terça-feira, 24 de abril de 2018

25 DE ABRIL? ONDE? ONDE? NÃO NOS VENHAM COM LOAS...


Expresso Curto por Martim Silva. Tarde mas a boas horas. Aqui fala-se do 25 de Abril, daquele de há 44 anos. Sim. Não. Talvez. Isso já lá vai e este país já não tem nada que ver com Portugal do 25 de Abril de 1974, com as liberdades, a justiça e a democracia que vislumbrámos e porque lutámos e lutamos. Ora vêem? Não tem mesmo nada a ver. É que em 44 anos já devíamos não ter de lutar tanto para vislumbrarmos o que já devia ter sido adquirido, e não foi. Porquê? Desleixámo-nos. Fomos nas loas dos tais tipos da CEE que depois saltou para União Europeia. União? Onde? Onde? Os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, explorados e oprimidos? Roubam-nos para dar a banqueiros e outros vigaristas e ladrões. 25 de Abril da liberdade, da democracia... Mas eles querem enganar quem? Já foi, e já feneceu. Não nos venham com loas.

Bom dia, se conseguirem. Bom emprego, se conseguirem. Bom almoço, se conseguirem. Bom jantar, se conseguirem. Boa casa e dormida, se conseguirem. Há muitos que nada disto conseguem e atascam-se na miséria ou na pobreza envergonhada. Uns e outros somam para aí 3 a 4 milhões de portugueses. 25 de Abril? Onde? Onde? (CT | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O 25 de Abril e o mercado da habitação. Tem tudo a ver...

Martim Silva | Expresso

Bom dia,

quem acordou neste dia há 44 anos vivia num país sem liberdade. Num país com censura. Num país sem eleições livres. Hoje, está a acordar num 24 de Abril de um país que já teve o seu 25 de Abril. Celebre. Festeja. Sorria. Tem razões para isso. Temos todos.

Amanhã celebra-se o Dia da Liberdade. É assim há 44 anos. Momento alto das comemorações é sempre o desfile na Avenida da Liberdade. O Livre de Rui Tavares apostou forte e este ano apresenta como 'rainha da marcha' o antigo ministro das Finanças grego e verdadeira pop-star internacional de certa esquerda Yanis Varoufakis.

Claro que na sessão evocativa do 25 de Abril, no Parlamento, os olhos estarão, como estão sempre, no discurso do Presidente da República, tradicionalmente um dos mais importantes do ano. Mas, ainda assim, este ano merece realce outro facto: PSD, PS, BE e CDS escolheram mulheres para discursar. Margarida Balseiro Lopes, Elza Pais, Isabel Pires e Ana Rita Bessa. Um 25 de Abril mais no feminino que o normal. Ainda bem.

Falamos de liberdade. O Sérgio Godinho dizia que só há liberdade a sério quando houver paz, pão e habitação (e outras coisas). Pois é de habitação que falamos agora.

Habitação

Nas vésperas do 25 de Abril, o Governo aproveitou para anunciar um pacote destinado a resolver o evidente problema com o arrendamento, causado pela mistura entre a explosão do turismo e a liberalização do mercado de arrendamento (a somar à dificuldade no acesso ao crédito bancário para compra de casa).

Um cocktail potencialmente explosivo que torna a questão da habitação seguramente um dos temas políticos mais importantes no nosso país nesta altura. Seguramente um tema forte para a próxima campanha eleitoral.

Como conciliar todas estas vertentes, o mercado de arrendamento, o crescimento do turismo, a pressão nos centros urbanos?

António Costa sublinhou que o problema não é existir alojamento local a mais mas sim o facto de existir habitação a preços acessíveis a menos.

Entre as medidas apresentadas, destaque para o corte substancial nos impostos dos senhorios que façam contratos de arrendamento muito longos ou longuíssimos (taxa passa de 24 para 12% nos contratos a dez anos e desce ainda mais para contratos de 20 anos).

No DN de hoje destaca-se que os inquilinos com mais de 65 anos vão ter direito a contratos vitalícios.

Neste artigo do Expresso pode conhecer todas as medidas do pacote apresentado pelo Governo.

Meta? Chegar aos 50 anos do 25 de Abril, em 2024, daqui a seis anos, com a proclamação inserida na Constituição integralmente cumprida, anunciou António Costa.

Constituição que afirma, no artigo 65, que "Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar."

Miguel Sousa Tavares comentou a situação e o pacote legislativo ontem na SIC.

Atentado mortal em Toronto

A última noite ficou marcada em termos de noticiário internacional com o atropelamento mortal nas ruas de Toronto. Está para já descartada a hipótese de se ter tratado de um atentado terrorista. Mas as autoridades apontam para um "atropelamento intencional". Um homem matou 10 pessoas e deixou outras em estado muito grave num atropelamento nas ruas de Torono, no Canadá.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

O deputado socialista Ascenso Simões, denunciando a alegada campanha anti-parlamentar que se criou na sequência das notícias sobre as viagens dos deputados, revelou ontem no Facebook o seu recibo de ordenado. O Observador leu os documentos à lupa e explica cada uma das parcelas dos vencimentos dos parlamentares.

O juiz Ivo Rosa do Departamento Central de Investigação e Ação Penal é muito duro com os responsáveis do Ministério Público Joana Marques Vidal e Amadeu Guerra no despacho de arquivamento do caso TAP/Sonangol.

O presidente angolano decidiu exonerar o embaixador de Luanda em Lisboa. Ainda não se sabe quem será o novo embaixador na capital portuguesa.

Perante a agenda fraturante legislativa que os partidos de esquerda estão a apresentar, e que vai da eutanásia às barrigas de aluguer, da adopção gay à mudança de sexo, qual o comportamento de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República?

O contrato do SIRESP foi alterado de forma a garantir que o sistema de comunicações de emergência não volte a falhar quando é preciso. Veremos. E esperemos.

No Pinhal Interior, as populações vão começar a ter formaçãosobre como agir em caso de incêndios.

Salvador e Luísa Sobral já são comendadores. O Presidente da República condecorou-os pelo notável sucesso no Festival da Eurovisão do ano passado (e agora aproxima-se nova gala, desta vez em Lisboa).

Nas Dicas de Poupança, o Pedro Andersson explica como pode cortar na conta do gás.

Na Comissão Política, o podcast de política do Expresso, olhámos para a entrevista de Jerónimo de Sousa ao nosso jornal no último fim de semana.

As novas cativações de Mário Centeno estão à espera de publicação há 50 dias.

Lá fora,

O Senado norte-americano acabou de confirmar, numa votação renhida, a nomeação de Mike Pompeo como novo líder da diplomacia norte-americano. Mesmo a tempo de Pompeo poder já participar na Cimeira da Nato de sexta-feira como Secretário de Estado da Administração Trump.

Donald Trump que por estes dias está a receber o seu 'amigo' Emanuel Macron. Da agenda dos encontros destaque para as políticas proteccionistas do presidente norte-americano e para a ameaça sobre o acordo nuclear com o Irão. No Público, a Teresa de Sousa fala da amizade improvável entre Trump e Macron e do que ela pode significar.

Shania Twain disse que se pudesse teria votado Trump (não pode porque é canadiana). O comentário deu polémica e já a obrigou a vir retratar-se.

O antigo presidente norte-americano George Bush (pai) foi internado no hospital com uma infeção. Internado precisamente um dia depois do funeral da sua mulher, Barbara.

No Reino Unido, há um novo príncipe, com 3,8 quilos e ainda muita especulação quanto ao nome. Trata-se do terceiro filho de William e Kate. O correspondente da SIC em Londres conta o ambiente que por lá se vive.

Ontem falou-se muito do príncipe que nasceu no Reino Unido. Mas nascem 250 bebés a cada minuto no planeta. Planeta que já tem qualquer coisa como 7,5 mil milhões de humanos. No final deste século deveremos ser 11 mil milhões. Dados de um estudo das Nações Unidas que tenta olhar para a sustentabilidade da Terra.

Salah Abdeslam, o único terrorista sobrevivente dos atentados de Paris em 2015, foi condenado por um tribunal belga a 20 anos de cadeia por tentativa de assassínio de agentes policiais belgas. Abdeslam foi detido na Bélgica em 2016, depois de meses em fuga. Atualmente encontra-se detido em França, onde aguarda julgamento precisamente pela responsabilidade nos atentados terroristas.

Sundar Pichai. Sabe quem é? É o CEO da Google. E esta semanaestá a corre-lhe bem, com o bónus de 380 milhões de prémios a que teve acesso esta semana, e que corresponde a um lote de acções que lhe foram entregues quando aceitou tornar-se vice-presidente da empresa.

O primeiro-ministro arménio foi obrigado a demitir-se na sequência dos protestos populares. Serzh Sargsyan foi presidente da Arménia dois mandatos. Promoveu mudanças constitucionais para tornar o sistema político de cariz parlamentar. E depois fez-se eleger primeiro-ministro contra as suas próprias promessas. O povo não perdoou o movimento 'à Putin'.

Um conjunto de cientistas europeus fez uma carta aberta a pedir a criação de um centro europeu dedicado à Inteligência Artificial, para evitar a fuga de cérebros para outras partes do globo.

Nos últimos dois anos, a Finlândia andou a experimentar e a testar o conceito de Rendimento Básico Universal. Agora, deixou cair a ideia.

Protestos, pilhagens e violência nos últimos dias na Nicarágua já provocaram mais de duas dezenas de mortos.

DESPORTO

Não está propriamente fácil o final da época para o Benfica. Não só perdeu a liderança do campeonato como parece que dificilmente voltará a ter Jonas nos tempos mais próximos. O máximo goleador do campeonato está a contas com uma lesão nas costas.

Em alta parece estar o FC Porto. Ontem aviou o Setúbal por cinco a um. Já só faltam três jogos para o final do campeonato. E as estatísticas mostram que o ataque portista é o mais goleador deste século (superando as temporadas com Hulk, Falcão ou Jackson). A Tribuna chama aos portistas monster truck.

Rafael Nadal voltou a vencer a prova que vence quase sempre.

Hoje joga-se a primeira mão da primeira meia-final da Liga dos Campeões, opondo Roma e Liverpool.

O QUE ANDO A LER

Nos últimos dias, e depois de umas hesitações e avanços e recuos, agarrei-me furiosamente a "Pátria", de Fernando Aramburu. A primeira obra do espanhol traduzida em Portugal. Uma excelente supresa. Um impactante romance em torno de duas famílias do País Basco, dilaceradas cada uma à sua maneira pela violência da ETA.

Ainda estamos em abril/maio, mas um forte candidato aos melhores livros que li em 2018.

Finalmente, não fui infelizmente ver ontem os Arcade Fire ao Campo Pequeno. Gostava, mas não fui. Aqui na Blitz pode ler tudosobre o que por lá se passou.

Por hoje é tudo. Tenha um grande dia. E não esqueça, depois de um 24 de Abril chega sempre um 25 de Abril.

Boas leituras

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