O
défice e "o diabo" regressaram hoje ao debate quinzenal, o líder do
PSD avançou que seria de 3,4% em 2016 sem as medidas extraordinárias, mas o
primeiro-ministro contrapôs que é o mais baixo desde 1974.
A
polémica da baixa da Taxa Social Única (TSU), travada pelos parceiros do
Governo PS com a ajuda do PSD, e a sua substituição pela descida do Pagamento
Especial por Conta (PEC) ainda serviu para o primeiro-ministro, António Costa,
acusar o PSD de ser irrelevante e não valer para nada.
"Não
será graças ao PSD que os trabalhadores verão aumentado o salário mínimo
nacional, nem será graças ao PSD que as empresas verão diminuídos os seus
custos fiscais", afirmou Costa a Passos Coelho, com quem travou um debate
aceso.
O
presidente do PSD quase ignorou a polémica da TSU e do PEC, preferindo atacar a
política de "fantasia" e de "faz-de-conta" do Governo
quanto ao défice.
Passos
Coelho perguntou, por três vezes, qual era o valor do défice sem as medidas
extraordinárias e ele próprio somou as parcelas -- corte de 956 milhões de
euros ao investimento, 500 milhões de euros de "encaixe
extraordinário" do Peres [programa extraordinário de regularização de
dívidas], reavaliação de ativos extraordinária de 125 milhões de euros e
cativações definitivas de 445 milhões.
Passos
perguntou e insistiu, mas Costa não respondeu diretamente, preferindo insistir
que o saldo primário melhorou 747 milhões de euros em 2016 relativamente à
execução orçamental de 2015.
"Terá
a resposta quando o diabo cá chegar", respondeu, por fim, o que causou
sonoros protestos na bancada do PSD, lembrando "o diabo" que Passos
usou, em julho de 2016, antevendo problemas económicos para o país no regresso
de férias, em setembro: "Gozem bem as férias que em setembro vem aí o
diabo."
Ferro
Rodrigues, presidente da Assembleia da República, ainda tentou acalmar os
ânimos, dizendo que os deputados são livres de perguntar e quem responde tem o
direito de responder ou não.
Para
o futuro, Passos Coelho afirmou que, para ter o apoio do PSD, o Governo tem de
conversar primeiro para não suceder o mesmo que aconteceu com a TSU --
"Quando precisar do PSD primeiro peça, se faz favor."
António
Costa deixou a ironia de dizer que tanto o PSD como o CDS ficam zangados quando
"o país tem sucessos", argumento que também usou na resposta a
Assunção Cristas, deputada e líder do CDS.
Se
Passos perguntou pelo défice, Cristas perguntou pelo valor da dívida pública --
122%? 133%? - e "colou" o primeiro-ministro à governação de José
Sócrates, que "levou à bancarrota" o país, dado que não fez uma
"revisão", uma crítica ao que aconteceu em 2011.
O chefe
do Governo respondeu que os números são conhecidos e que o seu Governo reduziu
um ponto percentual a dívida líquida, daí considerar injusta a acusação do CDS
de que não dá importância ao tema de dívida pública.
Os
partidos que apoiam o Governo, BE, PCP e BE, gastaram poucos minutos na questão
da TSU.
"Deixemos
a direita presa no seu labirinto e vamos ao que importa", afirmou a
deputada e líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.
E
"o que importa" são outros temas como os riscos com um eventual
primeiro furo em Portugal em mar de alta profundidade para prospeção de
petróleo, em Aljezur, levantado pelo BE, ou a polémica em torno da central
nuclear de Almaraz, em Espanha.
O
chefe do Governo afirmou que, quanto a Almaraz, existe boa vontade da parte do
Governo de Espanha para a resolução da situação e que, relativamente ao furo em
Aljezur, não houve alteração à concessão, apenas cumprimento contratual.
E
foi depois de falar o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, que fez uma intervenção
preocupada com a precariedade, que António Costa anunciou que será apresentado
na próxima semana o relatório sobre a precariedade no Estado, ao mesmo tempo
que serão anunciadas algumas medidas.
NS
(ACL/SMA/PMF/HPG/JF/SF) // JPS - Lusa
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