segunda-feira, 20 de março de 2017

Lu-Olo mantém liderança nas presidenciais timorenses com 59,24%, com 34,34% dos votos contados




Francisco Guterres Lu-Olo, candidato apoiado pelos dois maiores partidos timorenses, Fretilin e CNRT, lidera a contagem dos votos nas eleições presidenciais timorenses com 59,24% dos votos quando estão escrutinados 34,34% dos votos, segundo dados oficiais.

Às 00:00 locais (15:00 em Lisboa), oito horas depois de as urnas terem encerrado, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) tinha tabulado informação de 239 dos 696 centros de votação, não estando incluída ainda informação de vários pontos do país.

Os dados incluem informação de todos os municípios que estão em diferentes estados de contagem, tendo sido contabilizados até ao momento 167.316 votos (de um universo de 743.150 eleitores) dos quais 163.755 são considerados válidos.

Para vencer à primeira volta, Lu-Olo terá que obter mais de 50% dos votos válidos.

A esta hora, Lu-Olo tinha obtido 97.012 votos (59,24%) contra os 49.232 de António da Conceição (30,06%).

Em terceiro entre os oito candidatos que se apresentaram ao voto de hoje surge José Luis Guterres com 4.924 votos (3,01%), à frente de Luis Tilman, com 3.623 votos (2,21%).

José Neves tinha contabilizados 3.518 votos (2,15%), Antonio Maher Lopes 3.094 votos (1,89%), Ângela Freitas obtinha 1.213 votos (0,74%) e, finalmente, Amorim Vieira ficava-se pelos 1.139 votos (0,70%).

A legislação timorense prevê que a contagem dos votos possa demorar até 48 horas depois do fecho das urnas, sendo que, em alguns locais, a votação se prolongou além da hora prevista devido à grande afluência.

Até ao momento não há dados globais de participação.

ASP // VM - Lusa

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Eleições presidenciais em Timor-Leste: Detectadas irregularidades num centro de votação em Díli




Num centro de votação de Díli foram registadas irregularidades, nomeadamente, a violação do artigo 24º do Decreto do Governo Nº 5/2017 de 27 de Fevereiro (Regulamenta a Campanha e a Propaganda Eleitoral).

De acordo com o ponto 1 do citado artigo, «é proibido, no dia da eleição, todo o tipo de propaganda eleitoral dentro do local em que funcione o centro de votação ou estação de voto e no seu exterior até à distância de 100 metros».

Por outro lado, o ponto 2 especifica que «constitui propaganda eleitoral, nomeadamente a exibição de autocolantes, camisolas, panfletos, símbolos, sinais, distintivos, cartazes entre outros, assim como actividades de promoção de candidaturas», e o ponto 4 refere que «os fiscais de candidatura não podem levar nenhum símbolo ou objectos que os identifiquem com as candidaturas».

A violação registou-se, conforme se pode observar na foto, em virtude de haver dois fiscais com camisolas de cores vermelha, preta e amarela, que se identificam com uma das candidaturas.

De acordo com a lei (ponto 5 do mesmo artigo), o «secretário do centro de votação ordena ao fiscal que retire os símbolos ou objectos. Em caso de desobediência, o secretário do centro de votação apreende a acreditação do fiscal e pedirá que o mesmo deixe a estação de voto, anotando a incidência na acta das operações eleitorais», o que não veio a acontecer.

Este caso de irregularidade vai ser comunicado à Missão de Observação Eleitoral da União Europeia em Timor-Leste, pelo que, faz-se um apelo à Comissão Nacional de Eleições (CNE) no sentido de supervisionar o processo eleitoral com determinação e total isenção, um imperativo fundamental para que as eleições sejam consideradas verdadeiramente justas e livres.

*Secretário-Geral do Partido Socialista de Timor (PST) e Professor Universitário

*M.Azancot de Menezes, Díli – também colabora no Página Global


Macau - Vício: JOGO PATOLÓGICO É UM PROBLEMA INVISÍVEL NA TERRA DOS CASINOS


Macau é uma cidade onde o jogo é, de longe, o principal motor económico. Com quase 40 casinos em pouco mais de 30 quilómetros quadrados, não é de estranhar que o vício de jogo seja algo endémico no território. O HM foi à procura de quem sofre e de quem trata

Na cidade dos néones, o brilho ofusca aqueles que apostam mais do que podem cobrir. “Se tiver mil patacas, e for obrigado a escolher entre droga ou jogo, escolho o jogo”, revela S., um veterano de vários vícios. Com um historial vasto de consumo de opiáceos, este homem de 58 anos é um fantasma da velha Macau, em que o crime nos casinos era visível e transbordava para as ruas.

Aos 14 anos a vida levou-o a entrar num gang onde vendia e consumia heroína. Foi agiota e fez de tudo um pouco no lado negro que ensombrava o glamour dos casinos. Hoje em dia, com a luz que a regulação fez incidir na indústria, já não dispõe das largas somas de dinheiro que apostava. No passado, como o dinheiro não era problema, o jogo também não.

O destino trocou-lhe as voltas, mas o jogo e a heroína continuam no seu percurso. No entanto, S. não tem dúvidas de que, no menu dos vícios, “o jogo é a sua prioridade”. O seu caso não é único e encaixa perfeitamente no conceito de personalidade aditiva. Algo que não é de estranhar, uma vez que o vício dos jogadores patológicos tem perigosas semelhanças com a toxicodependência.

“Em termos biológicos, cerebrais, o jogo e a droga acabam por tocar na mesma zona do cérebro, acontecem as mesmas reacções químicas, são libertadas as mesmas hormonas, são realidades muito semelhantes.” As palavras são de Marta Bucho, Coordenadora do Centro Feminino da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM). Aliás, estudos indicam que os jogadores também têm sintomas de privação semelhantes, ou seja, ressaca. Em ambos os casos, o cérebro é inundado por serotonina e dopamina, hormonas que regulam o humor, a ansiedade, o humor, o sono, o stress e o prazer. “Normalmente, não temos uma libertação tão forte destes químicos”, explica Marta Bucho.

Quem cai nas malhas do jogo, frequentemente, encontra neste prazer algo que lhe falta na vida. São coisas que andam de mãos dadas. Problemas psicológicos como depressão, traumas, stress, ansiedade e fobias podem ser precursores à adição. Estas pessoas acabam, muitas vezes, por “usar o jogo como forma de auto-tratamento”, explica a terapeuta. O uso de álcool e drogas também servem de meio de medicação, num mosaico aditivo muito complexo de tratar. Pessoas que têm deficit de atenção e hiperactividade fazem parte de outro grupo de risco, vulneráveis ao vício, encontrando no jogo uma forma para se focarem.

A POBREZA PREJUDICA GRAVEMENTE O CÉREBRO DESDE O NASCIMENTO


Os efeitos nocivos da pobreza para as capacidades cognitivas e emocionais foram descritos a partir dos anos 1950 por pesquisadores de vários campos.

Pascale Santi e Sandrine Cabut, Le Monde, em Carta Maior

Em estudos científicos e relatórios internacionais, não restam dúvidas: as crianças são as principais vítimas da pobreza e seus cérebros estão em perigo. Nos países em desenvolvimento, há 385 milhões crianças crescendo em situação de "extrema pobreza" (definida por uma renda abaixo de 1,90 dólar por pessoa e por dia em um domicílio), segundo análise recente da Unicef %u20Be do Banco Mundial.

Nos chamados países ricos, porém, as crianças estão longe de serem poupadas. Nos EUA, assim como na França, cerca de uma em cada cinco crianças vive abaixo da linha da pobreza. Ou seja, 15 milhões de crianças americanas; e entre dois e três milhões de menores na França. Este último número varia de acordo com a fonte e a definição da linha de pobreza. O Insee (Instituto nacional de estatísticas e estudos econômicos da França) prefere defini-lo em 60% do rendimento médio, de 1700 a 2100 euros por mês para uma família com duas crianças menores de 14 anos. Este indicador, no entanto, por abranger realidades muito diferentes, gera certo debate.

Em termos de saúde pública, as consequências são graves. Se a mortalidade infantil está em queda no mundo, os filhos das famílias mais pobres têm um risco duas vezes maior de morrer antes dos cinco anos do que os das famílias mais ricas. A precariedade predispõe a inúmeras doenças físicas e mentais (complicações da prematuridade, desnutrição, doenças infecciosas...), potencialmente ainda mais graves quando combinadas a um menor acesso aos serviços de saúde.

Há, também, os impactos no cérebro, cujo próprio desenvolvimento pode ser afetado. Como é também o caso da maioria dos tecidos e órgãos expostos ao estresse e as condições materiais difíceis. "Com a diferença que um cérebro capaz de exercer suas funções em toda sua potencialidade é tudo de que mais precisam as crianças oriundas deste estrato social para esperar um dia ascender socialmente”, salientava a neurocientista Angela Sirigu em artigo no Le Monde em 2012 (suplemento « Science & médecine » de 13 de outubro).

O tema é delicado, e não é novo. Os efeitos nocivos da pobreza para as capacidades cognitivas e emocionais foram descritos a partir dos anos 1950 por pesquisadores do campo da psicologia do desenvolvimento, de ciências sociais e educação. Uma nova página foi aberta com abordagens neurocientíficas, visando a entender como um status socioeconômico (SES) desfavorável afeta o desenvolvimento do cérebro.

BRASIL, ÉS PÁGINA VIRADA, DESCARTADA DO MEU FOLHETIM…




Nos últimos dois anos, cada vez mais brasileiros escolheram Portugal para viver. Mais qualificados e com mais dinheiro, chegam cansados de um Brasil violento e sem perspetivas de futuro, ao qual não querem voltar. É o início de uma nova vaga imigratória a desenhar-se

rasil é um paciente sem possibilidade terapêutica”, diz Bernardo Albergaria, que de lá saiu há oito meses com o intuito de não voltar. O léxico trai-o: é médico de dupla especialidade e o país onde nasceu sofre de uma doença crónica que se tem vindo a degradar nos últimos anos. O Brasil, insiste, é hoje “uma colónia penal, com quadrilhas que se revesam no poder”. Há dez anos que a ideia de emigrar o perseguia, mas agora tornou-se urgente. “Cansei disso”, desabafa. A situação “deu uma virada, quebrou um limite”. Um limite que a tornou irreversível e fez com que desta vez Virgínia, a mulher, o apoiasse na decisão. Pegaram nos filhos, de 9 e 13 anos, fecharam a casa em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, e alugaram apartamento em Coimbra, onde ele iniciou um doutoramento. Ela, enfermeira com mestrado em cirurgia, demitiu-se do emprego como consultora técnica de produtos hospitalares. Ele deixou o consultório de ortopedia que atendia mais de uma centena de pacientes por mês e conseguiu uma licença sem vencimento como médico legista na polícia civil.

A sua história não é incomum. Nunca o foi, na verdade. Desde os anos 80 que a imigração brasileira configura um fluxo relativamente constante, dependendo da realidade que o país esteja a atravessar a cada momento. Mas se os anos da crise portuguesa levaram muitos brasileiros aqui emigrados de regresso ao seu país, a crise político-económica desencadeada em 2015 no Brasil fez com que, de novo, Portugal fosse visto como destino preferencial. O perfil dessa nova imigração está ainda a ser desenhado, mas já se lhe consegue ver o rosto: têm entre os 30 e os 50 anos, são de classe média ou média-alta, profissionais estabelecidos que encontram no alargamento da formação — doutoramento e pós-doc — ou na abertura de um negócio um pretexto para emigrar, em geral casais com filhos em idade escolar que viajam em conjunto. Que poderiam ficar no Brasil mas simplesmente não querem, invocando o crescimento exponencial da insegurança e da violência com que sempre conviveram. Que não veem um futuro à sua frente, que chegaram a um limite. Que cansaram disso.

QUAL PAI? QUAIS FILHOS?




Hoje não há Expresso Curto. Ups! Afinal não há Expresso Curto tradicional mas uma espécie disso. É que hoje quem tira a cafeína é o senhor Nicolau Santos, um milagreiro na máquina cafeeira… Qual quê! No teclado do PC, melhor dito… Ou será um portátilzinho? Pois. Nicolau parece que não está no país das maravilhas, como estava o falecido Breyner quando estava vivinho de Serpa. Mas isso são outras chávenas. Vamos nesta de hoje com loiça do tio Balsemão Quinta da Marinha Bilderberg y Impresa ou Coisa Assim. Pois. Até amanhã, se não morrermos. Urge despachar isto. Pois é. Leiam sobre o dia do pai… Tch…. Qual pai? Quais filhos? Tch… Isso já foi chão que deu uvas e que atualmente está árido. Tsh... Ai se as paredes falassem. Mais em baixo há "coisa" sobre poesia. Isso sim. (MM / PG)

O Dia do Pai cujos filhos emigraram

Nicolau Santos - Expresso

Bom dia. Este é o seu Expresso Curto

Ontem passou mais um Dia do Pai. O nome devia mudar para Dia do Pai do Emigrante. É que há poucas famílias da chamada classe média que não tenham pelo menos um filho emigrado, quando não dois ou mesmo três. No meu círculo de amigos, um dos casais tem os dois filhos fora, ele em Sidney, ela em Londres; outro, tem a única filha em Edimburgo; outro ainda tem uma filha em Londres, outra na Escócia e só uma vive cá; outro tem duas filhas em Londres e outra cá; eu tenho um filho em Sillicon Valley e a filha cá.

É bom para eles? Fora de causa. É muito bom, do ponto de vista profissional e financeiro, além da rede de contactos que entretanto constroem e que lhes será muito útil pela vida fora. Além disso, tornam-se cidadãos do mundo e ficam aptos a trabalhar em qualquer ponto do globo. A contrapartida é que não voltam – ou muito poucos voltarão. Por falta de oportunidades profissionais interessantes mas também pela baixa remuneração que lhes é proposta e que não tem qualquer comparação com o que lhes é oferecido no estrangeiro, com os estudos que fizeram e com o trabalho que desenvolvem. Mais que não fosse – e há outras razões que dificultam o regresso, como relacionamentos afectivos com pessoas doutros países entretanto estabelecidos – aqueles motivos são mais que suficientes para não pensarem voltar a Portugal, pelo menos tão cedo.

É que a esmagadora maioria não emigrou porque estivesse desempregado. Estavam quase todos a trabalhar. Emigraram porque o que aqui lhes pagavam era demasiado irrisório e sem perspectivas de melhoria rápida para quem sabe o que valem os conhecimentos especializados que dominam.

É essa uma das conclusões de um estudo promovido pela Fundação AEP com o apoio da União Europeia/Feder, que está a ser realizado há alguns meses junto da Diáspora (com especial incidência na Europa), sob a direção do investigador Pedro Góis, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e que será revelado em meados de Abril.

E a prova é que embora mais de 70% desses jovens portugueses qualificados digam que querem regressar, 66,8% dizem que não pensam fazê-lo antes de três anos e quase 40% acrescentam que não pensarão em tal coisa antes de cinco anos. É, como se compreende, uma resposta de alguém que precisa de tempo para decidir. Mas que também precisa de estímulos para regressar: projetos interessantes e inovadores e remuneração compatível. E isso não se vê no horizonte. Pelo contrário. O processo de ajustamento devastou a economia portuguesa. Antes da crise, Portugal tinha 35 empresas entre as 100 maiores da Península Ibérica. Agora tem apenas seis. Quem pode agora oferecer salários competitivos e projectos desafiadores para fazer regressar a maioria dos jovens talentos que emigrou? Quase nenhuma empresa, como é óbvio. O país perdeu a maioria da geração mais bem preparada que alguma vez teve.

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