segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O NATAL É VERMELHO



Tinha na cabeça que tudo no mundo se conseguia por um exercício doloroso de vontade e que as frases tinham de ter um encantamento que convocasse o primeiro sentido da ação das palavras. Eram também estas que mudavam o mundo. Evocar os nossos mortos e a nossa memória era a forma de fazer esse exorcismo

Nuno Ramos de Almeida | jornal i | opinião

Para mim, o Natal sempre foi uma merda. A única utilidade que lhe vejo é convocar o passado e lembrar-me das pessoas que já não caminham a nosso lado. Estranho que um nascimento inscrito na nossa cultura apenas me inspire a névoa da memória. Não consigo encontrar alegria na música irritante nem nas iluminações garridas. A embirração é tão forte que o único filme em que puxo pelos nazis é na “Música no Coração”. Os jantares de família enfadam-me. Só vejo fantasmas a pairar sobre as rabanadas. Muitas vezes vêm--me à memória estas recordações sobre as quais já escrevi há anos.

Aproximava-se o Natal. Em casa cheirava a frio e a madeira nova. O móvel parecia-me estranho. Era encerado. Uma espécie de cómoda oca. Seria um bar daqueles kitsch? Já não me recordo. Tinha umas chaves. Lá dentro estavam prendas. Apenas uma era minha. Na nossa casa estavam brinquedos dados por camaradas na legalidade para as casas clandestinas onde viviam crianças. Era membro de uma comunidade, embora não nos conhecêssemos: as crianças das casas clandestinas. Hoje parece-me uma quebra das regras de segurança, a distribuição de prendas. E não percebo como chegaram os brinquedos a cada um de nós. Mas, na altura, isso fazia-me sentir que não estávamos sozinhos.

Portugal | RARÍSSIMAS NÃO SÃO AS IMPUNIDADES




Mário Motta, Lisboa

Em pesquisa na Internet podemos encontrar aquela “coisa” de que tanto se fala e escreve desde há umas quantas horas, que dá pelo nome de “Raríssimas”, de provável apoio a doentes com doenças raras…


O que consta e pode ler na pesquisa:

“QUE AJUDA POSSO TER? Em Portugal existem cerca de 800 mil portadores de doenças raras e várias centenas de doentes por diagnosticar. A Raríssimas tem como missão dar uma resposta inovadora às necessidades dos portadores de patologia rara, famílias, cuidadores e amigos…”

E que mais?

Pois é. Mas, raro, mesmo raro, é que não haja quem use e abuse de meter a mão-no-pote e confunda o que é de outros com o que não lhe pertence. Dirão os mais tolerantes que essa de meterem a mão-no-pote também é uma doença… Uma doença que não é rara.

Uma doença que tantas vezes vem acompanhada de conluios e impunidades superiormente regadas com champanhe do mais raro e dispendioso. Sabem (de ouvir dizer), do tal que nem põe nódoas na farpela mais alva que possamos imaginar.

E lá surge neste Natal o presente de mais uma desbunda, de um provável roubo. Esperemos que a impunidade não surja transportada pelo trenó do Pai Natal, como tantas vezes acontece por ditames da benemérita justiça que esbanja também o que a todos os portugueses pertence e premeia com a liberdade, a impunidade, tanta bandidagem.

Feliz Natal, cousa raríssima para tantos portugueses. Um milhão deles? Dois milhões? Mais?

DEEM O SUBSÍDIO A DIJSSELBLOEM



Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

A frase passou quase despercebida e só reparei nela graças a um amigo e jornalista que a destacou no Facebook. Enquanto prestava declarações à Comunicação Social, o ainda presidente do Eurogrupo foi questionado sobre o futuro, quando em janeiro terminar as funções. A resposta é, supostamente, uma piada bem-humorada: Dijsselbloem espera não ter de vir a fazer "uso do regime europeu de benefícios do desemprego".

A piada desperta duas reações imediatas. Uma é relembrar as enormes portas giratórias entre cargos políticos e económicos na Europa. Não, caro ministro holandês, não é de todo expectável que venha a ter problemas em prosseguir a carreira num cargo apetecível e suficientemente bem pago para não ter de fazer duros sacrifícios. A segunda é recordar que enquanto os líderes europeus traçaram linhas e metas políticas para os países da Zona Euro, durante o período de austeridade milhões de pessoas, incluindo milhares de portugueses, viram-se obrigados a recorrer ao subsídio de desemprego. E será difícil acharem graça ao humor de Dijsselbloem.

Os quadros macroeconómicos são linhas estatísticas nas quais não cabem considerações sobre o impacto de cada opção e medida na vida concreta das pessoas. Mas ainda assim dos decisores espera-se a sensibilidade e capacidade de avaliação para perceberem a quem se dirigem. A piada do líder do Eurogrupo demonstra o inverso. A vida de tantos europeus em dificuldades diz-lhe muito pouco.

Mal-amado em Portugal, sobretudo desde as considerações relativamente aos hábitos dos países do Sul, Jeroen Dijsselbloem não é um caso único. É um exemplo de um certo estilo de fazer política que coloca os resultados acima das pessoas. E que se caracteriza pela dificuldade em, no mínimo, dizer as palavras certas em contextos difíceis para as populações. Dentro de portas, o primeiro-ministro sentiu a mesma incapacidade nos momentos trágicos dos incêndios deste verão.

Esta semana, António Costa foi integrado no top ten dos políticos europeus mais influentes. A escolha de Mário Centeno para liderar o Eurogrupo é outra prova da imagem externa positiva de que goza o seu Governo. Mas essa imagem tem muitas nuances dentro de portas. Os próximos dois anos serão decisivos para António Costa demonstrar se quer governar para as pessoas ou para os resultados. Sem piadas nem artifícios, que de ambas as coisas estão os eleitores fartos.

*Subdiretora do JN

O PRESENTE QUE AINDA NÃO FOI ENTREGUE AOS MOÇAMBICANOS



@Verdade | Editorial

Desde que foram despoletadas as dívidas contraídas ilegalmente pelo Governo da Frelimo, liderado na altura por Armando Guebuza, os moçambicanos esperam ver os envolvidos na maior fraude do país, quiçá do mundo, de todos os tempos, responsabilizados pelo crime que cometeram contra toda uma nação. Os nomes dos sujeitos já são sobejamente conhecidos, e espanta- nos o silêncio cúmplice da Procuradoria- Geral da República (PGR).

Mas, após um ano e meio a investigar o caso de corrupção na compra de duas aeronaves de marca Embraer pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), a PGR ordenou esta semana a detenção de três arguidos, nomeadamente Paulo Zucula, antigo Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Zimba, antigo Gestor Sénior da Sasol Pretroleum Temane, e de José Viegas, antigo PCA das LAM, enquanto continua a instrução preparatória da acusação.

Sem sombras de dúvidas, esta situação pouco comum na Justiça moçambicana poderia considerar-se um presente de natal antecipado, porém, na verdade, os moçambicanos têm vindo a aguardar pela prisão dos arquitectos das dívidas ilegais, desde que o assunto foi divulgado pela imprensa internacional, em Abril de 2016. Razões para isso são várias, a destacar o custo de vida sem precedentes que tem sufocado o povo moçambicano nos últimos tempos.

A auditoria às dívidas ocultas revelou que há por esclarecer o destino dos dois mil milhões de dólares contraídos por três empresas estatais entre 2013 e 2014. Está claro que esse dinheiro não foi usado para resolver os inúmeros problemas da população. Além disso, o relatório de auditoria apontou os nomes das figuras que, em nome do Estado moçambicano, arquitectaram o maior esquema de corrupção de sempre e deixaram um país todo em situação económica deplorável.

No entanto, é uma fraude ou tentativa de lançar areia para os olhos dos moçambicanos apenas apresentar-nos os indivíduos que receberam suborno de 800 mil dólares norte-americanos para garantirem a adjudicação de um negócio 70 milhões de dólares norte- -americanos à construtora brasileira que vendeu duas aeronaves comerciais a companhia aérea de bandeira moçambicana.

Não obstante ser um grande passo para responsabilização dos indivíduos que fazem dos cofres do Estado a sua vaca leiteira, é bom que se diga que esse não é o presente de natal que os moçambicanos estão à espera. Queremos, portanto, ver também os implicados no caso EMATUM presos enquanto continua a instrução preparatória da acusação, à semelhança do caso da compra de Embraer.

MOÇAMBIQUE | “Sanções devem incidir sobre Governo sem afectar população”



A Organizacão dos Trabalhadores de Moçambique-Central Sindical manteve um encontro com o Fundo Monetário Internacional, no qual referiu que o bloqueio económico desta instituição e de outros parceiros de cooperação está a dificultar a vida da população.

A Organização dos Trabalhadores de Moçambique-Central Sindical (OTM-CS) defende que a decisão dos parceiros de cooperação, incluindo do Fundo Monetário Internacional (FMI), de suspender o apoio financeiro ao país deveria afectar o Governo e não às populações. A agremiação manifestou esta posição sexta-feira, na sua sede em Maputo, durante um encontro mantido com uma equipa do FMI, que está de visita de trabalho ao país.

“A OTM-CS defende a posição de que o bloqueio estabelecido pelo FMI e outros parceiros de cooperação tem que terminar porque longe de castigar o Governo de Moçambique, está efectivamente a castigar as populações, cujas condições de vida se deterioram dia após dia. O povo moçambicano é que sofre com este bloqueio que nem sequer sabe o conceito de dívidas ocultas”, lê-se no documento apresentado pelo secretário-geral, Alexandre Munguambe, à equipa do FMI.

A equipa do FMI está no país para uma supervisão a que estão sujeitos todos os países-membros desta organização financeira multilateral. No ano passado, os doadores internacionais decidiram suspender o apoio directo ao Orçamento do Estado até à conclusão e divulgação integral do relatório da auditoria internacional independente, elaborado pela Kroll Associates UK às empresas, Moçambicana do Atum (EMATUM) Proindicus e Mozambique Assets Management (MAM), que contraíram empréstimos entre 2013 e 2014 com garantias do Estado. Como contribuição para melhoria do actual cenário económico e social de “elevada incerteza”, e que os moçambicanos vivem num ambiente inseguro sobre o futuro, a OTM-CS sugere que o Governo deveria assumir de forma efectiva que a agricultura é o factor chave do desenvolvimento, bem como do combate à pobreza.

Para o efeito, segundo a OTM-CS, o Executivo deveria criar incentivos para o desenvolvimento da agricultura empresarial e familiar, bem como a promoção de agro-indústrias com capacidade de aproveitar os excedentes de produção. A OTM-CS aponta ainda a necessidade do reforço de mecanismos de gestão da coisa pública, bem como efectuar uma luta cerrada contra a corrupção e o saque dos recursos naturais, com destaque para a madeira.

O País

Angola | 11 DE NOVEMBRO DE 1975 – UMA EPOPEIA DECISIVA – IV



Em saudação ao 11 de Novembro de 2017, 42º aniversário da independência de Angola, com uma atenção especial em relação a Cabinda.

Martinho Júnior | Luanda 

Nota prévia:
Os historiadores portugueses do após 25 de Novembro de 1975, da era spinolista no após Spínola, em relação a Angola, se fazem tudo para não evocar as fontes angolanas e cubanas em relação à batalha de Cabinda, deliberadamente esquecem e desde a década de 70, de consultar as fontes zairenses, por que dão cobertura “aos segredos que fazem parte do negócio”: os diamantes angolanos que também passavam pelo Zaíre, quer para serem canalizados para a DIALAP em Lisboa, quer para as Bolsas de Antuérpia!

Quando muito evocam os contactos “nebulosos” entre o general António Spínola e Mobutu na ilha do Sal, Cabo Verde, para raramente citar John Stockwell e o seu livro “A CIA contra Angola” e no entanto tinham uma forte comunidade sua residente no Zaíre e um “encarregado de negócios” dentro da Embaixada de Espanha em Kinshasa (ainda no tempo do fascismo do generalíssimo Franco), o embaixador António Monteiro, que se movia de tal maneira à vontade que, com o enquadramento do Exercício ALCORA, o colonialismo português chegou a dar o alarme sobre a iniciativa de ataque ao norte de Angola que estava a unir Mobutu a Kadhafi, antes do 25 de Abril de 1974!

É evidente que os governos portugueses do após 25 de Novembro de 1975, sempre quiseram não tocar nos expedientes de inteligência relativos ao Zaíre, mantidos secretos até hoje e isso não era só por causa do embaixador António Monteiro!... Então seria por quem mais e porquê?...

Um zairota-luso era conselheiro especial de Mobutu e proeminente figura acima do Centre National de Documentation, com uma carreira “super discreta” (protegida) e em ascensão contínua desde 1965 até ao colapso do regime: Jean Seti Yale, aliás João Nunes Seti Yale, filho de pai português e mãe zairense, nascido na Província do Equador e membro do núcleo duro do clã Mobutu.

Em 1973, 1974 e 1975 era impossível as filtragens dos serviços de inteligência zairenses não passarem por ele, que aliás teve interlocutores de peso a nível internacional até ao fim da era Mobutu, entre eles Maurice Tempelsman e Lawrence Devlin (um oficial da CIA ao serviço de Maurice), em Kinshasa, ou seja: a possibilidade de intervenção directa e ao mais alto nível do quadro do cartel de diamantes (De Beers e Anglo American), bem como do “lobby” dos minerais (clãs Rockefeller e Rothschield, da aristocracia financeira mundial), que foram sempre dando especial apoio aos vínculos do Partido Democrata dos Estados Unidos!

Angola e as Investigações Judiciais em Portugal e Espanha: Dois Pesos, Duas Medidas?




Segundo o jornal espanhol El Mundo, uma empresa pública espanhola, Mercasa, terá feito umdonativo demais de 10milhões de euros à Fundação do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos - a FESA. Curiosamente, a investigação da Fiscalía Anticorrupción e a Audiência Nacional, no âmbito da «operación Trajano», identificou ainda o pagamento de comissões a um outro digníssimo representante da CPLP, do agora detentor da mais da longa presidência em África, Teodoro Obiang, presidente da Guiné-Equatorial.

A comissão alegadamente paga por Mientras à FESA, então presidente da Mercasa, terá sido de 2% sobre um valor, que rondaria os 533milhões de euros, devidos por um concurso, em que a Mercasa, entrou para a construção de um mercado abastecedor, em Luanda. Ora, segundo os advogados da empresa sob investigação judicial, não terá sido pago tanto dinheiro, dado que parte do contrato terá sido cancelado; ainda assim, e segundo as autoridades espanholas, mesmo num cenário mais modesto, a comissão nunca poderá ter sido inferior a 6 milhões de euros.

Ressalve-se que a FESA, no seu direito de defesa, já afirmou que nada do que está a ser ventilado será verdade. Segundo a FESA, nunca lhe foram pagos 10 milhões de euros, e as noticias são “falsas e difamatórias”». Os advogados da Mercasa tambémo confirmam; só uma porção, porque parte do contrato terá sido anulado.

ANGOLA | Os nossos génios da medicina



Caetano Júnior | Jornal de Angola | opinião

Um sexagenário, de seu nome Chivango, padece de cancro da próstata. A doença foi-lhe, entretanto, diagnosticada já depois de ter sido submetido a diálise, porque médicos da unidade hospitalar à qual recorreu, inicialmente, deram-no como tendo insuficiência renal.


Disse o ancião, em declarações ao jornal Luanda, que o tratamento quase o deixou paralisado e dependente de cadeira de rodas. Portanto, o homem recebeu cuidados para uma enfermidade que não tinha. Ou seja, médicos avaliaram-no mal e, em consequência, quase o mataram. Começou, depois e já num outro hospital, um processo de desintoxicação e hoje o paciente faz o tratamento adequado para a doença certa.

O que assusta, em casos clínicos como o de Chivango, não é só o erro no diagnóstico da doença. Aterrorizam, também, a sucessão e a facilidade com que incidentes desses ocorrem em Angola. E nem adianta avançar argumentos do tipo “lá fora também acontece”, como é costume de muitos, quando se aprestam a justificar asneiras produzidas cá.

É verdade que até de países chamados desenvolvidos chegam-nos relatos de atitudes displicentes, negligentes ou irresponsáveis de agentes da saúde. Mas também tomamos conhecimento da abertura de inquéritos, da suspensão de médicos ou da cassação da carteira profissional dos envolvidos. Sem falar sequer na indemnização às vítimas ou a parentes destas. Além disso, comparados à nossa realidade, os casos ocorridos no exterior são infinitamente menores, sem serem necessárias estatísticas para comprová-lo.

Angolano cria máquina para apanhar mosquitos



A localização das zonas de maior concentração dos vectores de propagação da malária a nível do Huambo está cada vez mais facilitada, depois de as autoridades provinciais passarem a usar a máquina RAAFI, um equipamento inventado pelo angolano Ricardo Figueiredo, para apanhar mosquitos para testagem.

Com o uso da máquina, já distribuída para os 11 municípios do Huambo, os serviços de saúde locais estão a direccionar melhor as campanhas de fumigação e de combate ao lixo e às águas paradas, atacando com eficiência o mosquito causador da malária, disse o inventor. Ricardo Figueiredo avançou que a luta contra a malária no país pode ganhar outra dinâmica, nos próximos tempos, se houver mais apoios para a reprodução da máquina.

O inventor disse que as autoridades provinciais estão a conseguir êxito na luta contra a malária, uma vez que a máquina tem ajudado a identificar os principais focos de concentração do mosquito naquela região do país.

Depois do Huambo, onde o inventor ofereceu ao Governo onze máquinas, Ricardo Figueiredo precisa de maiores apoios para estender o projecto a outras partes do país, tendo em conta a sua utilidade no combate ao paludismo.

BRASIL | Onde o racismo se esconde



Por muito tempo não conseguia enxergar quando estava diante de um ato racista. Até porque uma neblina me impedia de ver que era de fato negra. Mesmo sabendo que branca não era – uma confusão bem comum no Brasil do colorismo. Mas aprendi que não é só quando alguém delimita o que é ou não coisa de preto que o racismo acontece.

Tomei alguns bons baldes de água fria no meio do meu processo de entendimento como mulher negra. Com eles, veio a percepção de que o racismo sempre esteve presente na minha vida: em casa, na escola, na aula de dança ou entre amigos. Ele sempre esteve lá.

Ele é tão enraizado na estrutura da sociedade que muita gente não se dá conta de suas atitudes racistas. E muitos, assim como eu, não percebem quando estão sendo vítimas. Mesmo os mais progressistas reproduzem estereótipos e contribuem para a perpetuação do racismo, até em brincadeiras e elogios.

Demorei para entender que “ter tido a sorte” de não ter nascido com o “cabelo ruim do meu pai” não era uma vantagem. Ou que ser “elogiada” pela minha “beleza exótica” de “morena cor de jambo” não era nenhuma honra. Ou, ainda, que ter um “quadril de boa parideira” não era sorte alguma. Aliás, nada disso impediu que eu não fosse convidada para aquela festinha da escola particular de alunos brancos em que eu era bolsista, de ser vigiada pelo segurança quando entro em uma loja, ou de não ser atendida em um restaurante (sim, aconteceu).

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