sábado, 26 de maio de 2018

As ervas daninhas das relações luso-angolanas


Jornal de Angola | editorial

Quando pensávamos todos que o processo de normalização das relações entre as autoridades políticas portuguesas e angolanas conhecessem um momento reciprocamente vantajoso, eis que não faltam vozes que preferem correr em contramão.

De algum tempo a esta parte, uma das vozes desestabilizadoras, do tipo ervas daninhas, das relações entre Angola e Portugal, com recurso ao que para muitos parecem tentativas frustradas de ajuste de contas políticas, tem sido indubitavelmente a eurodeputada socialista, Ana Gomes. 

A sua cruzada contra o Estado angolano e contra as autoridades angolanas não tem precedentes nestes tempos de paz, de respeito pela soberania dos Estados, da observância da não ingerência nos assuntos internos dos Estados, entre outros valores, com os quais Angola e Portugal se revêem como Estados de Direito Democrático.

As autoridades portuguesas sempre fizeram constar, com toda a razão e sentido de Estado, que por força da separação de poderes o poder político não podia interferir nas decisões dos tribunais, de resto uma posição em que também alinha o Estado angolano. E contrariamente à ideia de que a transferência do processo judicial que envolve o antigo Vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, tenha sido a pedido das autoridades angolanas, vale lembrar que foi basicamente por força do acordo judiciário. 

Pretender que houve pressão política interna das autoridades políticas para as judiciais, a fim de se efectivar a transferência do processo para Angola é de uma irresponsabilidade política, da parte de Ana Gomes, mas que, a ninguém surpreende. Provavelmente, se não ocorresse a decisão do poder judicial português de enviar o processo do antigo Vice-Presidente para Angola, Ana Gomes teria inventado outras “barbaridades verbais”, um comportamento errático e obsessivo que começa a transformar-se, isso sim, no “único irritante” laço entre os dois povos. 

O que mais contribui para tentativas de descarrilamento das relações entre os dois Estados são essas ervas daninhas, nos dois lados, herdeiras de um passado que não volta e sedentas do advento de uma era que não chegará nunca. 

Não há dúvidas de que o tempo não joga a favor de personalidades como Ana Gomes, cuja cruzada contra Angola e as suas autoridades assemelha-se claramente a um processo de auto-promoção da sua imagem como eurodeputada falsamente preocupada  com o que se passa em Angola. Não é exagerado esperar um posicionamento mais firme das autoridades angolanas contra quem fala, age e actua contra si, contribuindo para todos os efeitos negativos deste procedimento recorrente. É verdade que relativamente à relação de Estado a Estado, as autoridades angolanas estão descansadas, porque como disse o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, “quem fala com Angola em nome de Portugal é o Presidente da República, o Governo, quem conduz a Política Externa é o Governo, são as minhas palavras que contam”. 

Mas não podem as autoridades angolanas ficar impassíveis diante de palavras tão graves e irresponsáveis da eurodeputada Ana Gomes, quando, sempre que pode e não se sabe exactamente movida por que razões, lança todo o seu fel contra tudo o que diga respeito a Angola e as suas autoridades. As autoridades angolanas não se vão deixar intimidar por essas ervas daninhas, dentro e fora de Angola, que procuram inviabilizar o crescimento da planta nascida com o actual processo de reaproximação entre Angola e Portugal. 

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