quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

LEGADO DE KARL MARX


Paula Santos | Expresso | opinião

Em 2018 comemoramos os 200 anos do nascimento de Karl Marx. O legado de Karl Marx é absolutamente extraordinário para a emancipação da classe operária da opressão e da exploração do capitalismo. Karl Marx não se limitou a interpretar o mundo, foi mais longe e apontou os instrumentos para a sua transformação.

"II Centenário do Nascimento de Karl Marx. Legado, Intervenção e luta. Transformar o mundo." É este o lema das comemorações do II Centenário do Nascimento de Karl Marx que o PCP inicia com a realização de uma Conferência comemorativa nos próximos dias 24 e 25 de fevereiro na Voz do Operário. Uma conferência que pretende aprofundar o estudo a análise e a reflexão sobre temas da atualidade no campo da economia, da organização social, da política e da filosofia utilizando e enriquecendo o legado conceptual de Marx, com vista não só à apreensão teórica da sua dinâmica histórica, mas à abertura de perspetivas de uma intervenção transformadora do capitalismo com que nos confrontamos. Uma abordagem dialética, tendo como base a teoria revolucionária marxista-leninista, que possibilita a interpretação do mundo a cada momento tendo em conta a realidade concreta e a intervenção necessária para a sua superação.

Marx identificou a natureza e as leis do capitalismo, demonstrou como a relação com os meios de produção determinam as relações sociais e que a luta de classes é o caminho para a superação do capitalismo, cabendo à classe operária o papel de vanguarda na luta pela construção de uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem.

A teoria económica de Marx, da qual se destaca a teoria da mais-valia, caracterizou o modo de produção capitalista que assenta na acumulação de riqueza do capital à custa da exploração da força de trabalho e da riqueza criada pelos trabalhadores. Marx explica ainda as crises cíclicas do capitalismo que, decorrentes do aprofundamento da sua crise estrutural, se manifestam de forma cada vez mais frequente, com maior profundidade e com consequências cada vez mais perigosas: a falência de empresas, o desemprego, a redução dos rendimentos de trabalho, diminuição do poder de compra e o aumento da exploração. Crises que são muitas vezes acompanhadas pelo aumento de intervenções militares e de guerra, vistas como solução para essas mesmas crises.

Comemorar o nascimento de Marx, evocar o seu legado, o marxismo e os seus princípios, a sua obra teórica, da qual se destaca o "Manifesto do Partido Comunista" e "O Capital", mais do que uma efeméride histórica, comportam em si, pelo seu conteúdo, pela sua base científica e dialética uma enorme atualidade que importa ter presente no atual momento para a análise da atual fase do capitalismo e da intervenção necessária para a sua superação.

Não é por acaso que a classe dominante, não olhando a meios para atingir os seus fins, utiliza as mais variadas formas de dominação, pressão e chantagem para a reprodução do sistema capitalista. Afirmam que a luta de classes já não existe e que é coisa do passado e de quem não se modernizou ou que hoje não há trabalhadores, mas sim colaboradores (mas uns exploram e outros são explorados), procurando através da intensa ofensiva ideológica que desenvolvem manter a sua posição de domínio.

Contrariamente ao que afirmam, a luta de classes é uma realidade presente nos locais de trabalho. Entre muitos outros exemplos, os trabalhadores da Autoeuropa lutam pelo direito à articulação entre a vida profissional e familiar e pessoal; os trabalhadores dos CTT lutam pela salvaguarda do seu posto de trabalho e pela gestão pública dos CTT; ou as trabalhadoras da ex-Triumph lutaram corajosamente pelos seus direitos. Os trabalhadores lutam pelo direito à contratação coletiva, pela valorização salarial, contra a desregulação dos horários de trabalho.

A vida e a história mais recente do nosso país demonstram que a conquista de direitos resulta da luta dos trabalhadores. Os avanços positivos, as conquistas alcançadas e o seu desenvolvimento em diversas dimensões só foram possíveis pela ação, intervenção e luta dos trabalhadores. Foi e é a luta dos trabalhadores o elemento determinante e decisivo em todo este processo.

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