sexta-feira, 20 de abril de 2018

MOÇAMBIQUE | Tão ridículo quanto patético


@Verdade | Editorial

Desde que foi tornado público as dívidas contraídas ilegalmente pelo Governo da Frelimo, o Presidente da República, Filipe Nyusi, por sinal também um dos arquitectos dessa grande trapaça que empurrou Moçambique para uma situação deplorável, nunca veio a público para falar aos moçambicanos sobre esta realidade. Nyusi tem-se mostrado indiferente aos moçambicanos que o elegeram e a opinião pública. Todas as vezes que o ouvimos a abordar o assunto das dívidas ilegais foi no estrangeiro.

Na última terça-feira (17), na capital do Reino Unido, o Chefe de Estado voltou a emitir esgares sobre os empréstimos. Desta vez, emboscado por um batalhão de profissionais da comunicação social em Londres, qual um búfalo ferido, Filipe Nyusi decidiu sacudir a água do capote, afirmando que a culpa são dos bancos que não tiveram a sensibilidade de que o dinheiro que estavam a dar por emprestado a Moçambique era demasiado. Sem dúvidas, o estadista moçambicano perdeu uma bela oportunidade de ficar calado. Aliás, o Presidente da República, para além de ridículo, foi patético.

É de conhecimento de todos que, no momento em que se contrai empréstimos, as regras são inequívocas, ou seja, os bancos calculam as capacidades de endividamento com base nas garantias dadas pelo fiador. É desculpa de mau pagador usar o argumento segundo o qual os bancos deveriam tomar em consideração que estavam a conceder empréstimos a um país pobre. Com essa intervenção, Filipe Nyusi não só demonstrou até à náuseas a mediocridade e falta de bom-senso por que ainda se rege, mas também insultou a inteligência do povo moçambicano e não só.

É deveras surpreendente quando ouvimos essa reacção do Presidente da República, pois Nyusi e o seu Governo têm vindo a demonstrar indiferença perante a crise económica e financeira que os moçambicanos estão a viver. Num dos seus habituais discursos toscos, o Executivo defendeu que Moçambique devia viver com os recursos de que dispõe internamente, e as dívidas foram contraídas como medidas de natureza estratégico-militar para defender a soberania das águas nacionais.

Portanto, caricato é hoje, diante de alguns pés-de-microfone, a retórica ter mudado, ou seja, de acordo com o nosso Presidente a culpa não é do Governo da Frelimo que foi pedir dinheiro emprestado usando ilegalmente as garantias do Estado moçambicano, mas sim dos bancos que emprestaram o dinheiro. Quanta estupidez!

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