sábado, 19 de maio de 2018

Moçambique | Governo e nova liderança da RENAMO retomam diálogo de paz


Filipe Nyusi anunciou esta quinta-feira que reiniciou conversações com o principal partido da oposição. As duas partes estão esperançadas na finalização em breve do processo de descentralização e desarmamento da RENAMO.

O Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) retomaram o diálogo de paz ao mais alto nível que tinha sido interrompido, na sequência da morte do líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, no dia 3 de maio.

A nova liderança da RENAMO tem à cabeça Ossufo Momade, que foi eleito coordenador da Comissão Política do partido, na sequência da morte de Afonso Dhlakama.

"Espero que se finalize o pacote legal de descentralização [cuja proposta já se encontra depositada no Parlamento] com a maior celeridade possível, o que implicará uma revisão pontual da constituição da república", afirmou o Presidente da República, Filipe Nyusi, durante um banquete de Estado em honra do seu homólogo do Uganda, Yoweri Museveni, de visita a Moçambique.

Divergências em torno dos administradores

O porta-voz da RENAMO, José Manteigas, confirmou a DW África a retoma dos contactos, manifestando a expectativa de que o processo termine o mais rapidamente possível. Segundo José Manteigas, a RENAMO acredita que todo o Parlamento está disponível, ou pelo menos manifesta a intenção, de corresponder às expectativas do país e aos entendimentos alcançados entre o Presidente Nyusi e Afonso Dhlakama.

Recentemente, a chefe da bancada parlamentar da RENAMO, Ivone Soares, afirmou que mantinham-se as divergências quanto à indicação do administrador do distrito. Enquanto o maior partido da oposição exige que seja nomeado pelo governador de província, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) defende a sua nomeação ao nível central pelo titular do pelouro.

Nesta retomada do diálogo com o Presidente da República, o pacote sobre descentralização "é o ponto principal", diz José Manteigas, "porque era o único ponto não consensual" na altura da morte do líder da RENAMO.

"Esperamos que ao longo destes dias consigamos, de facto, alcançar um consenso ou, pelo menos, um entendimento", adianta o porta-voz à DW África.


Questões militares para breve

Outro ponto na agenda das negociações são as questões militares. "Esperamos em simultâneo finalizar os assuntos militares, que comportam o desarmamento, desmobilização e reintegração dos elementos armados da RENAMO, processo que já possui bases suficientes para ser iniciado", afirmou o Presidente Filipe Nyusi.

O porta-voz da RENAMO confirmou que existem já elementos suficientes para que as questões militares tenham o seu desfecho. No entanto, lembrou que Nyusi e Dhlakama tinham acordado que os processos de descentralização e de desarmamento "tinham de andar", embora um pudesse "ser mais veloz que o outro".

O atual diálogo entre o Presidente Nyusi e a nova liderança da RENAMO decorre num ambiente positivo, segundo José Manteigas. "Até aqui não temos motivo de queixa, há receptividade de ambas as partes e estamos esperançados que o ambiente vai continuar cordial e saudável como tem acontecido até aqui", disse."Ainda não houve um encontro tête-à-tête com o Presidente da República, mas através das pessoas que têm tido o papel de mediar e os contactos telefónicos [entre o Presidente e o coordenador da Comissão Política da RENAMO, Ossufo Momade] revela-se um bom ambiente e isso é muito positivo", concluiu o porta-voz da RENAMO.

Leonel Matias (Maputo) | Deutsche Welle

Fotos: 1 – Filipe Nyusi; 2 - Ossufo Momade

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