quarta-feira, 9 de agosto de 2017

"OPORTUNIDADE DE OURO" | Contagem paralela trará "mais transparência" às eleições em Angola



Especialista angolano diz que a oposição tem uma "oportunidade de ouro" para controlar as eleições gerais deste mês. Ativistas preparam-se para fiscalizar escrutínio em várias assembleias.

Agostinho Sikato, diretor do Centro de Debates e Estudos Académicos de Angola, considera que a contagem paralela dos votos seria uma forma de garantir a transparência nas eleições gerais angolanas de 23 de agosto.

"Eu acho que os partidos políticos têm uma oportunidade de ouro, que é fazer a contagem paralela", diz Sikato em entrevista à DW África, recomendando ainda à oposição uma "solidariedade de cobertura".

"Isso significaria que, nos lugares onde um determinado partido não estivesse presente, o seu delegado poderia ser representado por um outro partido. Estou exatamente a falar dos partidos da oposição", explica. O objetivo seria "garantir a lisura e transparência do processo e o melhor controlo."
Comissão Eleitoral

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola assegura a transparência e fiabilidade do processo eleitoral. Segundo a Comissão, depois de os votos serem contados nas assembleias de voto, as urnas serão transportadas para as comissões municipais eleitorais em sacos invioláveis e os resultados serão enviados por fax para as comissões provinciais e para a CNE.

Ainda assim, o politólogo Agostinho Sikato defende que, para melhorar a fiscalização do processo eleitoral, é preciso um maior envolvimento da sociedade civil no controlo dos votos à boca das urnas. As ONG, por exemplo, teriam um papel importante a desempenhar.

"O que mais me preocupa neste momento é a ausência das ONG. Parece-me que foram colocadas numa plataforma […] Nas eleições anteriores, tinham mais força. A mesma luta que os partidos políticos estão a fazer agora devia ser feita pelas ONG", diz.

Ativistas prometem fiscalizar

O autodenominado "Movimento Revolucionário" promete ficar em várias assembleias, a 23 de agosto, para controlar os votos. Segundo o ativista Nito Alves, já foram mobilizados muitos cidadãos para fiscalizar o escrutínio.   
         
"Estamos a usar dísticos, panfletos, t-shirts, comentários no Facebook, textos na internet e artigos e comunicados de imprensa. Também estamos a fazer mobilização porta-a-porta em cada residência do cidadão. O grupo está qualificado e conta com a Fundação 27 de Maio."

O "Movimento Revolucionário" espera fazer a fiscalização nas províncias de Luanda, Huambo, Cabinda, Benguela, Uíge e Lunda Norte.
                              
No passado, os resultados eleitorais foram questionados várias vezes pela oposição angolana e pela comunidade internacional. O polítologo Agostinho Sikato espera que o escrutínio de 23 de agosto seja livre e justo. Espera ainda que os perdedores reconheçam os resultados das eleições.

"Eu gostaria de ver abraços nestas eleições. Depois de se anunciar os resultados, eu gostaria de ouvir candidatos dizer que telefonaram ao colega que ganhou as eleições", concluiu Sikato.

Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle

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