As
receitas econômicas terão um impacto limitado, ou nenhum, se não houver um
debate aprofundado sobre que sociedade queremos construir.
Sophia
Mappa - L'Humanité – em Carta Maior
O
anúncio de uma possível falência do Estado grego provocou na Europa reações
passionais e moralistas, de um lado e, do outro, reações técnicas, econômicas e
até contáveis. O que revelam, antes de tudo, é a regressão do pensamento
crítico e político entre os herdeiros do Iluminismo. Foram evocadas,
especialmente nos bons e velhos países protestantes, guardiões da moralidade e
do rigor econômico, a preguiça dos gregos, sua corrupção e clientelismo. A
perspectiva de ver a crise se espalhar para outros países do sul da Europa
levou ao uso de adjetivos tão deselegantes quanto desprovidos de capacidade
analítica: os gregos foram classificados de "porcos", "Club
Med" e por aí vai.
Mas não se viu uma análise da sociedade grega que pudesse contribuir para a compreensão de sua especificidade e jogar luz, também, sobre as contradições da construção europeia. As abordagens econômicas tampouco tocaram nas questões mais profundas. Por que o "subdesenvolvimento" crônico da Grécia, uma vez que os gregos são "ricos", como afirma o muito simpático Guy Burgel?[1] Por que os esforços europeus para "desenvolver" o país fracassam depois de trinta anos de adesão à União Europeia, e apesar dos dois séculos de tutela ocidental sobre o país? Quais os critérios utilizados para avaliar o desenvolvimento, a preguiça e a corrupção?
Mas não se viu uma análise da sociedade grega que pudesse contribuir para a compreensão de sua especificidade e jogar luz, também, sobre as contradições da construção europeia. As abordagens econômicas tampouco tocaram nas questões mais profundas. Por que o "subdesenvolvimento" crônico da Grécia, uma vez que os gregos são "ricos", como afirma o muito simpático Guy Burgel?[1] Por que os esforços europeus para "desenvolver" o país fracassam depois de trinta anos de adesão à União Europeia, e apesar dos dois séculos de tutela ocidental sobre o país? Quais os critérios utilizados para avaliar o desenvolvimento, a preguiça e a corrupção?