quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Brasil. GOVERNO TEMER: EIS O TRIUNVIRATO REPRESSOR



Como o general Etchegoyen, Raul Jungmann e Alexandre Moraes coordenam a tentativa de calar protestos populares contra programa ultraconservador do presidente

Fernando Marcelino – Outras Palavras

O governo Temer inicia um novo capítulo na história do Brasil. Mais uma vez, as mesmas forças que mataram Getúlio e derrubaram Jango agora aplicaram um golpe de Estado contra Dilma via impeachment.

Uma articulação que conta com o apoio decisivo dos Estados Unidos, operacionalizado por Michel Temer, setores reacionários do Congresso Nacional, do Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, Tribunal de Contas e entidades empresariais, contando com a mão amiga de diversos órgãos de mídia – sob o comando da Globo, Estadão, Folha de São Paulo e outros jornais, revistas e mídias digitais – visando construir uma narrativa de normalidade do funcionamento das instituições. Um verdadeiro golpe institucional.

Temer falou que fará um governo de “salvação nacional” sob o lema “ordem e progresso”.
O ministério nomeado por Temer já deixa a entender porque veio. Muitos são membros de oligarquias familiares, como na República Velha. Além de não ter nomeado nenhuma mulher ou negro, o “novo governo” é recheado de investigados pela Justiça e até mesmo condenados por crimes como improbidade administrativa e desvio de recursos públicos. Dois são investigados e sete citados no âmbito da Operação Lava-Jato. O próprio Temer também foi considerado inelegível pelos próximos oito anos, por decisão da Procuradoria Eleitoral de São Paulo, por doação de campanha acima do limite legal. Não é a toa que uma das primeiras medidas do governo Temer foi diluir a Controladoria-Geral da União (CGU) para que o órgão perca cada vez mais o poder de fiscalizar e auditar instituições do governo federal.

Além do caráter corrupto, o presidente Michel Temer vai tirar do papel a proposta de vender empresas na área de infraestrutura para alavancar o caixa do governo. “A ordem é privatizar ou conceder tudo o que for possível na área de infraestrutura”, confirmou o ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa, minutos após tomar posse. Também estão na lista para privatização Petrobrás, Eletrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Correios, Casa da Moeda, Infraero, BNDESPar, Embrapa, entre outras empresas estatais. Até o ensino médio deverá ser totalmente privatizado, assim como o ensino superior.

Com a posse de Temer como presidente, está colocada de maneira aguda o impasse entre a força dos golpistas e sua ilegitimidade democrática. Neste período de transição, o governo Temer precisa avançar com máxima velocidade para legitimar-se e neutralizar as forças que podem ser opor ao governo. Por isso, o governo Temer fará de tudo para impedir a reunião de forças políticas e das massas, ou parte delas, contra o novo governo.

Alexandre de Moraes no Ministério da Justiça e Cidadania 

Para tentar implementar seu programa privatista e corrupto sob um forte déficit de legitimidade e desconfiança geral, o Governo Temer precisará de uma repressão física em ampla escala. Em seu Ministério, Temer formou um triunvirato da repressão com Alexandre Moraes na Justiça, Raul Jungmann na Defesa e Sérgio Etchgoyen no novo SNI/ABIN.

O escolhido para o Ministério da Justiça e Cidadania, a quem ficará subordinada a Polícia Federal, é o truculento Alexandre de Moraes, que coleciona ações arbitrárias em série. Ele já foi secretário de Justiça de Geraldo Alckimin (PSDB) e secretário do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). Iniciou sua carreira como promotor de Justiça no Ministério Público de São Paulo em 1991, cargo que exerceu até 2002. Entre 2007 e 2010, durante a gestão de Kassab, Moraes foi secretário municipal dos Transportes e de Serviços e chefe da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da SPTrans. De agosto de 2004 a maio de 2005, também acumulou a presidência da antiga Febem, hoje Fundação Casa. Moraes se filiou ao PSDB no final de 2015.

No fim de 2014, pouco antes de assumir a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o novo ministro da Justiça pouco defendeu Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara dos Deputados, em uma ação sobre uso de documento falso em que conseguiu a absolvição do peemedebista.

Em 2015, reportagem do “Estado de S. Paulo” afirmou que Alexandre constava no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos da área civil da Transcooper. A cooperativa é uma das cinco empresas e associações que está presente em uma investigação que trilha movimentações de lavagem de dinheiro e corrupção engendrado pela organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Em 2015, durante sua gestão, a polícia paulista foi responsável por uma em cada quatro pessoas assassinada na cidade de São Paulo, a maior taxa já registrada, segundo levantamento do SPTV. Os dados indicaram ainda que as mortes classificadas como confronto entre suspeitos e policiais militares de folga aumentaram 61%.

Em janeiro deste ano, um protesto realizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) contra aumento de tarifas foi reprimido de forma ostensiva, o que reservou ao papel de Alexandre uma repercussão negativa diante da opinião pública. Sob sua gestão na secretaria foram utilizados, pela primeira vez, blindados israelenses para enfrentar manifestações.

Mais recentemente ele deu ordens para a PM invadir ilegalmente – isto é, com desprezo total do Estado de direito – o Centro Paula Souza ocupado por estudantes. E diante dos protestos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff na manhã do dia 10 de maio, disse que foram “atos de guerrilha”.

Raul Jungmann na pasta da Defesa

Já a pasta da Defesa acabou ocupada por Raul Jungmann do PPS. Durante o governo FHC, foi o principal responsável por questões fundiárias no país, chefiando o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) entre 1996 e 2002. 

Chegou a ser investigado por fraude em licitação, peculato e corrupção em contratos de publicidade da época em que foi ministro do Desenvolvimento Agrário, entre 1998 e 2001. Os contratos somavam R$ 33 milhões. A Justiça Federal arquivou o inquérito.

Segundo Jungmann, a previsão é de que o MST volte a assumir a postura agressiva e combativa que sustentava durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. 

“Durante o governo do PT, o MST ficou quietinho, muito mais dócil. Agora, ele quer voltar a ser agressivo contra um possível futuro governo Temer”, apontou numa recente entrevista. Também disse que precisa lidar com o movimento com firmeza, para evitar que as paralisações e bloqueios causem tumulto na vida das pessoas. Na entrevista ele também indicou os caminhos repressivos para paralisar o MST. 

Entre os métodos cogitados, todos sem nenhum fundamento legal, consta o de estrangular financeiramente as cooperativas que se suspeite colaborarem para ações de bloqueio implementadas pelo movimento, além de indicações precisas para impedir o deslocamento de seus membros para essas ações.

Sérgio Etchegoyen como ministro-chefe da Secretaria de Segurança Institucional

O general gaúcho Sérgio Westphalen Etchegoyen foi o escolhido para assumir como ministro-chefe da Secretaria de Segurança Institucional. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também ficará subordinada à pasta que terá uma estrutura mais próxima do antigo SNI (Serviço Nacional de Informações).

Sérgio Etchegoyen ingressou nas fileiras do Exército em 1971 na Academia Militar das Agulhas Negras. Foi oficial do Estado-Maior da Missão de Verificação das Nações Unidas em El Salvador, entre 1991 e 1992, chefe da Comissão do Exército Brasileiro em Washington (EUA), de 2001 a 2003, e assessor especial do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de 2009 a 2011. Desde dezembro de 2012 ocupava o cargo de chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército, localizado em Brasília (DF), quando em março de 2015 foi escolhido Chefe do Estado-Maior do Exército.

A família Etchegoyen está ligada a revoltas militares desde os anos 1920.

O avô e o tio-avô de Sérgio, os tenentes Alcides e Nelson Etchegoyen, sublevaram o regimento de artilharia montada de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, em uma tentativa de impedir a posse do presidente Washington Luís. Derrotado e perseguido, o tenente Alcides participaria quatro anos depois da Revolução que derrubou a República Velha. Durante o governo Vargas, ele trabalhou no gabinete do ministro da guerra Eurico Gaspar Dutra e, depois, substituiu Filinto Müller como chefe da polícia do Distrito Federal, então sediado no Rio. Nos anos 1950, Alcides venceu as eleições para a presidência do Clube Militar em oposição à liderada pelo general nacionalista Newton Estilac Leal. Em agosto de 1954, assinou o manifesto que exigia a renúncia de Getúlio Vargas. Acabou preso em 1955 pelo ministro Henrique Teixeira Lott quando envolveu-se na articulação para impedir a posse de JK e Jango. Alcides morreu em 1956. Deixou dois filhos no Exército: Leo Guedes e Cyro.

Leo é o pai do general Sérgio. Nasceu em 22 de março de 1925, fez Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre e seguiu na Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN, em Resende-RJ. Foi declarado aspirante a oficial em 1945. Participou da derrubada de João Goulart em 1964 e após o golpe foi nomeado Chefe de Polícia do Estado, tendo sido sub-comandante nos períodos de Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel. No final da década de 60, foi chamado a Brasília para atuar como chefe da Assessoria Especial do presidente Emílio Garrastazu Médici. Leo foi citado no relatório da Comissão da Verdade, responsabilizado por graves violações a direitos humanos durante a ditadura militar. Conforme o relatório, Leo chefiou a Polícia Civil no “período no qual recebeu Daniel Anthony Mitrione, notório especialista norte americano em métodos de tortura contra presos políticos, para ministrar curso à Guarda Civil do Estado”. A comissão cita elogios do general ao tenente-coronel Dalmo Lúcio Muniz Cyrillo, chefe do DOI- CODI, em São Paulo, e a atuação dele na prisão coletiva de sindicalistas e líderes metalúrgicos do ABC paulista, assim como de seus advogados. Leo morreu em 2003.

Seu irmão Cyro trabalhava com o general Milton Tavares, o chefe do Centro de Informações do Exército (CIE). Foi apontado como chefe da Casa da Morte, centro de tortura que funcionou em Petrópolis. Usava o codinome de “Dr. Bruno”. Os mortos na casa eram depois esquartejados e enterrados nas cercanias. O número total de mortos nela é até hoje desconhecido, mas pelo menos 22 guerrilheiros foram assassinados em seu interior. Cyro Etchegoyen foi quem ordenou a libertação de Inês, ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), acreditando que ela aceitara ser uma agente dupla. A ex-guerrilheira, porém, blefara e suas revelações custaram a Cyro a promoção para general.

O golpismo está no DNA dos Etchgoyen. Depuseram Getúlio, tentaram impedir a posse de JK e aplicaram um golpe contra Jango para liderar a repressão, a tortura e o assassinato. Agora em sua nova versão atual estão trabalhando para que um golpe parlamentar se transforme numa caça às bruxas, representando novamente os interesses escusos daqueles que pretendem “manter a ordem” contra o povo e a democracia brasileira.

Mais repressão para aplicar programa antipovo

As mobilizações contra o golpe e todos esses retrocessos vêm aumentando consideravelmente nos últimos meses, o que demonstra que o governo ilegítimo não terá sossego. E é justamente por isso que os golpistas se articulam para legitimar uma violenta repressão contra os movimentos sociais, estudantis e todos os trabalhadores que lutam em defesa da democracia e das grandes reivindicações populares.

É provável que nos próximos meses haverá uma escalada de violência. Existem setores no governo com objetivo de dar fim à esquerda e à democracia. As tentativas escancaradas de prender e condenar Lula, liquidar politicamente o PT e derrubar Dilma são apenas as primeiras iniciativas para liquidar toda a esquerda como agente político. E diante do clima sem possibilidade de conciliação, os militares podem entrar em cena. Ainda mais se inventarem um novo Plano Cohen terrorista para assustar a população e intervir energicamente contra o inimigo interno.

Fotos entre-texto
1 - Alexandre de Moraes Foto: Edson Lopes Jr./A2 FOTOGRAFIA
2 - Raul Jungmann Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado
3 - Sérgio Etchegoyen como ministro-chefe da Secretaria de Segurança Institucional

FORA TEMER! APESAR DE VOCÊ, O BRASIL DE AMANHÃ SERÁ OUTRA VEZ DOS BRASILEIROS




Apesar da história do subdesenvolvimento e da dependência econômica impostos pelo sistema de dominação política, dos vícios da elite permissiva e inconsequente que domina o Estado, da falta de ética ou de inteligência de uns quantos que, com seus diplomas comprados, chegaram ao poder, Lula abriu um caminho para que o povo pensante e trabalhador chegasse ao comando da Naçāo através da razão e da cultura "pé-na-terra" que une a gente boa brasileira.

Não ha "pokemons" que imbecilizem quem nasceu livre, com idéias claras, com valor para trabalhar e sorrir, com força e entusiasmo para participar da luta pela democracia, ao lado de irmãos que, pelas suas diferenças, representam todo o planeta unificados pela integridade e a honra de patriotas verdadeiros. A judoca Rafaela Silva conquistou o ouro nas Olimpíadas tornando-se um símbolo dos brasileiros que carregam os problemas da pobreza, da vida em favelas, da cor dos escravos, do gênero das mães humilhadas, e vencem!

Os comunistas lutam em duas frentes simultaneamente: o combate ao golpe que representa a falta de patriotismo, de honra, de decência, de dignidade, de honestidade, de ética e a construção de uma semente para gerar as cidades humanas onde o DNA golpista não terá espaço porque o poder será dos que cultivam os princípios democráticos e o respeito pelos direitos humanos. O que se deseja é que os recursos do país sejam aplicados a favor do desenvolvimento da produção social e das melhores condições de vida dos brasileiros honrados e patriotas - com transporte, cuidados de saúde, ensino com educação e solidariedade, segurança pública e social, emprego e lazer livres da exploração de classe e da alienação mental que condena à subordinação dos cidadãos a um poder desumano e golpista.

"Amanhã será outro dia", apesar do golpe que uniu oportunistas que pegaram carona no processo democrático e falhados vendidos aos ambiciosos que espalham as guerras e o terrorismo pelo mundo, o Brasil demonstrará que a sua cultura é mais forte porque visa a humanização da sociedade com igualdade para os trabalhadores e suas famílias e não a acumulação do capital para satisfazer uma elite ambiciosa.

O amanhã está ligado ao combate ao golpismo de hoje. São passos de um mesmo processo que a história do Brasil registra através dos séculos. Antes surgiram heróis que deram a vida ao seu povo como exemplos a serem seguidos em defesa da liberdade, a igualdade e a fraternidade. Apesar do domínio capitalista que retira o poder aos povos para centralizar nas instituições financeiras dirigidas por uma elite corrupta e egoista, o povo brasileiro absorveu das conquistas mundiais e do exemplo dos seus heróis a formação social humanista que se desenvolveu como filosofia, ciência e arte que hoje se manifesta nas Frentes de Luta que dominam as ruas das grandes cidades em todo o país.

Referimos como exemplo a judoca Rafaela Silva que ao viver tantos sacrifícios pessoais - vitima de privações de recursos, de preconceitos elitistas, de egoismos de quem se julga superior, da ausência de justiça democrática na sociedade - descobriu a sua força indomável na luta bem conduzida. Assim faz o povo brasileiro que não permite a uma quadrilha de invasores a serviço de uma elite terrorista, roube a sua Pátria amada construida ha meio milênio por trabalhadores de tantas origens que não se vendem, a si e à sua cultura, à sua história, aos seus valores éticos, ao seu exemplo humano, por dinheiro nenhum. Lutam e vencem!

Não podemos continuar a perder tempo. Temos de nos preparar para a construção das cidades humanizadas com debates sérios sobre como produzir sem o esbanjamento da elite, sem a formação do mau carater de golpistas, sem a infiltração de inimigos, sem os privilégios que impedem a justiça democrática, com o desenvolvimento da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Contaremos com o interesse e a solidariedade dos outros povos latinos-americanos e dos que, em todo o planeta, lutam pela paz e a democracia.

FORA GOLPISTAS ! VIVA A LUTA POPULAR NO BRASIL!

*Zillah Branco -  Cientista social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Brasil, Chile, Portugal e Cabo Verde.

GLOBO E GOLPISTAS MERGULHAM O BRASIL NO ABISMO


A Globo esconde dos brasileiros as delações com o potencial explosivo de derrubar o governo usurpador e levar seus integrantes para a cadeia

Jeferson Miola - Carta Maior

Dois fatos políticos de relevância olímpica foram olimpicamente ocultados pela Rede Globo no Jornal Nacional desta segunda-feira olímpica, 8 de agosto de 2016.

O primeiro fato: a decisão de Gilmar Mendes, juiz tucano no STF, de abrir processo para extinguir o PT. Embalado pelo espírito fascista da ditadura golpista de 1964, Gilmar quer eliminar do sistema partidário brasileiro o Partido que tem quase 2 milhões de filiados e que recebeu 54.501.318 votos na última eleição presidencial. Um fato de tal gravidade jamais poderia ser escondido.

O segundo fato ocultado foi o vazamento da delação que revelou a propina de R$ 10 milhões que Michel Temer mandou a Odebrecht entregar aos sócios golpistas Eliseu Padilha, Chefe da Casa Civil, que embolsou R$ 4 milhões em dinheiro vivo, e Paulo Skaff, presidente da FIESP, que levou R$ 6 milhões, também em dinheiro vivo. A delação também mostrou a propina de R$ 34,5 milhões recebida pelo Chanceler usurpador José Serra.

Quem revelou o escândalo da propina multi-milionária paga aos golpistas não foi nenhum veículo da imprensa não-hegemônica. A divulgação saiu das páginas da insuspeitamente golpista revista Veja, muitas vezes beneficiária em primeira mão dos vazamentos seletivos feitos por agentes da PF, do MP e do Judiciário.

É evidente que este escândalo, com o potencial explosivo de derrubar o governo usurpador e levar seus integrantes para a cadeia – fosse esse, evidentemente, um tempo de normalidade democrática e institucional – somente foi vazado porque seus autores confiam que exercem controle total da situação e das instituições políticas, policiais e judiciais.

É ilusório pensar que esta denúncia tenha algo a ver com princípios éticos ou morais ou com o ideal de “limpeza” da política apregoado por procuradores da Lava Jato, que agem como verdadeiros pregadores da nova ordem, pura e livre de pecados.

O vazamento é uma operação calculada; é parte do jogo de disputas, chantagens e de acomodação de interesses no interior do bloco golpista.

Aqueles que se beneficiam do vazamento têm consciência de que a divulgação deste escândalo monumental não reverterá o curso do golpe e não derrubará o governo usurpador de Michel Temer. Em outras palavras: o golpe está consolidado, e o novo regime golpista, que se assenta na criminalidade e na solidariedade criminosa, já administra as tensões internas.

Este estágio “orweliano” da realidade brasileira não seria alcançado sem a participação da Rede Globo, com o corpo e a alma, no golpe.

A Globo joga um papel decisivo na consolidação do golpe, como jogou no de 1964. O papel nocivo da Globo à democracia é exercido quando deturpa a realidade que publica, mas sobretudo quando esconde criminosamente a realidade.

Esses acontecimentos são a demonstração olímpica de que o Brasil está sendo outra vez mergulhado no abismo do arbítrio e do obscurantismo.

Créditos da foto: Marcos Oliveira / Agência Senado

FOGOS, QUEDAS, PORTAS. E YUSRA



Miguel Guedes – Jornal de Notícias, opinião

A metáfora ideal dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é uma dura realidade. Em Agosto de 2015, a atleta síria Yusra Mardini ainda não trazia consigo a maioridade dos seus 18 anos de águas de Março quando o motor do barco de refugiados em que fazia a travessia entre a Turquia e a ilha grega de Lesbos, parou. Com a sua irmã, saltou para a água, nadando durante mais de três horas num braço. Arrastou a embarcação para terra e cumpriu, antes do tempo e por uns meses, a jura de maioridade das águas de Jobim com "a promessa de vida no teu coração". Mas há muito que Yusra, em terra firme, crescera adulta antes do tempo.

A guerra na Síria encarregou-se de não poupar a vida da sua família, ceifar-lhe os amigos. Tratou de lhe destruir a casa, colocando-a a fugir da morte com a sua irmã e mais dezoito pessoas num barco feito grego. Após fugir para o Líbano, atravessada a Turquia, chega à Grécia muito longe da última paragem. Ainda faltava muita Europa até à Alemanha. E de Berlim ao Rio, um oceano. Yusra compete hoje nos 100 metros livres, às 17 h, pela bandeira de cinco anéis do Comité Olímpico Internacional, após a sua estreia nos 100 metros mariposa no primeiro dia dos Jogos. E não consigo imaginar melhor metáfora feita realidade para uns Jogos que, também eles, são uma dura realidade feita metáfora para tantos brasileiros. Vou parar para ver.

Sem parar para ver, assistimos imóveis às três realidades típicas de verão. E com tamanha repetição são já mais pleonasmos do que metáforas: fogos, derrocadas e portas giratórias. É difícil aceitar que todos os anos nos sejam servidas as mesmas estórias, os mesmo problemas, a mesma vergonha. A realidade não muda e a resposta não se adequa. E todos os anos, sentamos à espera pela certeza de que o calor aquece e a loucura acende, que a rocha cede pelo desgaste e de que há ex-políticos ou políticos em trânsito permanente.

Centenas de hectares de floresta ardem todos os anos (2,2% da nossa floresta, anualmente), o pior indicador a nível europeu, mas continuamos a açucarar a realidade com a indesmentível coragem dos bombeiros e os singulares actos de heroísmo civil. Entre Julho do ano passado e Junho deste ano, contam-se 21 desmoronamentos de arribas no litoral do Algarve (quase o dobro da média dos 12 registados nos últimos 10 anos) mas insistimos - turístico sol - em analisar a qualidade da água em detrimento da solidez da rocha que ceifa vidas de supetão. Depois da Mota-Engil, as portas de Portas giraram para a mexicana Pemex lembrando a "missão e peras" de uma das duas visitas do então ministro dos Negócios Estrangeiros ao México, em Junho de 2014, quando a empresa terá assinado um memorando de entendimento com a Galp. A metáfora ideal para os dias de verão é um enorme déjà-vu.

*Músico e advogado - O autor escreve segundo a antiga ortografia

Portugal. DESEMPREGO CAI PARA 10,8% E TOCA MÍNIMO DESDE INÍCIO DE 20111



A taxa de desemprego foi de 10,8% no segundo trimestre, inferior em 1,6 pontos percentuais à do trimestre anterior e 1,1 abaixo do trimestre homólogo de 2015, situando-se no valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2011.

De acordo com as estatísticas do emprego divulgadas, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a população desempregada, estimada em 559,3 mil pessoas, recuou 12,6% face ao trimestre anterior (menos 80,9 mil pessoas) e diminuiu 9,8% face ao trimestre homólogo de 2015 (menos 61,1 mil pessoas).

A população empregada, estimada em 4 602,5 mil pessoas, subiu 2% face ao trimestre anterior (mais 89,2 mil pessoas) e 0,5% face ao período homólogo do ano passado (mais 21,7 mil pessoas), segundo o INE.

Jornal de Notícias - Foto: André Afonso / Global Imagens/Arquivo

Incêndios: TIMOR-LESTE VAI DOAR A PORTUGAL DOIS MILHÕES DE EUROS



O Conselho de Ministros de Timor-Leste aprovou a doação de dois milhões de euros a Portugal para apoio no combate aos incêndios que atingem o país e ajuda às vítimas, informou o governo timorense.

Em comunicado, o governo de Timor-Leste precisa que 1.250.000 euros se destinam "a apoiar as autoridades portuguesas no combate aos incêndios" e 750.000 euros "são para socorro direto às populações afetadas".

O primeiro-ministro timorense, Rui Maria de Araújo, convocou a reunião extraordinária do Conselho de Ministros, por considerar "alarmante" a situação em Portugal.

O comunicado refere ainda que o primeiro-ministro português, António Costa, "alertou para a dificuldade que o país irá atravessar nos próximos dias, devido às previsões meteorológicas que apontam para vento forte e temperaturas elevadas".

De acordo com a informação disponibilizada pela Autoridade de Proteção Civil às 04:50 na sua página na Internet, cerca de 960 operacionais estão hoje a combater nove incêndios, considerados de maior dimensão, nos distritos de Aveiro, Braga, Guarda, Porto e Viana do Castelo.

TSF com Lusa

Portugal. Incêndios. Próximos dias com condições "extremamente adversas"




O aviso é do comandante operacional nacional da Proteção Civil. José Manuel Moura adiantou, ainda, que o país está em estado de alerta laranja até final da próxima semana.

Num balanço na Autoridade Nacional da Proteção Civil (APNC), em Lisboa, o responsável disse que "não há tendência para que o risco seja amenizado", devido às previsões de vento forte, na quarta-feira, em especial nas zonas norte e centro, e de nova subida de temperatura, a partir desse dia.

A situação em termos de incêndios, disse José Manuel Moura, assemelha-se a 2003 e 2013, dois dos piores anos neste século. Os últimos três dias, explicou, foram de "dificuldade extrema".

Dias como o de domingo e segunda-feira tiveram mais de 400 ocorrências e foram de "dificuldade extrema" no combate a incêndios, ainda que tenha sido acionado o alerta amarelo, no passado sábado, com mais um "conjunto significativo de elementos" e grupos de ataque ampliados.

A zona mais afetada pelas chamas foi até agora o norte do país. Segundo José Manuel Moura, no sábado, Porto e Braga tiveram quase metade dos incêndios, quando o estado de alerta foi agravado para laranja e se registou o maior número de ocorrências num só dia, 455, com o envolvimento de mais de 11 mil operacionais no combate às chamas, auxiliados por mais de 300 viaturas.

Na segunda-feira (com mais de 400 ocorrências, especialmente em distritos como Porto, Braga e Viana do Castelo) foi prolongado o estado de alerta e mobilizados novos grupos de ataque em vários distritos, e hoje foi decidido prolongar o estado de alerta até dia 20.

Nos combates aos incêndios estão mobilizados ainda 18 pelotões militares e estão a ser utilizadas cinco máquinas de arrasto. Até agora foram acionados dois planos distritais de emergência e três municipais.

José Manuel Moura fazia o ponto de situação após uma reunião com o primeiro-ministro e com a ministra e o secretário de Estado da Administração Interna, na qual António Costa se inteirou da situação, no continente e na Madeira.

O comandante operacional mostrou-se "seriamente preocupado", essencialmente com as previsões de vento forte, já a partir da próxima madrugada, com rajadas que podem ir até 60 quilómetros por hora, "atravessando áreas afetadas por incêndios florestais".

Depois de um dia de vento, as previsões indicam novo aumento das temperaturas, pelo menos até final da próxima semana.

TSF - Foto: Hélder Santos/ Global Imagens

MADEIRA PASSOU DE PARAÍSO A INFERNO




Portugal está a arder com maior intensidade desde o passado domingo. Hoje as temperaturas ambiente baixaram um pouco… Pode ser que dê uma ajuda aos bombeiros e populações. Casas e floresta perdidas, consumidas pelo fogo. Mortes por essa causa parece que ainda não. Muitos foram assistidos em centros médicos e hospitais por inalação do fumo espesso que alastra e parece que persegue as populações.

Na Madeira instalou-se o pânico. A ilha lindíssima, que era um jardim passou a inferno nestes últimos dias. Mortes por causa dos incêndios já são pelo menos contabilizadas quatro pessoas. Casas e hotéis que ardem como um fósforo, pessoas que fogem e se abrigam em centros ordenados para os proteger. Não há mãos a medir. A luta continua no Funchal, cidade e centro, mas também e principalmente nas encostas limítrofes. O continente e os Açores enviaram mais meios para combater os fogos. Pó, cinzas e quase nada é o que vai sobrar no Funchal e arredores. É uma luta sem quartel que os bombeiros não renegam mas que os exaure. Força companheiros!

Obrigado bombeiros de Portugal!

Vem aí o Expresso Curto, pelas mãos delicadas de uma senhora. Cristina Peres, jornalista. Abordagens interessantes mas que tem de ler com atenção. O diabo tece-as e esta coisa da comunicação social tem muito que se lhe diga, para o bem e para o mal. Por exemplo: repare-se que Milosevik foi julgado e condenado pela comunicação social de todo o mundo. Foi condenado em tribunal. Agora foi reconhecida a sua inocência. Vejam bem quão injustos e maus para a humanidade também podem ser os da comunicação social! Entretanto muitas vezes conseguem promover e branquear a imagem de grandes bandidos. Livra! Fogo!

Dirão alguns: é a vida. Pois, já sabemos a retórica de cor e salteado. De alguns (dótores?) licenciados então... Vai lá vai! Fogo!

É evidente que existe também o reverso da medalha naquela profissão, muitas vidas já foram indireta ou diretamente salvas por jornalistas. Naquela profissão, como noutras, há os vendidos e que só olham para o seu umbigo, há os maus profissionais, e existem os que são mesmo jornalistas, do melhor. Devemos muitíssimo obrigado a esses.

Cuidem-se.

Bom dia. Se conseguirem.

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Cristina Peres – Expresso

E o Funchal continua a arder...

Tentar controlar as chamas no Funchal tem sido uma grande aflição praticamente impossível. Continente e Açores enviaram contingentes e meios em auxílio das equipas locais que não têm mãos medir desde que, pelas 18h de ontem, os ventos fortes mudaram de direção empurrando as chamas das zonas mais elevadas do concelho para o centro histórico da capital. Centenas de casas perdidas, centenas de operacionais tentam ajudar as centenas de pessoas obrigadas a abandonarem as suas casas, dois hospitais tiveram de ser evacuados. Ontem à noite já tinha sido detido umsuspeito por fogo posto, um indivíduo de 24 anos com antecedentes criminais por atividade semelhante. Três mortos, um desaparecido, dois feridos graves, mais de 100 ligeiros, mil desalojados. Este é o balanço da devastação pelas chamas na pérola do Atlântico.

Os incêndios devoram hectares em todo o país e tomam conta das manchetes. Já foram acionados planos de emergência regional na Madeira, onde se registam as temperaturas mais altas dos últimos 40 anos e o vento não dá sinais de abrandar. As imagens de bombeiros desfeitos pelo combate às chamas, exaustos pela luta continuada dão uma ideia da dimensão dos fogos também em Portugal continental que, desde ontem, são visíveis a partir do espaço, como escreve o Económico. Não há um distrito sem fogo, há 3287 operacionais em ação em mais de uma centena de focos de incêndio apoiados por 1047 meios terrestres e 23 aéreos. Veja aqui uma fotogaleria.

O Expresso Diário perguntou “Porque arde Portugal?” e o presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil e o presidente da Liga dos Bombeiros partilharam connosco as suas reflexões. Parece evidente que não é possível criar um dispositivo para o anormal. O Expresso revela que já foram detidos mais de 30 incendiários desde o início do ano e quase parece que este episódio de verão se repete com tal insistência que é como se olhássemos para os noticiários de anos anteriores.

António Costa recebeu duras críticas até ontem, dia em que declarou querer inteirar-se “de viva voz” do que se está a passar, como aqui pode ler. A deslocação à Proteção Civil não constava da agenda do primeiro-ministro que, na noite de ontem adiantou que o Governo fez um pré-alerta para acionar os mecanismos europeus de Proteção Civil e do acordo bilateral com a Federação Russa, “caso até ao dia 15 de agosto seja necessário acionar esses meios”, reporta o DN. Proteção Civil e Governo sublinharam que nos próximos dias serão de “ventos fortes”, o que pode contribuir para manter o cenário de calamidade. António Costa anunciou para breve a execução de uma reforma da floresta.

OUTRAS NOTÍCIAS

Dilma Rousseff passa hoje de suspensa a ré. Assim o deliberou o Senado ao longo das últimas 20 horas por 59 votos contra 21. Isto apesar de os seus próprios serviços jurídicos concordarem que a Presidente suspensa não cometeu crime de desorçamentação. Para ser votada culpada, Dilma terá de ter o voto de 2/3 ou 54 senadores, o que só acontecerá no final de agosto, princípio de setembro, quando acabar o julgamento. Leia os pormenores no Estadão.

Verão e mau tempo. Está longe de ser a primeira vez que, nos meses de férias, os fenómenos climáticos matam e deixam pessoas desalojadas, destroem cidades e devastam culturas. A capital da Macedónia foi a vítima do passado fim de semana. As autoridades apelam à ajuda para fazer frente à destruição causada pela “bomba de água” que se abateu sobre a capital. Skopje foi apanhada de supresa pela maior tromba de água dos últimos 50 anos, que matou pelo menos 21 pessoas, número que poderá aumentar, e fez colapsar o pavimento nalgumas ruas. Leia aqui a reportagem do New York Times.

É também hoje que se faz o balanço do encontro de ontem entre Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdoğan. Desde novembro passado, mês em que a força aérea turca abateu um caça russo Su-24, que se instalara o gelo nas relações entre a Rússia e a Turquia. Numa manobra de aproximação após a tentativa de golpe em Ancara,Erdogan encontrou-se com Putin em S. Petersburgo numa cimeira de desanuviamento e chamou-lhe “meu caro amigo”. Combinaram que as relações económicas entre os dois Estados voltarão ao clima pré-novembro e que vão atirar os “equívocos” para trás das costas: Putin levanta o embargo aos produtos turcos e Erdogan prometeu negócios com o gás natural e nuclear russos. Está tudo dito quando se lê adeclaração de Putin relativamente à tentativa de deposição de Erdogan: “A nossa posição de princípio é opormo-nos categoricamente a qualquer atividade anti-constitucional. Quero expressar a esperança de que, sob a sua liderança, o povo turco tratará disso e a justiça e a legalidade prevalecerão”. Entretanto na Turquia… a direção dos assuntos religiosos despediu 2.560 empregados no âmbito da tal purga, que não para.

Donald Trump está na mira dos opositores: quando faltam 91 dias para as eleições, 50 figuras republicanas proeminentes da área da segurança nacional, muitos dos quais foram conselheiros de George W. Bush, assinaram uma carta onde declaram que a Trump faltam “o carácter, valores e experiência” para ser Presidente dos Estados Unidos e que ele “poria em risco a segurança e o bem-estar nacional do nosso país”, como escreve aqui o New York Times. A senadora republicana pelo Maine Susan Collins começava assim a explicar ontem no Washington Post as razões por que não apoia o candidato republicano à Casa Branca: “Donald Trump não reflete os valores históricos republicanos nem a abordagem inclusiva à governação que é vital para ultrapassar as divisões no nosso país”. Trump não se mostra abalado e declara que quer debater com Hillary Clinton. Quer fazer três debates, mas impõe condições. Leia quais aqui na Time. Já para não falar do incitamento à violência que tentou disfarçar de apelo ao voto dos portadores de armas…

Hoje vão ser anunciados os resultados do referendo de 7 de agosto na Tailândia que é suposto reiterar o poder dos generais no poder, garantindo-lhes a saúde do seu modus operandi na “gestão da democracia” local. 61% de votos a favor, revelam os resultados preliminares.

Marcelo Rebelo de Sousa regressa hoje do Brasil. Leia aqui noExpresso Diário quais são os quatro próximos destinos que o Presidente tem agendados para os próximos meses. “Soy loco por ti América” é o que garante o texto que fala do regresso já a seguir em setembro ao Brasil e os planos até ao final do ano que incluem Cuba, Colômbia e México.

Os Jogos Olímpicos só nos têm dado alegrias. Para vibrar de entusiasmo com uma medalha não é preciso perceber muito, mas se ler este texto terá mais hipóteses de entender porque é que a Telma Monteiro ganhou alguns combates e perdeu um. A Alexandra Simões Abreu pediu a Nuno Delgado, medalha de bronze em Sydney, que ajudasse a descodificar a modalidade. Mesmo que esta não seja a sua preferida, vale a pena ficar a saber a história da outra judoca, a medalha de ouro do Rio - Rafaela Silva - contada pelo seu tutor. Dos atletas portugueses que hoje entram em ação destacam-se o Célio Dias (-90kg) no judo; o João Costa no tiro (pistola 50m); o Gustavo Lima na vela (laser); o Nelson Oliveira no contra relógio e, por fim, a seleção de futebol que joga com a Argélia e já tem garantida passagem aos quartos de final. Mas há mais portugueses em prova, na natação, por exemplo. Consulte aqui o calendário do Comité Olímpico português para o dia.

FRASES

“Os incêndios evitam-se reestruturando a floresta”, António Costa, citado pelo DN a propósito do pré-alerta para acionar os meios europeus de combate às chamas

“Esta prática comum de intimidação tem uma incidência específica sobre as mulheres”, Isabel Moreira, deputada do PS ao jornal i queixando-se de ter sido ameaçada por homens

“Um dos problemas da nossa Justiça é ela ser muito desligada do mundo real, muito desligada daquilo que são as necessidades das empresas e das pessoas”, Daniel Proença de Carvalho, citado pelo Negócios

“O Ministério das Finanças reitera o compromisso e empenho no cumprimento rigoroso dos objectivos traçados no Orçamento do Estado"”, Mário Centeno, em comunicado do ministério respondendo às recomendações do Conselho Europeu

O QUE ANDO A LER

Muitos long reads daqueles que deixam suspeitar as entrelinhas deste mundo complexo e obrigam a parar para pensar nestes dias em que vivemos. Aconselho ambiente fresco para ler este artigo da última edição da revista Atlantic que me foi sugerido a propósito destas leituras que aqui “deixamos cair” nos curtos. Tenho a agradecer porque este “Are we any safer”, “Estaremos mais seguros”, que deve ter ocupado muitas, longas, trabalhosas e certamente também amargas horas de investigação a Steven Brill para responder ao lead:“Desde o 11 de setembro, os Estados Unidos gastaram um milhão de milhões na defesa contra a Al-Qaeda e o Daesh, bombas sujas, lobos solitários e ciberataques. Funcionou?”. Brill divide o texto em seis partes (desde “O espírito de 12 de setembro” a “O fim do ‘nunca mais’”) e, referindo-se aos termos em que se discute a segurança nacional nesta campanha para as presidenciais, termina com esta frase: “Que ainda seja matéria de debate em campanha eleitoral 15 anos após os ataques de 11 de setembro [a passagem da segurança interna da prevenção ‘nunca mais’ a uma combinação de prevenção e mitigação e recuperação] prova que, embora se tenham feito alguns progressos, estamos ainda a grande distância de nos ajustarmos política e fisicamente a este novo normal onde, ao contrário da Guerra Fria, não podemos confiar na dissuasão para nos protegermos”.

Como o “tema e a crise” dos refugiados está longe de ter desaparecido, leia esta reportagem sobre Berlim do Handelsblatt (em inglês) escrita a partir do olhar de um jornalista sírio de 42 anos que fugiu de Damasco e vive desde há 15 meses com a mulher e duas filhas na capital alemã.

Sugiro ainda mais duas coisas sérias daquelas que aliam a oportunidade de ouro de rever algum do melhor cinema que se fez em 1975 à frescura das salas de cinema: as reposições de “Barry Lyndon”, de Stanley Kubrick, (veja aqui o thrailer e os horários no Cinema Ideal) e de “Dersu Uzala”, de Akira Kurosawa (veja aqui thrailer e horários no Cinema Nimas e leia o texto do Eurico de Barros sobre o filme). Como já nada destas coisas existem, nem os realizadores nem este cinema, aproveite a raridade de poder ver em grande ecrã uma qualidade de fotografia (para não falar do resto) que não se compadece com a mais indiscutível nitidez dos pequenos smart ou tablets.

Termino o curto sugerindo que o verta num copo alto, encha este de água gelada, junte casca de limão e cubos de gelo a gosto e saboreie enquanto for espreitando a atualidade em www.expresso.pt. Amanhã há mais.

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