias de produção que tornaram mais eficiente o uso da energia que necessitam.

Apesar do excesso de oferta petrolífera no mercado, e consequente descida dos preços, as alternativas mantiveram-se em ascensão, contrariamente a algumas previsões que apontavam para um abrandamento desse investimento. A China, o maior consumidor de combustíveis fósseis investiu, em 2015, cerca de 111 mil milhões de dólares nas energias alternativas, o equivalente à despesa combinada dos EUA e UE neste sector. De notar que o desenvolvimento da UE nas energias renováveis decresceu consideravelmente em virtude de dispor já de uma tecnologia de ponta e estar a transferir o seu abastecimento para o sector em detrimento do uso dos combustíveis fósseis. Por outro as economias emergentes têm adoptado alternativas e os novos investimentos não param; a Índia subiu o seu investimento para 10,9 mil milhões de dólares e países como o México, Chile e África do Sul atraíram milhares de milhões em desenvolvimento neste sector energético. As indicações vêm da Bloomberg, Mackenzie e outros analistas económicos numa explicação sobre os preços do crude que, prevêem, se mantenha na casa dos 30 dpb (dólares por barril) durante este ano, sem todavia excluírem descidas.

A guerra dos preços começa com o que pode bem ter sido uma aposta errada da Arábia Saudita levar a OPEP a aumentar a produção para manter os seus mercados e em particular os mercados sauditas. O momento foi errado dado que a economia mundial arrefecia e em particular a chinesa que era, e é ainda, o motor da economia mundial. Em torno disto gravitam uma série de outras variáveis, desde as desvalorizações da moeda chinesa, as baixas taxas de juro praticadas pelo FED (Federal Reserve Board – Banco Central dos EUA), a acção dos especuladores no petróleo barato, para referir apenas algumas. Os baixos preços causados pela descida impulsionada pelos sauditas obrigaram a Rússia a aumentar a sua produção por forma a conquistar novos mercados e manter as receitas de petróleo a níveis semelhantes aos do início da crise. 

A perspectiva de subida de preços é agora agravada pela entrada do Irão no mercado. Levantadas as sanções a semana passada a companhia petrolífera iraniana prepara-se não só para subir a sua produção de curto prazo em 500 mil barris diários (e um milhão até ao final do ano) como poderá a qualquer momento fazer entrar no mercado as reservas que acumulou durante as sanções, quer em terra quer em petroleiros e cuja manutenção sai cara. A produção possível do Irão até ao final deste ano e sem mais investimentos é de 4,2 milhões de barris diários. O excesso actual de produção é de dois milhões de barris por dia. Espera-se contudo uma entrada “suave” por parte dos iranianos, que não pretendem afectar os seus amigos russos, quase os únicos que o apoiaram nos tempos difíceis.

Um desenvolvimento do potencial de conflito nas relações cada vez mais tensas entre o Irão e a Arábia Saudita não parece preocupar os mercados, que continuam a reagir sem sobressaltos às crises no Golfo.

As energia renováveis aumentaram o ano passado em 30 por cento relativamente a 2014 a sua quota na rede energética, sendo 64 gigawatts provenientes dos parques eólicos e 57 gigawatts de produção fotovoltaica. Alguns países defendem que as renováveis os deixam menos expostos ao exterior e as centrais geradoras verdes são muito mais baratas e rápidas de colocar em linha do que as tradicionais.

Com este panorama quase se concluiria, embora precipitadamente, que os combustíveis fósseis são complementares. Não é verdade, uma vez que não só nem todos os países têm acesso às energias renováveis ou às tecnologias mais eficientes como os investimentos nas centrais convencionais não deram ainda o seu retorno. Todavia o verde representa cerca de 30 por cento da energia consumida e com tendência para crescer. Outra razão do sucesso das renováveis é a sua descentralização e consequente dispensa de centenas de quilómetros de linhas de transporte que implicam consideráveis perdas energéticas. Além disso o acordado em Paris na conferência sobre o ambiente tem de ser cumprido.

O maior trunfo de que os combustíveis fósseis continuam a dispor está na zona dos transportes. Os carros eléctricos são uma minoria ínfima dos veículos em circulação - mas representam uma considerável fatia do consumo -, e em geral os transportes marítimos e aéreos não têm uma alternativa aos hidrocarbonetos, o mesmo, embora em menor grau, para o ferroviário. O parque de energia renovável, por enquanto, sustenta alguma indústria ligeira, o consumo doméstico e pouco mais e sob a forma complementar. Porém é de notar a crescente utilização do solar nas habitações e o eólico tem uma fatia cada vez mais importante na rede eléctrica.

Os exportadores de petróleo estão perante um desafio extraordinariamente difícil e complicado. Manter os actuais níveis de produção levará a preços de crude cada vez mais baixos, cortar na produção implica o risco de empurrar os clientes para as energias alternativas. Aliás a crescente dependência do vento e do sol surge após o pico petrolífero de 2008, quando o barril ultrapassou os 170 dólares.

O reverso desta medalha é que com a quebra dos rendimentos petrolíferos alguns países poderão ter dificuldades em satisfazer os seus compromissos com o sistema financeiro. Daí as declarações de George Soros a semana passada sobre uma recessão parecida com a de 2008. E se os mercados não reagem negativamente aos actuais preços ficariam muito nervosos com a perspectiva de “default” de Estados devedores. Quaisquer previsões de longo prazo são difíceis e mesmo as de curto prazo parecem falhar semana a semana. 

O facto é que a actual situação só beneficia o sector da refinação que não faz reflectir no consumidor final os baixos custos do crude, aumentando as suas margens de lucro, e os Estados que taxam percentualmente o preço do combustível nas bombas e por isso não têm qualquer incentivo em regulamentar o sector. Produtores e operadores travaram, segundo a Bloomberg, 380 mil milhões de investimento no sector da exploração.

TUNÍSIA: A 5 ANOS DA PRIMAVERA NORTE-AFRICANA



  Rui Peralta, Luanda

Cinco anos após os acontecimentos de 14 de Janeiro de 2011, a normalização “primaveril” continua. No palácio presidencial de Cartago o presidente tunisino, Beji Caid Essebsi, proferiu um virulento discurso, durante as celebrações, contra os seus opositores políticos, que por sua vez boicotaram o evento. Uma semana antes o partido Nidé Tunis (NT), no governo (sendo, também, o partido de Essebsi, o presidente da república), celebrava a sua fundação, o que foi um complexo momento de boa vontade, atendendo a que este partido se fragmentou pouco tempo depois de fundado. A denominada “ala esquerda” deste partido decidiu abandoná-lo e criar um novo partido. E isto devida á insistência do presidente tunisino em impor o seu filho Hafedh Essebsi, como secretário-geral do NT, o que levou ao afastamento de um largo sector da organização e á perda da maioria parlamentar, em virtude dos deputados que abandonaram o NT.

Se o discurso político tunisino parece andar turbulento, a sua economia continua com uma dependência em tudo igual ao contexto anterior da Primavera. Investimento estrangeiro e turismo barato continuam a ser os pilares da economia tunisina. A angustia criada em torno do pagamento da divida permanece. O Comité para a Anulação da Divida do Terceiro Mundo refere, no relatório anual de 2015, que 82% dos novos empréstimos concedidos pelo FMI e Banco Mundial destinam-se a pagar a divida contraída pelo anterior regime de Ben Ali. E assim a divida externa tunisina duplicou nos últimos cinco anos, passando de 11 milhões e 500 mil USD para 22 milhões de USD.

Com o sector turístico paralisado pela ameaça terrorista e a indústria do fosfato completamente estagnada e a viver um momento crítico e apático, a Tunísia é palco de disputas entre famílias pelo controlo do mercado informal (que representa cerca de 54% da economia nacional tunisina) tendo como pano de fundo a inflação e o desemprego, que em algumas regiões alcança os 40%. Por isso não é de estranhar que em 2015, segundo o Fórum para os Direitos Económicos e Sociais, tivessem ocorrido cerca de 4 mil e trezentas acções organizadas de protesto social e politico e cerca de 500 suicídios, ou que – conforme a Homeland – 6 mil jovens tunisinos estejam nas fileiras do Daesh na Síria.

O permanente estado de alerta antiterrorista em que a sociedade tunisina mergulhou, por sua vez, serve de pretexto ao congelamento das revindicações de 2011. Em nome da segurança recalca-se os motivos da crise politica e económica e impede-se o prosseguimento das alterações sociais iniciadas pelas revindicações da intifada tunisina de 2011. No contexto regional o caos e a guerra civil são ameaças constantes na Líbia e na Argélia. Apesar da fragilidade das suas fronteiras a Tunísia conserva um mínimo de estabilidade politica e social e uma institucionalização formalmente democrática (similar ao que ocorre no Egipto). Por outro lado a Tunísia sofreu - com a intifada de 2011 – duas rupturas que se complementam: 1) rompeu com a lógia do partido único (e não a substituiu pela lógica do único partido); 2) rompeu com a lógica do pensamento único (o que impediu a sociedade tunisina de cair na lógica do único partido).

Mas existiu um outro aspecto fundamental no panorama politico tunisino. No congresso que fundou o NT esteve presente, como convidado, Rachid Ghannouchi o presidente do partido islâmico Ennahda, que participa, coligado com o NT, no actual governo. Esta aliança entre o centro-direita laica (NT) e o centro-direita islâmico (Ennahda) é certo que deixa de fora a esquerda tunisina, os jovens revolucionários de 2011 e a extrema-direita islâmica mas constitui uma integração dos sectores islâmicos na arquitectura institucional tunisina, que é laica. A coligação entre o NT (que comporta muitos “fulul” do antigo regime) e o sector maioritário islâmico (perseguido no antigo regime) pode não ser a alternativa mais adequada às mudanças estruturais que a sociedade tunisina necessite mas constitui um factor decisivo para o reforço e implementação sustentável das instituições democráticas tunisinas. Sem a integração política do islamismo nunca os povos da região poderão libertar-se dos regimes autoritários laicos que utilizam o combate ao terrorismo para legitimar as suas políticas, nem do próprio islamismo politico, profundamente anti laico, que se legitima contra a influência dos “infiéis”.

É nesta excepção que a Primavera tunisina poderá constituir-se como alternativa democrática e apontar caminhos de diálogo na conturbada região do Magrebe e em todo o Norte de África.

Brasil. Estudante negra aprovada na UFMG rebate post preconceituoso: "Vou ser aluna excelente"



Publicado no Facebook, o comentário foi feito por candidata que tentou uma vaga na universidade, mas não conseguiu. Discussão ganhou as redes sociais.


Quando a estudante B.T. usou uma mensagem pública no Facebook para mostrar indignação com o sistema de cotas – diante da não aprovação para uma vaga no curso de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) –, talvez não esperasse a resposta convicta de uma outra candidata – essa, aprovada justamente por meio da reserva de vagas. "Sou uma preta lacradora, inteligente e cotista que entrou em Letras no seu lugar", respondeu Lorena Cristina de Oliveira Barbosa, de 20 anos. A explosão preconceituosa, a partir daí, virou polêmica e tomou corpo.

Sem sucesso na disputa de um dos 130 assentos da graduação disponíveis para a ampla concorrência, B.T. atribuiu seu resultado à medida de ação afirmativa adotata pela instituição, que, em obediência à Lei nº 12.711/12, guarda 50% de suas matrículas a estudantes de escolas públicas. Deste montante, um percentual é destinado ainda a candidados autodeclarados pretos, pardos ou indígenas e/ou de baixa renda. "Para o curso de Letras na UFMG há 260 vagas. Fiquei na posição 239. Mas não vou entrar por quê? Por causa dessa m* de cota", comentou a jovem.

Décima quinta colocada na seleção, além de responder a concorrente em seu perfil, Lorena continuou o desabafo em outro post sobre o assunto: "Desculpem-me por não aceitar nenhum filho de burguês apontando o dedo para mim e dizendo que sua não aprovação foi culpa minha. Não foi. A universidade pública deveria atender muito mais pessoas como eu. Teoricamente, ela nasceu para isso. Eu ocupo este lugar agora. E ele será tão meu quanto de vocês.

Procurada pela reportagem, B.T não se manifestou sobre o caso e apagou a publicação feita nesta manhã. Em outras postagens públicas de seu perfil, entretanto, constavam diversas manifestações de pessoas indignadas. Algumas corroboram a revolta da concorrente não aprovada. A maioria, contudo, apoiava Lorena, que comemora a vitória: “Fiquei muito feliz. Uma chama de esperança começou a nascer em mim”, diz a belo-horizontina.

Difícil trajetória

Aprovada com 920 pontos na redação, Lorena estava pessimista quanto a seu desempenho nos exames. Eu não esperava a aprovação do Enem; estava me sentindo perdida”, conta a universitária. Postura compreensível para quem escuta as histórias de hostilidade que o ambiente escolar tantas vezes impôs à moça.“Na escola, uma professora de matemática gritou na minha turma que eu seria empregada doméstica para limpar o chão das filhas dela”, conta.

Após a conclusão do Ensino Médio, chegou a ingressar como bolsista numa escola particular de jornalismo, onde permaneceu por um ano e meio. Desistiu da instituição e do ofício - segundo ela, por não suportar o ambiente racista tanto da academia, quanto do mercado de trabalho.

Meus professores viviam me mandando mensagens com convites para sair. Nos estágios, já fui demitida sob justificativa de ser negra demais para a comunicação. Me disseram isso abertamente. O meu ex-chefe dizia que se eu quisesse ter sucesso, era só usar a minha sexualidade negra para transar com todos os empresários”, diz.

Após quatro meses de cursinho - frequentado após jornada diária de 8 horas de trabalho como educadora em projeto social para ajudar a família como pagamento das mensalidades - tornou-se, oficialmente, aluna da Faculdade de Letras da UFMG: “Trabalhava o dia inteiro e ia direto para o cursinho. Voltava para casa beirando meia-noite e meia. Mas eu sempre fui muito boa com redação e uma amiga se dispôs a me ajudar aos finais de semana. E assim eu fazia. Assistia aulas on-line, estudava de madrugada”.

É com tristeza, portanto, que graduanda recebe o post da concorrente B.T., bem como a agressividade daqueles que acreditam que as cotas são privilégios : "Eu vim de uma família negra que sempre seguiu a mesma história de serviçais. Eu nunca tive nada, sabe? Ralei muito para entrar na UFMG. A minha escola não tinha nem estrutura para comportar alunos. Por isso não acho justo uma pessoa que sempre teve tudo apontar isso como privilégio. A cota é o mínimo que o governo me deve por ter me feito passar por tudo isso só por ser preta e pobre. Aquela faculdade é minha também e eu tenho o direito de estar nela”, afirma.

*em.com.br

O RACISMO DE FERNANDO PESSOA…



Declarações racistas de Fernando Pessoa reacendem a discussão sobre a relação entre os artistas e suas obras

Jeferson Tenório* no Murro das Lamentações - Geledés

Causou estarrecimento em muita gente a descoberta de um texto racista escrito pelo poeta Fernando Pessoa (1888 – 1935). A discussão correu as redes sociais depois que o escritor Antonio Carlos Secchin reproduziu um trecho em sua página no Facebook. O estarrecimento certamente ficou por conta da contundência das frases e também porque Fernando Pessoa ocupa um imaginário quase etéreo e mítico dentro da cultura ocidental contemporânea. Para nós, hoje, é difícil aceitar que um artista do calibre do poeta português, que simplesmente reescreveu liricamente a empreitada lusitana, criou complexos heterônimos e se tornou um dos pilares da literatura e da língua portuguesa, fosse capaz de escrever palavras tão assombrosas.


Fernando Pessoa tinha 28 anos quando escreveu que “a escravatura é lógica e legítima; um zulu ou um landim não representa coisa alguma de útil neste mundo.” Anos mais tarde, aos 32 anos, Pessoa escreveu que “a escravidão é lei da vida, e não há outra lei, porque esta tem que cumprir-se, sem revolta possível. Uns nascem escravos, e a outros a escravidão é dada.” E ainda próximo de completar 40 anos as ideias racistas ainda persistiam: “Ninguém ainda provou que a abolição da escravatura fosse um bem social (…) quem nos diz que a escravatura não seja uma lei natural da vida das sociedades sãs?”

Não bastasse isso, ainda encontramos em suas digressões opiniões estarrecedoras sobre as mulheres: “Em relação ao homem, o espírito feminino é mutilado e inferior. O verdadeiro pecado original, ingênito nos homens, é nascer de uma mulher”. Os excertos podem ser conferidos no livro Fernando Pessoa: Uma (Quase) Biografia, do pesquisador pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho, que procurou fazer uma pesquisa bastante minuciosa sobre a vida do poeta.

O argumento mais recorrente quando autores de séculos passados são julgados por suas posturas preconceituosas e racistas é o de que eles apenas seguiram o pensamento da época e que, portanto, devemos ser cautelosos ao julgarmos tais posturas. No entanto, o argumento pode ser contestado quando levamos em consideração a existência de outros intelectuais contemporâneos a Fernando Pessoa, como Eça de Queiroz, Machado de Assis, Castro Alves, Joaquim Nabuco, que se opunham à escravidão. Certamente, a visão anacrônica é importante porque nos auxilia a compreender os processos ideológicos de uma determinada época. E talvez aí esteja o nó da questão: o de acreditarmos que compreender é o mesmo que absolver ou desculpar.

Não é de hoje que autores assumem posições ideológicas condenáveis. Jorge Luis Borges (1899 – 1986) apoiava declaradamente a ditadura argentina, Ezra Pound (1885 – 1972) e Heidegger  (1889 – 1976) foram simpatizantes do nazismo. No Brasil, temos o já famigerado caso de Monteiro Lobato (1882 – 1948) e sua exaltação à Ku Klux Klan. Embora haja uma diferença bastante acentuada entre Pessoa e Lobato, já que em Lobato é possível percebermos marcas explícitas de racismo dentro da própria produção literária, diferentemente de Pessoa em que suas ideias racistas e misóginas aparecem em textos de opinião.

O caso de Fernando Pessoa reacende a discussão sobre a relação entre os escritores e suas obras e nos faz refletir o quanto suas biografias podem nos influenciar como leitores. Mesmo considerado um grande gênio pela crítica, não se pode esquecer que Fernando Pessoa é fruto de um país colonialista, ou seja, ele está inserido na longa tradição lusitana de exploração colonial. Por volta de 1920, quando Portugal já lamentava sua decadência e as sucessivas perdas das colônias, Fernando Pessoa começa a produzir a complexa e hermética obra poética Mensagem, que no fundo é uma exaltação da epopeia portuguesa, a exaltação das suas conquistas e glórias. Não há como negar que os versos estão imbuídos de um nacionalismo místico. Fazer uma relação direta entre este sentimento ufanista do poeta e suas afirmações racistas e misóginas pode soar superficial, mas é passível de reflexão.É doloroso descobrir que um ícone literário tenha um lado tão sombrio. Portanto, o nosso desafio como leitores é o de sabermos separar a obra do autor, pois antes de ser poeta, Fernando é humano com toda a complexidade e contradição que ele carrega. A indignação e a decepção com Fernando Pessoa é válida e necessária porque nos aproxima dele e nos afasta daquela figura mítica e sobrenatural, ao mesmo tempo em que resgata a humanidade que há em nós ao refutarmos seus textos racistas e misóginos. A discussão foi posta, mas não percamos de vista a literatura. Guimarães Rosa já cantava essa pedra: “Às vezes, quase sempre, um livro é maior que a gente.”

Jeferson Tenório – *Mestre em literaturas luso-africanas pela UFRGS. Escritor, autor do romance O Beijo na Parede

Veja também: Dossiê Monteiro Lobato

Portugal. CHAMAR OS BOIS PELOS NOMES



Rui Sá – Jornal de Notícias, opinião

A semana foi marcada pela decisão do Tribunal Constitucional sobre as pensões vitalícias de ex-titulares de cargos políticos. Sobre isto li e ouvi muitos comentários que, na verdade, têm o condão de se afastarem do fundamental. Importa, assim, ver os factos e chamar os bois pelos nomes.

Em primeiro lugar, a criação das subvenções vitalícias remonta a 1985, numa altura em que o país era liderado pelo Bloco Central. Logo, os autores daquilo que hoje se considera, e muito justamente, uma imoralidade, têm pai e mãe: o PS e o PSD, que implementaram a medida com o apoio do CDS. Medida essa que contou com a oposição do PCP. Isto são factos! Por isso, esta coisa de dizer que foram os "políticos" mais não é do que uma forma de apaziguar a consciência por parte dos que, tendo contribuído para a eleição de determinados políticos concretos que criaram e aprovaram esta legislação, procuram sacudir a água do capote das suas próprias responsabilidades.

Em segundo lugar, e dentro da mesma linha de branquear a paternidade (e maternidade) da legislação que criou as subvenções vitalícias, procura agora atribuir-se a responsabilidade pela sua manutenção ao Tribunal Constitucional. Naturalmente que podemos discordar das decisões do Tribunal Constitucional, mas, em matéria tão técnica, convenhamos que a maior parte das pessoas que se pronuncia mais não é do que "treinador de bancada". O Tribunal Constitucional não se pronunciou sobre a existência, ou não, de subvenções vitalícias. Pronunciou-se, isso sim, sobre um artigo concreto do Orçamento do Estado que altera a essência dessas subvenções, que foram criadas como "prémio" pelo exercício de funções públicas e, com alteração proposta pelo Governo PSD/CDS, se transforma num regime de "assistência social" a ex-políticos em "dificuldades económicas". Logo, a culpa deste privilégio de ex-políticos não é do Tribunal Constitucional mas sim, repito, de quem criou as subvenções vitalícias.

Em terceiro lugar, a crítica aos deputados que solicitaram ao Tribunal Constitucional a análise da constitucionalidade dessa norma, com o "picante" de Maria de Belém, candidata presidencial, ser uma das subscritoras. Em abstrato diria que sou a favor de que todos os cidadãos, quando consideram os seus direitos atingidos, lutem pela sua defesa. Há, no entanto, neste caso, um problema moral: o facto de os deputados que se insurgiram contra este corte nos seus "direitos" não terem sentido a mesma necessidade de recorrerem a esse mesmo Tribunal Constitucional para analisar a constitucionalidade dos cortes nos "direitos" de pensionistas bem mais penalizados do que eles e a viverem em condições económicas e sociais muito mais difíceis. Com a agravante de os deputados do PSD que o solicitaram terem aprovado esses mesmos cortes à generalidade dos pensionistas...

Por isso, nesta como em outras matérias, os bois têm nomes. E chamam-se deputados do PSD, PS e CDS, por muito que isso custe a muitos dos seus eleitores que não podem assobiar para o ar...

*Engenheiro

Portugal. JÁ EXISTE UM NOVO PRESIDENTE ELEITO MAS EM BELÉM AINDA HÁ PALHAÇO



É público: Cavaco, o ressabiado, o mesquinho, o vingativo, o vergonhoso político que, como mais nenhum, deixa a marca negativa e repelente em dois mandatos nas funções de PR. 

Principalmente no último mandato, que termina a 9 de Março próximo, Cavaco foi a lástima e a vergonha da República. Da comunicação social respigamos a introdução da informação acerca de mais um veto do já cadáver político que por mais uns dias se manterá em funções: “Presidente da República devolveu à Assembleia os diplomas que permitiam adoção por casais do mesmo sexo e que alteravam a lei da IVG”.

É evidente que a mesquinhez, birra, vingança, amuo ou como quiserem classificar, somente põe Cavaco em mais uma situação ridícula, em mais uma clara evidência de que o sujeito está a transbordar de não presta. Vetou mas vai ter de engolir o sapo, assim como rever as suas ridículas atitudes e discricionária mentalidade e práticas obtusas. O que se diz é que já existe um novo presidente eleito mas que em Belém ainda há palhaço. Diz-se, e bem. Confira em baixo.

Redação PG / MM

"Cavaco terá de promulgar os diplomas, quer queira, quer não"

“Cavaco acaba o mandato da pior maneira”, considera Catarina Martins, que não se dá por vencida.

Depois da reação do PS e PCP, foi pela voz de Catarina Martins que o Bloco de Esquerda reagiu ao veto do Presidente da República ao diploma que permitia a adoção por casais do mesmo sexo e às alterações à lei da interrupção voluntária da gravidez.

“Garantimos a todos – famílias, crianças, mulheres – que as suas conquistas de dignidade não serão travadas. É este o compromisso do Bloco de Esquerda”, garantiu a líder do partido, em declarações esta tarde aos jornalistas.

A coordenadora do Bloco assegurou ainda que "existem condições para o Parlamento confirmar, com urgência, os diplomas que Cavaco Silva vetou, obrigando à sua promulgação”, dado que “são diplomas pelos quais se esperou tempo demais".

“Terá de promulgar os diplomas, quer queira, quer não”, vaticinou Catarina Martins, referindo-se a um chefe de Estado que, considera, “vai acabar o seu mandato da pior maneira, menorizado pela Assembleia da República e socialmente isolado por escolha própria”.

Goreti Pêra – Notícias ao Minuto

PS vai reconfirmar adoção por casais do mesmo sexo

O PS vai reconfirmar a aprovação no parlamento dos diplomas hoje vetados pelo Presidente da República que permitem a adoção por casais do mesmo sexo e revogam as alterações introduzidas à lei de interrupção voluntária da gravidez.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo vice-presidente da bancada socialista Pedro Delgado Alves, após o chefe de Estado ter decido devolver à Assembleia da República estes dois decretos aprovados no início da presente legislatura.

"Não podemos deixar de lamentar que o Presidente da República, na reta final do seu mandato, continue empenhado em criar obstáculos e não em resolver questões de direitos fundamentais. Estamos perante vetos que não são definitivos e, por certo, a Assembleia da República vai ultrapassá-los", avisou o dirigente socialista.

No que respeita ao veto aplicado ao decreto sobre a abertura à adoção de crianças por casais do mesmo sexo, Pedro Delgado Alves considerou "inexplicável" o conjunto dos fundamentos invocados pelo chefe de Estado.

"Pelos vistos, passou ao lado de Cavaco Silva todo o debate que foi feito publicamente sobre esta questão. Por isso, ignora até as evidências científicas que justificam a evolução constante no diploma, já que ficou demonstrado que a solução proposta é a que melhor protege os direitos das crianças", alegou Pedro Delgado Alves.

O vice-presidente da bancada socialista considerou também "difícil de explicar" as reservas colocadas pelo Presidente da República sobre a adoção de casais do mesmo sexo, "acantonando-se em quatro ou cinco posições, quando há cada vez um maior consenso internacional contrário a esse tipo de convicções".

"Portugal está a caminhar no sentido certo em relação a esta matéria", reforçou.

Já no que respeita à decisão do chefe de Estado de travar a revogação das alterações introduzidas na anterior legislatura, num quadro de maioria PSD/CDS-PP, à lei da interrupção voluntária da gravidez, Pedro Delgado Alves defendeu que se está perante "diferenças políticas de fundo" face a Cavaco Silva.

"Fez uma leitura que uma clara maioria de portugueses já não partilha desde 2007 [com o último referendo sobre interrupção voluntária da gravidez] e que continua a não partilhar agora", acrescentou.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. Cavaco veta adoção por casais do mesmo sexo e alterações à lei do aborto



Presidente da República devolveu à Assembleia os diplomas que permitiam adoção por casais do mesmo sexo e que alteravam a lei da IVG

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, não promulgou o diploma que permitia a adoção por casais do mesmo sexo, tendo igualmente devolvido à Assembleia da República as alterações à lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).

As decisões do chefe de Estado foram anunciadas hoje na página da Presidência da República na internet.

"Em matéria de adoção, o superior interesse da criança deve prevalecer sobre todos os demais, designadamente o dos próprios adoptantes", lê-se no comunicado divulgado na página da Presidência da República que anuncia que Aníbal Cavaco Silva optou por não promulgar o diploma que permitiria adoção por casais do mesmo sexo.

Ressalvando que o regime da união de facto e o do casamento de pessoas do mesmo sexo ambos excluíam a possibilidade de adoção por casais do mesmo sexo, a Presidência da República argumenta que não se coloca a questão de discriminação entre casais de sexo diferente e casais de mesmo sexo porque "o instituto da adoção deve reger-se pelo superior interesse da criança".

Para o Presidente da República, "está, ainda, por demonstrar em que medida as soluções normativas agora aprovadas promovem o bem-estar da criança e se orientam em função do seu interesse".

Quanto ao diploma que fazia alterações à lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), o Presidente da República criticou as mudanças que passaram a impedir os médicos objetores de consciência a estar presentes em consultas de aconselhamento, e as que deixaram de obrigar as mulheres a consultas de aconselhamento psicológico.

Para Aníbal Cavaco Silva, estas mudanças, que constituíram uma revogação de alterações à lei da IVG feitas em setembro sob o governo de Pedro Passos Coelho, reduzem "a informação prestada ao longo do processo de decisão da grávida, devendo ser essa informação (...) a mais abrangente possível como forma de reforçar justamente a liberdade de decisão da mulher".

Cavaco Silva defende que os médicos objetores de consciência não devem ser afastados das consultas de aconselhamento a mulheres que considerem a interrupção da gravidez. O Presidente sublinha que o processo de aconselhamento "tanto pode resultar na interrupção da gravidez como pode, pelo contrário, levar à decisão, tomada livremente pela mulher, sem quaisquer constrangimentos, de não interromper a sua gravidez".

A mensagem enviada aos deputados não menciona, porém, oposição ao levantamento das taxas moderadoras da IVG.

Marta Santos Silva – Diário de Notícias

O REI CAVACO MORREU, VIVA A REPÚBLICA!



Menos de metade dos eleitores portugueses foram votar. Os abstencionistas ganharam, Portugal perdeu, a democracia… Nem existe quantitativo para enumerar as perdas. Mesmo assim foi eleito um presidente da República. Foi eleito Marcelo, podia ter sido outro qualquer, desde que fosse afável, comunicativo, que dissesse o que as pessoas gostam de ouvir apesar de pensar a vir a fazer o contrário na qualidade da função para que foi eleito.

O facto positivo desta eleição é a queda de Cavaco para nunca mais se erguer e não mais perturbar o que resta da democracia que ele em muito escavacou. Cavaco fez da República uma espécie inaudita e odiosa de monarquia. Ele era o rei nu e sem vergonha, o faccionista, o da seita, o ridículo, o palhaço, o mamão, o incompetente… Não sobraria espaço aqui para preencher os epítetos com que o mimaram e mimam. Cavaco sai pela direita baixa e repugnante deste seu “reinado”. O “rei” Cavaco morreu! Viva a República!

E então o que dizer de Marcelo? Perguntarão. Venceu à primeira volta, não venceu? Então, agora, temos de esperar e ver os seus desempenhos. Temos de esperar e ver se o fascismo salazarista e marcelista onde nasceu e cresceu não lhe deixou resquícios que invadam o Palácio de Belém e a presidência. Temos de pedir que desinfestem aquele palácio inundado pelas maleitas asquerosas e prejudiciais ao país antes de legitimamente Marcelo o ocupar e começar a desempenhar o cargo. Temos de dar tempo ao tempo a Marcelo. Ver para crer, só então haverá espaço para elogiar ou criticar, concordar ou discordar dos seus desempenhos.

Criticas à eleição de Marcelo? Se calhar era o que aqui esperavam existir… Não, antes disso resta pedir para que se mude o hino de Portugal: “Heróis do mar / Pobre esquerda / Pobre povo…”

Criticas? Criticas à dita esquerda que olha só para os seus umbigos lá nas suas coutadas e foram incapazes de entender-se para um candidato único, com qualidade, capaz de derrotar Marcelo - e nunca seria Nóvoa nem a Belém, nem Marisa, nem Edgar. 

Não é Marcelo que está mal, foi a dita esquerda de Portugal.

Pelo que aconteceu e já se antevia: Tenham vergonha!

Redação PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Pedro Santos Guerreiro – Expresso

O cata-vento catou os votos: Marcelo Presidente

Primeira hora: um forte sismo, de magnitude 6,6 na escala de Richter, foi sentido esta madrugada no Estreito de Gibraltar, entre Marrocos e Espanha. Os únicos dados reportados logo depois são materiais. Notícia na Renascença

Bom dia República!

Um pouco mais de metade do pouco mais de metade dos eleitores portugueses que votaram elegeu Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente. A tomada de posse será em março e a partir daí o Palácio de Belém terá um inquilino que gosta de ser senhorio. Na nossa democracia, o homem fez mais a Presidência que a Presidência fez o homem – e Marcelo fará diferente de Cavaco porque é diferente de Cavaco. Se Cavaco foi mosca, Marcelo será vespa.

(Se fossemos moscas, saberíamos o que andará Cavaco Silva a dizer às paredes sobre estas eleições. Mas, se fossemos moscas, provavelmente preferiríamos outras inconfidências.)

Com um governo minoritário no poder, que está sob pressão externa e que se sustenta na instabilidade interna de dois partidos na oposição,Marcelo Rebelo de Sousa já pode tirar o fato de Avô Cantigas que usou na campanha e pôr o tabuleiro de xadrez na mesa. A situação política é tão estranha que o candidato do PSD ganhou mas Passos Coelho não; os candidatos do PS perderam, mas António Costa não. Como dizia Pedro Adão e Silva na TSF, assim nasce “um Bloco Central entre palácios”, o de Belém e o de São Bento.

Sim, só houve um vitorioso, mas Marisa Matias teve um resultado ótimo (exceção no descalabro da esquerda), Sampaio da Nóvoasaiu airoso (com a votação que queria para a primeira volta, engando-se ao julgar que ela bastava para chegar à segunda) e Vitorino Silvasaiu como o grande dos pequenos (vão continuar a troçar dele?). E sim, Maria de Belém tem um resultado humilhante e Edgar Silvatem uma votação tão fraca que os efeitos no PCP podem levá-lo a opor-se aos aliados de oportunidade, PS e Bloco de Esquerda.

Se António Costa foi habilidoso na construção do seu poder, Marcelo sempre habilidoso foi na destruição do poder dos outros. Que outros? Passos Coelho, que o chamou de cata-vento? Por alguma razão, o antigo primeiro-ministro fez o discurso mais insípido da noite. O texto foi tão curto que dava para um tweet, o vídeo foi tão curto que cabia no Snapchat.

“Sozinho, Marcelo fez história”, escreve Filipe Santos Costa,num texto sobre este caso de estudo “feito com um táxi e uma marmita”. “É a primeira vez que um candidato ganha umas eleições presidenciais sem fazer campanha. Sem cartazes, sem comícios, sem propaganda. Sem nada”, adita escreve Daniel Oliveira. “António Costa já perdeu desde que é líder do PS três eleições”, nota Martim Silva. Mas, com Marcelo em Belém, “o primeiro-ministro suportado pelas esquerdas terá mais liberdade” para se desvincular da geringonça, fraseia Bernardo FerrãoJosé Gomes Ferreira deixa quatro perguntas a Marcelo, incluindo esta: “Vai permitir que Portugal volte a bater estrondosamente no muro por não ter escolhido melhor caminho?” E vai Marcelo conquistar os abstencionistas?, questiona Ricardo Costa.

Sortido de reações: “Não abdicarei de seguir o meu estilo e agir de acordo com as minhas convicções” (Marcelo); “o meu projeto acabou aqui” (Sampaio da Nóvoa); “Não vou desistir. Apelo também a que não desistam.” (Marisa Matias); “Pode contar com as minhas ideias” (Vitorino Silva); “os portugueses rejeitaram as candidaturas populistas e que se apresentavam como antissistema” (António Costa); “Só posso desejar muitas felicidades” (Passos Coelho). Mais reações aqui.

Marcelo será um presidente diferente do comentador e diferente do candidato. “Será um sofrimento interpretar os silêncios de um conversador que nasceu para falar”, angustia-se Miguel Esteves Cardoso no Público. Chegou a hora de deixarmos de falar das poucas horas que Marcelo dorme e passarmos a falar das muitas em que está acordado.

OUTRAS NOTÍCIAS

A redução da Taxa Social Única paga por trabalhadores com salários até 600 euros mensais só vai afinal aplicar-se a trabalhadores por conta de outrem, revela o Negócios. De fora ficam assim funcionários públicos e trabalhadores por conta própria.

Ainda é o rascunho da proposta, mas o Orçamento do Estado está a ser analisado à lupa. António Costa deu uma entrevista ao Financial Times para garantir que o documento é uma demonstração de responsabilidade orçamental ao mesmo tempo que vira a página da austeridade.

O Ministério da Educação quer reduzir preços dos manuais escolares já em Setembro, noticia o Económico. As negociações com a Associação de Livreiros e Editores já começaram.

Jihadi John esteve em Lisboa em 2011. A notícia foi dada pelo Expresso no fim de semana e confirmada pelo Ministério da Administração Interna. O homem de cara tapada filmado pela propaganda do Estado Islâmico a decapitar reféns passou por Portugal um ano antes de viajar para a Síria. O homem que, segundo confirmação do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), está morto, esteve no nosso país para obter financiamento para a causa jiadista na Síria, asseguraram fontes do nosso jornal.

No domingo, o Daesh publicou um vídeo em que garante mostrar nove dos terroristas envolvidos nos atentados de Paris, que matou 130 pessoas em novembro. Segundo o The Guardian, no vídeo há ameaças ao Reino Unido. Trata-se de um vídeo de propaganda, com muita produção e edição, refere a CNN.

“Vamos enterrá-los”, diz o presidente do Afeganistão, ementrevista à BBC. Ashraf Ghani sublinha que o Daesh “não foi um fenómeno afegão” e que as suas atrocidades “alienaram o povo”. “Os afegãos estão agora motivados pelo espírito de vingança”, prossegue.“Eles confrontaram o povo errado”.

Ontem, um avião da Turkish Airlines que voava entre Houston e Istambul aterrou de emergência no aeroporto irlandês de Shannon devido a ameaça de bomba, informou o The Irish Times.

O Irão vai comprar de 114 aviões Airbus. O negócio é possível depois da entrada em vigor do acordo nuclear, há cerca de uma semana, que levantou sanções internacionais, que impediam o país de comprar novas aeronaves, explica o Negócios. Hassan Rohani, presidente do Irão, visita França esta quarta-feira.

Wolfgang Schäuble considera que a Europa deve considerar juntar-se à Rússia numa ação para estabilizar o Médio Oriente. O ministro das Finanças alemão assina hoje um artigo de opinião no jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, cujo conteúdo o Negócios antecipou.

Filippo Grandi, que substituiu António Guterres como Alto Comissário da ONU, diz que a Europa pode receber mais refugiados.

Nos Estados Unidos, o caminho para as eleições primárias prossegue.Donald Trump, que lidera as sondagens para a nomeação republicana, diz que “podia disparar sobre alguém e não perdia votantes”.

O cómico Beppe Grillo anunciou a saída da política italiana. O “palhaço” fundador do Movimento 5 Estrelas, que em 2013 revolucionou o panorama político italiano ao tornar-se a segunda maior força partidária, diz agora que “a política é uma doença mental”. A história está no El Pais.

Um mês depois das legislativas, a situação política continua bloqueada em Espanha. Depois de Mariano Rajoy ter recusado o convite do Rei para formar Governo, o Ciudadanos anunciou que não votará no líder dos socialistas, Pedro Sánchez. Como resume o Negócios, “tudo é possível e improvável ao mesmo tempo”. O rei Felipe VI “é a chave da governabilidade”, dita o El MundoA Comissão Europeia está atenta, diz que o “risco político” pode criar desconfiança e avisa que o próximo governo terá de realizar um forte ajuste orçamental.

40% do investimento direto estrangeiro em Espanha desde 2008 foi realizado através da Holanda e do Luxemburgo, para pagar menos impostos. No El Pais.

As vendas de automóveis estão a subir há dois anos e, segundo a Acap, assim podem continuar em 2016. A previsão é de mais 10%, segundo declarações ao Económico.

A CP Carga passará a ter lucros em 2019, prevê a MSC, que tomou o controlo da empresa na semana passada. Em entrevista ao Negócios, o diretor geral da empresa, Carlos Vasconcelos, garante: “Sob palavra de honra da MSC: não vamos despedir um único trabalhador”.

O dono do grupo "Feira dos Tecidos" é suspeito de ter defraudado o Fisco em 6,1 milhões de euros, revela o Jornal de Notícias. Serafim Martins encontra-se em prisão preventiva e aguarda julgamento.

Os bancos estão a aumentar as comissões da prestação da casa,conta o Negócios. Os aumentos chegam a 18%.

Também no Negócios: o Montepio vai colocar no mercado mais 200 milhões de unidades de participação do fundo que criou para se capitalizar, mas os investidores estão avisado que arriscam a "perda de parte ou da totalidade do montante investido". O aviso efeito depois da pressão da CMVM.

A Perella Weinberg, consultora de investimentos envolvida em diversos processos de fusões & aquisições em Portugal, processou um dos seus antigos colaboradores, Michael Kramer, acusando-o de ter urdido um plano para sair da empresa e fundar uma “boutique financeira” própria e concorrente. A história está no Financial Times.

Mudanças na advocacia. Jorge Brito Pereira, ex-PLMJ, é o novo sócio da Uría, ao lado de Daniel Proença de Carvalho e Duarte Garin. Entrevista a três no Económico.

Desde que a “Lei da Identidade de Género” entrou em vigor, em 2011,quase 300 pessoas mudaram de sexo no registo civil, noticia o Público.

O QUE DIZEM OS NÚMEROS

Marcelo ganhou em todos os distritos. Eis os seus resultados, por ordem decrescente:

1. Viseu: 62,57%
2. Vila Real: 62,28%
3. Bragança: 61,91%
4. Leiria: 61,07%
5. Aveiro: 59,42%
6. Braga: 58,96%
7. Guarda: 58,53%
8. Açores: 58,07%
9. Viana do Castelo: 57,03%
10. Madeira: 51,35%
11. Porto: 51,28%
12. Santarém: 51,11%
13. Coimbra: 50,19%
14. Castelo Branco: 50,14%
15. Lisboa: 49,77%
16. Faro: 47,62%
17. Portalegre: 42,88%
18. Évora: 38,61%
19. Setúbal: 37,89%
20. Beja: 31,71%

Resultados globais das eleições presidenciais:

1. Marcelo Rebelo de Sousa: 2.403.764 votos, 51,99 %
2. Sampaio da Nóvoa: 1.058.684 votos, 22,9 %
3. Marisa Matias: 468.406 votos, 10,13 %
4. Maria de Belém: 196.095 votos, 4,24 %
5. Edgar Silva: 182.462 votos, 3,95 %
6. Vitorino Silva: 151.933 votos, 3,28 %
7. Paulo de Morais: 99.548 votos, 2,15 %
8. Henrique Neto: 38.744 votos, 0,84 %
9. Jorge Sequeira: 13.701 votos, 0,3 %
10. Cândido Ferreira: 10.514 votos, 0,23 %

Brancos: 58.571, 1,24 %
Nulos: 43.718, 0,93 %
Abstenção: 4.712.164, 49,93%

FRASES

“Marcelo? Só sei que vai ser melhor que Cavaco. E só por isso já vou dormir melhor”, Miguel Sousa Tavares, ontem.

“Podíamos arranjar uma candidata engraçadinha, mas não somos capazes de mudar”. Jerónimo de Sousa, na pior declaração da noite, bem reveladora do mau perder para… Marisa Matias.

“Marcelo ganhou porque a direita ressentida perdeu”, escreve Raul Vaz no Económico.

“Marcelo venceu por estar semanalmente na casa das pessoas”,Octávio Ribeiro, no Correio da Manhã.

"A dimensão lúdica (de Marcelo) é o que lhe dá graça, mas coaduna-se pouco com a figura presidencial", António Vitorino, ontem.

“[Marcelo] tem tudo para ser um Presidente da República muito útil ao país. Um Presidente que fiscaliza o governo mas não o quer enfraquecer nem se alimenta dele.” André Macedo, no DN.

“António Costa perdeu à direita – e à esquerda”, Miguel Pinheiro,no Observador.

O QUE EU ANDO A LER

Por que razão estão centenas de estudantes de Harvard a estudar filosofia chinesa antiga? A pergunta é feita pela Atlantic, que analisou aquele que é neste momento o terceiro curso mais popular daquela universidade entre os ainda não licenciados. A filosofia chinesa, escreve a revista, é ensinada “como uma maneira de dar aos alunos ideias concretas, contraintuitivas e até revolucionárias, que os ensinam a viver uma vida melhor”. 2.500 anos depois, Confúcio formar americanos entre os 18 e os 19 anos. E como em chinês, o mesmo vocábulo é usado para “mente” e “coração”, o professor Michael Puett garante que as decisões são tomadas pelo coração.

“KL - A História dos Campos de Concentração Nazis”. A sigla reduz a palavra konzentrationslager, o livro expande o conhecimento do que nunca poderá ser esquecido, omitido ou desmentido: as atrocidades do Terceiro Reich e o seu amplo e horroroso sistema de campos de concentração.

As 850 páginas (das quais mais de 200 são de apêndices) podem afastar leitores, mas basta ler as primeiras páginas do prólogo para ficar agarrado, mesmo que elas comecem pelo testemunho da náusea dos soldados das forças aliadas quando, naquele dia de abril de 1945, encontraram dois mil cadáveres dentro de um comboio abandonado.

Sabemos hoje como era a morte nos campos de concentração, mas sabemos menos como neles era a vida. Este livro parte de anos de pesquisa para contar os dias nestes campos das noites, mas também como a sua evolução espelhava as forças no nazismo alemão, regime cuja organização interna é aqui revelada como muito mais caótica e improvisada do que muitos supõe. Não é um livro para ficar feliz. É um livro para saber, para não esquecer – e para não permitir que se repita. (Crítica da New Yorker aqui)

Norte, centro e sul: hoje está de chuva. As temperaturas vão descer entre quatro e seis graus. Há dias assim. E mesmo nos dias assim, estamos aqui, no Expresso.

Tenha um dia bom.

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