A concentração de riqueza aprofunda a ferida nacional
Guilherme
Boulos [*]
Nas
últimas semanas, foram publicados dois estudos reveladores do abismo social
brasileiro. O primeiro e mais completo deles foi o relatório da Oxfam Brasil,
tema da reportagem de capa da edição 972 de Carta Capital, sobre as desigualdades em termos de riqueza, rendimento [NR] ,
gênero e raça em nosso país.
O outro foi um levantamento do mapa de homicídios publicado pelo jornal Folha de S. Paulo na última segunda-feira 9. Duas faces do mesmo problema, concentração de riqueza e violência aprofundam a ferida nacional.
Os números apresentados pelo estudo A Distância Que Nos Une, da Oxfam, são chocantes: a riqueza dos seis maiores bilionários brasileiros equivale à dos 100 milhões mais pobres. Considerando o 0,1% mais rico, seu rendimento [NR] em um mês é o mesmo que um trabalhador com ganho de um salário mínimo receberia em 19 anos. Difícil explicar pela meritocracia uma desigualdade tão gritante.
O trabalho da Oxfam tem a vantagem de operar não apenas com o conceito de rendimento, mas também com o de riqueza, que inclui a propriedade imobiliária. Por aqui, a terra historicamente foi o pivô da desigualdade.
No campo, os dados do último Censo Agropecuário mostraram o aumento da concentração, medida pelo Índice de Gini, sendo os latifúndios mais da metade da terra agrícola do País. Nas cidades não é diferente: em São Paulo , 1% dos proprietários concentra 25% dos imóveis, o que, por sua vez, representa 45% de todo o valor imobiliário municipal. Enquanto isso, o déficit de moradia na cidade supera 470 mil famílias.
O outro foi um levantamento do mapa de homicídios publicado pelo jornal Folha de S. Paulo na última segunda-feira 9. Duas faces do mesmo problema, concentração de riqueza e violência aprofundam a ferida nacional.
Os números apresentados pelo estudo A Distância Que Nos Une, da Oxfam, são chocantes: a riqueza dos seis maiores bilionários brasileiros equivale à dos 100 milhões mais pobres. Considerando o 0,1% mais rico, seu rendimento [NR] em um mês é o mesmo que um trabalhador com ganho de um salário mínimo receberia em 19 anos. Difícil explicar pela meritocracia uma desigualdade tão gritante.
O trabalho da Oxfam tem a vantagem de operar não apenas com o conceito de rendimento, mas também com o de riqueza, que inclui a propriedade imobiliária. Por aqui, a terra historicamente foi o pivô da desigualdade.
No campo, os dados do último Censo Agropecuário mostraram o aumento da concentração, medida pelo Índice de Gini, sendo os latifúndios mais da metade da terra agrícola do País. Nas cidades não é diferente: em São Paulo , 1% dos proprietários concentra 25% dos imóveis, o que, por sua vez, representa 45% de todo o valor imobiliário municipal. Enquanto isso, o déficit de moradia na cidade supera 470 mil famílias.