O
governo meteu-se numa enorme trapalhada. Esta frase não é minha – é copiada de
um texto de Marisa Matias, dirigente do Bloco de Esquerda, um dos partidos que
constituem a maioria parlamentar que permite a António Costa ser
primeiro-ministro.
Ana
Sá Lopes – jornal i, editorial
O
governo só se pode queixar de si próprio – continuo a copiar Marisa Matias.
Para exibir o apoio dos patrões em Bruxelas arrisca-se a ficar com uma enorme
derrota na lapela. Fim de citação do texto da eurodeputada do Bloco de Esquerda
publicado no site Esquerda.net.
Embora
tenha sido o líder do PSD a levar mais pancada no espaço público, a verdade é
que António Costa não pode negociar na concertação social uma coisa de que não
tem garantias de ter apoio parlamentar. O Estado ainda não é dele. António
Costa é primeiro-ministro de um governo minoritário e não é do apoio do
Presidente da República nem do patronato que lhe advém a legitimidade política.
Aparentemente, esqueceu-se disto.
O
excesso de autoestima tende a afetar a memória. É provável que seja por
perceber a embrulhada em que o governo se meteu que Pedro Nuno Santos, o até
supertalentoso secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, reagiu de uma
forma totalmente descabelada à ideia de Francisco Assis segundo a qual esta
seria a altura de fazer eleições antecipadas. Então o Assis, que ainda por cima
está – ou parece – isoladíssimo no partido, não pode dar a sua opinião sem
levar uma carga de pancada? A reação de Pedro Nuno Santos só se compreende por
excesso de nervosismo.
De
resto, num ataque de mau gosto, acusou Francisco Assis, que tem estado discreto
e até cancelou a sua participação num programa de televisão para evitar estar a
criticar o governo, de procurar “mediatismo”. O desafio para que Assis
apresente a proposta na comissão nacional do PS é absolutamente excessivo. O
governo está nervoso e precisa de algum tranquilizante. Se Seguro ou Passos
desatassem a gritar de cada vez que aparecia um crítico interno, a casa ia
abaixo.
Foto: José Carlos Carvalho, em Expresso
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