segunda-feira, 7 de agosto de 2017

PISTAS E TRAUMAS DO LONGO CHOQUE NEOLIBERAL – III



Martinho Júnior | Luanda

Das opacidades mais obcenas do capitalismo, desde princípios da década de 90 do século passado que planeta fora, incontinente, se distende o líquido viscoso, sangrento e sulfuroso do choque neoliberal, tisnado em chamas e fumo de caos, terrorismo, desagregação, miséria e morte…

Nesse material agónico e putrefacto, os mercenários proliferam à rédea solta como fantasmagóricos cavaleiros do apocalipse, montando rançosos cavalos-alados com odor a enxôfre, por que dum estado irremediavelmente vulnerável, exangue, minguante e decadente, privatizar-se-ão sem limites os lucros em benefício duns quantos, em parcerias que o corroem até à medulla e o levam à exaustão!...

… As perdas serão assim garantidamente socializadas, precavendo ao mesmo tempo um destino traumático que artificiosamente desemboca na inércia estupidificante de nações inteiras e de povos-alvo dessa epidemia em espiral, cúmulos inebriados de desgraças, de todo o tipo de desgraças e misérias e círculos viciosos, caóticos e labirínticos… sem saída e sempre em nome da “democracia”!...

O medo, a violência, o ódio, a decadência, a ignorância, gaseificam-se em espirais ondulantes na planura da terra arrasada, matriz de propaladas crises sistémicas, para que mesmo na terapia seja plena a letargia humana, sem remissão, nem alternativas… e o homem se torne carente flácido da piedade e da caridade precarizada, hipócrita, cínica e viral dos poderosos e dos ricos sobre todos os demais!...

Consumados os ciclos, a vida humana vai-se confinando até no espaço disponível à sobrevivência e o planeta cada vez pode dar menos garantias de qualidade em prol da vida, com as transformações de que é alvo desde o início da revolução industrial!...

Quando os povos se tornam por fim exangues, dar-se-á sequência ainda, pelas contraditórias e mágicas artes dum mercado deificado, às efervescências segmentadas de outros lucros, à custa de sua rendição amorfa injectada pela terapia neoliberal, por que os milhares de mercenários que foram actores da guerra se redimem e preparam o terreno para outros milhares de mercenários e piratas e corsários, que se sucedem e manipulam o consumo nos escabrosos caminhos duma paz não mais que formatada, não mais que manipulada, por que está presa desse labirinto… um labirinto consumista de espelhos, de equívocos de liberdade e créditos mal-parados e irresolúveis, um labirinto que se afunda em banca-rota e num pré-aviso de guerra civil!...

A subversão dessa paz leva a miragem à beira do abismo: é uma paz hipnótica que não passa da expressão estonteante duma barbárie próxima do estertor da “civilização judaico-cristã occidental”, conforme às doutrinas feudais e fundamentalistas do “Le Cercle”, inculcadas década após década para que o mundo morra de tédio nas fogueiras das modernas inquisições, asfixiado de overdose das praças Maidan e os clérigos desse sistema putrefacto, zelosamente multipliquem, à sombra de extintos papados, (polaco como alemão), as orgias profanas de etéreas pedofilias…

… Por essa injecção de poderosa droga geradora de mentalidade pérfida e sem qualquer laivo de consciência cívica, humana e responsável, até as sombras dos claustros, das sacristias e das escolas, se arriscam a sumir nos ocasos da vergonha, em secretos rituais e práticas à espera de revelação e de escândalo!...

Militarização: as novas guerras nas ruas, as guerras paradigmáticas de sempre



A gestão violenta de populações é um projeto funcional de governo e repressão de setores da sociedade, e de ordenamento e gestão de determinados espaços periféricos

Tomaz Paoliello e Manoela Miklos

Os militares estão de volta ao Rio de Janeiro sem nunca terem deixado a cidade. Nos últimos 12 meses, os militares foram chamados 4 vezes para intervir no local. Ao longo da última década, o estado do Rio recorreu às Forças Armadas 12 vezes. Quem circula pelas ruas da cidade já se acostumou com a presença de homens em uniformes camuflados, atiradores de elite, carros blindados e diversos outros personagens normalmente associados a palcos de guerra.

A participação das forças armadas na segurança pública no Rio de Janeiro pode ser contada por duas vias distintas. A primeira é a narrativa “local”, mais comum seja para os especialistas em segurança pública ou para ativistas na área. As versões construídas dentro dessa perspectiva destacam a extrema violência urbana no Rio de Janeiro, agravada pela crise da administração no estado. Essa violência é exercida por facções e grupos de crime organizado, mas está intimamente ligada a uma opção pela ação violenta do Estado nas favelas e periferias, dinâmica que acarreta num genocídio das populações negras. Esse processo está vinculado a uma opção por tratar as políticas de drogas como problemas de segurança, que busca o confronto armado e produz enormes violência e letalidade, além da brutal política de encarceramento.

É possível citar ainda o argumento “oficial”, que justifica operação militar ao formular uma suposta situação de emergência na segurança pública na cidade e no estado, que demandaria ações também emergenciais. Todas essas histórias são verdadeiras e nos ajudam a compreender o que ocorre em nossas ruas. São uma face da tragédia que ocorre na cidade do Rio de Janeiro e articulam de maneira necessária o ativismo que busca combater a violência.

O CHAMAMENTO DA GUERRA NUCLEAR



John Pilger

O comandante do submarino dos EUA diz: "Todos nós vamos morrer um dia, alguns mais cedo e outros mais tarde. O perturbador sempre foi que nunca se está pronto para isso, pois não se sabe quando é que chega o momento. Bem, agora sabemos e não há nada a fazer". 

Ele diz que estará morto em Setembro. Levará cerca de uma semana para morrer, embora ninguém possa estar muito certo. Os animais viverão mais.

A guerra acabou em um mês. Os Estados Unidos, a Rússia e a China foram os protagonistas. Não está claro se foi começada por acidente ou por erro. Não houve vitorioso. O hemisfério norte está contaminado e agora sem vida.

Uma cortina de radioactividade está a mover-se rumo à Austrália e Nova Zelândia, ao sul da África e à América do Sul. Em Setembro, as últimas cidades e aldeias sucumbirão. Tal como no norte, a maior parte dos edifícios permanecerão intactos, alguns iluminados pelos últimos vislumbres de luz eléctrica.

Este é o modo como o mundo acaba
Não com um estrondo, mas com um suspiro

Estas linhas do poema de T.S. Eliot, The Hollow Men (Os homens vazios), surgem no início do romance On the Beach (Na praia) de Nevil Shute, o qual me deixou próximo às lágrimas. Os endossos impressos na capa diziam o mesmo.

Publicado em 1957 na altura da Guerra Fria, quando tantos escritores estavam silenciosos ou acovardados, é uma obra-prima. A princípio a linguagem sugere uma relíquia refinada; mas nada do que li sobre guerra nuclear é tão implacável como a sua advertência. Nenhum outro livro é tão urgente.

EU, “ANTIDEMOCRATA” ME CONFESSO



Embora o termo democracia esteja enevoado pelas meninges dos Assizes desta vida, democracia quer dizer “poder do povo”. E este só consegue ter poder quando oitenta por cento dele não está na miséria.

Nuno Ramos de Almeida | jornal i | opinião

Comecemos com uma pequena história. Era uma vez uma familiar minha que trabalhava numa importante organização internacional. Essa delegação era dirigida por um funcionário da ONU, por mandatos de alguns anos. No início dos anos 80, esse diretor foi substituído. O homem, antes de vir viver para Portugal, mandou um telex a perguntar “se havia comida em Lisboa e produtos nas prateleiras dos supermercados”. Apesar dos esclarecimentos dados de cá, ele que tinha visto, durante anos, horas de notícias sobre a situação de guerra civil em Portugal nas televisões, aterrou no Aeroporto de Lisboa com as bagagens pejadas de latas de comida. Durante os anos da revolução portuguesa, a comunicação social falava que Portugal estava a ferro e fogo, que escasseavam bens de primeira necessidade, que andavam conselheiros cubanos pelas matas a preparar a guerra civil e que o país vivia numa ditadura militar comunista.

Uma das séries de literatura de aeroporto mais famosas da época, tinha o cognome de SAS (Sua Alteza Sereníssima), e contava a história de um príncipe austríaco falido, Malko Linge, que colaborava com a CIA na salvação do mundo livre e o combate aos ogres comunistas. Durante os anos quentes da revolução, sai um livro dessa série chamado “Sourcières du Tage”, em que Malko é chamado a Lisboa, depois de dois agentes portugueses da CIA terem sido mortos a rajadas de G3 por militares portugueses. Aí colabora com a resistência democrática, feita de antigos agentes da PIDE, envolve-se sexualmente com uma Amália, provavelmente com Maria seria o único nome português de mulher que o escritor Gerard de Villiers conhecia, consumando o coito nas mesas do Grémio Literário, onde a resistente era gerente.

CRISTIANO RONALDO PARALISADO



O título acima é enganador, foi de propósito. A primeira impressão é a de que o espetacular Cristiano, fora de série do futebol, teve algum acidente que o arrumou de vez, paralisando e privando-nos de assistirmos às suas magníficas deambulações nos relvados.

Nada disso, felizmente, o que tem estado paralisado é o aeroporto da Madeira, que supimpamente foi rebatizado de Cristiano Ronaldo. Ventos fortes não permitem o tráfego aéreo. Nem outra coisa seria de esperar desde quando ali construíram o aeroporto. 

Alegam os sábios que não existe na Madeira outra zona que permita a construção do aeroporto. Existem os que discordam desta alegação dos sábios e que juram a pés juntos que o que não existe é dinheiro para construir o aeroporto noutro local,  nem vontade de afastar demasiado o aeroporto da cidade do Funchal. Falam os que sabem e os que acham que sabem. Até não se sabe quando o tempo dirá quem tem razão. Entretanto já mais de cem voos foram impedidos de usar a pista do aeroporto. Mais de mil passageiros estão retidos. É preciso é calma e bom tempo. Quando assim acontecer a paralisia do Cristiano Ronaldo deixará de existir… por umas horas ou por uns tempos. Ainda bem.

Mais em baixo pode ficar a saber muito mais, sem “rasteiras” no texto. Eis o jornal i com a informação, se continuar a ler.

MM | PG

ALTA FINANÇA, INVESTIDORES, BANQUEIROS, POLÍTICOS E OUTROS VIGARISTAS



Voltamos ao Expresso que é Curto. Hoje aborda o esquecimento de como estamos à mercê dos decisores da alta finança, dos grandes empresários, investidores, banqueiros, dos políticos e de outros vigaristas que põem os povos do mundo a pagarem até com a vida as suas ganâncias e desprezo absoluto por países e pessoas.

A prosa é do jornalista do Expresso João Silvestre. Ele diz que o Expresso vai recordar-nos como tudo aconteceu… Até parece que ainda hoje não está a acontecer. O senhor está a querer convencer-nos de que o mal já passou? Nunca passará, enquanto verdadeiros criminosos se acoitarem por detrás dos sistemas políticos e da justiça que os absolve pelos crimes económico-financeiros que cometem contra a humanidade.

Este é o Expresso Curto, que além do supra citado contém outros temas. Recomendar que leia com atenção, com cuidado, com agilidade na interpretação e com os alarmes antimanipulação ligados, nunca será demais.

Tenha uma boa semana.

Carlos Tadeu | Página Global

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